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domingo, 6 de dezembro de 2020

CANGACEIRO "LUIZ PEDRO" - BIOGRAFIA.

 Por Cangaçologia

https://www.youtube.com/watch?v=4jEV1u128_Y&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Um dos cangaceiros mais leais e o que maior tempo permaneceu ao lado de Lampião. Participou de momentos importantes do cangaço da era lampiônica. Encontrou-se com a morte no dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, no momento do ataque da Força Policial alagoana, comandada pelo então Tenente João Bezerra, ao lado de Lampião, Maria Bonita e outros nove companheiros de cangaço.

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CINQUENTENÁRIO DA MORTE DO MILITAR JOÃO BEZERRA DA SILVA O COMANDANTE DA VOLANTE QUE DEU CABO EM LAMPIÃO

 Por Paulo Britto

Há 50 (cinquenta) anos o Militar/Volante (vocacionado, incansável, abnegado, admirado, marido amado e ser humano respeitado) nos deixou fisicamente, mas - em nossas mentes e no nosso coração - ele permanecerá para sempre vivo.

Sua história de vida serve como exemplo a muitos nordestinos, sertanejos, que vivem nos sertões, com as condições mínimas de sobrevivência, mas que não se sentem desmotivados em buscar melhores condições de vida, sem receio ou sem a preocupação - talvez pela inocência da falta de conhecimento das maldades da cidade grande - seguem na esperança de prosperar e alcançar seus objetivos, quase sempre indefinidos. Lutando em busca de uma melhoria de vida e, em seus planos, consequentemente, a melhoria de vida dos seus familiares, às vezes de forma exaustiva, sem retroceder, e que cada obstáculo os incentiva a seguir adiante, de forma firme e decidida.

João Bezerra

João Bezerra não preferiu esta ou aquela missão, era dedicado a cada uma que lhe fosse ordenada e confiada. Sua única preocupação foi “que fosse bem feita”. Não colecionou troféus das suas ações, apenas cumpriu, com bastante zelo todas as ordens que lhe foram designadas com o respeito hierárquico e a humildade que lhe era inerente e peculiar, como relatado por vários volantes, seus subalternos e pares em que disseram que além de calmo, sempre gostava de ouvir seu comandados.

Jamais foi amigo de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), basta ver os vários depoimentos de ex-volantes, alguns publicados por pesquisadores do assunto. Quem assim pensa, certamente não teve a oportunidade de conhecer de perto nem ele e nem sua família.

Nunca mandou munição para os cangaceiros, como bem colocou o Dr. Sérgio Dantas (magistrado de Natal-RN) em seu excelente artigo: “POR QUE PROFANAR A MEMÓRIA DOS MORTOS”. Um texto muito elucidativo, sensato, análise de alguém neutro e imparcial, a quem penhoradamente agradecemos pela forma concisa como interpretou, não mostrando sentido algum essa história fantasiosa e falsa, que quem a inventou só teve o objetivo de macular os feitos desse militar.

Também não houve envenenamento na Grota do Angico (28.07.1938), como podemos ver na brilhante entrevista do Dr. Leandro Cardoso, com embasamento e conhecimento profundo do assunto.

Certos comentários e mentiras surgiram depois da morte de João Bezerra (04.12.1970) e levados aos quatro ventos por pessoas inescrupulosas, inventadas por pura maldade, sem nenhuma comprovação e, por outros que por desconhecimento da história repetiram e repetem o que ouvem e ouviram, sem se ater a profanação.

Assim foi João Bezerra, assim foi sua vida, sua batalha, seu labutar, suas glórias, suas dificuldades que serviram de alicerce para chegar aonde chegou.

Fato que nunca se vangloriou! Em momento algum atribuiu para si qualquer título que não fosse o da “missão cumprida” e que agiu sabendo-se ter sido o militar cônscio de seus deveres, sempre pontuando sua vida nos preceitos da lealdade e responsabilidade.

Portanto, durante muitos anos não se ouviu qualquer palavra ou história que desabonasse sua conduta, deste exemplar militar (detentor de uma vida honesta, justa e perfeita), rica em ações e balizada por colegas e superiores.

