Trago aos amigos que visitam a página do blog TOK DE HISTÓRIA, o texto do amigo Sálvio Siqueira que conta a história da mítica Fazenda Colônia, em Pernambuco. Este foi o local de nascimento do cangaceiro Antônio Silvino e do tenente João Bezerra, o homem que comandou a volante que matou Lampião.
A Fazenda Colônia é um lugar que merece ser visitado, que nosso amigo Sálvio apresenta neste texto.
A história nos relata que por volta do século XVIII, colonos já habitavam a citada Serra. Uma fazenda, autossustentável, como tinha que serem na época, adota o nome da serra, Colônia. Na localidade, primeiro, “instalaram um engenho de cana-de-açúcar que funcionava com mão de obra escrava; – segundo dizem os antigos da região – também existia um cemitério na dependência de tal Fazenda, já em 1801”, onde, segundo relatos, está sepultado o corpo de “Batistão”, Francisco Batista de Morais , pai de Batistinha ou Nezinho, Manoel Batista de Morais, futuro “Antônio Silvino”.
Nas terras dessa fazenda nasceram duas personagens que ficaram encravadas nas pilastras da História do Cangaço, Manoel Batista de Morais e João Bezerra da Silva. Um, seguiu as veredas dos cangaceiros, chegando a ser chefe de bando tendo, ficando na história conhecido como o cangaceiro Antônio Silvino, “O Rifle de Ouro”, que em 1914, depois de ter sido baleado, entrega-se ao aspirante Theófanes Ferraz Torres, que o remove para Casa de Detenção na cidade do Recife, capital de Pernambuco.
.Já o outro, João Bezerra da Silva, foi para o lado oposto, no Estado vizinho das Alagoas, fazer parte da Força Pública daquele Estado, aonde viria comandar, em 1938, já como tenente da Força Pública alagoana, o ataque que colocou fim a vida de Lampião, mais dez cangaceiros e um Praça da Força Pública do Estado de Alagoas, da volante do, então,Aspirante Francisco Ferreira de Melo, Adrião Pedro de Souza, no coito de um riacho da fazenda Forquilha, local que ficou conhecido como “Grota do Angico”, no município, hoje, de Poço Redondo no Estado de Sergipe.
João Bezerra era primo de Manoel Morais, o “Rifle de Ouro”. Os dois eram esquerdos e Nezinho, Silvino, ensina o primo João como lidar com as armas.
A dita fazenda fica, hoje, fincada próximo ao Distrito de Ibitiranga, no município da cidade de Carnaíba – PE.
No último dia 09 de março de 2016, nós, Edinaldo Leite, Jorge Veras e eu, fomos fazer uma visita pesquisa à sede da dita fazenda.
Trouxemos para os amigos vários registros fotográficos, das casas, do antigo engenho e da Capela, que, acho, tem todas as características de ser uma Igreja, e não uma Capela.
Normalmente os estudos mostram imagens externas da Capela. Nós, capturamos imagens internas inéditas para nossos amigos. Mostramos a madeira de lei, cedro, como marco secular, sustentando e protegendo a história que por suas portas adentraram.
O nome dessa Capela é Capela de Santo Antônio. Daí, do nome do santo, é que Manoel Batista de Morais, retira o “Antônio”, já que o “Silvino” foi, como sabemos, em homenagem a um familiar, que já era cangaceiro antes dele.
Para vocês, meus amigos, também trazemos, por enquanto de longe, a imagem de uma caverna de pedra, a “Gruta do Cangaceiro”, uma gruta numa serra próximo a sede da fazenda, onde Antônio Silvino, ou outro procurado pela Força Pública qualquer, como por exemplo, na época dele, Batistão, ficavam escondidos quando a ‘coisa’ apertava.
Mas, as imagens internas da “Gruta” serão mostradas em uma futura data, em outra matéria.
