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segunda-feira, 13 de junho de 2016

CANTE, CANTE, CANTADOR...

Por Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2016 - Crônica Nº 1531

Para a sensibilidade de Remi, Ferreirinha, Daniel e Mendes
Contato direto com o autor: clerisvaldodaschagas@gmail.com 


Esse anoitecer tristonho
Essa madrugada fria
O sofrimento do dia
Essa esperança no sonho
Esse recato bisonho
À tarde que não tem flores
Recordações de amores
Esse meu vale sem cor
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.

Os caminhos mais escuros
As noites mais tenebrosas
O murchar das minhas rosas
Os sonhos mais obscuros
As tranças que descem muros
Como fogo-corredores
Suspiro e ais lutadores
Do tempo devorador
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.

Não o imenso azulado
Mas os nimbos de ameaça
Não o reforço da graça
Nem o céu mais estrelado
Mas o amor retocado
Entre vinho e dissabores
Lobos ameaçadores
Que uivam no cobertor
Canta, cante cantador
Na trilha das minhas dores.

Ver às sendas vegetais
O esconso e o espinho
O esfarrapado ninho
Dos antigos madrigais
Os galhos marrons ou mais
Que pendem, mas sem pendores
O concriz dos sonhadores
Que se tornou chorador
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.


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COLOQUEI FLORES ENTRE VELAS ACESAS E VELEI MINHA SOLIDÃO

*Rangel Alves da Costa

Ontem, 12, dia dedicado aos namorados, ao invés de compartilhar a data com alguém, eu simplesmente coloquei flores entre velas acesas e, entristecido, velei toda a minha solidão.

A ninguém pude dar flores, presentear, dividir a data tão significativa para muitos. O dia dos namorados é para ser vivido a dois, e um solitário é apenas um, na sua própria solidão.

Como bem lembra a música, já tive mulheres de todas as cores, de todas as idades, de muitos amores. Mas tudo num tempo passado. E já faz um bom tempo que não encontro ninguém para chamar meu amor.

Mas namorar é bom, construir o amor ainda melhor. Sempre prazeroso o convívio, a carícia, o carinho, o beijo, o abraço. Sempre uma dádiva a palavra a dois, o olhar a dois, a tentativa de aproximar e unir as distâncias ainda presentes nos dois.

Não há sensação mais prazerosa que o compartilhamento do namoro fiel e verdadeiro. Desde a saudade ao encontro, tudo se revela bom. E tão bom encontrar, beijar, se jogar pelo chão, pela relva ao entardecer, fazer fluir poemas e doces palavras.

Amor de namoro é, verdadeiramente, o mais gostoso quer possa existir. Namorar encanta, anestesia, entontece, entorpece, deixa a pessoa mais fora de si e mais dentro da outra. Ah, como é bom amar, como é bom namorar...

Namorar torna a pessoa mais criança, mais delirante, mais sonhadora. E sempre quer encontrar qualquer coisa que faça o outro feliz. Daí um presentinho singelo que surte mais efeito que a joia mais preciosa que possa existir.

Um namoro como nos tempos dos parques, das retretas, dos bancos das praças, da maçã do amor, da pipoca colorida, do algodão doce para ser lambuzado a dois. E andar e correr de mãos dadas e, cansados, rolar pelo chão macio em busca do outro.


Conheço o namoro assim porque já namorei. Conheço o amor assim porque já amei. Nunca namorei para uso do corpo, nunca convivi em troca de sexo. Aliás, o namoro deve ser tão construtivo e harmonioso que nem se pensa em avançar antes que se deleite com as qualidades da pessoa em si.

Namorar é escrever poemas de amor sem jamais ter sido poeta. Namorar é navegar em terra firme e voar enquanto caminha em busca do outro. É sonhar acordado, pedir ao tempo que passe mais rápido, olhar em direção à janela para ver se logo encontra o outro olhar.

Namorar é falar baixinho, sussurrar, quase soprar palavras singelas. Namorar é acariciar com tamanha leveza que a pluma da pele se eriça ao invés de se assanhar. Namorar é encostar o lábio no outro e sentir o beijo antes mesmo que haja o toque. É o prazer maior em dividir tardes chuvosas, noites frias, instantes que aproximam.

Não sei mais se sempre fiz assim quando namorei. Mas relembro muito bem o que não fiz quando namorei. Jamais deixei de ser verdadeiro, carinhoso, meigo, romântico, afetuoso. Talvez por isso mesmo que fui sendo desamado até chegar à solidão.

E ontem, como não tinha ninguém para chamar de amor, para dividir o dia como namorada, nada pude fazer que fizesse sorrir o meu e o outro coração. Apenas coloquei flores entre velas acesas e, entristecido, velei minha solidão.

