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sexta-feira, 14 de junho de 2019

92 ANOS DA INVASÃO DE LAMPIÃO A MOSSORÓ

Material do acervo do poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaquiano Kydelmir Dantas
https://www.youtube.com/watch?v=7Qlio7b_FVE&feature=share&fbclid=IwAR3Ls29kymez1p-XrvNpmaOP7LuJRR36OKufHZMc27jxzer63VB-VYvUKBI

Publicado a 13/06/2019

Coletânea de alguns vídeos já postados sobre o ataque a Mossoró e a fuga por Limoeiro do Norte.
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ENTREVISTA DO LULA NA TVT – 13.06.2019


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LIVRO SOBRE CANGAÇO ADQUIRA LOGO O SEU


O cientista cearense de Lavras da Mangabeira Melquiades Pinto Paiva, publicou entre 2001 e 2008 uma coleção de 5 exemplares com o titulo "Bibliografia Comentada do Cangaço. 

Em 2011 resolveu reunir os 5 volumes, com mais outros apontamentos, num único Volume, com o titulo" CANGAÇO: uma ampla bibliografia comentada", com 390 páginas, capa dura, papel especial, edição de luxo, Editora IMEPH. 

Este trabalho contém o comentário sério e fundamentado de 200 livros, 55 Revistas, 200 artigos de jornais, 140 cordéis e 12 filmes e documentários. 

Livro da mais alta importância para quem deseja fazer um estudo sistemático do fenômeno do Cangaço e formar uma boa biblioteca sobre este tema. Quem desejar adquirir este e outros livros: 

franpelima@bol.com.br - 
Whatsapp: 83 9 9911 8286, 
além de mensagem no face.

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UM POUCO DE JOCA BERNARDES E PEDRO DE CÂNDIDO NESSA PRIMEIRA PARTE DO VÍDEO HTTPS://YOUTU.BE/BL8WTQOPS8Q

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=bL8wTqOps8Q&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0YutjXROeUTx6543Jzf0l1U2BXVQXdz6KkC3BJ77cIDQR-EZFKNeyaIqA

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SCANS: DIÁRIO DE PERNAMBUCO

Em 7 de Julho de 1997 este jornal publicou um especial sobre Cangaço comdepoimentos de quatro saudosaspersonagens







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DOCUMENT5ÁRIO

Coronel João Bezerra - O Comandante da Volante

Por Charles Garrido

Eis aqui o primeiro trabalho audiovisual totalmente dedicado à figura do Coronel João Bezerra da Silva, indubitavelmente, o comandante maior da volante policial alagoana, que no famoso combate da Grota do Angico, ocorrido no dia 28 de julho de 1938, pôs fim à "Era Lampião". Segue um pouco do histórico do documentário:

Locações: Fortaleza, Recife e São Paulo
Participações: Ângelo Osmiro e Antônio Amaury
Depoimento In Memoriam: Cyra Britto Representando a família: Paulo Britto.
Direção: Anne Ranzan (PE) e Renata Sales (CE)
Produção e Apresentação: Charles Garrido
Duração: 01:22:25

Agradecemos a todos que colaboraram em prol da consolidação dessa obra e desde já, pedimos a compreensão do público quanto às nossas limitações, pois não somos profissionais da área televisiva ou cinematográfica, mas sim, apenas pesquisadores e estudiosos do tema. Aceitamos críticas, sugestões e elogios. Entretanto, permitam-nos comunicar que, todo e qualquer comentário inserido será previamente analisado, caso algum fuja aos padrões, infelizmente será excluído, pois pautamos o respeito para com os componentes e personagens históricos que participam do vídeo.

Seguimos uma ordem cronológica, inserimos cinquenta e três fotografias, dentre elas, vários documentos pessoais do militar.

No final, uma surpresa, ouviremos um trecho da entrevista exclusiva (apenas em áudio) com João Bezerra, realizada pelo escritor Antônio Amaury, no ano de 1969, no município pernambucano de Garanhuns. Para um melhor aproveitamento, colocamos uma legenda sincronizada à fala do militar. Finalizamos citando que, o intuito maior é poder colaborar de alguma forma para o engrandecimento e divulgação dos temas, cangaço e volantes. 