Para quem não conhece sua história, repito: Temperamento calmo, mas vigoroso, voz mansa, competidor nato, grande vigor físico, imprevisível, surpreendente, de atitudes repentinas, semblante impassível, mimetista, inteirava-se do ambiente ou da situação antes, durante e depois, avaliava riscos e definia limites.

De índole e alma boa, fazia o bem para quem merecesse o bem. Não perdia a oportunidade de ajudar aos que necessitavam, era um objetivo de vida.

A família agradeço aos que, diuturnamente, buscam a verdade, valorizando essa pessoa singular e que deixou seu nome na história do Nordeste brasileiro.

Recife/PE, 04 de dezembro de 2020.

Paulo Britto (MEU PAI)

Filho de João Bezerra

Texto copiado do fecebook do neto de João Bezerra Benner Britto.

https://www.facebook.com/benner.britto

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NA QUIXABEIRA ONDE O CANGACEIRO JURITI FOI QUEIMADO VIVO.

 Por Rangel Alves da Costa

O ano era 1941. O cangaço já havia encontrado seu desfecho na Chacina de Angico de 38. Após as entregas do pós-cangaço, o afamado cangaceiro Juriti (o baiano Manoel Pereira de Azevedo), um dos mais perversos do bando de Lampião, acabou encontrando a morte pelas mãos do cruel e sanguinário Sargento Deluz (Amâncio Ferreira da Silva), terrível caçador de cangaceiros que se negava a dar trégua aos deserdados bandoleiros das caatingas, cuja base de atuação era nos sertões sergipanos de Canindé de São Francisco. 

Sargento Deluz

Mas Juriti teve seu destino selado por uma saudade sentida de sua ex-companheira dos tempos cangaceiros: Maria de Juriti. Assim, como a ex-cangaceira havia retornado para o lar familiar na região da Fazenda Pedra D’água (nas proximidades da famosa Fazenda Cuiabá), e após vaguear pelo mundo como ser comum e trabalhando pela sobrevivência, em 1941 resolveu retornar ao sertão sergipano, e certamente com vontade de rever Maria e alguns conhecidos. 

Maria de Juriti - Foto pertencente ao escritor João de Sousa Lima

Contudo, a notícia da chegada do cangaceiro logo chegou aos ouvidos do Sargento Deluz. Não demorou para que o feroz militar providenciasse o cerco da residência de Rosalvo Marinho, onde Juriti se arranchava. Preso, foi logo amarrado e conduzido em direção a Canindé. 

Juriti

Mas na estrada, a solução encontrada foi outra. Deluz mandou que seus soldados preparassem uma fogueira grande, com toco de pau e mato seco, logo abaixo de uma quixabeira, e nas chamas lançou o indefeso cangaceiro. E pelos sertões, os versos ainda ecoam: “A fogueira de Deluz, deu luz de gemido e dor. Entre as chamas da fogueira, Juriti não mais voou. O cangaceiro perverso, pelas mãos da perversidade em cinzas se transformou...”.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=1529151643960441%2C1529056037303335%2C1528423644033241%2C1528386804036925%2C1528323187376620&notif_id=1607187707922954&notif_t=group_activity&ref=notif

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SOBRE O NOVO LIVRO DE CALIXTO JUNIOR

Por Junior Almeida

Conclui essa semana a prazerosa e elucidativa leitura de “Vida e Morte de Isaías Arruda: Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião”, de autoria do colega de academia (ABLAC) e Seminário Cariri Cangaço, Calixto Junior. Eu tinha adquirido o livro direto com o autor em Aracaju, no mês de março deste ano, mas como a biografia do célebre potentado de Missão Velha foi parar numa fila literária de quase quarenta obras que tinha em casa, então, só agora, pude me dedicar à leitura. Como gosto de tecer alguns comentários sobre os livros que leio, relato aqui algumas observações do que me chamaram atenção. Só para constar, depois que findei o livro do professor/escritor aurorense, creio que quem estuda cangaço e coronelismo, temas siameses, não pode deixar de ler a citada obra, que detalha a fundo a vida do chamado “coronel menino”.