Apenas coloquei flores entre velas acesas e, entristecido, velei minha solidão... E ainda hoje as velas continuam acesas, ao redor de flores murchas, velando minha imorredoura solidão.

Não sei, não sei até quando as velas continuarão flamejando. Já não tenho flores, já não tenho nada, não tenho ninguém nem a mim. Apenas a solidão. Gostaria de novamente amar, namorar, ser feliz. Mas essa chama não apaga e tenho que velar minha solidão.

Escritor
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LAMPIÃO ROUBOU A SANFONA NO CASAMENTO DA PRIMA LICOR..!

Por Volta Seca

O casamento acontecia na pequena IGREJA da Vila de Nazaré do Pico, entre Enoque Menezes e Licor ( prima de Lampião ), e, segundo se fala, o mesmo tinha uma simpatia pela mesma. Na hora do evento, o rei vesgo do cangaço apareceu com seus asseclas e, queria acabar o casamento. 


Pela interferência do Padre José Kherle, o celebrante, o cangaceiro-mor permitiu o casório, a contragosto, mas disse; " VAI TER CASAMENTO, MAS NÃO VAI TER BAILE ",,,,e, roubou a sanfona/pé de bode, levando-a consigo, para o final da rua, onde ficou com seus cabras, em baixo de uma QUIXABEIRA...


Algum tempo, depois, com a notícia de que vinha uma volante policial no seu encalço, foragiu...

Obs; Fotos (Google e acervo particular)

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A RESSURGÊNCIA DO POÇO FEIO (COMUNIDADE RURAL DO BONITO, MUNICÍPIO DE GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO – ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE) E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE GEOECOLÓGICA E DA GESTÃO AMBIENTAL

Por José Romero de Araújo Cardoso

          
O Estado do Rio Grande do Norte exibe boa parte do seu território assentado sobre a bacia potiguar, sendo que a característica mais expressiva desta está nas formações de relevo cárstico que remontam à era cretácea.
          
Existem poucas cavernas calcárias inundadas nesta unidade federativa, destacando-se a ressurgência do Poço Feio, localizada na comunidade rural do sítio Bonito, município de Governador Dix-sept Rosado. ROSADO (1999), fazendo menção ao trabalho espeleológico realizado no século XIX pelo Padre Florêncio Gomes de Oliveira, destacou que o sacerdote abordou as cavernas que tem água por dentro, como a de São Sebastião e a do Poço Feio. A primeira por não mais haver notícias no presente, provavelmente foi perdida devido à ação antrópica desmedida, enquanto a segunda ainda existe, embora intensamente agredida nos dias atuais pela prática do turismo predatório e extração de rochas calcárias em suas adjacências.
          
Devido a pouca importância atribuída às cavernas potiguares, inúmeras estruturas espeleológicas desapareceram ao longo do tempo, em função de privilégio imediatista ao econômico em detrimento do racional.
          
O turismo predatório vem se impondo constantemente dentro e na área próxima à caverna calcária do Poço Feio, ampliando a agressão ambiental em razão que o entorno, bem como propriamente à formação espeleológica que embasa o objeto de estudo da presente proposta, tem servido como fonte de matéria-prima para a produção econômica que se destina, principalmente, à construção civil.
           
Por causa da contínua fragmentação de atividades produtivas importantes, geradoras de emprego e renda no passado, como o cultivo de cebola e alho às margens do rio Apodi-Mossoró (COSTA, 1949; DA SILVA, 2002), assim como a exploração de gipsita nas vossorocas da Espadilha, o município de Governador Dix-sept Rosado/RN tem sido alvo da tendência em registrar contínua defasagem de indicadores socioeconômicos e ambientais, que revelam o empobrecimento da população em consonância com o recrudescimento de impactos sobre o meio ambiente, devido a exagerada intervenção na natureza, isenta de consciente gestão ambiental, que instiga uma busca desenfreada por recursos naturais que permitam viabilizar a continuidade de atividades econômicas desenvolvidas historicamente no município, a exemplo da produção da cal, cuja exigência por rochas calcárias vem se intensificando, provavelmente devido, entre outros fatores, à urbanização acelerada.
          
Na atualidade, aumenta a importância dos estudos geoambientais que possam subsidiar políticas públicas a fim de que haja condições de superar desafios do milênio, sobretudo, em se tratando de área localizada em região com notória incipiência na relação que deve estar presente entre desenvolvimento humano e respeito à capacidade de suporte do meio físico-biótico.  
          