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AUGUSTO SANTA CRUZ

Um Cangaceiro doutor
Por: Pedro Nunes Filho

Pedro Nunes Filho
Um dia, Antônio Silvino, vendo sua fama declinar, queixou-se enciumado: ”De uns tempos desses para cá, só se quer saber de cangaceiro-doutor!

Referia-se ao Dr. Augusto de Santa Cruz Oliveira, graduado pela Faculdade de Direito do Recife, em 1895. Moço, esquentado e imbuído dos ideais libertários da Casa de Tobias, foi nomeado promotor público em Alagoa do Monteiro, sua terra natal. Naquele tempo, existia a politicagem togada. Juízes e promotores podiam envolver-se em política e até disputar eleições majoritárias. Numa dessas disputas calorosas, Augusto se indispõe com seu opositor, juiz José Neves, de quem descende a clã dos Neves, que até hoje matém tradição de honradez e dignidade na vida privada e no mundo jurídico do Recife. 

Fonte: Tok de historia "Rostand"
Augusto (foto a esquerda) não demora também a discordar da oligarquia que dominava a Paraíba do Norte, rompendo com o presidente da província, João Lopes Machado. Sentindo-se com suas prerrogativas políticas abolidas e com o direito de defesa cerceado, recruta 120 cabras dos porões do cangaço e, no dia 6 de maio de 1911, invade a cidade de Monteiro, quebra a cadeia pública, solta um protegido seu e os demais presos que se incorporam ao grupo armado. Em seguida, encarcera o destacamento de polícia local, pego de surpresa ainda dormindo, numa madrugada-manhã invernosa e fria. 

Depois, os revoltosos avançam contra a cidade, vencem a resistência armada que lhe fizeram as autoridades auxiliadas por alguns cidadãos desafetos do chefe. No final da tarde, a cidade resta dominada e presos o prefeito Pedro Bezerra, o promotor público José Inojosa Varejão, capitão Albino, major Basílio e capitão Victor Antunes, pai do ilustre professor internacionalista da Faculdade de Direito do Recife, Mário Pessoa. No tiroteio, morreram algumas pessoas e, em pavorosa, a população da cidade evade-se, deixando suas casas comerciais e residências abandonadas.Sem condições de resgatar os reféns, o governador João Machado pede ajuda ao governador de Pernambuco, Herculano Bandeira.

Corria o ano de 1911 e confrontavam-se em acirrada disputa pelo governo de Pernambuco, o prestigiado político, comendador Rosa e Silva, e o general Dantas Barreto, herói da Guerra do Paraguai. Em sua mocidade, antes de ir para a guerra, Dantas Barreto havia morado em Monteiro, onde exercia a profissão de relojoeiro e fez amizade com a família Santa Cruz. Por esta razão, o general resolve dar apoio ao bacharel revoltoso. Temendo que durante a disputa política Dantas Barreto pudesse se socorrer do braço armado das hostes guerreiras do paraibano rebelado, o governador de Pernambuco, que era rosista, autorizou um batalhão de 240 praças e 10 oficiais, sob o comando do Major Alfredo Duarte, invadir a Paraíba, munidos de 40 mil cartuchos mauser para guerrear o bacharel-cangaceiro, como o chamavam seus inimigos.

Ao contingente de Pernambuco, somaram-se 120 homens da polícia paraibana. No dia 27 de maio de 1911, um século atrás, atacam a Fazenda Areal, onde o bacharel estava aquartelado e mantinha os reféns prisioneiros. O combate dura uma manhã inteira. Não conseguindo resistir, Dr. Augusto bate em retirada e vai se refugiar no Juazeiro, levando consigo os prisioneiros. Ao longo da fatigante trajetória de muitos dias, vai libertando os reféns um por um, pois não ficaria bem chegar com prisioneiros no reduto sagrado. Na condição de perseguido político, entra no Juazeiro e é recebido pelo padre Cícero que o acolhe, desarma seus homens e arranja-lhes trabalho digno. Naquele mês de junho, o Juazeiro estava em pé de guerra com o Crato, lutando por sua independência e o padre precisava mostrar-se forte.