Quero chamar atenção dos pesquisadores, historiadores, estudantes, curiosos e população em geral, para a localização da dita fazenda “Colônia”, que, na realidade, não está no município de Afogados da Ingazeira, PE, e sim, no Distrito de Ipitiranga, no município da cidade de Carnaíba – PE.
Lei Provincial nº 1403 de 12 de maio de 1879, a “Passagem de Afogados” foi denominada simplesmente de “Vila de Afogados”, a qual posteriormente foi designada popularmente com “Afogados da Ingazeira” por motivo de pertencer administrativamente ao município de Ingazeira, como era costume na época, acrescer o nome nas localidades do município a que pertenciam.
O distrito foi criado por força da Lei Provincial nº 1403, de 12 de maio de 1879 e o município em 1º de julho de 1909, pela Lei estadual nº 991.
“Na ocasião o município era composto dos distritos de: Afogados da Ingazeira (sede), Espírito Santo (atual Tabira), Ingazeira e Varas (atual Jabitacá). A partir de 1933, ficou assim formado: Afogados da Ingazeira, Macacos (atual Iguaraci), Varas (atual Jabitacá), Bom Jesus (atual Taparetama), Jangada (atual Solidão) e Tabira. Atualmente o município é distrito único”.(Gentílico: afogadense)( cidades.ibge.gov.br)
“A palavra Carnaíba,é uma corruptela de Carnaúba, árvore existente em abundancia no local, pois nos festejos Antoninos, as barracas eram cobertas com folhas dessas árvores.
Segundo inscrições e desenhos ainda existentes em pedras e furnas localizados no município, esses indícios nos levam a crer que nessas localidades poderiam ter servido de habitação para aborígenes, primeiramente os índios Carirís, que foram abandonando as terras pouco a pouco, até a chegada dos povos civilizados, pela metade do século XVIII. Seu território pertencia à Casa da Torre de Garcia D’avila, conforme o livro de tombo da referida Casa, que faz referencias as fazendas Carnaíba Velha e Oitizeiro, que foram arrendadas ao Capitão Manoel de Souza Diniz, pela quantia de 14$000 por ano.
No meado do século XIX chegaram ao local os portugueses João Gomes dos Reis e o tenente coronel Saturnino Bezerra, que fixaram residência no local. No ano de 1870, João Gomes dos Reis construiu uma capela sob a invocação de Santo Antônio, santo de sua devoção e um cemitério de varas (pau a pique), devido a uma grande lagoa que alí existia a fazenda recebeu o nome de lagoa da barroca, como na época o local era parte integrante do município de Flores, o Sr. João Gomes dos Reis, solicitou um fiscal da sede municipal para efetuar o alinhamento das ruas.
O nascimento de Manoel Batista de Morais, data de 2 de novembro de 1875 e o de João Bezerra da Silva em 24 de junho de 1898 os dois na fazenda Colônia, no mínimo, são cidadãos florestenses. Jamais afogadenses.
O acesso à estrada que leva ao Distrito de Ibitiranga e de lá a fazenda Colônia, tem seu acesso na PE 320. Quem vai de São José do Egito, PE, sentido Serra Talhada, PE. Fica logo após o primeiro acesso a cidade de Afogados da Ingazeira, PE, distando uns 600 metros à direita. Já quem vem no sentido de Serra Talhada, PE a São José do Egito, PE, na mês PE 320, também deve acessar depois da primeira entrada nesse sentido, para cidade de Afogados da Ingazeira, PE, sendo que a esquerda. Tem uma placa informando que o distrito está há 10 km. Chegando ao Distrito pega-se uma estrada que leva direto a sede da fazenda.
Com exceção da primeira foto desta postagem, todas as outras fotos são de autoria de Edinaldo Leite, Sálvio Siqueira e Jorge Veras.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
https://tokdehistoria.com.br/2016/08/27/a-fazenda-colonia-um-interessante-local-da-historia-do-cangaco/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com