Partindo dessas premissas, a análise geoecológica visa alicerçar a gestão ambiental uma vez que articula conceitos de paisagem natural, social e cultural, ou seja, permite dessa forma diagnóstico holístico do meio físico e biótico a fim de apontar caminhos que possam viabilizar a construção do desenvolvimento sustentável, através de dados concisos que permitam constatar a realidade humana e a situação ambiental no entorno da ressurgência da caverna calcária do Poço Feio, cuja paisagem no presente encontra-se visivelmente marcada pelas nódoas da ação antrópica.
           
Mesmo se for decretada intervenção por instituições públicas que tratam do meio ambiente, com certeza, não haverá como impedir que as pessoas se arrisquem em busca de diversão e lazer na área onde está encravada a caverna calcária do Poço Feio. Espeleotemas externos são uma entre as várias ameaças que põe em risco os praticantes do turismo predatório.
          
O reconhecimento integrado, multidisciplinar, tende a orientar efetivas pretensões de necessária gestão ambiental, principalmente, através de possível prioridade a polo turístico sustentável, com certeza, o mais indicado para garantir que sejam alicerçadas as bases para nova etapa na postura humana em suas complexas ou simples práticas do dia-a-dia, principalmente, no município de Governador Dix-sept Rosado e região.  
           
Indubitavelmente, estudo integrado do meio físico-biótico e socioeconômico, através de efetivação de informações buscada em análise geoecológica, com vistas à gestão ambiental da caverna calcária do Poço Feio e seu entorno, servirá de instrumento científico que clamará e orientará ações a fim de que haja melhor direcionamento à utilização do lugar e das atividades econômicas desenvolvidas, com ênfase na viabilidade e na perpetuação do turismo racional, tendo como base a estimativa de sua capacidade de visitação, sendo observados assim os critérios propostos para o desenvolvimento sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COSTA, J. J. Minhas Memórias da Terra de Santa Luzia do Mossoró. Mossoró: Boletim Bibliográfico, 1949. (Série B; Coleção Mossoroense; Vol. II). 45 p.

DA SILVA, R. C. Terra do Alho, da Cal e do Petróleo: Nossa Terra. Mossoró: Ed. do Autor, 2002. 230 p.: il.

ROSADO, V. Minhas Memórias da Paleontologia Mossoroense – Primeiro Volume (1854 a 1934).  Mossoró: Fundação Vingt-un Rosado, 1999 (série C; Coleção Mossoroense; Vol. 1089). 357 p.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e em Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA – UERN). Sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC).

Envio do autor

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CANGACEIRO JARARACA


Aderbalvídeo

Publicado em 23 de abr de 2014
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BELÍSSIMA MATÉRIA SOBRE O CANGAÇO!


Matéria do fotógrafo e repórter cearense Luciano Carneiro, publicada na revista O Cruzeiro, edição de 10 de outubro de 1953, intitulada O FILHO DE CORISCO. 

Nela, o repórter entrevista Sílvio Hermano Bulhões, à época com 18 anos de idade, filho do casal de cangaceiros Corisco e Dadá.

O adolescente revelava a Luciano Carneiro o grande desejo de entrar para a Força Aérea, mas temia não ser aceito por ser filho de cangaceiros.

Sílvio Hermano nasceu em Pão de Açúcar/AL, em 1935 e foi dado com poucos dias de vida, para ser criado pelo padre José Bulhões, pároco de Santana do Ipanema/AL.

Luciano Carneiro não fez apenas esta matéria de cangaço para a revista O Cruzeiro. Vejamos em ordem cronológica: 1) LAMPIÃO É NOSSO SANGUE, 26/09/1953; 2) PORQUE LAMPIÃO ENTROU NO CANGAÇO, 03/10/1953; O FILHO DE CORISCO, 10/10/1953; E ENTERREMOS LAMPIÃO, 17/10/1953.


Infelizmente não consegui todas as páginas da matéria, estando a mesma incompleta. 

A página inicial da matéria da revista O Cruzeiro de 10/10/1953.

O adolescente Silvio Hermano Bulhões, filho de Corisco e Dadá, concedendo entrevista em Maceió/AL,ao repórter e fotógrafo cearense Luciano Carneiro. - Revista O Cruzeiro,10/10/1953.

A continuação da entrevista, O Cruzeiro,10/10/1953.

O enxoval feito por Dadá e enviado com seu filho, Sílvio Hermano, para o padre de Santana do Ipanema, José Bulhões. - O Cruzeiro, 10/10/1953.

Fonte: facebook
Página: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=386795161458032&set=pcb.386809508123264&type=3&theater

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ANTÔNIO CORRÊA SOBRINHO E O LIVRO “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO – O QUE DISSERAM OS JORNAIS SERGIPANOS” DE SUA AUTORIA.


O livro traz inúmeras matérias de jornais sobre a morte de Lampião que foram manchetes nos principais jornais sergipanos. Um livro/documento que não pode faltar na coleção dos estudiosos e apreciadores da história do cangaço.

