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segunda-feira, 4 de junho de 2012

O Último dia do Rei e da Rainha do Cangaço - 73 anos se passaram

Por Ana Lucia  G. de Souza

Há 73 anos na fazenda Angico pertencente ao então município de Porto da Folha, Estado de Sergipe, ocorreu o duro massacre em que Virgulino Ferreira da Silva, Maria Gomes de Oliveira e mais nove cangaceiros, tombaram sem vida naquela manhã chuvosa, numa quinta-feira do dia 28 de Julho de 1938.

Capitão Lampião, como preferia ser chamado, recebeu esta falsa patente em Juazeiro do Norte, Ceará, quando convidado a comandar o Batalhão Patriótico para combater a Coluna Prestes, teve uma vida intensa de escaramuças, agitações, desassossegos, perambulando de valhacoutos em valhacoutos fugindo das volantes, praticando seus atos de violência e ao mesmo tempo um pouco de paz. Lampião era um homem extremamente inteligente, estrategista, sabia usar muito bem de sua astúcia e traquejo social para conseguir auxílio de pessoas influentes da sociedade, de muitos sertanejos, coronéis, políticos da região e de outros Estados em que ele atuava que, mediante troca de favores, obtinha o que quisesse inclusive armas e munições para manter o grupo.


Nessa troca de favores e serviços, a figura do coiteiro, indivíduo importantíssimo em que Lampião depositava toda confiança e ao mesmo tempo desconfiança, era o que mais se valia. O coiteiro era quem levava e trazia mensagens, abastecia o grupo de alimentos, bebidas, pequenos objetos, dava notícias das movimentações das volantes, ou seja, era uma pessoa que prestava diversos serviços mediante um bom pagamento. Lampião e seus sequazes percorreram por sete Estados nordestinos e por todos esses Estados, era necessário e indispensável os serviços de um coiteiro para sua própria sobrevivência, Mas a traição de um deles, levou o fim do Rei do Cangaço.

Os Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Paraíba, foram os que mais sofreram com as investidas, saques, depredações e mortes praticadas por este bandoleiro e os Interventores e volantes com seus planos e táticas tentando aniquilar incansavelmente este grupo e subgrupo de cangaceiros tão bem municiado e atuante.


Nessa trajetória de combates, recuos e inatividades, Lampião teve muitas mortes anunciadas pelo governo de forma precipitada, afinal, o grande chefe e seu grupo sabiam misteriosamente desaparecer e aparecer quando queriam e sua morte foi cercada por muitos mistérios. Mistério com várias versões colocadas, afirmadas e contestadas como a versão do envenenamento, por exemplo, aceitada por muitos e descartadas por outros. Mas a versão que prevalece e indubitavelmente mais aceita como oficial, é o massacre ocorrido no fatídico dia 28 de Julho de 1938 em que 11 cangaceiros foram mortos a tiros, suas cabeças cortadas e colocadas em latas de querosene com álcool e sal para serem desfiladas nas cidades por onde eles praticaram todos os atos de violência, com também mostrar a população que Lampião finalmente foi pego e morto com o seu bando. Seus corpos foram deixados no local, vilipendiados, seus pertences disputados como troféus, um horror. Este massacre ocorreu na Grota, grota de Angico e não gruta como muitos relatam. Um lugar inóspito, cercado de espinhos, de pedras e com uma única saída.

Quem matou Lampião, Maria Bonita e seus companheiros? Foi o dinheiro deles!!!! diziam as volantes. Na verdade, muitos fatores contribuíram para que sua morte fosse apressada: Getúlio Vargas irritou-se com a divulgação e projeção do filme feita pelo mascate libanês em 1936 mostrando o cotidiano deste bandoleiro que posava despreocupadamente com seu poder de liderança perante a polícia e os poderosos do sertão. Então como moldar um Estado Novo com um homem que se dizia “governador do sertão” e desafiava o Governo Federal?