Um dos pontos que me chamou atenção na obra de Calixto é de como os chamados coronéis de barranco do nosso beligerante Nordeste daquela época eram bem à margem da lei. Não canso de me surpreender com isso. No Cariri Cearense, por exemplo, rapidamente vem à mente, além Isaías, de Missão Velha, o não menos perigoso Zé Inácio, do Barro, dentre outros. Os homens eram umas feras! Imagino-os nos dias de hoje, com seus conchavos políticos e brigas pelo poder. Seriam, quem sabe, vereadores, vices e prefeitos de suas cidades, quem sabe até deputados. Poderiam ser considerados por muitos, cidadãos de bem, que defendem a família e a Pátria. Alguém duvida?

Em seu livro Calixto Junior detalha bem as inúmeras rixas do chefe político de Missão Velha, com quantas pedras Isaías Arruda mexeu, sendo que a pedra dos Paulinos foi a que lhe veio à cabeça. Foi a sua desgraça. Já diz o ditado que “o remédio de um doido é outro na porta”, então, por mais que o coronel menino fosse ousado e destemido, não faltava quem fosse igual a ele ou pior (ou seria melhor?).

Pela narrativa da biografia, Isaías Arruda parecia ser duro na queda, não era um sujeito “morredor”, como brinca Luiz Gonzaga, cantando com Carmélia Alves, onde diz que o sujeito morreu apenas com uns risquinhos de faca, pois naquele 4 de agosto de 1928, foi atingido por sete tiros dos revólveres dos irmãos Antônio e Francisco (Chico) Paulino, só vindo a falecer quatro dias depois. Tem gente que morre de uma topada. Isaías não! Foram sete disparos para tirar-lhe a vida, mesmo assim, não acabou-se no momento que foi atingido.

Talvez esse intervalo de tempo, do atentado propriamente dito, na estação de trem de Aurora, até a morte da casa de Augusto Jucá, na mesma cidade, tenha feito com que o advogado dos homicidas tenha posto em dúvida, perante a Justiça, o laudo cadavérico da vítima, e levantado a tese de defesa dos seus clientes de que Isaías faleceu porque não se cuidou direito, e não pelos tiros que tinha tomado, chegando em sua petição a dizer que “ (...) como medicamentos; uns fazem grande bem, outros nem bem nem mal. Daí os erros judiciários a que arrastam as faltas ou ignorância dos peritos,” e também que “a morte de Isaías resultou não porque o mal [os tiros] fosse mortal e sim por ter o ofendido deixado de observar o regime médico higiênico reclamado por seu estado”.

Absurdo?! Nem tanto. Inacreditável mesmo foi o corpo de jurados, reunido em maio do ano seguinte, para julgar os irmãos Paulino, ter aceitado esta estapafúrdia tese, respondendo questionário dizendo na primeira questão que os acusados tinham sido os responsáveis pelos disparos que atingiram Isaías Arruda, mas, no segundo quesito, que esses tiros não foram suficientes para matar a vítima, e sim a falta de cuidados dele mesmo. Ou seja: pelo que os jurados entenderam o chefe político de Missão Velha, foi o culpado pela sua morte e não os Paulinos, que pegaram uma pena leve, incursos no grau mínimo do código penal da época, sendo condenados a pouco mais de dois anos, o que fez com que o juiz do caso apelasse.

O Cariri Cearense possui no campo da História daquela região nomes como Xavier de Oliveira, Joryvar Macedo, patrono de Calixto na ABLAC, e os mais recentes Souza Neto, Cristina Couto, Bosco André e Daniel Walker, que precocemente foi morar com Deus. Somando a recente obra com outras de sua lavra, Calixto Junior, nascido em Aurora no dia da alfabetização, reforça, ainda bem, o time desses abnegados. Parabéns bela obra!

https://www.facebook.com/photo?fbid=3275200342591782&set=a.103552366423278

Veja se o professor Pereira tem este livro através deste e-mail:

franpelima@bol.com.br

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NOVO INQUILINO!