Quem desejar adquirir o trabalho do escritor e pesquisador Antônio Corrêa Sobrinho, basta entrar em contato diretamente com o autor através do e-mail tonisobrinho@uol.com.br

O Livro custa apenas R$ 30,00 (Trinta Reais) com frete incluso.

Geraldo Antônio de Souza Júnior 

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13 DE JUNHO DE 1927


Desde os primeiros estudos, sobre os primeiros dias do comando de Virgulino sobre a cabroeira herdada de sinhô Pereira, notamos astúcia, cautela e agilidade em suas ações contra povoados, pequenas cidades, sítios, fazendas e tropas volantes dentro da caatinga.

Em princípios de 1927, é formulado um plano por políticos em busca de poderes e desforras, para atacarem uma cidade do estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, e ele, “O Rei dos Cangaceiros” é “convidado” a comandar o ataque.

Lampião

Até aceitar aquela empreitada, notamos um chefe, com uma capacidade de ‘guerras de movimentos’, superar todas as expectativas. Prosseguindo com o plano de atacar a cidade norte rio-grandense, desde o início que, mesmo na divisa dos Estados da Paraíba com o Rio Grande do Norte, a horda inicia uma onda de terror inesperada.

Lampião adentra em território potiguar com ‘os cão nos couro’, como se pronuncia aqui no sertão. Sítios, fazendas, vilas, povoados e pequenas cidades tornam-se alvos diariamente.

Coronel Antonio Gurgel do Amaral

Torturas, sofrimentos, estupros e mortes vão sendo deixadas como sinais, tristes marcas, da trilha deixada pelo bando de cangaceiros na senda da guerra, rumo à cidade alvo.

Acreditamos que esses atos foram praticados com o intuito de amedrontar a população mossoroense, e esta correr em busca de salvarem suas vidadas, deixando a cidade desguarnecida. Com certeza, parte da população foi colocada em lugares seguros, fora da mesma. No entanto, como um velho ditado, ‘o tiro saiu pela culatra’, pois, aqueles que tinham condições de defenderem a metrópole, foram armados e colocados em pontos estratégicos, na espera da horda furiosa que beirava seus limites...

Sabino Gomes

Vejamos o que fez Lampião antes de atacar Mossoró.

Ele tenha sequestrado um fazendeiro chamado, que também era comerciante, fora deputado à Junta Comercial do Estado e Presidente da Intendência de Natal, homem de elevada cultura, já tinha feito viagens a Europa, Antônio Gurgel. Pois bem, o chefe mor pergunta ao prisioneiro se o mesmo conhece o chefe político e Prefeito de Mossoró, cel. Rodolfo Fernandes, no que recebe afirmativamente a resposta. Com essa resposta, ele chama o segundo em comando, Sabino das Abóboras, e após breve confabulação, resolvem enviar os famosos bilhetes para extorsão de dinheiro.

Coronel Rodolfo Fernandes Prefeito de Mossoró em 1927

Determinam que o sequestrado, Antônio Gurgel, redija uma missiva determinando a quantia de 500 contos de réis ao Prefeito Rodolfo Fernandes. Mesmo debaixo de ordens, o prisioneiro diz aos sequestradores que a quantia está alta demais. Consegue com isso que a quantia caia 100 contos de réis.

São lhe entregue duas folhas de papel, em uma constando o ‘timbre’ do cangaceiro Sabino e, na outra, o do Capitão Lampião.

Lampião dita parte da missava e o restante é redação do próprio Antônio Gurgel:

A CARTA

“13 de junho de 1927 

Meu caro Rodolfo Fernandes. Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aqui aquartelado, aqui bem perto da cidade, manda porém um acordo para não atacar mediante a soma de quatrocentos contos de réis 400.000.000. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados a farta. Creio que seria de bom alvitre, você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o próprio Lampião, seria bem recebido. Para evitar o pânico e o derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró. Diga sem falta ao Jaime que os vinte e um contos que pedi ontem para o meu resgate, não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou, assim peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de confiança para salvar a vida do pobre velho. Devo adiantar que todo o grupo me tem tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia no meu respeito. Antônio Gurgel do Amaral". (“A MARCHA DE LAMPIÃO - Assalto a Mossoró” - Autor: * Raul Fernandes)

Após ter feito a carta, ele a ler para Lampião que fica encucado por ele ter citada uma pessoa chamada Yolanda. O mesmo pergunta ao coronel de quem se trata:

“- Quem é Yolanda?” (pergunta o “Rei Vesgo”)

“- Minha netinha. Tem dois anos...!” ( Reponde o coronel) (Ob. Ct.)