Benjamin Abraão, Maria Bonita e Lampião

O próprio Benjamim Abraão Calil Boto, o produtor do filme e imagens fotográficas, contribuiu indiretamente para a morte de Lampião filmando e fotografando o bandido de todas as formas. Seu nome era manchete diária em jornais e revistas da época mostrando suas peripécias e sagacidade em tudo que fazia.

O primeiro tiro dado pelo soldado Abdon Cosmo, iniciou o fim do reinado de Virgulino Ferreira. O Lampião se apagou. O líder e comandante das caatingas morreu. Foram quase vinte anos no comando sendo respeitado e admirado por todos. Passou para a História como um dos homens mais biografados do mundo. Virou lenda, virou mito. Foi um grande personagem da História do Brasil.

Ana Lucia G. de Sousa é historiadora e pesquisadora.

Publicado em 2011 

ACORDEON 120 BAIXOS...

Por: Guilherme Machado
Silvio Marotta - Made in Itália - Ano: 1962.

Acordeom 120 baixos, italiana, marca Sílvio Marotta. Modelo: Castelfidardo – Ano: 1962.  Pertenceu ao sanfoneiro Sidney Silva. Este ganhou de presente do rei do baião Luiz Gonzaga, em 1978, no Parque Rancho Alegre, do pecuarista Manoelito Argolo. Hoje esta sanfona faz parte do acervo do museu do Gonzaga de Serrinha - Bahia.


Silvio Marotta - Modelo:  Castelfidardo -  Ano: 1962.



Sanfona 120 baixos - Silvio Marotta; Modelo: Castelfidardo: Pertenceu ao rei do baião Luiz Gonzaga... Mais uma doação de Seu Luiz,  para muitos sanfoneiros espalhados por todo o Brasil afora.  Este lindo acordeon,  

Luiz Gonzaga presenteou o jovem sanfoneiro;  Sidney Silva, da cidade de Serrinha - Bahia, na Fazenda Rancho Alegre na Cidade de Entre Rios - Bahia, em 1978, onde Sidney Silva se apresentava todos os anos na festa  do pecuarista Manoelito Argolo,  que é compadre de Luiz Gonzaga...O Museu do Gonzagão de Serrinha  adquiriu esta preciosidade nas maos,  do sanfoneiro Toinho de Caruaru,  que o mesmo adquiriu do sanfoneiro,  Sidney Silva. Hoje a sanfona do rei do Baião   faz parte do Acervo Museu Particular do Gonzagão de Serrinha - Bahia.

Ver-se fotos da famosa sanfona, Silvio Marotta 120 baixos. Também fotos do rei do baião. 

Ficha técnica da sanfona  abaixo.

Acordeon  Profissional  Italiano  Marca;  Silvio  Marotta  Modelo: Castelfidadrdo...  120 Baixos  15 Registros  Nos  Teclados,  e  4 Registros Nos  Baixos . e é  Oitavado...
Fabricante; Silvio Marotta
Modelo:  Acordeão: Castelfidardo
Ano:  1962.
Número de série:  12236898:CSF.
País de origem:  Itália
Condição geral :Revisada.
Cor:  Dourado/ Branco/Preto.
Condição de lacre / Aferido/ Original.
Keiser:  Preto Pré-Fabricado.


Fontes:

Leão Sampaio - Por: Napoleão Tavares Neves

Napoleão Tavares Neves e Bosco André

A história de nosso cariri se confunde com a de seus vultos; homens e mulheres que com trabalho, dedicação, suor e muito talento, construíram a história desta maravilhosa região do sul de nosso Ceará.

Barbalha, a terra dos Verdes Canaviais, um dos principais anfitriões do Cariri Cangaço, tem em Leão Sampaio um de seus ícones. Nascido em fevereiro de 1897, ingressou na faculdade de medicina da Bahia transferindo-se posteriormente para a Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro , onde se formou em 1922. Especializou-se em Medicina Clínica e oftalmologia, retornando em seguida para a terra natal. Posteriormente politico de renome e de reconhecido prestígio em toda região, com o apoio do Padre Cícero, elegeu-se deputado constituinte em 1933. Elegeu-se novamente deputado em diversas ocasiões, participando das constituintes de 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969.