 Por Jose Irari

Romance histórico, baseado em fatos verídicos!! Autor escreveu através de histórias orais. Estou começando a ler. Avante amigos do cariri cangaco. Vamos prestigiar o canal cariri cangaco no YouTube. Toda semana uma live, com bons temas e ótimos palestrantes.

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260 FOTOS LEGENDADAS SOBRE O CANGAÇO E UM RESUMO DA BIOGRAFIA DE LAMPIÃO E SEU BANDO.

Por Heverson Santos
https://www.youtube.com/watch?v=HtylM-BP20g&fbclid=IwAR0loEHeZgUgxmIZbspCf36O3uHy16XEHSWJA1Mid86rEHkzBO35zS2E7zQ&ab_channel=HeversonSantos

Heverson Santos

Veja desde as fotos mais conhecidas sobre o cangaço até as mais raras e suas respectivas legendas. saiba biografia de cada personagem e sua participação nesse movimento que tomou conta do nordeste brasileiro nos anos 20 e 30. este vídeo é amador feito com um celular sem nenhuma estrutura movido apenas pela paixão pelo tema. minha intenção de legendar todas as fotos foi de ajudar os jovens que estão chegando agora no mundo do cangaço a identificar cada personagem do cangaço e sua participação na historia e a partir dai começarem suas próprias pesquisas e descobertas. me inspirei no grande pesquisador do cangaço aderbal nogueira do qual sou grande fã e seguidor. desde já me desculpo por possíveis erros nas legendas e descrições dos personagens e correções nos comentários serão bem vindas para ampliar o conhecimento de todos.

Música neste vídeo

Saiba mais

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Música

Lampião, o Rei do Cangaço (Mote de Dez)

Artista

Ivanildo Vila Nova, Geraldo Amâncio

Álbum

De Repente, 30 Anos, de Repente

Licenciado para o YouTube por

Believe Music (em nome de Polydisc) e 1 associações de direitos musicais

Música

Prelude #2 In A Minor, Op. 28/2

Artista

Guitar Masters

Álbum

100 Guitar Instrumentals

Licenciado para o YouTube por

The Orchard Music (em nome de Essential World Masters) e 4 associações de direitos musicais

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LIVRO

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SEBASTIÃO PEREIRA SINHÔ PEREIRA

(...)

Em uma entrevista Lorena  perguntou ao Sinhô Pereira: 

- Por que Virgolino Ferreira da Silva ganhou o apelido de Lampião ?

Sinhô Pereira respondeu-lhe:

- Num combate, a noite, na fazenda Quixaba, o nosso companheiro Dê Araújo comentou que a boca do rifle de Virgolino mais parecia um lampião. Eu reclamei, dizendo que munição era adquirida a duras penas. Desse episódio resultou o Lampião que aterrorizou o Nordeste.

(...)

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FOTO DO CANGACEIRO BEM-TE-VI | CNL | 605

 Por O Cangaço na Literatura

https://www.youtube.com/watch?v=K7H6f_BeAoM&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura

BEM-TE-VI (PARTE 1) https://youtu.be/cy8SoM-4EIs 

BEM-TE-VI (PARTE 2) https://youtu.be/-owxJsEEej8 

BEM-TE-VI (PARTE 3) https://youtu.be/I9Er1gEreB4 

BEM-TE-VI (PARTE 4) https://youtu.be/93aQpFKy5sI 

Foto para Download https://www.instagram.com/p/CGSpTltBvwX/

Trabalho do escritor e pesquisador do cangaço Robério Santos

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A EXPLOSIVA E ELUCIDATIVA ENTREVISTA DO CANGACEIRO RAIMUNDO MORAIS

Por José Tavares de Araújo Neto

Preso em Missão Velha/CE e recambiado para a cadeia da capital cearense, em agosto de 1928, o cangaceiro Raimundo Morais relatou sua participação em marcantes fatos da história do cangaço, citando importantes companheiros de luta, a exemplo de Sebastiao (Sinhô) Pereira, Luiz Padre e Lampião e a relação de importantes figurões da política cearense, paraibana e pernambucana, como o major José Ignácio, do Barro; o coronel José Pereira, de Princesa; Yoyô Maroto (Crispim Pereira de Araújo), de Belmonte; dentre outros.