A neta do sequestrado, Antônio Gurgel, era filha de uma filha dele, casada com o Sr. Jaime Guedes que era gerente do Banco do Brasil naquela localidade...

AGUARDEM A RESPOSTA DO PREFEITO DE MOSSORÓ, CORONEL RODOLFO FERNANDES, LOGO MAIS... QUANDO DER TEMPO O PORTADOR IR E VOLTAR.

Fonte Ob. Ct.

PS// *O autor do livro "A MARCHA DE LAMPIÃO - Assalto a Mossoró", é filho do prefeito Rodolfo Fernandes, quando do ataque ele se encontrava na cidade em férias, na época tinha 19 anos. Estudava em Salvador, fazia direito e medicina.

Foto lampiaoaceso.com
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Fonte: facebook
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/

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ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ

https://www.youtube.com/watch?v=Ge-wsMy2j5Q&feature=youtu.be

Publicado em 6 de set de 2011
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AUTO DA LIBERDADE - MOSSORÓ

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=HhlQZeGklbo&feature=youtu.be

AUTO DA LIBERDADE - MOSSORÓ

Aderbal Nogueira é cineasta e pesquisador do cangaço. Se você deseja adquirir vídeos sobre o tema "Cangaço" entre em contato com ele através destes e-mails: 
laser.video@terra.com.br

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HOJE, 13 DE JUNHO DE 2016 89 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO EM MOSSORÓ