Homens do Cangaceiro Doutor
O patriarca tenta pacificar a Paraíba e não consegue. O conflito se estende até o ano seguinte e é chamado Guerra de 12. Frustrada em seu intento de resgatar os reféns, antes de deixar o palco da luta, a polícia destrói e queima a fazenda Areal e mais algumas propriedades de familiares do bacharel Santa Cruz.Em 1912, o Dr. Augusto retorna à Paraíba e se junta com o médico-fazendeiro Franklin Dantas, pai de João Dantas. Igualmente insatisfeitos com o desprestígio político que suas famílias estavam sofrendo, os dois doutores formam um exército de 500 homens e saem invadindo as principais cidades do sertão paraibano, com o propósito de depor o governador João Machado. Não conseguindo o intento desejado, Augusto refugia-se em Pernambuco, sob a proteção de Dantas Barreto que havia assumido o governo do Estado. Alguns anos depois, é nomeado Juiz de |Direito de Afogados da Ingazeira. Correto, exemplar e temido por sua história de vida, fez justiça e impôs respeito nas comarcas por onde passou. Morreu na comarca de Limoeiro em 1944. Esse fato histórico está minuciosamente descrito no livro Gurreiro Togado, do autor desta coluna.
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Pedro Nunes Filho é advogado tributarista e escritor, sendo o livro Guerreiro Togado a sua obra de mais destaque.
Contato: pnunesfilho@yahoo.com.br
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O PRIMEIRO INIMIGO DE LAMPIÃO


José Saturnino Alves de Barros - Acervo Lampião Aceso

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O REI ESTÁ MORTO

Jornais anunciam a morte de VirgulinoFerreira da Silva, "Lampião

Confira a pesquisa do escritor Antonio Correia Sobrinho, com as manchetes de primeira página de jornais de todo o país que repercutiram os acontecimentos de Angico.

A ilustração faz parte do acervo do Lampião Aceso, então favor citar como fonte. 

1. “O Estado” (SC) – Lampeão foi morto! Acender-se-á outro?
2. "Diário da Noite (RJ) – “Lampeão”, astro sangrento que se apagou!“ 

3. "A Noite” (RJ) – Morto Lampeão! 


4. "O Globo" (RJ) – Livre o Nordeste do maior dos seus bandoleiros.
5. "O Imparcial" (MA) – Foi morto o bandido Lampeão. 
6. “Correio da Manhã” (RJ) – Foi morto o Rei do Cangaço.
7. “Estado da Bahia” – Lampeão morreu.
8. "Correio do Povo" (SC) – O Nordeste livre de "Lampeão".


9. “Folha da Noite” (SP) – Surpreendido pela Polícia foi dizimado o bando de Lampeão.

10. "Folha da Manhã" (SP) – Noticia-se no Rio que Lampeão morreu.

11. "O Povo" (CE) – Decapitados Lampeão, sua mulher e nove comparsas.

12. "New York Times" – Nº 1 bas man dies in his bed in Brazil (Homem mau "número um" morre em sua cama no Brasil).

13. “Diário de Notícias” (RJ) – Extingue-se o terror do Nordeste.
14. "Diário de Notícias" (AL) – O prefeito de Piranhas telegrafou às autoridades comunicando que chegou àquela cidade o tenente Bezerra trazendo as cabeças de Lampeão e de sua companheira Maria Bonita e mais nove bandidos, todos mortos no covil, onde se encontravam, quando foram surpreendidos pelas Forças Alagoanas. O tenente Bezerra foi ligeiramente ferido em combate. 
15. "Jornal do Brasil” (RJ) – Após forte tiroteio com um grupo de bandoleiros, um contingente da Polícia alagoana matou Lampeão e onze cangaceiros.
16. "O Imparcial" (AL) – Tombou, afinal, o Rei do Cangaço! Lampeão, Luís Pedro, *Ângelo Roque, Maria Bonita e mais sete bandidos pela Polícia Alagoana. As Cabeças chegarão hoje a Maceió.
17. “Diário da Noite” (RJ) – Decapitados no próprio covil!
18. “Diário Carioca” (RJ) – Lampeão foi morto!
19. “Jornal do Comércio” (RJ) – A Morte de Lampeão. 

20. “Diário de Pernambuco” (PE) – Lampeão e mais onze cangaceiros foram mortos pela polícia alagoana na Fazenda Angicos, em Sergipe.
21. “Correio do Paraná” (PR) – Abatido o “Rei do Cangaço”. 
22. "A Tarde" (AL) – A notícia comunicada ao chefe de Polícia de Maceió - O comandante Lucena acaba de comunicar ao chefe de Polícia as mortes do bandido Lampeão, Maria Bonita, 'Ângelo Roque', e mais sete bandidos.
23. “Eu sei tudo: Magazine Mensal Ilustrado" (RJ) – É cercado e morto, com mais dez cangaceiros, No Lugar chamado Angicos, em 'Alagoas', o célebre Lampeão, o terror do Nordeste.
24. "O Lidador" (BA) – Lampeão morto!
25. “O Jornal” (RJ) – Mortos, no interior de Sergipe, Virgolino Ferreira, o Lampeão, sua companheira Maria Bonita e mais dez cangaceiros. 
26. “A Batalha” (RJ) – Lampeão foi morto! 
27. “Correio Paulistano” – Foi abatido, a tiros, pela polícia alagoana, o famigerado Lampeão.

28. “Jornal Pequeno” (PE) – Nordeste liberto do maior flagelo que pesava sobre a sua população.
29. “O Dia” (PR) – Morreu Lampeão!
30. “Gazeta de Notícias” (RJ) – O bandoleiro Lampeão está Morto
31. “A Notícia” (SC) – Foi morto Lampião! 
32. “O Radical” (RJ) – De Maceió anunciam a morte de “Lampeão”
33. “O Imparcial” (RJ) – Morto o Rei do Cangaço
34. “O Cruzeiro” (Revista Do RJ) – Abatido o “Rei do Cangaço”
35. “A Gazeta” (SC) – Como foi abatido Lampião
36. “Pacotilha” (MA) – O Nordeste respirou tranquilo! 
37. “A Ordem” (RN) – Lampeão foi morto com 11 bandidos, no local Angico, em Sergipe. 

38. “Correio de Aracaju” (SE) – Foi, afinal, abatida a fera do Nordeste.

39. “O Nordeste” (SE) – Virgolino Ferreira (Lampeão) e dez de seus asseclas foram abatidos, na fazenda Angico, pelas forças da Polícia Alagoana, sob o comando de Tenente João Bezerra que serve as ordens do tenente coronel José Lucena na perseguição ao bandido. Estão de parabéns os sertanejos com a morte do monstro.

40. “Folha da Manha” (SE) – Com a morte de Lampeão e dos seus companheiros de mais confiança, desapareceu o maior flagelo do Sertão nordestino.

41. “O Clarim” (SE) – Lampeão apagou-se.

42. “Sergipe-Jornal” (SE) – O Nordeste livre da grande praga. 

43. "Vamos Ler" (RJ) – O fim do Fantasma das caatingas.


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A RUA MANOEL FRANÇA

*Rangel Alves da Costa

No dia 08 próximo passado, em breves palavras ao microfone proferidas durante evento festivo na Rua Manoel França, logo após o centro da cidade de Poço Redondo, eu teci alguns comentários acerca do contexto histórico e de sua importância no conjunto da municipalidade, bem como rapidamente falei sobre o nome do homenageado naquela artéria e outros aspectos. Agora procurarei explanar um pouco mais do que naquela oportunidade expus.
Pois bem. Manoel França, enquanto nome de rua soma-se a um reduzido número de filhos de Poço Redondo, autênticos sertanejos da localidade, que são homenageados em ruas, avenidas, praças e demais logradouros e órgãos públicos. Homenagem justíssima tal qual o nome de Zulmira Soares, Lídia Souza, Gervásio Félix, José Francisco do Nascimento e Antônio Rosendo, dentre outros. E Manoel França é da mais profunda raiz sertaneja, cujo tronco vingou em fina flor e que até hoje ramifica em filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
De prole numerosa, dentre os filhos vivos de Manoel França estão Manezinho França e Tonho Caguinho. Dentre os já falecidos, uma filiação que contava com Zé Preto, João França, Miguel França, Angelino e outros. Amarílio, filho de Zé Preto, é neto de Manoel França. São também netos Rose Sousa, Bibi, Juarez, Deusi, Leila, David e muitos outros, Deninha e Carlinhos de Amarílio, por exemplo, são bisnetos do velho Manoel França. E daí os filhos destes, numa extensa prole. Por sobrenome França se tenha também os denominados Francelino.
Manoel França, casado com Dona Maria José Santana, mais conhecida como Mãe Véia, morava ali onde hoje é a Praça Eudócia, ou Praça do Redondo. Sua casa, hoje dando lugar a uma moderna residência e onde mora sua neta Leinha, estava bem localizada na esquina. Moradia de barro batido, miúda, bem aos moldes daquele Poço Redondo de antigamente, ficava bem ao lado da casa de seu filho Zé Preto e sua esposa Maria José. Homem de simplicidade sertaneja, de humildade e vivente da sobrevivência, foi nessa luta que conseguiu tornar seus filhos em grandes e valorosos homens dos sertões sergipanos.


Ante a nobreza sertaneja de Seu Manoel França, esposa e familiares, nada mais justo que fosse homenageado posteriormente. E num logradouro onde há a conversão da própria história de Poço Redondo. Além do próprio nome da rua ser histórico, por ali também a história viva em muitos aspectos. Exemplo disso é sua localização, em área privilegiada da cidade. Logo nas proximidades os caminhos que levam à Estrada Histórica Antônio Conselheiro, a tão conhecida estrada de Curralinho, de onde o sertão foi desbravado através do caminho das águas. De outro lado, e não muito distante, os caminhos que levam ao Poço de Cima, povoação originária de Poço Redondo.
Contudo, atualmente a Rua Manoel França, através de iniciativas da própria comunidade, está acrescentando às riquezas do passado uma nova e grandiosa história. Daí ter nascido a concepção de ser a rua mais bonita de Poço Redondo. Mas por que assim? Ora, todos sabem que aquela rua sofre os mesmos problemas dos demais logradouros da cidade, mas a diferenciação está simplesmente no engajamento e no senso de conservação e transformação de seus moradores.
E não é fácil transformar uma simples rua na rua mais bonita de Poço Redondo. Certo é que os moradores fazem a máxima limpeza que podem, transformam muros em obras de arte, fazem surgir flores onde sequer se imaginava, realiza eventos culturais de grande porte. Porém vencendo desafios e ameaças terríveis. Por exemplo, uma parte de um muro que se estende até a rua não pode receber nenhuma pintura da comunidade porque sua proprietária não permite. A mesma proprietária que ameaçou mandar destruir o pequeno canteiro florido e que agora ameaça recorrer à justiça para que eventos culturais não sejam realizados. E nem na rua ela reside. Verdadeiros absurdos.
Ainda assim, mesmo com todas as dificuldades, a Rua Manoel França persiste bela, sorridente e convidativa. E muito mais virá que a tornará uma verdadeira rua modelo de Poço Redondo: a Rua da Cultura, da História, das Flores, das Artes, dos Coloridos, dos Sabores e da Grandiosidade de seu Povo!

Escritor
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RESTEMUNHAS - Publicado em agosto de 2018 no Lampião Aceso

Dona Luzia viu a volante matar seu pai 
Dona Luzia Carmina
Foto Ricardo Beliel

Pelos lados do Riacho do Mundé, distrito de Floresta, PE vive, há quase cem anos, Dona Luzia Carmina, num punhado de braças de terra, na mesma propriedade em que presenciou a morte de seu pai  Antônio José de Souza, o caboclo Garapu, em 24 de Junho de 1927.

Em meio à sequidão, cria cabras e cultiva uma pequena horta de subsistência na companhia do filho, Zé Caboclo. Sua mãe era prima de três cangaceiros de Lampeão, os irmãos Marinheiro, e quando o bando passava por essas terras tinham o apoio que necessitavam. As roupas esfarrapadas, depois de curtidas por longos períodos na agrura da catingueira, eram trocadas por novas, feitas por sua mãe.

Certo dia, o primo Zé Marinheiro e outro cangaceiro, Sabiá, resolveram não acompanhar mais as andanças quilométricas e diárias do chefe Lampião, preferindo agir em dupla nos rincões do Capim Grosso e do Mundé.

Por um ano viveram amoitados nos espinhaços das caatingas para atacar e extorquir os que lá moravam. Certo dia atacaram as fazendas Panela D´Água e Tapera e estupraram sem piedade Marcolina e Lucia, que também costuravam, com a mãe de Luzia, as roupas encomendadas por Lampião.

Bêbados e sabedores do mal cometido, foram buscar refúgio com a prima de Zé Marinheiro. Carmina de Garapu implorou não poder ajudá-los, mas o tempo para as palavras foi de súbito substituído pelo medo da morte. Nesse momento, doze soldados da volante de Floresta já cercavam a casa. Zé Marinheiro iniciou o confronto com um tiro certeiro na cabeça de um soldado que avançava a poucos metros. Sabiá, da janela dos fundos, liquidou outro inimigo e logo em seguida também acabou com a vida do praça Sinhozinho, que comandava o grupo.

Em meio ao tiroteio, o soldado Zé Freire mal teve tempo de perceber Zé Marinheiro pulando através da porta com o fuzil engatilhado em sua direção. Sorte de um, azar do outro. A bala inimiga "bateu coco", falhou, e Zé Freire como um raio disparou um balaço explodindo o cérebro do cangaceiro.
Zé Freire

Sabiá, um dos cangaceiros mais perversos de então, manteve o fogo contra Zé Freire e o soldado Zé Tinteiro até cair baleado no terreiro em frente à casa. Com fratura exposta na perna e as vísceras escorrendo para fora da barriga, destroçadas por balas volantes, morreu rodopiando na terra como um pião. Grunhindo como um porco sacrificado com o fuzil nas mãos a cuspir balas em todas as direções.

Dona Luzia nos conta que seu pai, o Caboclo Garapu, pressentindo sua morte, anunciada aos berros, findo o combate, pelo soldado Zé Freire em frente à casa, se despediu da mulher e dos sete filhos, caminhou em direção à porta e enfrentou o soldado rival.

Tentou um primeiro golpe com uma faca, mas em resposta levou um tiro fatal na cabeça. Luzia, com idade de sete anos, seus seis irmãos e a mãe morreram um pouco também naquele dia. Marcadas pela tragédia, continuaram na mesma casa por toda a vida, onde hoje Luzia nos recebe para compartilhar sua história. Com as feições enrugadas de uma pura índia Tuxá, confidencia com a voz afogada por um profundo desconsolo "nós fiquemos sem pai pra sofrer..."

Com informações de Ricardo Beliel, Luciana Nabuco, Marcos De Carmelita

Adendo de Joel Reis (Grupo Lampião, Cangaço e Nordeste)

Sabiá I - Morreu em Mata Grande - AL em 1922.

Sabiá II - citado no texto, Manoel, entrou no cangaço em 1923, participou do ataque à Fazenda Tapera, Combate da Serra Grande, do ataque a Mossoró... Morreu em 29 de junho de 1927 pela Força de Floresta. Encontraram no bornal dele as orelhas do Ten. Francisco Oliveira que havia sido sangrado no combate do Serrote Preto. (Esse é o Sabiá do Texto).

Sabiá III - Era da Família Engrácia

Sabiá IV - João Alves dos Santos (João Preto) de Poço Redondo - SE, morreu em combate na Fazenda Barra Salgada, Canhoba - SE, no final de 1937.


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