A reportagem foi publicada, em 01 de setembro de 1928, no Jornal “O Ceará”, de Fortaleza. Abaixo transcrevo a matéria integralmente, alterando apenas a ortografia da época para a dos dias atuais.

“Entre os cangaceiros que se encontram na cadeia pública desta capital, presos pela polícia cearense, depois que o dr. Mozart Catunda Gondim assumiu a direção da Secretaria da Polícia e Segurança Pública, figura Raimundo Maximiano de Morais, que conta 28 anos de idade, de cor morena, baixo, natural de Brejo dos Santos. Gaba-se Raimundo Maximiano de Morais de ter vivido doze anos na espingarda no meio dos mais temíveis cangaceiros, como José Ignácio, do Barro; Sebastião Pereira, Lampião, Luiz Padre, Gitirana e muitos outros. Inicialmente disse-nos Morais que fosse contar toda a sua vida de cangaceiro, levaria muitos dias.

Por isso, concordou conosco em fazer uma narrativa completa, mas desprezando certos pormenores que julga sem importância.

Viveu em Brejo do Cruz até 1914, em companhia de seu pai José Maximiano de Morais, a quem ajudava numa loja de que o mesmo era proprietário. No fim daquele ano, quando contava apenas 14 anos de idade, abandonou a casa do seu pai a fim de ganhar a vida sozinho, passando a trabalhar para Chico Chicote, político influente, que pouco dias depois convidou-o a tomar parte do assalto armado a Porteiras. Com extraordinária satisfação, Morais aceitou o convite e seguiu no meio de numeroso grupo para o ataque àquela vila, que caiu em poder de Chico Chicote. Durante a luta, Morais portou-se com tal valentia, que passou a ser alvo de elogios do chefe do bando e dos seus companheiros, o que encheu de orgulho e o animou a prosseguir na vida do cangaço. Pouco depois dessa façanha, quando se encontrava no sitio Guaribas, de propriedade de Chico Chicote, tomou, por duas vezes, parte na defesa daquela propriedade, atacada por forças do governo.

Serenadas as cousas em Guaribas, foram dispensados os serviços de todos os cabras, tendo Morais seguido com diversos deles com destino a Brejo dos Santos, onde foram cercados por uma numerosa força policial, que conseguiu capturar um. Morais conseguiu não ser apanhado e fugiu para São José de Piranhas, Paraíba, onde, não sendo conhecido, pôde empregar-se como lavrador no sítio Picadas, de propriedade do Major Andrade. Passou seis meses trabalhando naquele sítio, mas tinha saudade da vida do cangaço, e, por isso, voltou a Brejo dos Santos, sendo, logo após a sua chegada ali, cercado por uma força policial. Graças ao auxilio que lhe prestou um seu irmão, pôde fugir, indo ter ao sítio Barro, de propriedade do coronel José Ignácio, homem rico, de Milagres. Durante um ano, pouco mais ou menos, esteve trabalhando como agricultor naquele sitio, mas, em certo dia, José Ignácio chamou-o, dando-lhe um rifle e farta munição para, em companhia de outros “rapazes”, ir fazer um serviço.

Tratava-se nada mais, nada menos, de liquidar João Flandeiro, inimigo de José Ignácio. O grupo era chefiado por Sebastião Pereira e, entre outros cangaceiros, contava Tiburtino Ignácio, Ponto Fino, Deodato, Patrício, João de Genoveva e José Pedro. Cerca de 5 horas da manhã, o grupo cercou o sítio Pitombeiras, distante uma légua do Barro, propriedade e residência de João Flandeiro, começando, então, violento tiroteio, que durou até as 9 horas da manhã, quando a família do atacado, obteve permissão para sair de casa. João Flandeiro, apesar de ferido, resistiu ainda 15 minutos de fogo, mas, afinal, abriu a porta para entregar-se, sendo crivado de balas. Imediatamente, os assaltantes atearam fogo na propriedade. Terminado o “serviço”, o grupo voltou ao sítio Barro, ficando José Ignácio muito satisfeito quando soube que o seu inimigo tinha morrido e que a sua propriedade fora incendiada.