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 1927 a cidade de Mossoró vivia um período de expansionismo comercial e industrial. Possuía o maior parque salineiro do país, três firmas comprando, descaroçando e prensando algodão, casas compradoras de peles e cera de carnaúba, contando com um porto por onde exportava seus produtos e sendo, por assim dizer, um verdadeiro empório comercial, que atendia não só a região oeste do Estado, como também algumas cidades da Paraíba e até mesmo do Ceará. A população da cidade andava na casa dos 20.000 habitantes, era ligada ao litoral por estrada de ferro que se estendia ao povoado de São Sebastião, atual Dix-sept Rosado, na direção oeste, seguindo por quarenta e dois quilômetros. Contava ainda com estradas de rodagem, energia elétrica alimentando várias indústrias, dois colégios religiosos, agências bancárias e repartições públicas. Era essa a Mossoró da época. A riqueza que circulava na cidade despertou a cobiça do mais famoso cangaceiro da época, que era Virgulino Ferreira, o Lampião. Para concretizar o audacioso plano de atacar uma cidade do nível de Mossoró, Lampião contava em seu bando com a ajuda de alguns bandidos que conheciam muito bem a região oeste do Estado, como era o caso de Cecílio Batista, mais conhecido como \\\"Trovão\\\", que havia morado em Assu onde já havia sido preso por malandragem e desordem e de José Cesário, o \\\"Coqueiro\\\", que havia trabalhado em Mossoró. Contava ainda com Júlio Porto, que havia trabalhado em Mossoró como motorista de Alfredo Fernandes, conhecido no bando pela alcunha de \\\"Zé Pretinho\\\" e de Massilon que era tropeiro e conhecedor de todos os caminhos que levavam a Mossoró. No dia 2 de maio de 1927 Lampião e seu bando partiram de Pernambuco, em direção ao Rio Grande do Norte. Atravessaram a Paraíba próximo à fronteira com o Ceará, com destino a cidade potiguar de Luiz Gomes. Antes, porém, atacaram a cidade paraibana de Belém do Rio do Peixe. Lampião não estava com o bando completo. O cangaceiro Massilon, que se juntaria com sua gente ao seu ele, estava com uma parte dos bandidos no Ceará e pretendia atacar a cidade de Apodi, já no Rio Grande do Norte, no dia 10 de maio daquele ano. Depois do assalto, deveria se juntar a Lampião em lugar predeterminado, onde deveriam terminar os preparativos para o grande assalto. Essa reunião se deu na fazenda Ipueira, na cidade de Aurora, no Ceará, de onde partiram com destino a Mossoró. E ai começou a devastação por onde o bando passava. Assaltaram sítios, fazenda, lugarejos e cidades, roubando tudo o que encontravam, inclusive jóias e animais, queimando o que encontravam pela frente e fazendo refém de todos os que podiam pagar um resgate. Entre os sequestrados estavam o coronel Antônio Gurgel, ex-Prefeito de Natal, Joaquim Moreira, proprietário da Fazenda \\\"Nova\\\", no sopé da serra de Luis Gomes, dona Maria José, proprietária da Fazenda \\\"Arueira\\\" e outros. Coube ao Coronel Antônio Gurgel, um dos sequestrados, escrever uma carta ao prefeito de Mossoró, Rodolfo Fernandes, fazendo algumas exigências para que a cidade não fosse invadida. Era a técnica usada pelos cangaceiros ao atacar qualquer cidade. Antes, porém, cortavam os serviços telegráficos da cidade, para evitar qualquer tipo de comunicação. Quando a cidade atendia o pedido, exigiam além de dinheiro e jóias, boa estadia durante o tempo que quisessem, incluindo músicos para as festas e bebidas para as farras. Quando o pedido não era aceito, a cidade era impiedosamente invadida. De Mossoró pretendiam cobrar 500 contos de réis para poupar a cidade, mas sendo advertido que se tratava de quantia muito alta, resolveu reduzir o pedido para 400 contos de réis. A carta do coronel Gurgel dizia: \\\"Meu caro Rodolfo Fernandes. Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Penso que para evitar o pânico, o sacrifício compensa, tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró...\\\" Ao receber a carta, o Cel. Rodolfo Fernandes convoca uma reunião para a qual convida todas as pessoas de destaque da cidade, onde informa o conteúdo da mesma e alerta para a necessidade de preparação da defesa contra um possível ataque dos cangaceiros. Os convidados, no entanto, acham inviável que possa acontecer um ataque de cangaceiros a uma cidade do porte de Mossoró. E de nada adiantaram os argumentos do prefeito. Mesmo decepcionado com a atitude dos cidadãos da cidade, o prefeito responde a carta nos seguintes termos: \\\"Mossoró, 13 de junho de 1927. - Antônio Gurgel. Não é possível satisfazer-lhe a remessa dos 400.000 contos, pois não tenho, e mesmo no comércio é impossível encontrar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, Sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança. Rodolfo Fernandes\\\". Quando o portador chega a casa do prefeito para pegar a resposta, esse, de modo cortês, diz que a proposta do bandido é inaceitável e se diz disposto a enfrenta-lo. Levou o portador ao aposento onde havia vários caixões com latas de querosene e gasolina. Junto a esses caixões, existia um aberto e cheio de balas. O prefeito na tentativa de impressioná-lo, diz que todos aqueles caixões estão cheios de munição e que já existe um grande número de homens armados na cidade, aguardando a entrada dos cangaceiros. Lampião não esperava tal resposta e ao tomar conhecimento que a cidade está pronta para brigar, resolve mandar um bilhete escrito de próprio punho, numa péssima caligrafia, julgando que assim conseguiria o intento : \\\" Cel Rodolfo Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo. Capm Lampião.\\\" Mais uma vez, o prefeito responde com negativa. Diz em sua resposta para Lampião: \\\"Virgulino, lampião. Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma. Rodolfo Fernandes Prefeito, 13.06.1927\\\". Nessa altura dos acontecimentos, os mossoroenses já convencidos do intento dos cangaceiros, tratavam de preparar a defesa da cidade. O tenente Laurentino era o encarregado dos preparativos. E como tal, distribuía os voluntários pelos pontos estratégicos da cidade. Haviam homens instalados nas torres das igrejas matriz, Coração de Jesus e São Vicente, no mercado, nos correios e telégrafos, companhia de luz, Grande Hotel, estação ferroviária, ginásio Diocesano, na casa do prefeito e demais pontos. O plano de lampião era chegar a uma localidade conhecida como Saco, que ficava a uma distância de dois quilômetros de Mossoró, onde abandonariam as montarias e prosseguiriam a pé até a cidade. O cangaceiro Sabino comandava duas colunas de vanguarda. Uma das colunas era chefiada por Jararaca e outra por Massilon. Lampião ia no comando da coluna da retaguarda. Enquanto cangaceiros e voluntários se preparam para o combate, o restante da população, que não participariam do mesmo, tentava deixar a cidade. Eram velhos, mulheres e crianças, pessoas doentes, que não tinham nenhuma condição de enfrentar, de armas em punho, a ira dos Cangaceiros. A cena era dantesca desde o dia 12 de junho. Nas ruas, o povo tentava deixar a cidade de qualquer maneira. Mulheres chorando, carregando crianças de colo ou puxadas pelos braços, levando trouxas de roupas, comida e água para a viagem, vagando na multidão sem rumo. Era uma massa humana surpreendente que se deslocava pelas ruas da cidade na busca de transporte, qualquer que fosse o meio, para fugir antes da investida dos Cangaceiros. Famílias inteiras reunidas, em desespero, lotavam os raros caminhões ou automóveis que saíam disparados a caminho do litoral. Muitos, sem condição de transporte, tratavam de conseguir esconderijo dentro ou fora da cidade. A ordem dada pelo prefeito era que quem estivesse desarmado saísse da cidade. O desespero aumentava mais a medida que o dia avançava. Às onze horas da noite, os sinos das igrejas de Santa Luzia, são Vicente e do Coração de Jesus começaram a martelar tetricamente, o que só servia para aumentar a correria. As sirenes das fábricas apitavam repetidamente a cada instante. Muita gente que não acreditava na vinda de Lampião, só ai passou a tomar providências para a partida. Na praça da estação da estrada de ferro, era grande a concentração de gente na busca de lugar para viajar nos trens que partiam de Mossoró. Até os carros de cargas foram atrelados a composição para que a multidão pudesse partir. Mesmo assim não dava vencimento, e os retardatários, em lágrimas, imploravam um lugar para viajar. O Prefeito, o Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira, se desdobrava na organização da defesa, ao mesmo tempo que ordenava a evacuação da cidade, medida essa que poderia salvar muitas vidas. Enquanto isso, a locomotiva a vapor, quase milagrosamente partia, resfolegando com o peso adicional, parecendo que ia explodir, tamanho o esforço feito pela máquina que emitia fortes rangidos e deixava um rastro de fumaça negra no horizonte. Era uma viagem relativamente curta, entre Mossoró e Porto Franco, nas proximidades da praia de Areia Branca. Na cidade, o badalar dos sinos continuava e o desespero também, pois apesar da pequena distância que o trem deveria percorrer, a locomotiva demorava mais do que o normal para chegar, com o maquinista parando com freqüência para se abastecer de água e lenha pelo caminho. Saía de Mossoró com todos os carros lotados e voltava vazio. Era um verdadeiro êxodo. Na noite do dia 12 de junho, não houve descanso para ninguém em Mossoró. Os encarregados pela defesa da cidade se revezavam na vigília, enquanto o restante da população esperava a vez de partir. E o movimento na estação ferroviária não parava. O embarque de pessoal virou toda a noite e só terminou na tarde do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, quando foram ouvidos os primeiros tiros, dando início ao terrível combate. Mas a meta havia sido alcançada; a cidade estava deserta, exceto pelos defensores que das trincheiras aguardavam o ataque. Ao entrarem na cidade, o bando sente medo, devido ao abandono do local. Sabino encaminha-se com suas colunas para a casa do prefeito. Não perdoa o atrevimento daquele homem que resolveu enfrentar o bando de cangaceiro mais temido do nordeste brasileiro. Sabino posiciona-se sozinho em frente a casa de Rodolfo Fernandes. Os defensores da cidade ficam indecisos, sem saber se ele é um soldado ou um cangaceiro, já que não havia muito diferença entre a maneira de se vestir de um e de outro. Foi preciso a ordem do prefeito para que começassem a atirar. Nesse momento o tempo fechou. Uma forte chuva começou a cair, comprometendo o desempenho dos cangaceiros e tornando mais tétrico o ambiente. Lampião segue em direção ao cemitério da cidade enquanto que Massilon procura os fundos da casa do prefeito. O cangaceiro \\\"Colchete\\\" tenta revidar os tiros lançando uma garrafa com gasolina contra os fardos de algodão que serviam de trincheiras para os defensores, na tentativa de incendiá-los. Nesse momento é atingido por um tiro, caindo morto. Jararaca se aproxima do corpo, com o intuito de dar prosseguimento ao plano do comparsa morto e é também atingido nas costas, tendo os pulmões perfurados. No mesmo instante, os soldados entrincheirados na boca do esgoto começam a atirar, encurralando os cangaceiros. Os defensores dominam a situação e não resta outra solução aos facínoras se não abandonar a cidade. A ordem de retirada é dada por Sabino que puxando da pistola dá quatro tiros para o alto. É o fim do ataque. Não foi um combate longo; iniciou-se as quatro horas da tarde, aproximadamente, sendo os últimos disparos dados por volta das cinco e meia da mesma tarde. Lampião havia fugido, deixando estirado no chão o Cangaceiro Colchete e dando por desaparecido o Jararaca, que depois seria preso e \\\"justiçado\\\" em Mossoró. Mas com medo da revanche dos bandidos, os defensores permaneceram de plantão toda a noite, só descansando no outro dia, quando tiveram certeza que já não havia mais perigo. Quando lembramos esses fatos, ficamos pensando que tragédia poderia ter acontecido se a cidade não houvesse sido esvaziada a tempo. Quantas mortes poderiam ter havido se a população tivesse permanecido na mesma. Só Deus pode saber. Depois do acontecido, a população começou a voltar para casa. Foi outra batalha para se conseguir transporte, juntar os parentes, desentocar os objetos de valores que tinham ficado escondidos e tantas providências mais, que só quem viveu o drama poderia contar. 13 de junho, dia de Santo Antônio. Um dia que ficou marcado para sempre na história de Mossoró.

