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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

ANTÔNIO VILELA LANÇA LIVRO

 Por Kydelmir Dantas

Parabéns, Professor Antonio Vilela!

A HISTÓRIA DE GARANHUNS sempre em boas mãos. As gerações futuras, com este livro, terão uma bela referência do passado histórico, educacional, esportivo e social da "terra de Simoa"... Onde o Nordeste Garoa, que nem cantou seu filho ilustre Dominguinhos.

Sonho realizado! 

Quem quiser adquirir fazer contato no zap. 87.9.9944.8888.

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OS CAMPINHOS

 Clerisvaldo B. Chagas, 9 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.431


             A tensão social é carga pesada, principalmente na periferia de cidades médias e grandes. Não falta o lazer para os ricos e os metidos, com seus teatros, cinemas, bons restaurantes e uma porção de coisas mais que afastam o tédio da “nobreza”. Para pobres e remediados das periferias ou o tráfico ou o futebol. Aquele futebol de bola de meia ou de verdade, em campinhos de várzeas, de monturo, arranca toco, careca e bruto. Pelos menos vai levando a esperança de ganhar a vida com a bola e fazendo esquecer o oco alimentar da moradia. Em nossos sertões a realidade não é diferente, daí a necessidade de se olhar em redor e dá o mínimo de conforto aos lugares carentes também de diversões como os chamados campinhos de futebol.

Em Santana do Ipanema, por exemplo, tínhamos três lugares onde a bola rodava e as garras do mundo eram esquecidas. No trecho urbano do rio Ipanema, quando seco, o poço do Juá, os areais próximos as olarias e a barragem assoreada, sempre foram celeiros de atletas que iam galgando degraus pelo Ipiranga, Ipanema... Conseguiam chegar ao CSA ou CRB, na capital, e até alçar voos mais altos com aterrissagem no Santos ou no Vasco da Gama. Isso aconteceu antigamente com vários atletas de campinho de areia do leito seco do Ipanema e até com jogadores recentes saídos desses campinhos que estão brilhando no Sudeste do país. Sonhos realizados, marginais a menos na sociedade, mais alimentos à mesa e pais vivendo com dignidade.

Não somente Santana, mais município como Olho d’água das Flores, São José da Tapera, Pão de Açúcar e Ouro Branco, entre outros, já tiveram a felicidade de aplaudir e louvar filhos da terra que venceram em clubes grandes do Brasil. Reconhecemos também as fabriquetas de calçados da cidade que produziam sapatos e craques de várzeas. Nunca vimos profissionais gostar tanto de futebol quanto os sapateiros da “Capital do Sertão”. Continuamos defendendo os campinhos construídos pelo poder público que pode transformar a vida nas periferias, espantando indiretamente o psicólogo, o marginal e o divã.

Sua sociedade é a sociedade que você cria.

 ESTÁDIO ARNOS DE MÉLLO, EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: LIVRO 230/B. CHAGAS).



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SOBRE O NOVO LIVRO DE CALIXTO JUNIOR

 Por Júnior Almeida

Casa de Isaias Arruda em Missão Velha

Conclui essa semana a prazerosa e elucidativa leitura de “Vida e Morte de Isaías Arruda: Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião”, de autoria do colega de academia (ABLAC) e Seminário Cariri Cangaço, Calixto Junior. Eu tinha adquirido o livro direto com o autor em Aracaju, no mês de março deste ano, mas como a biografia do célebre potentado de Missão Velha foi parar numa fila literária de quase quarenta obras que tinha em casa, então, só agora, pude me dedicar à leitura. Como gosto de tecer alguns comentários sobre os livros que leio, relato aqui algumas observações do que me chamaram atenção. Só para constar, depois que findei o livro do professor/escritor aurorense, creio que quem estuda cangaço e coronelismo, temas siameses, não pode deixar de ler a citada obra, que detalha a fundo a vida do chamado “coronel menino”.