Por ocasião da passagem de Virgulino Ferreira da Silva na região do Cariri, em março de 1926, antes mesmo de entrar em Juazeiro do Norte e protagonizar o polemico episódio da Patente de Capitão, Lampiâo esteve em Barbalha, onde dizem ter sido recebido pelo renomado médico, e incluisve tenha recebido do mesmo um pequeno "presente": uma pistola mauser.

Nesta quarta-feira, dia 6 de junho, vamos conhecer a personalidade e a história de Leão Sampaio, a partir do médico e memorialista, Napoleão Tavares Neves.



Leão Sampaio por:
Napoleão Tavares Neves
Dia 6 - 4ª. feira, 15:30h
Auditório anexo à Academia de Medicina da UFC -
Rua Paulino Nogueira, 315, Bloco 3, bem ao lado da Reitoria da UFC.
Fortaleza - Fortaleza

MÊS DE JUNHO, DE SANTO ANTONIO E DO MATRIMÔNIO




"SE É JUNHO, O MÊS É DE SANTO ANTÔNIO... E É DO MATRIMÔNIO!” 

Junho, na Igreja Católica, é de modo todo especial, o mês do Coração de Jesus, uma das devoções mais conhecidas do nosso povo, das mais profundamente arraigadas e praticadas, haja vista o grande número de Congregações e Associações dedicadas ou conexas com o Coração de Cristo. Entre estas últimas, o Apostolado da Oração, existente em todo o mundo católico.

Não está separado desta devoção ao Coração de Cristo, o que agora, no Brasil toma corpo pela força da mídia televisiva: o devocionismo popular ligado ao “Traspassado”. Desta vez, a referência são “as mãos ensangüentadas de Jesus”, cuja novena diária vem atraindo a tantos em todo o país.

Mais uma devoção. Como as demais, tão cheia de expressões ricas de religiosidade popular. Se há algo a temer é tão somente o receio, bem fundamentado, de que não sirva apenas de pretexto para a exploração comercial da boa fé do povo católico, naturalmente aberto aos apelos sensacionalistas dos belos cânticos e dos meios de comunicação. É conhecida, e bastante longa e bela, a evolução histórica do culto ao Coração de Cristo. Quem comenta o assunto é o cardeal  arcebispo emérito do Rio de Janeiro, dom Oscar Scheid, em artigo divulgado na imprensa: “Origina-se, escreveu ele, do Antigo Testamento, que coloca o coração como sede da nossa sabedoria, dos afetos e sentimentos. No Novo Testamento, o coração aparece como o centro do conhecimento e da doutrina de Jesus, contrária e oposta à doutrina rígida e sem caridade que fariseus, muitos doutores da lei e escribas ensinavam. Jesus agradece ao Pai por ter revelado seu mistério aos pequeninos e humildes. Ele revela que veio para que se tomasse conhecimento, através de seu Coração, do mistério de Deus, bem próximo ao povo, quando disse: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas”, nos apontando as disposições evangélicas da mansidão, da humildade, da pequenez, do espírito de serviço.

Essa contemplação consciente do Coração de Cristo, traspassado, remonta à Idade Média, com a ida dos Cruzados e através das diversas outras peregrinações à Terra Santa, quando entraram em contato com a realidade da vida humana de Jesus. Então, começaram a se concentrar muito na sua Paixão, com todas aquelas terríveis machucaduras: pela flagelação, a coroação de espinhos, as chicotadas e quedas debaixo da cruz e, mais que tudo isso, com suas mãos e pés perfurados pelos lancinantes pregos. Surge, assim, a devoção às Santas Chagas do Senhor. Dentre elas, visualizaram o maior significado na chaga central, a qual resumia todo o Seu sofrimento, chegando ao Coração de Cristo, onde se detiveram: “Olharam para O Traspassado”. Há a fase dos Santos Padres, a dos grandes místicos, Doutores da Sagrada Escritura, que descobriram, concentrada nessa chaga do Coração, a síntese de tudo o que Jesus sofrera e ensinara. Reconheceram que todos os benefícios da Redenção vieram desse Coração aberto. Assim, desenvolve-se a teologia, a mística e a espiritualidade do Coração de Cristo. A Escola dos Jesuítas fez com que a devoção fosse quase que central, dentre as devoções que havia em torno da Pessoa de Jesus e do Seu Mistério.”.