Por Geraldo Maia

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O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ - UM MISTÉRIO QUASE CENTENÁRIO

 Por Honório de Medeiros
Cedida Rara imagem feita em Limoeiro do Norte logo após Lampião e seu bando deixarem Mossoró - http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/pelos-caminhos-de-lampia-o/310723

Em dias do início do mês de maio do ano da graça de 1927, pelas terras do Rio Grande do Norte que confrontam com aquelas da Paraíba, lá no alto Sertão desses estados, mais precisamente as que ficam entre as cidades de Uiraúna e Luis Gomes, vindos de Aurora, no Ceará, Cariri velho de Nosso Senhor Jesus Cristo, eles, os cangaceiros, entraram no território potiguar.


Era uma horda selvagem com aproximadamente uma centena de homens, para o mais ou para o menos, imundos e bestiais, a cavalo, fortemente armados, portando rifles, fuzis, revólveres, pistolas, punhais longos e curtos, e farta munição. Vinham ébrios, ferozes, e sedentos de violência, sem qualquer outro propósito que não a rapinagem, pura e simples.

E assim entraram. Durante os quatrocentos quilômetros e quatro dias que durou a epopeia, deixando e voltando à Aurora após alcançarem Mossoró,  desenharam, com a ponta dos cascos dos cavalos ou a face externa das alpargatas com as quais pisavam o chão, como que um movimento cujos contornos lembram o de uma flor de mufumbo, cujas laterais seriam as margens da Serra de Luis Gomes e Serra do Martins, por um lado, e, pelo outro, as margens do serrame do Pereiro, limites com o Jaguaribe, Ceará adentro.

Detalhe da Casa de Rodholfo Fernandes em foto da Resistência ao Ataque de Lampião

Espalharam o terror por onde passaram. Humilharam, surraram, feriram, extorquiram, sequestraram, furtaram, roubaram, mataram... Em toda a história do cangaço, complexa e específica por si mesma, nada há igual. Não foi um ataque qualquer a um arruado, vila ou povoação. Nem mesmo a uma cidade pequena.

Foi um ataque a uma cidade de grande porte para os padrões da época, bem dizer litorânea, a segunda maior do Rio Grande do Norte, com quatro igrejas, três jornais, agência do Banco do Brasil, população que rivalizava com a da capital do Estado, um comércio rico e pujante, que funcionava como centro para o qual convergiam paraibanos, norte-rio-grandenses e cearenses, e, por intermédio do porto de Areia Branca, ao qual se chegava pelo Rio Mossoró ou Apodi, caso necessário, o Brasil todo.

Mossoró não acreditava que tal ataque pudesse se concretizar. O Governo do Estado do Rio Grande do Norte também não. Era inconcebível. O Brasil, representado por sua capital, o Rio de Janeiro, quedou perplexo.

Tantos anos depois é possível algo novo quanto às causas que levaram Lampião a empreender esse ataque?

Os cangaceiros acima foram nominados por Jararaca, a quem a fotografia foi mostrada enquanto ele convalescia, preso em Mossoró, pouco antes de morrer

De antemão, que se diga: não é consenso que haja mistério quanto às causas do ataque de Lampião a Mossoró. 

Ao contrário. Excetuando-se algumas vozes isoladas aqui e ali, outras ouvidas aos sussurros em Mossoró, é prática corrente atribuir à ganância de Lampião, Isaías Arruda e Massilon – este com papel secundário, a existência do episódio.

Entretanto ao estudarmos com atenção redobrada, até mesmo com obstinação, o acervo do qual dispõem os pesquisadores, constata-se a existência de questões, dúvidas, perplexidades, que insistem em aparecer desafiando o passar dos anos e a natural inércia originada das versões consideradas consumadas. 

Levando-se em consideração todas essas questões, após tê-las colhido, assim é que, a seguir, dando-lhes o tratamento mais racional e factual possível, buscando a isenção necessária à qual se deve ater quem busca encontrar a melhor explicação entre várias concorrentes, são elas elencadas, analisadas e colocadas à disposição do leitor, para que este possa fazer sua escolha ou, se não for o caso, meramente ser colocado a par de suas existências.

Há, portanto, e basicamente, quatro teorias acerca das causas do ataque de Lampião a Mossoró: 

(i) o ataque a Mossoró resultou da ganância do Coronel Isaías Arruda e de Lampião, no que foram secundados por Massilon;

(ii) o ataque a Mossoró resultou unicamente da cobiça de Massilon.

(iii) o ataque a Mossoró resultou da paixão de Massilon por Julieta, filha de Rodolpho Fernandes;

(iv) o ataque a Mossoró resultou de um plano político.

Qual delas é a verdadeira?

FONTE: honoriodemedeiros.blogspot.com

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