Um dos pontos que me chamou atenção na obra de Calixto é de como os chamados coronéis de barranco do nosso beligerante Nordeste daquela época eram bem à margem da lei. Não canso de me surpreender com isso. No Cariri Cearense, por exemplo, rapidamente vem à mente, além Isaías, de Missão Velha, o não menos perigoso Zé Inácio, do Barro, dentre outros. Os homens eram umas feras! Imagino-os nos dias de hoje, com seus conchavos políticos e brigas pelo poder. Seriam, quem sabe, vereadores, vices e prefeitos de suas cidades, quem sabe até deputados. Poderiam ser considerados por muitos, cidadãos de bem, que defendem a família e a Pátria. Alguém duvida?
Em seu livro Calixto Junior detalha bem as inúmeras rixas do chefe político de Missão Velha, com quantas pedras Isaías Arruda mexeu, sendo que a pedra dos Paulinos foi a que lhe veio à cabeça. Foi a sua desgraça. Já diz o ditado que “o remédio de um doido é outro na porta”, então, por mais que o coronel menino fosse ousado e destemido, não faltava quem fosse igual a ele ou pior (ou seria melhor?).

Pela narrativa da biografia, Isaías Arruda parecia ser duro na queda, não era um sujeito “morredor”, como brinca Luiz Gonzaga, cantando com Carmélia Alves, onde diz que o sujeito morreu apenas com uns risquinhos de faca, pois naquele 4 de agosto de 1928, foi atingido por sete tiros dos revólveres dos irmãos Antônio e Francisco (Chico) Paulino, só vindo a falecer quatro dias depois. Tem gente que morre de uma topada. Isaías não! Foram sete disparos para tirar-lhe a vida, mesmo assim, não acabou-se no momento que foi atingido.
Talvez esse intervalo de tempo, do atentado propriamente dito, na estação de trem de Aurora, até a morte da casa de Augusto Jucá, na mesma cidade, tenha feito com que o advogado dos homicidas tenha posto em dúvida, perante a Justiça, o laudo cadavérico da vítima, e levantado a tese de defesa dos seus clientes de que Isaías faleceu porque não se cuidou direito, e não pelos tiros que tinha tomado, chegando em sua petição a dizer que “ (...) como medicamentos; uns fazem grande bem, outros nem bem nem mal. Daí os erros judiciários a que arrastam as faltas ou ignorância dos peritos,” e também que “a morte de Isaías resultou não porque o mal [os tiros] fosse mortal e sim por ter o ofendido deixado de observar o regime médico higiênico reclamado por seu estado”.

Absurdo?! Nem tanto. Inacreditável mesmo foi o corpo de jurados, reunido em maio do ano seguinte, para julgar os irmãos Paulino, ter aceitado esta estapafúrdia tese, respondendo questionário dizendo na primeira questão que os acusados tinham sido os responsáveis pelos disparos que atingiram Isaías Arruda, mas, no segundo quesito, que esses tiros não foram suficientes para matar a vítima, e sim a falta de cuidados dele mesmo. Ou seja: pelo que os jurados entenderam o chefe político de Missão Velha, foi o culpado pela sua morte e não os Paulinos, que pegaram uma pena leve, incursos no grau mínimo do código penal da época, sendo condenados a pouco mais de dois anos, o que fez com que o juiz do caso apelasse.
O Cariri Cearense possui no campo da História daquela região nomes como Xavier de Oliveira, Joryvar Macedo, patrono de Calixto na ABLAC, e os mais recentes Souza Neto, Cristina Couto, Bosco André e Daniel Walker, que precocemente foi morar com Deus. Somando a recente obra com outras de sua lavra, Calixto Junior, nascido em Aurora no dia da alfabetização, reforça, ainda bem, o time desses abnegados. Parabéns bela obra!

Junior Almeida, pesquisador e escritor
Conselheiro Cariri Cangaço , Capoeiras-PE

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REVOLTA DE JUAZEIRO

Apresentação em tema: "Revolta de Juazeiro."— Transcrição da apresentação:

1 Revolta deJuazeiro

2 A Revolta do Juazeiro aconteceu no sertão do Cariri, no interior cearense, em Foi gerada pela intervenção do poder do governo federal na política dos estados, tendo como símbolo o Padre Cícero.A revolta é um exemplo da ligação entre o clero católico e os grandes proprietários nos sertões brasileiros.

3 Pacto dos Coronéis (1911)Padre Cícero é eleito prefeito de Juazeiro do Norte com o apoio dos grandes fazendeiros locais. Para assegurar a permanência da família Accioly no governo cearense, o padre promove o chamado "pacto dos coronéis", com 17 dos principais chefes políticos da região do Cariri.Então o coronel Marcos Franco Rabelo, interventor nomeado pelo governo nacional, passou a perseguir o Padre Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão. A medida foi imediatamente reprovada por grupos oligárquicos do Ceará, que, liderados por Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do Padre Cícero.