NÃO SÓ DE FOGUEIRAS  E BUMBAS-MEU-BOI...

Não só do Coração de Jesus vive o mês de Junho. Nem só de fogueiras  e bumbas-meu-boi. Também vive das festas dos santos Padroeiros, bem do gosto do povo.  Também de procissão.  Entramos no  mês de Santo Antônio, de São João, de São Pedro. Também, e, em caráter especialíssimo, uma  obrigação até, junho é mês da Procissão do Corpus Christi.

Os Santos populares, o Coração de Jesus e a Festa do Corpus Christi gozam da admiração e louvor das mais categorizadas vozes que animam a caminhada pastoral da Igreja. Já as “fogueiras” e os “bois”, os “espelhos adivinhos” e os casamentos da roça, são pura religiosidade  popular. Mas não deixam de ter o seu valor cultural. Como cantaram, agora, na Rádio 6 de Abril, os violeiros: “Se é junho, o mês é de Santo Antônio... e é do matrimônio!”. 

Corpus Christi, que vamos celebrar no próximo dia 7 (quinta-feira), no Brasil, desde algum tempo, é  até um feriado nacional. Por ser dia de Procissão, envolvendo milhares de pessoas em todos os recantos do país, motivou certamente a decisão de nossos legisladores que, na época, não se deixavam influenciar pela constitucional laicidade do Estado brasileiro, consideração hoje tão em moda.

Assim é que nesta quinta-feira, com gente vinda de todas as comunidades, as cidades do Brasil se encherão de fiéis católicos que virão festivamente, com artísticos painéis decorativos espalhados pelas ruas e calçadas, participar do grande louvor público da Igreja à Eucaristia, como presença real de Jesus. Será a “Procissão do Corpus Christi” (O Corpo de Cristo).

PRESENÇA REAL DE JESUS - SÓ PARA CATÓLICOS E ORTODOXOS

Assim como no ato de comungar na Missa, quando o padre nos apresenta a hóstia consagrada anunciando: “O Corpo de Cristo”, e logo dizemos: “Amém”, a procissão da próxima quinta-feira é o  “Amém” coletivo de milhões de vozes proclamando que Ele está, eucaristicamente, no meio de nós.

Falar da Eucaristia é falar de mistério, de algo fora do alcance da compreensão da razão e da investigação pelo conhecimento da ciência humana. E porque cremos, assim poderemos, dia 7, nas ruas e praças de nossas cidades e vilas, cantar: “Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento!…”.

Para católicos e ortodoxos, não para os “crentes” e “evangélicos” em geral, o pão e o vinho da Missa são realmente presença de Jesus. Presença eucarística, é claro! Não presença física como, judeus reticentes, em Cafarnaum, puseram em questão, ao ouvirem o discurso de Jesus. Presença eucarística. Não simples lembrança dele como, a partir de Lutero e a quase totalidade de seus seguidores de hoje, pensam os outros cristãos que não pensam como os católicos e os ortodoxos.

Está no Bíblia que Jesus preparou-se para entregar à sua Igreja o memorial da salvação que ele iria conquistar para a humanidade: a Eucaristia. A Igreja sempre falou do pão e do vinho da Missa assim: “é a presença real de Jesus”. Esta é uma das verdades centrais ensinadas pela Igreja Católica. Num mundo de virtualidades possibilitadas pela internet não perdeu a sua atualidade sustentada também por milagres eucarísticos, especialmente o de Lanciano (Itália). A afirmação é até um dogma, para usar o termo técnico do linguajar teológico, mesmo se a expressão, diante de um mundo cuja característica básica é a mudança, pareça antiquada e nada condizente com o espírito da modernidade avesso a qualquer afirmação categórica.