Dois meses mais tarde, fazendo parte de um grupo de 12 homens, em que figuravam Luiz Padre, Sebastião Pereira, Mourão, Gitirana, José Dedé, João Dedé, Vicente Marinho, José Marinho e Cambirimba, dirigiu-se Morais para o Pajeú, em Pernambuco, onde morava uma filha de José Ignácio. Ali, no povoado Queixadas, mataram, depois de renhida luta, o Antonio da Imburana, que havia assassinado Manoel Pereira Dadir, irmão de Sebastião Pereira. Cometido esse crime e sendo perseguido pela polícia pernambucana, o grupo voltou ara o sitio Barro, fazendo, em caminho, vários saques.

Depois de alguns meses de repouso, Morais entrou num grupo de 45 homens, organizado por José Ignácio e do qual fazia parte Lampião, para atacar o padre Lacerda, Em Coité. Pelas 9 horas da manhã o numeroso bando, que se encontrava bem armado e municiado, atacou a vila de Coité, ocupando, no primeiro embate, três casas. A população ofereceu heroica resistência, que durou de 9 horas da manhã a 6 e meia da tarde, quando os assaltantes foram obrigados a recuar, indo até a fazenda do coronel Antonio Cartaxo, em Maurity, o qual, sabendo da aproximação dos bandoleiros, abandonou a sua propriedade, que foi saqueada e depredada.

De acordo com as recomendações de José Ignácio, o grupo, ao retirar-se de Coité, deveria atacar Milagres, mas achando-se essa localidade bem guarnecida. Lampião tentou atrair a atenção da força policial para fora daquele município, para o que fingiu a fazenda Queimada, próximo a Maurity. No momento em que efetuava o assalto a Queimadas, o bando foi surpreendido por uma força de 12 praças, comandada pelo Sargento Gouveia, que recuou três vezes. No último ataque do sargento Gouveia, o grupo decidiu retira-se em direção a Conceição de Piancó. Durante a luta, morreram dois soldados e os cangaceiros perderam “Pitombeira”, ficando ferido o bandido “Lavandeira”, que foi levado para a casa do velho “Baptista dos Valões”, tio de Sebastião Pereira e de Luiz Pedro. De Conceição do Piancó, os bandoleiros dirigiram-se para o povoado Cristóvão, do município de Belmonte, em Pernambuco, onde foram homiziados por Yoyô Maroto, que lhes forneceu munição.

Após esses acontecimentos, voltaram todos ao “Barro”, de José Ignácio, que mostrou a Morais um telegrama que lhe fora enviado pelo deputado Floro Bartolomeu, aconselhando-o a abandonar a vida de cangaço, visto como pretendia fazê-lo prefeito de Milagres, Em virtude deste conselho, José Ignácio resolveu dispensar o grupo, mandando-o para o Pajeú das Flores.

Os bandoleiros não quiseram ir para aquela localidade pernambucana, e rumaram a Patos e dali a Vila Bela, onde se acoitaram no sitio Abóboras, de propriedade do coronel Marçal Diniz. Numa dessas viagens, o grupo dividiu-se e seis homens dirigiram-se a Olho D’água, tendo um encontro com a força cearense comandada pelo capitão José de Santos Carneiro. Os seis cangaceiros perderam as montarias e refugiaram-se em Patos, onde se encontrava Lampião.

Desse encontro nasceu o receio de que a força cearense atacasse Patos, razão porque o dr. Marcolino Diniz, que protegia os bandoleiros, pediu auxílio do coronel José Pereira, de Princesa, que lhe remeteu mais de 100 homens armados. Enquanto enviava esse reforço de cabras, o coronel José Pereira foi ao encontro da força cearense, avistando-se com a mesma nas proximidades de Patos. O coronel José Pereira procurou convencer ao capitão Carneiro que não havia cangaceiros naquele município, mas o aludido oficial, com cerca de 80 praças, foi até Patos, não encontrando, ali, nenhum bandoleiro, pois, de acordo com os planos do coronel José Pereira, foram escondidos todos os “rapazes”. Foi isso uma felicidade para a força cearense, porquanto estava combinado se tentasse a mesma efetuar qualquer prisão seria repelida pelos cangaceiros, em número, então, superior a 200. No dia imediato, o capitão Carneiro se retirou de Patos. Lampião, à frente de 30 homens, dirigiu-se para o Pajeú das Flores, não sendo acompanhado de Morais que, com dois bandoleiros, voltou ao Ceará.