4 Juntos, forçam a Assembléia Legislativa a rejeitar o nome de Franco Rabelo, escolhido pelo presidente Hermes da Fonseca para governar o estado.A fim de garantir a decisão, os fazendeiros armam centenas de sertanejos e os enviam à capital, onde são contidos pelas forças federais. Franco Rabelo renuncia e Hermes da Fonseca nomeia interventor do estado o general Setembrino de Carvalho.Padre Cícero aumenta sua influência sobre a população sertaneja, que o venera como santo. Por ocasião de sua morte, em 1934, sua fama se espalha pelo Nordeste e Norte do país.

5 Pelo envolvimento no evento político, o Padre Cícero foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920.Todavia sua influência no Ceará e na região Nordeste fizeram com que sua imagem como homem santo fosse mantida, até hoje é venerado pela população da região e atrai milhares de pessoas a Juazeiro do Norte.

6 Causas- Intervenção do governo central no ceará, retirando do poder a tradicional família Accioly (política das salvações).- Padre Cícero lidera um exército formado por fiéis que recuperam o poder para a tradicional família.- Prestígio político do padre cícero aumenta consideravelmente, e a família accioly retoma o controle do estado do ceará.

7 A Revolta de Juazeiro é considerada, também, movimento messiânico.
Considera-se como movimento messiânico, aquele que é comandado por um líder espiritual, um "messias", que a partir de suas pregações religiosas passa a arregimentar um grande número de fiéis, numa nova forma de organização popular, que foge as regras tradicionais e por isso é vista como uma ameaça a ordem constituída.

8 O conflito aconteceu durante a República Velha, em 1914
O conflito aconteceu durante a República Velha, em (Ao mesmo tempo em que acontecia a Guerra do Contestado nos estados do Paraná e Santa Catarina).

Carregar ppt "Revolta de Juazeiro."

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A PROMOÇÃO DE LAMPIÃO E A DEMISSÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

 Por João Filho de Paula Pessoa

Em 1926, Lampião esteve em Juazeiro do Norte/Ce, para receber uma suposta patente de Capitão do Batalhão Patriótico Brasileiro, para combater a Coluna Prestes que percorria o Brasil e atravessava o Ceará naquela ocasião. A Incumbência de combater os revoltosos da Coluna Prestes no Ceará foi dada pelo Presidente da República, Arthur Bernardes, ao Deputado Cearense Floro Bartolomeu que residia em Juazeiro do Norte, e como este não estava tendo êxito com seu Batalhão em combater o Movimento de Luiz Carlos Prestes, que seguia Ceará à dentro, vindo do Piauí, teve a ideia de recrutar Lampião e seu bando para combater a coluna prestes.

Floro Bartolomeu convenceu Padre Cícero de seu intento e em nome do Santo Padre, a quem Lampião tinha muito respeito e devoção, convidou Lampião a se fazer presente em Juazeiro para receber a patente de Capitão, Armas, Munição e Fardamentos para empreender combate aos revoltosos.

Lampião, não poderia faltar com seu Padim Cícero e seguiu para Juazeiro com mais de cinquenta homens onde passou três dias memoráveis, como celebridade, se encontrou com Pe. Cícero e recebeu suas armas, munições e fardamentos mas restava receber sua prometida Patente de Capitão do Batalhão Patriótico Brasileiro, sendo que Floro Bartolomeu, que tinha idealizado o plano da promoção de Lampião à capitão, adoeceu à véspera da visita de Lampião à Juazeiro e viajou para o Rio de Janeiro para tratamento e faleceu, não havendo portanto nenhuma autoridade federal em Juazeiro para cumprir a promessa feita a Lampião, estando assim criado um grande e temerário impasse.

Diante daquela terrível situação e sendo certo que explicar e adiar a entrega de patente à Lampião não era uma opção, muito menos cancelar ou faltar com a palavra dada à ele, o que era impensável, os políticos e autoridades locais, em seus desesperos, tiveram a ideia de convocar o único servidor federal que existia na cidade, um agrônomo de nome Pedro de Albuquerque Uchôa que tinha a função de Ajudante de Inspetor Agrícola do Ministério da Agricultura em Juazeiro para assinar uma suposta patente de capitão por eles redigida e assim cumprir a promessa feita a Lampião.