Na história dos dogmas, que sempre está em evolução, está que a Igreja, ao longo de todos os tempos, colocou em evidência a Eucaristia. Desde o início, com os Apóstolos e as primeiras comunidades, até os nossos dias; desde a “fração do pão” de que fala Atos dos Apóstolos, um livro da Bíblia, até à Missa, Ceia do Senhor, ou Celebração Eucarística, para usar os termos de hoje.

As divergências se deram somente na compreensão, em nível racional, sobre como a transformação se dava. Aí entravam não mais a visão teológica, mas o olhar filosófico. As questões não eram de teologia da Eucaristia, mas, como ainda hoje pode acontecer, de filosofia da Eucaristia. Com razão, nós que cremos na Eucaristia proclamamos: “Eis o mistério da fé!”.

*Professor do Instituto de Teologia e Pastoral (ISTEP) e Pároco de Cruz.

Postado por Dr. Lima
Cruz-CE

Paixão transformou mulher de sapateiro em Maria Bonita

Maria Bonita Benjamin Abraão/Divulgacão
Da Livraria da Folha
Texto baseado em informações fornecidas pela editora da obra.

Maria casou-se bem jovem. Seu pai, o agricultor José Gomes, arranjou o compromisso assim que percebeu o temperamento rebelde da filha "jeitosa".

Por algum tempo, (no bando de cangaceiros), Luís Pedro contou histórias  para a jovem. O desejo por aventura e a paixão pela figura de Virgulino Ferreira da Silva fizeram com que a moça ingressasse no grupo.

Lampião em pessoa foi buscá-la. Sua presença inibiu qualquer tentativa de evitar o aparente devaneio juvenil. Na realidade, a mãe de Maria Bonita aprovou a união.

Maria Bonita e Lampião morreram juntos, na famosa emboscada da Grota do Angico, às margens do São Francisco, em 1938.

Em "Amores Proibidos na História do Brasil", o jornalista e historiador Maurício Oliveira reuniu alguns dos romances mais polêmicos que aconteceram em terras brasileiras.

Além de Lampião e Maria bonita, d. Pedro 1º e marquesa de Santos, as histórias de João Fernandes e Chica da Silva, Giuseppe e Anita Garibaldi, Joaquim Nabuco e Eufrásia Teixeira Leite, Chiquinha Gonzaga e Joãozinho e Oswald de Andrade e Pagu compõem o volume. 

"Amores Proibidos na História do Brasil"Autor: Maurício Oliveira
Editora: Contexto
Páginas: 160
Quanto: R$ 28,00 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da 
Livraria da Folha

*Atenção: Preço válido por tempo limitado ou enquanto durarem os estoques. Não cumulativo com outras promoções da Livraria da Folha. Em caso de alteração, prevalece o valor apresentado na página do produto.

Palavras do cangaceiro Balão

[Cangaceiro+Balão.jpg]

"Vivi de fogo em fogo durante 09 anos. A gente aprende a brigar: Soldado morria porque vinha de peito aberto. Cangaceiro não dá o peito nem as costas, briga de quina. Um homem de quina é uma faca. Também não brigávamos sem preparo. Só atraíamos a volante depois de construir a trincheira. E lá ficávamos, ajoelhados ou em pé, escorando firme o coice da espingarda."


"MARIA BONITA usava uma pistola Mauser, de 11 tiros, mas também não atirava nada. Não era bonita: baixinha, grossinha, pernas meio tortas, cintura fina, quadris bem largos, atrás era batidinha como uma tábua. Tinha o rosto cheio, redondo, andava com botas de couro de bode, bem coladas nas pernas. Usava saia de couro abaixo dos joelhos e uma blusa de couro."


"LAMPIÃO andava todo furado de balas. Eu pensava: é oração, ele não morre mais. LAMPIÃO era alto, magro, as pernas secas. Lia e resava muito.