Durante dois anos, Morais viveu como bodegueiro, mas, vez por outra, realizava, “expedições” de cangaço por conta própria. Numa dessas “expedições”, chefiou um grupo composto de Antonio Padeiro, Lavandeira e dos Mateus, com os quais atacou José Amaro, no município de Aurora, saqueando totalmente a casa deste. Esta façanha custou-lhe nova perseguição da polícia, o que determinou sua fuga para o Pajeú, onde encontrou a proteção de Yoyô Maroto. Este, pouco meses depois, recebia Lampião em sua fazenda, passando Morais a “agir”, juntamente com o temível chefe bandoleiro.

Retirando-se Lampião, Morais não o quis seguir, e, com Lavandeira, passou a roubar entre Cristóvão, Belmonte e Poço dos Paus. Depois de várias peripécias, Morais foi acusado da morte de Vicente Quilarino, pelo que teve de fugir, vindo para Gameleiras, no Ceará, onde foi contratado para, em companhia dos Marcelinos, perseguir Horácio Novaes. Demorou em Gameleira, mas, ali, se viu perseguido por Júlio Pereira, por não querer trabalhar com ele em furtos de gado. Júlio Pereira, com diversas homens, atacou-o no dia 12 de maio de 1926, mas não conseguiu matá-lo.

Morais foi para Olho D’água do Santo, em Brejo dos Santos, onde pediu a proteção do coronel Joaquim de Lucena, conhecido por Quinca Chicote, prefeito municipal, que prometeu acoitá-lo, dando-lhe uma casa. Depois de pouco dias, o mesmo coronel Quina Chicote mandou mata-lo por um grupo de que faziam parre João Chicote, Antonio e Pedro Granjeiro, Manoel Salgueiro e Ferrugem. Morais entrincheirou-se em casa e resistiu ao ataque desde 10 horas da noite até 8 e meia da manhã seguinte, quando recebeu duas balas na perna direita.

Além desses ferimentos, a sua munição acabou-se, não podendo mais resistir. O primeiro a entrar em sua casa foi o Manoel Salgueiro, a quem Morais comunicou que estava ferido. Minutos depois, penetravam na casa mãos trê4s cangaceiros que queriam matar Morais, que apelou para Salgueiro, mostrando que era covardia assassinar e homem ferido e sem armas. Manoel Salgueiro ficou ao lado de Morais, não consentido que lhe tirassem a vida. Ferrugem e os outros insistiram em dar cabo do ferido, mas Salgueiro botou bala na agulha do rifle e tomou posição, disposto a defender a vida do homem, que tinha ido matar. Ferrugem e os outros cangaceiros não quiseram entrar em luta com Salgueiro, retirando-se da casa resmungando.

Morais foi levado para Brejo dos Santos, onde, depois da amputação da perna direita, acima do joelho, foi recolhido à cadeia. Passados alguns meses, Morais foi posto em liberdade, seguindo para Missão Velha, onde encontrou a proteção de Izaías Arruda, que lhe deu cama e mesa. Passou a viver tranquilamente em Missão Velha, mas, ultimamente, quando menos esperava, foi preso e removido para esta capital.

Terminado a sua história, Raimundo disse quer fazer um pedido: Tem muitos inimigos na Paraíba que desejam sua remoção para aquele Estado, a fim de assassiná-lo, e por esse motivo queria que intercedesse junto ao dr. secretário da Polícia e Segurança Pública a fim de conservá-lo preso no Ceará, onde tem de responder por diversos crimes, inclusive a morte de João Fladeiro, em Milagres, a mandado de José Ignácio, e a morte de dois soldados da Polícia cearense.”

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