O desavisado servidor foi acordado repentinamente à noite em sua casa por dois homens sisudos e fortemente armados, com Cartucheiras cruzadas, Longos Punhais na Cintura e Chapéus de Couro de aba batida, os famigerados Antônio Ferreira e Sabino Gomes, dois dos mais frios e cruéis cangaceiros do bando, e foi levado à presença de Padre Cícero que estava acompanhado de Lampião e recebeu a ordem da assinar as patentes de Capitão à Lampião e Primeiro e Segundo tenente à Antônio Ferreira e Sabino Gomes, ele ainda tentou argumentar que não tinha autoridade para aquilo, mas foi interceptado por Lampião que disse se que se o Padim Cícero estava dizendo que ele podia é porque podia, ouvindo em seguido de Padre Cícero, “assine” e assim ele assinou as patentes improvisadas sem demora, logo em seguida assistiu Lampião e outros Cangaceiros beijarem a batinha do Santo Padre e partirem.

Após este episódio o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchôa foi chamado à Recife pra responder a um inquérito do Ministério da Agricultura para apurar aquele fato, onde ele, simplesmente declarou “Naquele momento eu lavraria até a demissão do presidente da República.” João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 08/12/2020.

Assista o filme deste Conto - https://youtu.be/fRBix7rPkf4

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?multi_permalinks=1799773006853474&notif_id=1607537092945941&notif_t=group_activity&ref=notif

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LIVROS CANGAÇO

 Por Manoel Severo

https://www.youtube.com/watch?v=WX-oVmBGn0g&fbclid=IwAR3uqsXeSluqIRonTGkaH-aKO20PmsZR6RVkhNXUVXy2YGAFBD46_61qCZ8&ab_channel=CaririCanga%C3%A7o

Para uma conversa que ficara na história. Até lá !!! BASTA CLICAR NO LINK E ATIVAR O LEMBRETE:O Especular Universo da Literatura do Cangaço; os livros que fizeram e fazem história trazendo uma das mais sensacionais sagas do povo nordestino. Os mais procurados, os mais lidos, os clássicos, os campeões de venda...os polêmicos, os indispensáveis; tudo isso nos GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO desta próxima sexta-feira, dia 11 de dezembro às 20h no Canal do You Tube do Cariri Cangaço.Manoel Severo Barbosarecebe o renomado livreiro do cangaço; Professor Pereira e o professorAdriano DE Carvalho Duarte

https://www.youtube.com/watch?v=WX-oVmBGn0g

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LAMPIÃO ANALFABETO ? OPINIÃO por Kiko Monteiro

Kiko Monteiro e Luiz Ruben

O pesquisador e confrade Luiz Ruben compartilhou um recorte em que o jornalista e meu conterrâneo Ancelmo Gois em sua coluna do Jornal do Commércio de Recife, edição de 16 de Dezembro de 2012, publicou a seguinte "nota":


Um conceito demasiado. Faltou especificar, completar o adjetivo com o termo "Funcional". Virgulino mesmo limitado sabia ler, "escrever" e contar. E não são as imagens que nos fazem duvidar ou acreditar em tal habilidade. São testemunhos de ex companheiros e até mesmo dos seus oponentes, disponíveis na literatura. Vejamos o que localizei no livro de memórias do tenente João Gomes de Lira, conterrâneo e inimigo de Lampião que tem um capitulo sobre o aludido assunto:
Apesar de sertanejo inculto, vivendo em meio atrasado, José Ferreira procurou dar aos filhos a educação básica. O menino Virgulino Ferreira assim como os seus irmãos Antonio e Livino receberam os primeiros conhecimentos no ano de 1907. Residindo no Riacho São Domingos distrito do município de Vila Bella (Serra Talhada), enviou os três filhos mais velhos à casa do senhor Raimundo Gago, em Pitombeira, próxima a cidade de Vila Bella, afim de que os meninos frequentassem a escola pública do professor Auxêncio da Silva Viana... 1.
Os pesquisadores Antonio Amaury e Vera Ferreira em sua obra "De Virgolino a Lampião" ainda indicaram um outro professor chamado Justino de Nenéu 2. Um outro autor bastante consultado, o pernambucano Frederico Bezerra Maciel, também dedicou um capitulo sobre este período. Os métodos pedagógicos que fizeram época foram de inegáveis resultados positivos: O sertanejo que se interessou, aprendeu a ler soletrando e cantando as 26 lições da famosa "Carta do ABC" de Landelino Rocha, que continha apenas 16 páginas. E da tabuada cantada ritmicamente em comum pela classe, com palmatória.

O professor Jutino de Nenéu viera ensinar Virgulino e seus irmãos na casa da Fazenda Serra Vermelha, de Manuuel Ferreira de Lima bem perto da fazenda deles, a Ingazeira. 3
Voltando as memórias de Gomes de Lira: Naquela ocasião, tinha Antonio Ferreira, doze anos, Livino, 11 anos e Virgulino, 9 anos de idade. Em 1910, estudaram na "Escola" particular do Professor Domingos Soriano, na Serra Vermelha.
Entenda-se a escola aqui não como um espaço físico. As aulas eram dadas ao ar livre embaixo de Juazeiros e Quixabeiras.

...Os alunos traziam de casa os banquinhos em que se sentavam para assistir às aulas à sombra das árvores. “O esforçado mestre não se furtava aos pedidos de pais residentes em outras fazendas das ribeiras adjacentes, os quais receberiam a rara oportunidade de poder proporcionar instrução aos filhos. Hoje a escola Municipal de ensino fundamental e médio Domingos Soriano é um dos primeiros prédios públicos avistados pelos visitantes ao chegarem à Vila de Nazaré do Pico, distrito de Floresta em Pernambuco.
José Cícero e João Gomes de Lira

A referencial Lampião – Cangaço e Nordeste de Aglae Lima de Oliveira nos acrescenta mais informações.

Que o tempo de assistência com Domingos Soriano foi de apenas "90 dias". (Periodo em acordo com todos os depoentes).Que a mensalidade deste curso era de "dez tostões", que o cabrinha nunca havia levado os temidos bôlos ao ser testado em conhecimento de Tabuada e de algarismos romanos. E ainda sugere que o primeiro livro do qual Virgulino tenha explorado por completo foi o "Primeiro livro de leitura" de Felisberto de Carvalho. 4
Pelo método de soletração de Landelino ou de Felisberto é fato que Virgulino aprendeu a ler, mais tarde aplicaria seu conhecimento ao se deleitar com os jornais e revistas que chegaram até ele. Especialmente os que traziam manchetes sobre seus feitos. E, ainda que sem devida concordancia, mas com uma caligrafia regular escreveu cartas. Hoje, documentos históricos preservados em museus e coleções particulares. Reproduções de alguns de seus escritos estão disponíveis em diversos livros e sites.

Como esta carta abaixo, endereçada a um fazendeiro de nome Cantidiano Valgueiro dos Santos Barros, dono da propriedade Tabuleiro Comprido no município de Floresta, PE. Na carta, escrita na peculiar maneira de Lampião se expressar, ele pede a Cantidiano dois contos de réis, de forma extorsiva, a fim de serem evitados “prejuízos”.

Segundo o pesquisador Artur Carvalho, que utilizou os conhecimentos profissionais de um especialista em paleografia , a “tradução” é a seguinte;

“Ilmo. Sr Cantidiano Valgueiro,

Eu (ou “le”) faço esta para “vc” mandar-me dois “conto dereis”, isto sem falta, não tem menos, para “vc” saber se assinar em telegrama contra mim como “vc” se assinou em um com “Gome” Jurubeba. Eu ví e ainda hoje tenho ele. Sem mais, resposte logo para “envitar” muito prejuízo. Sem mais assunto.
Cap. Virgulino ferreira Lampião. [sic]” 5.
O pesquisador e colaborador Ivanildo Silveira teceu comentário em uma discussão anterior sobre este mesmo assunto:

"O Rei Vesgo dominava, a grosso modo, o idioma pátrio, comunicando-se, de forma clara, precisa, apesar dos erros gramaticais que cometia. Inclusive, ás vezes, empregava pronomes de tratamentos de forma correta. A grafia de seus famosos bilhetes, era perfeitamente entendível".
E como vovó já dizia...  
"Estude meu fio, estude pra não ser que nem sua avó, que não sabe nem pegar numa caneta, que dirá assinar o nome, não faço um "O" com um copo".

Fontes:

[1] Lira. João Gomes de, Lampião, Memórias de um Soldado de Volantes 2006 (vol. 2) Companhia Editora de Pernambuco – CEPE. Recife/PE, 2007. PÁG. 2

[2] Vera Ferreira /Antonio Amaury. De Virgolino a Lampião, 1ª edição, Idéia Visual, São Paulo, 1999. PÁG. 52

[3] Maciel, Frederico Bezerra. - Lampião, seu tempo e seu reinado, | I : As origens : Por que Virgulino se tornou Lampiao?  3ª Ediçao. Petropolis, RJ : Vozes, 1992. PÁG. 90
[4] Oliveira, Aglae Lima de. Lampião – Cangaço e Nordeste. 3ª edição, O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1970. PÁG 22.
[5]  Rostand Medeiros  - Uma carta de Lampião e a história do soldado volante que se tornou ambientalista. Disponivel em: http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/10/12/a-carta-de-lampiao-e-a-historia-do-soldado-volante-que-se-tornou-ambientalista/

Att Kiko Monteiro
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NA MATA REDONDA EM TRIUNFO (PERNAMBUCO)...

 Por Geraldo Júnior

... com alguns acessórios, que segundo o amigo Déca, pertenceram ao seu tio-avô o cangaceiro Félix Caboje conhecido também como Félix da Mata Redonda, que fez parte do bando de Lampião durante alguns anos da década de 1920.

Fica mais esse registro para o conhecimento de todos.

Breve no canal YouTube Cangaçologia a entrevista completa com o senhor Déca.

Aguardem!




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COMBATE A LAMPIÃO QUASE ENTROU NA CONSTITUIÇÃO DE 34

 Por Ricardo Westin

Com seu bando de cangaceiros, Lampião aterrorizou o sertão nas décadas de 1920 e 1930. Biblioteca Nacional - Fonte: Agência Senado.

Ao longo das décadas de 1920 e 1930, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, espalhou o terror pelo Nordeste. Com seu bando, percorreu o sertão atacando vilas, matando inocentes, saqueando mercearias, achacando fazendeiros, roubando gado, trocando tiros com a polícia.

A carreira do criminoso brasileiro mais célebre de todos os tempos chegou ao fim há 80 anos. Descoberto numa fazenda em Sergipe, Lampião foi morto pela polícia a tiros de metralhadora, ao lado de outros dez cangaceiros, incluindo Maria Bonita, sua companheira. Até o New York Times deu a notícia do histórico 28 de julho de 1938.

Os senadores e os deputados da época olhavam o cangaço com preocupação. Documentos guardados nos Arquivos do Senado e da Câmara mostram que os parlamentares trataram do tema na tribuna em inúmeras ocasiões. Em 1926, o senador Pires Rebello (PI) discursou:

— Quem vive nesta capital da República [Rio], poderá achar que o governo tem feito a felicidade completa dos brasileiros. Ofuscados pelos brilhos da luz elétrica, é natural que os cariocas não saibam que naquele vasto interior existem populações aquadrilhadas fora da lei que zombam da Justiça e ridicularizam governos.

Muitos cangaceiros haviam assustado o Nordeste antes de Lampião, como Cabeleira, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Sinhô Pereira, mas nenhum foi tão temido quanto o rei do cangaço. As investidas de Lampião eram tão brutais que, na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, deputados nordestinos — a Assembleia não teve senadores — redigiram cinco propostas para que a nova Constituição previsse o combate ao cangaço como obrigação do governo federal.

A repressão cabia às volantes, batalhões itinerantes das polícias dos estados. O que parte dos constituintes desejava era que o Exército reforçasse a ação das volantes. O deputado Negreiros Falcão (BA) afirmou:

— Os Lampiões continuam matando, roubando, depredando, desvirginando crianças e moças e ferreteando-lhes o rosto e as partes pudentas sem que a União tome a menor providência. Os estados por si sós, desajudados do valioso auxílio federal, jamais resolverão o problema.

Justiça privada

O deputado Teixeira Leite (PE) lembrou que os governos estaduais eram carentes de verbas, armas e policiais:

— A força policial persegue os bandoleiros, prende-os quando pode e mata-os quando não morre. Hostilizados de todos os lados, recolhem-se à caatinga e se tem a impressão de que o bando se extinguiu. Mera ilusão. O vírus entrou apenas num período de latência. Cessada a perseguição, os facínoras repontam mais violentos e sequiosos de sangue e dinheiro, apavorando os sertanejos e a polícia.

Leite explicou por que seria diferente com o Exército em campo:

— Que bando se atreveria a aproximar-se de uma zona onde estacionassem tropas do Exército, com armas modernas, transportes rápidos e aparelhos eficientes de comunicação?

Outra vantagem era que as tropas federais podiam transitar de um estado a outro. As estaduais não tinham tal liberdade — e os cangaceiros tiravam proveito disso. Uma vez encurralados em Alagoas, por exemplo, os bandidos escapavam para Sergipe, Bahia ou Pernambuco, estados nos quais as volantes alagoanas não podiam atuar.

Nenhuma das propostas que davam responsabilidade ao governo federal vingou, e a Constituição de 1934 entrou em vigor sem citar o cangaço.

— Na nova Constituição, vamos invocar o nome de Deus. Vamos também constitucionalizar Lampião? — ironizou o deputado Antônio Covello (SP).

Para o deputado Francisco Rocha (BA), o cangaço exigia “remédio social”, e não “remédio policial”:

— As causas do cangaceirismo são a falta de educação, estrada e justiça e a organização latifundiária preservando quase intactas as antigas sesmarias coloniais, para não mencionar a estúpida ação policial dos governos.

Segundo o jornalista Moacir Assunção, autor de Os Homens que Mataram o Facínora, sobre os inimigos de Lampião, o cangaço surgiu na Colônia e tinha a ver com o isolamento da região:

— O sertão ficava separado do litoral e mantinha uma ligação muito tênue com Lisboa e, depois, com o Rio. O que prevalecia não era a justiça pública, mas a justiça privada. Era com sangue que o sertanejo vingava as ofensas. Muitos aderiram ao cangaço em razão de brigas de família ou abusos das autoridades. Uma vez cangaceiros, executavam a vingança contando com a proteção e a ajuda do bando.

Lampião entrou no cangaço após a morte de seu pai pela polícia, em 1921.

— O cangaceiro não era herói. Era bandido mesmo — esclarece Assunção. — A aura de herói tem a ver com um atributo valorizado pelo sertanejo do passado: a valentia. O cangaceiro enfrentava a polícia sem medo, de peito aberto. Isso era heroísmo.

Em 1935, com a nova Constituição já em vigor, o senador Pacheco de Oliveira (BA) apresentou um projeto de lei que destinaria 1,2 mil contos de réis aos estados para repressão ao cangaço. O dinheiro sairia do orçamento da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, responsável pela abertura de açudes, poços e estradas no sertão.

A grande preocupação de Oliveira eram os criminosos que atacavam os trabalhadores e atrasavam as obras.

— Um engenheiro avisou sobre o risco que corria seu pessoal. Como não lhe chegassem recursos, lançou mão do único expediente que lhe era praticável: armou os trabalhadores.

Os cangaceiros matavam os operários por terem ciência de que a chegada do progresso ao sertão colocaria em risco o futuro das quadrilhas nômades.

Amigo de coronéis

O historiador Frederico Pernambucano de Mello, autor de Quem Foi Lampião, diz que havia motivos não confessos para que o governo federal e os estados pouco fizessem para acabar com o bandido de uma vez por todas:

— Lampião vivia fora da lei, mas mantinha excelente relacionamento com os poderosos. Era protegido por coronéis e políticos. O governador de Sergipe, Eronildes Ferreira de Carvalho, tinha amizade com Lampião e lhe fornecia armamento e munição.

A boa vida de Lampião acabou quando Getúlio Vargas deu o golpe de 1937 e instaurou o Estado Novo. Uma das bandeiras da ditadura era a modernização do país. Nesse novo Brasil, que deixaria de ser agrário para se tornar urbano e industrial, o cangaço era uma mancha a ser apagada.

A gota d’água foi um documentário mudo que revelou ao país a rotina do bando de Lampião na caatinga. O que se via eram cangaceiros alegres, bem vestidos e com joias. Nem pareciam fugitivos. Sentindo-se afrontado, Vargas ordenou aos governadores do Nordeste que parassem de fazer vista grossa e aniquilassem o rei do cangaço.

Assim se fez. Lampião e seus subordinados foram mortos e decapitados em 1938, e o governo expôs as cabeças em cidades do Nordeste. Bandidos de outros grupos correram para se entregar, de olho na anistia prometida a quem delatasse companheiros. Corisco, o último dos pupilos de Lampião, foi morto em 1940, e o cangaço enfim se tornou passado.

Colaboração: Celso Cavalcanti, da Rádio Senado

Fonte: Agência Senado

 https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/combate-a-lampiao-quase-entrou-na-constituicao-de-34

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GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO

Por Francisco Pereira Lima

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