Só ele e CORISCO sabiam ler."

Lampião Contra o Mata Sete: Lançado o livro de Archimedes Marques em Noite de Gala na Capital Sergipana.

Por: João de Sousa Lima
Archimedes Marques lançou o livro "Lampião contra o mata sete".

O lançamento aconteceu no Centro de Cultura, um belissimo espaço que lotou com autoridades, escritores, pesquisadores e amigos para prestigiarem o lançamento. Entre os convidados ilustres estava o escritor Alcino Alves Costa que mesmo com dificuldades de locomoção devido a um AVC sofrido recentemente, não deixou de prestigiar o lançamento.

Érico Israel (Funcionário da INFRAERO)e sua esposa Rose, prestigiaram o evento.

DELEGADO ARCHIMEDES CONTRA O MATA SETE

Por: Rangel Alves da Costa*

Rangel Alves da Costa


Ontem à noite, dia 02 de junho de 2012, estive participando do lançamento do livro “Lampião Contra o Mata Sete”, do delegado Archimedes Marques, na capital sergipana.
Evento bastante esperado, acabou confirmando as melhores expectativas pelo grande número de afeiçoados pelas coisas nordestinas, as lides cangaceiras de outros tempos, que ali compareceram para prestigiar o autor. E também saborear comidas típicas do ciclo junino.
Voltei com o belo exemplar debaixo do braço e muito agradecido pelo que pude presenciar. Numa roda à parte dos convidados estava a nata pesquisadora, entusiasta e escritora sobre a saga do cangaço. Pessoas que acompanham eventos cangacistas onde eles ocorram.
Mesmo adoentado, Alcino Alves Costa, escritor sertanejo de renome nacional, proseava com o também escritor João de Sousa Lima, um pauloafonsino que leva a vida nos passos de Maria Bonita e do Capitão. E para surpresa maior ali também estava o verdadeiro mecenas da literatura nordestina, o Francisco Pereira Lima, mais conhecido como Prof. Pereira.
Aliás, diz o cartão de visitas do Prof. Pereira que o mesmo é especialista em livros do cangaço, movimentos messiânicos, coronelismo e temas afins. Mas é muito mais, pois responsável pela publicação e reedição de importantes obras sobre tais temas, e que somente através dele puderam chegar ao conhecimento dos pesquisadores e novos leitores.
Pois bem, enquanto Alcino, João de Sousa Lima e Prof. Pereira proseavam sobre as trilhas lampeônicas e outras trilhas da história, o delegado e escritor Archimedes Marques autografava livros mais adiante. Aproximei-me com exemplar à mão e logo o mesmo repetia sobre o meu nome também estar constando nas referências bibliográficas, através de artigos e crônicas que subsidiaram a obra.
Contudo, a par da gratidão pelo reconhecimento, o que ouvi ao pé do ouvido só vinha confirmar algo que eu já havia pensado desde o dia que o pesquisador falou-me sobre o lançamento do livro. E confessou-me Archimedes que chegou ao local temendo que um oficial de justiça aparecesse a qualquer instante com uma ordem judicial suspendendo o lançamento da obra.
Tinha fundamento a preocupação do escritor, pois o seu livro é praticamente uma contestação, um contraponto a outro livro proibido pela justiça de ser lançado em Sergipe. De autoria do advogado e juiz aposentado Pedro de Morais, o livro “Lampião, o Mata Sete”, até hoje continua sendo objeto de apreciação recursal, vez que um juiz de primeiro grau impediu o seu lançamento.
Acatando ação promovida por familiares de Lampião e Maria Bonita, o livro “Lampião, o Mata Sete” foi proibido de ser lançado. O magistrado de primeiro grau proibiu que o seu teor chegasse ao conhecimento do público por ferir a honra, a imagem, a dignidade, enfim, os direitos da personalidade de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
E tudo porque o livro proibido insinua e tenta provar que o Rei do Cangaço era gay, homossexual. E também que o mesmo não podia gerar filhos e que Maria Bonita o traía com um cangaceiro do próprio bando. E este mesmo seria também o amante de Lampião. Luís Pedro, eis o nome do cangaceiro. Enfim, a história estaria desandada e a família Ferreira desfigurada.
Logicamente que os cangaceirólogos, os pesquisadores do cangaço e grande parte da população nordestina ficaram revoltados com as aleivosias gratuitas, as calúnias e difamações levadas a efeito, sem qualquer fundamento de verdade, contra um dos símbolos maiores da história nordestina e brasileira. Ferir simplesmente por ferir a honra pessoal e familiar daqueles dois, com único objetivo de atrair holofotes, seria algo inaceitável diante da seriedade em que se assenta a história do cangaço.
E lembro como hoje o instante que um amigo de Archimedes chegava ao meu escritório, em nome dele, para xerocar o livro proibido. O autor, amigo do meu pai Alcino Alves Costa, dedicou-lhe o livro antes mesmo de ocorrer a sanção judicial. E o livro estava comigo. E a partir daquele instante Archimedes começou a traçar as linhas da resposta que daria ao embusteiro e mentiroso sobre a vida do rei dos cangaceiros.
Daí ter nascido o “Lampião Contra o Mata Sete”, como confrontação e contestação a tudo aquilo que levianamente fora exposto no “Lampião, o Mata Sete”. E as respostas são apresentadas como se fossem teses derrubando os argumentos apresentados no livro proibido. Quer dizer, as presunções e suposições mentirosas dão lugar a fatos com força de veracidade e fere de morte o invencionismo maldoso e leviano.
E tais teses, apresentadas em capítulos, são: A Origem do Mata Sete e a resposta de Lampião; O porquê da luta de Lampião Contra o Mata Sete; Uma “Malaca” nas orelhas do Mata Sete; Oleone como coiteiro do Mata Sete; O Mata Sete insulta a História, ultrapassa direitos e indigna muita gente; O Mata Sete contra a família Ferreira; O Mata Sete e o “Menino Sapeca”; O Mata Sete e o “Lampião Apaixonado”; O Mata Sete e o suposto “Lampião Eunuco”; O Mata Sete contra os supostos “homossexuais” Virgulino E Zé Saturnino;  O Mata Sete apela ao cangaceiro Volta Seca: O Mata Sete e a misteriosa Tese da Universidade de Sorbonne; O Mata Sete e os seus “armados e amados” policiais volantes; O Mata Sete em proteção às autoridades sergipanas; O Mata Sete e “as travessuras de Maria do Capitão”; A guerreira Maria Bonita transforma paradigmas  e muda o cangaço construindo eterno amor por Lampião; O cabra-macho Lampião se livrando da máscara do Mata Sete; As demais trapalhadas do Mata Sete; Será o fim do mata Sete?
Noutra oportunidade certamente faremos uma análise mais aprofundada sobre o conteúdo e as teses apresentadas pelo delegado Archimedes, autoridade da história que doravante pode se reconhecido como aquele que desmascarou de vez a mentira e jogou-a nos porões do esquecimento.

Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com


Nely ( Filha de Moreno e Durvinha), Pereirinha, Archimedes Marques, Nicy, João de Sousa Lima e Antonio Lyra.


Pereira, Archimedes, João Lima e Antonio Lira.


João e Chico Cardoso "Caldeirão Político". Chico Cardoso empreendeu uma viagem de 12 horas para prestigiar o evento.


A presença marcante de Alcino Alves Costa engrandeceu o lançamento.


Alcino e João em "Segredos" sobre uma nova publicação.


Nely, Nicy, Pereira, Antonio e João


O policial Luciano exibe sua tatuagem de Lampião.


Elane Marques (Esposa de Archimedes e a responsável pela organização do lançamento), Nely, João, Antonio Lira, Nicy e o neto de Archimedes e Elane, fantasiado de cangaceiro.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
 João de Sousa Lima

Lampião, um rastro de ousadia e ódio pela caatinga

Por Joan Edessom de Oliveira

Embora tenha sido morto aos quarenta e um anos, a figura do “rei do cangaço”, Virgulino Ferreira da Silva, se fixou no imaginário popular. Até hoje a memória de Lampião, de seus “cabras” e de sua companheira, Maria Bonita, corre o sertão, nos romances de cordéis, na boca dos cantadores e nas investigações sobre a história do Brasil

O Capitão Lampião e seus compadres

(Coiteiro Pedro de Cândido é o da Esquerda. 
O da direita é um comerciante de Piranhas)

Os coiteiros vinham da Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco. Todos a troco do dinheiro, das suas sobrevivências e dos seus escalpos.


O fazendeiro cearense Antonio da Piçarra, na santa paz de sua casa. E ao seu lado o seu estimado cão de guarda


O mais famoso “coiteiro” foi Pedro de Cândido, segundo D. Cyra Bezerra em conversa com este autor. Corroborado, também, por Araújo (1985 p. 238), nesta assertiva. - Quando este levou o Tenente Bezerra e sua coluna para o “coito” de Lampião na grota do Angico na manhã (5h30) de 28 de julho de 1938, onde o mesmo pereceu - juntamente com Maria Bonita e mais 9 cangaceiros - em cruento combate.

Seus coiteiros mais importantes foram Antônio da Piçarra, de Brejo Santo (estado do Ceará), Ângelo da Jia, de Tacaratu (estado de Penambuco), “Coronel” Marçal Florentino Diniz e Laurindo Diniz, ambos de Princesa Isabel (estado da Paraíba), Marcolino Pereira Diniz, dos Patos de Irerê e também da região limítrofe da Paraíba com Penambuco. A repressão aos agentes patrocinadores do cangaço, principalmente após a tentativa de saque a Mossoró, é destacada por Mello (1985, p. 116), quando relata.

Benjamin Abraão Botto - o fotógrafo do rei Lampião

Foto: lampiaoaceso.blogspot.com

Benjamin Abrahão Botto nasceu em ZahléLíbano, no ano de  1890 e foi assassido em   Serra Talhada, no dia 10 de maio de 1938, dois meses antes da morte de Lapião.

Foi  um fotógrafo sírio-libanês-brasileiro, responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu maior líder, Virgulino Ferreira da Silva, o renomado rei  do cangaço, o Lampião.

Segundo informações dos pesquisadores, Benjamin Abraão Botto foi assassunado durante o Estado Novo. Morreu esfaqueado (com quarenta e duas facadas), sem que o crime jamais viesse a ser esclarecido, tanto na autoria como na motivação, donde se especula ter sido mais uma das mortes arquitetadas pelo sistema, como outras ocorridas em situação análoga, a exemplo de Horácio de Matos (embora exista a versão de que o fotógrafo sírio-libanês teria sido alvo de roubo, por algum ladrão, apesar de com este nada de valor haver. 

Crítica histórica

A historiadora francesa Élise Jasmin (n. 1966), que realizou uma mostra em França das imagens do Cangaço por Abrahão Botto, fruto de seus trabalhos de pesquisa, declarou em entrevista que "Estas imagens dos bandidos no auge de sua glória e poder, ao lado das fotos com o jogo cênico de suas mortes, fazem parte desta espetacularização da violência que encontramos nas sociedades modernas (…)" - e aludindo que havia por trás do trabalho de Abrahão uma intenção por parte do cangaceiro em "…desafiar seus adversários, impor seu poder e mostrar que seu sistema de valores, a vida que levavam, tinha um sentido para eles." - fato refutado por Urariano Mota, para quem "As lentes de Benjamin Abrahão, que os filmou, é que fazem o espetacular".  Aconstatação original da pesquisadora francesa, entretanto, persiste, sobre o uso da imagem feita por Lampião: "foi o primeiro cangaceiro a cuidar de sua imagem, e aí reside sua grande originalidade. Teatralizou sua vida, utilizou modos de comunicação da modernidade que não faziam parte de sua cultura original, principalmente a imprensa e a fotografia"

Fonte: