Seguidores

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

“Deus me manteve vivo para pagar pelos meus crimes”

Por: José Mendes Pereira

Ninguém sabe explicar porque algumas pessoas mudam seus comportamentos de repente. Fui vizinho de Pedro Rocha, e o conheci ainda adolescente, quando nós morávamos na mesma quadra; ele na Rua 6 de janeiro e eu na Rua Tavares de Lira, um jovem recheado de generosidade, pessoa que gostava muito de fazer favores a todos aqueles que residiam no mesmo bairro Santo Antonio.
No final dos anos 70, ele trabalhava para um cunhado meu, e lá, Pedro   Rocha recebia dinheiro, ia ao banco fazer depósitos, pagamentos aos fornecedores; fazia cobranças aos devedores, jamais ele faltou com a sua responsabilidade.
Posteriormente Pedro Rocha passou a fazer alguns pequenos roubos na vizinhança, mas nunca pôs suas mãos em nada que pertencia ao meu cunhado. Faz muitos anos que eu não o vejo. 
Segundo o meu cunhado que  esteve com ele, falou-me que Pedro Rocha atualmente está bastante doente, fala meio tropa, como se diz. E mesmo que quisesse voltar a antiga vida, não tem condições, pois está muito debilitado. 
Pedro Rocha está arrependido da boa vida que a jogou fora; hoje está livre das grades, mas preso pela consciência;  pobre, sem dinheiro, sem saúde e decepcionado consigo mesmo.

Segue a entrevista que Pedro Rocha, amigo de Valdetário, cedeu ao Jornal "O Mossoroense" em 2005

PEDRO E CARDOSO
Pedro Rocha ao lado do repórter Cardoso Silva
Em entrevista a O Mossoroense na manhã de ontem, o assaltante Pedro Rocha Filho, 47 anos, detido na Penitenciária Agrícola Mário Negócio, em Mossoró, chorou ao relatar fatos da sua vida e relembrar as mortes de seus companheiros, Valdetário Carneiro e Cimar Carneiro. Ele destaca ainda que a maior parte do tempo em que esteve foragido ficava na Bahia, de onde vinha para o Estado apenas para realizar os assaltos. Atualmente, Pedro Rocha, sofre de dores de cabeça por causa de um acidente  e diz que sua memória está comprometida. Ele destaca ainda a sua preferência por assaltar bancos e se diz arrependido de tudo o que fez na sua vida. 

Acompanhe.
Márcio Costa

Reginaldo Tertulino

Fotos: Luciano Lelly!

O MOSSOROENSE - Há quantos anos o senhor é condenado? E por quê?

PEDRO ROCHA - A minha pena é de 25 anos, dos quais já cumpri mais de oito. As minhas condenações são por assalto e ainda tem uma acusação de um latrocínio, no Ceará, do qual sou inocente. A maior parte eu cumpri em Natal. Aqui na penitenciária estou há quatro meses.

OM - O que aconteceu no Ceará em 1996?

Eu fui preso acusado de assalto o Banco do Brasil da cidade de Jaguaruana, em 1996, quando um vigia do banco foi morto. Também acusaram o Francisco Fábio, o 'Baia', Edneudo Oliveira Silva, o 'Pipoca', e Galeguinho. Mas eu não estava não.

OM - O que mudou nesse tempo em que o senhor está preso?

Só mudou que antes a gente ia pra rua e tudo (assaltar), mas eu não quero mais nada disso não, porque a tendência é a pessoa morrer. Eu sei que não tem recuperação, pois quem se mete com assalto acaba cedo ou tarde morrendo, né? A pessoa tem que trabalhar e cuidar dos seus filhos. Eu não quero me envolver em transação nenhuma não. Quando estava preso em Natal, qualquer fuga que acontecia, o diretor dizia: Cadê Pedro, cadê, Pedro? Eu respondia: 'Estou aqui, doutor. Eu não quero fugir, não.  Se  eu não estivesse preso já teria morrido.

OM - Como você entrou nessa vida? E como teve início a ligação com os Carneiro?

Foi através do Expedito e o Baixinho, que já morreram, eu conheci lá no Ceará. Quando estava preso em Fortaleza, conheci os Carneiro e tudo foi desse jeito mesmo. A aproximação teve início com Branquinho, Galego e Val, em 1996, quando a gente foi preso. Depois eu conheci o Baleado e a gente começou a agir juntos.

OM - No início, quais eram os alvos preferidos do grupo? Bancos, carros-fortes?

Eu só gostava de assaltar bancos, nunca gostei de mexer com carro-forte, não. Inclusive, a minha condenação é por assalto a banco. Nunca tive nada a ver com esse negócio não. Tem muita coisa da qual sou condenado que não tive culpa. Isso não pode ser assim não.

OM - Por que essa preferência por banco e quanto tempo durava o dinheiro de um assalto?

Eu gostava porque pegava o dinheiro e logo voltava para  casa. Passava um mês todinho. A Federal deu dois botes em cima de mim e eu tive que fugir lá da Bahia. Passava o mês todinho lá e depois vinha aqui pra região e fazia outra parada e voltava pra lá. Era sempre assim.

OM - Como aconteciam os contatos entre o grupo? Por telefone?

Por telefone dava certo não. Eu vinha aqui pra região no meu carro, a gente se encontrava por aí e depois que planejava o assalto ia fazer. Foi por isso que a Federal passou mais de dois anos pra dar o 'bote' em cima de mim. Eu só vim a ser preso quando  me envolvi num acidente. Quando o carro virou, no Ceará. Estava eu o Leonardo e outro rapaz que eu não lembro o nome. Quando estava no hospital Deus me disse que eu não ia morrer agora.

OM - Você acha que Deus permitiu que você ficasse vivo por quê?

Por que eu tinha que pagar pelo crime que eu cometi. Eu sou acusado de muita coisa que não fiz. O crime que cometi, eu tenho que pagar por ele. Eu tenho fé em Deus que ainda vou provar a minha inocência em muita coisa que sou acusado. Já tem gente presa por isso e que vai dizer que eu mão tinha nada a ver com muita coisa.

OM - Como funcionava o planejamento dos assaltos?

Pegava o meu carro e vinha aqui pro Rio Grande do Norte. A gente planejava assaltar um banco tal e ia pro que desse. Matar ou morrer. Eu não me lembro de quantos assaltos eu participei.

OM - Você teve alguma participação na fuga de Alcaçuz, em 2000? Quando Valdetário foi resgatado?

Eu estava na Bahia. Nem Baleado nem ninguém tinha sido preso ainda, nem Baleado, nem Cimar.

OM - Os últimos anos foram marcados pelas mortes de alguns amigos como Valdetário e Cimar. Como você ver isso?

Que Deus os tenha em um bom lugar, mas que é desse jeito mesmo. Quem vive de assalto é sujeito a morrer a qualquer momento. E principalmente aqui, onde a boca está quente. Você ver que passa muito tempo sem que aconteça um assalto aqui na região. As coisas estão sérias. Quando Valdetário morreu eu esta  va  em Alcaçuz e soube pela televisão. Já a morte de Cimar, o (diretor da PAMN), capitão Alvibá foi que me contou o que tinha acontecido.

OM - Com quem do grupo você tinha mais afinidade?

Com o Cimar e o Galego, mas com todos o relacionamento era beleza.
Como você acha que estaria agora, se tivesse solto e continuado no bando.
Possivelmente eu estaria morto, como os outros.

OM - Por qual motivo você acha que Valdetário durou tanto tempo na vida do crime.

Porque vivia fugindo da polícia. Eu também passei nove anos na rua, mas sempre me escondendo. A Bahia é muito grande, eu vivia sempre mudando de cidade. Na Bahia eu levava uma vida normal, onde tinha uma casinha e um terreno, onde plantava limão e outras coisas.

OM - Você participou de algum assalto na Bahia?

Não. Nunca me envolvi com nada lá.

OM - Por quê? Lá era mais difícil?

Eu vinha aqui para o Rio Grande, fazia o assalto e voltava pra lá com o dinheiro.

OM - Qual a cidade da Bahia onde você morava?
Eu me esqueço agora.

OM - Como era a formação principal do grupo?

Era eu, Branquinho, Galego, Cimar, Baleado, Val e outros que não lembro o nome agora.

OM - Em algum momento você sentia medo?

Não, nunca senti medo de nada. Quando a gente ia pra fazer, a gente fazia de qualquer jeito. Ia pra levar de um jeito ou de outro. Às vezes tinha tiroteio e não havia espaço para o medo.

OM - Já matou alguma pessoa? Se lembra de algum assalto em especial de que você participou?

Não. Nunca matei ninguém. Sou condenado de um homicídio no Ceará, mas não tive culpa não.

OM - De que você se arrepende de ter feito na sua vida?

Me arrependo de quase tudo o que eu já fiz.

OM - Quais os seus planos para o futuro?

Eu quero arrumar um canto pra morar depois que eu sair daqui. Nem pra rua eu quero mais ir. O que eu quero é terminar o resto dos meus dias em paz, sem dever nada a ninguém. Se eu estivesse na rua hoje com certeza eu estaria morto.

Fonte:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

[Cangaço na Bahia] Cangaceiras aprisionadas

Por: Rubens Antonio

Anna e Otilia
.
A presença de cangaceiras aprisionadas foi uma das marcas do momento.
Anna Maria da Conceição, nascida em Jeremoabo, era companheira do cangaceiro Jurema.Caminhava com Jurema, Juremeira, Beija-Flor e Nevoeira, quando a volante do sargento Vicente caiu sobre o subgrupo.
Foi alvejada com dois tiros de fuzil, que lhe atingiram os braços, sendo capturada.
Otilia Teixeira Lima, de Poços, era companheira de Mariano. Adentrou o Cangaço em 1931, depondo que constituíam o bando, naquele momento em que adentrou, Lampeão, Mariano, Zé Bahiano, Pó Corante, Gato, Bananeira, Volta Secca, Maçarico, Cajueiro, Balisa, Cabo Velho, Nevoeiro, Luis Pedro, Virgínio, Suspeita e Medalha, além de Maria Bonita e algumas mulheres que não indicou os nomes.
Deslocava-se, em 1935, junto com Mariano, Criança, Pai Velho e Pau Ferro, quando foi o subgrupo cercado pela volante do sargento Rufino.
Cerrada brigada, foi cercada, não conseguindo Mariano romper o seu cerco para libertá-la. Acabou entregando-se.

Enviado pelo professor Rubens Antonio, do blog: 
"Cangaço na Bahia"

Debate: Sila Cariri Cangaço - GECC Parte II Por:GECC




Parte II
Sila no Cariri Cangaço - GECC ,
Espaço Raquel de Queiroz da Saraiva Mega Store do Shopping Iguatemi, de Fortaleza.

Existia amor no Cangaço ?

Por: Maristela Mafuz

Minha visão a respeito desse "amor no cangaço", baseia-se em grande parte, em conversas que tive com 


Sila e na observação de suas reações em dados momentos, coisas que pude ver durante o tempo que convivi com ela. As meninas, ao entrarem espontaneamente, tinham a visão romântica de que escapariam da submissão a que estavam destinadas e teriam uma vida de aventuras e liberdade. Essa ideia já fazia parte do imaginário na época.

Como a realidade se mostrou cruel e oposta aos sonhos, que opção restava a elas? Aprender a viver nessas condições. RESIGNAÇÃO é uma das palavras que define o comportamento adotado por elas. Obrigadas a aceitar o que não podia ser mudado, seguiram vivendo do único modo que lhes era possível. Amargando dores de todos os tipos, porém firmes, lutando junto àqueles homens que acompanhavam.

Apesar de tudo, esses eram os homens com quem podiam contar e que, de uma forma ou de outra, também as protegiam. Aí surge a CUMPLICIDADE, outra palavra que define o comportamento delas. O 'amor' nasceu desse misto de sentimentos contraditórios vividos por elas. Ódio pela agressão, reconhecimento pela proteção... E a contradição: “esse homem ora me agride, ora me defende...” O que isso representou na cabeça dessas mulheres? Quem pode dimensionar as cicatrizes psicológicas dessas meninas-mulheres?  A submissão e o medo imperavam. O que fazer, senão suportar aquilo, firme e quieta? (adiantaria gritar ou tentar fugir?) RESIGNAÇÃO + CUMPLICIDADE: Para mim esse foi o Amor que existiu no cangaço.

Maristela Mafuz
Laser Vídeo

Extraído do blog: "Cariri Cangaço"

Jornal "A Tribuna", Santos, SP de 18 de janeiro de 1987

Por José Carlos Silvares
O nome é uma homenagem da armadora japonesa à companheira de Lampião e o navio fará a linha entre o Japão e portos brasileiros.Foto: Rubens Onofre

Maria vira heroína de capitão japonês

Não seria nada de mais um navio ganhar o nome de Maria Bonita se fosse uma embarcação brasileira. Não é o caso. O navio é japonês, com bandeira do Panamá e tripulação coreana.

Nada, a bordo, lembra o sertão nordestino. Mas o Maria Bonita existe, está no porto, e vai passar por Santos a cada três meses, em linha regular ligando o Brasil ao Japão e portos do Oriente.

É um navio bonito, lançado ao mar no dia 11 de novembro do ano passado (N.E.: de 1986), ainda virgem. Faz a sua primeira viagem. Foi batizado com esse nome em homenagem a Maria Bonita, companheira de Lampião, o rei dos cangaceiros, herói-vilão que a história oficial insiste em esquecer. Maria Bonita, heroína popular, descrita em folhetos e cantada nas feiras, acabou virando nome de navio japonês. E é uma heroína para o capitão Sumio Matsumoto, o Lampião de seu navio.

A única mulher a bordo é uma delicada gueixa, vestida com seda vermelha e aplicações de dourado, uma boneca japonesa, de cabelos negros e esticados, e que decora o escritório do comandante, numa caixa de vidro.

"Nome de mulher dá sorte", diz o capitão Matsumoto, sorridente, explicando que conhece a história de Lampião e Maria Bonita e que o nome foi escolhido para o navio exatamente porque será empregado na linha Brasil e Japão. "É um nome muito famoso no Brasil e minha companhia, a Mitsui O.S.K. Line, pretendeu fazer uma boa impressão ao escolher esse nome".

A escolha, segundo o comandante, foi minuciosa. Um diretor da armadora esteve no Rio de Janeiro, durante um mês no ano passado, especialmente para estudar a história de Lampião e Maria Bonita. Quando escolheu o nome, o submeteu à apreciação dos agentes da armadora no Brasil e a decisão foi unânime: era um bom nome. Tanto que o diretor-presidente da armadora, T. Yano, durante a cerimônia de batismo do navio, no estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries, em Kobe, no Japão, fez um breve histórico do significado desse nome e do que foi o cangaço no Brasil. Batismo de navio também é cultura, pelo menos no Japão.

Os dois lados - Mas o capitão Matsumoto sabe que a história do cangaço tem dois lados. "Há um lado de herói e um lado que não é bom", diz, acionando um gatilho imaginário com o indicador direito, para lembrar que o bando de Lampião também matava.

"Ele tirava dos ricos para dar aos pobres", insistiu, quase que fazendo uma pergunta sobre a veracidade dessa informação. E comentou: "Todo o mundo deveria ser assim".

Inicialmente, o comandante havia esquecido o nome de Lampião - o que pode ser considerado uma coisa normal para um oriental que não está acostumado com esse tipo de nome -, mas depois de dizer que conhece a história fez uma divertida comparação entre as lendárias aventuras no sertão nordestino do início do século e o seu navio: "Este também é um navio forte".

O lado heróico de Lampião e Maria Bonita existe, para o comandante, "porque os dois são muito populares no Brasil". Ao saber que Lampião não é um herói oficial, como Tiradentes e outros, faz uma observação perspicaz: "Ele é um herói underground".

De qualquer forma, Matsumoto gosta do nome do seu navio. Mas diz com orgulho que esta é a primeira vez que a armadora põe um nome feminino em navio da frota.

Não é o primeiro navio, porém, que leva o nome de Maria Bonita, companheira de Lampião. O livro de registro de todos os navios do mundo, editado pelo Lloyd's de Londres, informa que há um outro Maria Bonita, um pesqueiro de 143 toneladas registrado no Texas, Estados Unidos, e que pertence à empresa com o sugestivo nome de Ojos Negros Inc.

Capitão Matsumoto conhece a história e assume: "Eu sou o Lampião" Foto: Rubens Onofre

Velho conhecido - O capitão Matsumoto esteve em Santos pela primeira vez há cerca de 20 anos, como 2º oficial do famoso Brazil Maru, que transportava carga e passageiros. Mas é comandante há cinco anos, sempre nos navios da Mitsui. O último que comandou, antes do Maria Bonita, foi o Barzan, um enorme navio-contêiner que faz a linha entre Nova Iorque e os tumultuados portos do Golfo Pérsico.

No início de outubro, Matsumoto foi deslocado para Kobe, para acompanhar de perto o final da construção do Maria Bonita e fazer uma verificação geral nas instalações.

É um navio próprio para o transporte de contêineres, moderno, com equipamentos sofisticados a bordo. Pertence a uma empresa registrada no Panamá, a Ocean Harmony S.A., controlada pela Mitsui, que aparece como afretadora do navio. Tem 14 mil toneladas de porte bruto, 155 metros de comprimento por 25 de largura e calado que chega aos 10 metros. Viaja à velocidade de 15,3 nós horários.

A tripulação é composta por dois japoneses - o capitão e o 1º oficial - e 29 coreanos, inclusive sete membros da oficialidade. Os coreanos, hoje, na navegação internacional, tomaram conta de postos que anteriormente eram ocupados apenas por oficiais do país da bandeira do navio ou da nacionalidade da armadora. São força de trabalho mais barata e à disposição das empresas.

O Maria Bonita - agenciado em Santos pela Wilson Sons - estava com saída prevista para o início da noite de ontem, rumo ao Sul. Em Santos deixou grande quantidade de maquinaria, produtos químicos, produtos industrializados e carga geral embarcada nos portos de Cingapura, Hong Kong, Keelung, Nagoya, Kobe, Yokohama, passando ainda nos portos de Colombo (Ceilão), Galets (em Reunião, uma ilha francesa do Oceano Índico) e nas Ilhas Maurícios (também no Índico).

Vai a Montevidéu, Buenos Aires e retorna por Rio Grande, Paranaguá, Rio de Janeiro, Santos - de onde segue em linha reta, via Sul da África, para Brisbane, Austrália, em viagem de 23 dias de céu e mar até chegar de novo aos portos japoneses. Na próxima viagem ao Brasil o navio virá via Canal do Panamá, encurtando o percurso. E a cada três meses cumprirá sua rota entre Japão e América do Sul.

Depois de falar com orgulho de seu navio, o capitão do Maria Bonita faz questão de vestir seu uniforme branco, para a foto. Pronto. Agora ele é o capitão. E corrige, sorridente: "Agora eu sou o Lampião".

O presidente da armadora falou de Maria Bonita no dia do batismo do navio. Foto: Divulgação

Maria de Oliveira, Maria de Déa, Bonita

Pouco se sabe da companheira de Lampião e de suas aventuras no sertão nordestino. Muita coisa é folclore. Maria Bonita virou mito, como Lampião e os cangaceiros. Virou filme, livro e história de cordel. Era uma mulher destemida. Era apenas Maria, Maria de Oliveira, e de bonita tinha os traços marcantes de mestiça, olhos ligeiramente puxados, ar maroto.

Era também Maria de Déa, porque filha de Déa, mulher do lavrador José Felipe de Oliveira, que tinha um sítio no Norte da Bahia, onde Maria teria nascido. Aos 17 anos casou com um pacato sapateiro, José de Neném. Ficou com ele até conhecer Lampião. As histórias contam que Maria abandonou José e também que foi José quem abandonou Maria. Teorias machistas de lado, a verdade é que Lampião namorou Maria: passou três vezes pelo sítio, até que um dia os dois se encontraram para viverem juntos por cerca de nove anos, entre 1929, ano do encontro, até a morte na caatinga, a 28 de julho de 1938.

Antes e depois da morte, Maria foi chamada de tudo nos jornais: facínora, amásia de bandido, amante de bandoleiro etc. Até de ciumenta, conforme trecho de matéria publicada no dia 3 de agosto de 1938 por A Tribuna, com base em noticiário fornecido pelas agências de notícias: "Maria de Déa, como se chamava ela, não era uma figura feminina traçada na suavidade e no sentimentalismo do sexo. Ciumenta, sobretudo muito ciumenta. Desde que se colocou ao lado do facínora, jamais teve este coragem de dirigir sequer um olhar mais atrevido para outra".

E prossegue: "Maria de Déa era a companheira de Lampião em todas as circunstâncias. Na hora da luta, era um rifle a mais ao lado dos bandidos. Um combatente que se ombreava entre os mais destemidos e mais decididos. Atirava admiravelmente. Sabia adivinhar os planos do amante e auxiliar-lhe a execução. Não conhecia sentimentos humanos nos momentos difíceis. Matava e saqueava, como os mais cruéis bandidos".


Heroína popular, decidida, corajosa, ciumenta, malfalada. Maria Foto: Reprodução

A matéria diz, ainda, que o amor de Maria Déa por Lampião "teve uma origem de romance". E que foi a primeira mulher do bando.

Nem tudo o que se diz dela, porém, é verdadeiro. Há muitas lendas misturadas a fatos reais, divulgados por cantadores nas feiras e, depois, nos folhetos de cordel. Maria Bonita virou mito. Virou exemplo de mulher arrojada, forte, decidida, a mulher nordestina. É sinônimo de companheira. Está nas cantigas populares. Virou heroína.

E foi citada no Exterior, aplaudida nos filmes, ganhando ares de sensualidade na interpretação de Tânia Alves, em especial da Globo.

Até o jornal francês Paris Soir fez uma referência elogiosa a ela, apesar de indireta, na edição que divulgou o massacre de Angicos, local da morte do bando de Lampião. A notícia termina exatamente assim: "Lampião, o invulnerável; Lampião, o cruel, também amava".

Fonte: Novo Milênio

Extraído do Lampião Aceso

NOVO LIVRO SOBRE O CORONEL DELMIRO GOUVEIA

AUTOAJUDA: O QUE SIGNIFICA?


Por Lílian Barros

Tenho observado, ouvido a opinião de muitos e percebo, que as pessoas não entendem oque significa AUTOAJUDA. Acabam alimentando preconceitos contra algo fundamental na vida e decisivo para a evolução moral de todos nós : AUTOAJUDAR-SE.

Literalmente autoajuda significa “AJUDAR A VOCÊ MESMO”. Uma decisão de vida
edificante, onde você irá colocar em PRÁTICA novos pensamentos, atitudes e ações que visam uma nova forma de ser e estar.

TUDO, absolutamente TUDO na vida que colocamos em prática, que fazemos diferente e até mesmo, pensamentos que nos levam a sentir e ser melhor é AUTOAJUDA.

É UMA OPORTUNIDADE QUE NOS PERMITIMOS PARA VIVER MELHOR EM
DIVERSOS NÍVEIS: INTELECTUAL, EMOCIONAL, MORAL E ESPIRITUAL.

INTELECTUALMENTE – Todos temos inteligência ou seja, capacidade de aprender.
Tudo que aprendemos, colégio, faculdade, mestrado, doutorado, leituras, experiências que nos ensinam a fazer diferente e melhor, quando são colocadas em práticas, executadas visando oportunidades, isto é AUTOAJUDA. Estamos nos ajudando, nos capacitando e qualificando mais para oportunidades.

EMOCIONALMENTE – Quando buscamos meios de aumentar nossa autoestima, ver e
sentir a vida e suas experiências de forma mais prazerosa, expulsando a tristeza,
recomeçando diante de fracassos, superando perdas e dores, isto é AUTOAJUDA. Estamos nos ajudando a ser feliz.

MORALMENTE – Quando através das experiências passamos a sentir necessidade de
sermos melhores, justos, dignos, tolerantes e fraternos, reeducando nossa mente e expandindo nossos mais nobres sentimentos, para com os outros e principalmente para nós mesmos, transformando egoísmo, vaidade e crueldade em fraternidade, autoamor e
bondade, isto é AUTOAJUDA. Estamos nos ajudando a evoluir.

ESPIRITUALMENTE – Entramos em mais elevado nível de consciência:

Quando buscamos uma razão maior da existência;
Quando percebemos que a vida se expande além do que pode ser visto e tocado;
Quando descobrimos que somos capazes de criar ou alterar realidades, a partir de nossas
decisões pessoais, com foco edificante;
Quando constatamos que a ciência só descobre o que sempre existiu, e que nós é que não tínhamos capacidade de compreender a magnânima essência de tudo;
Quando sentimos no íntimo a Grandeza Divina Causa primária de todas as coisas, Inteligência suprema , ou como as religiões denominam Deus, é também AUTOAJUDA, pois estamos enfim começando a compreender o que significa Eternidade.
Sem autoajuda não tem como entender, compreender, sentir e aperfeiçoar a mais elevada energia de vida AMOR. E sem Amor, não temos condições intelectuais, emocionais, morais e espirituais de ESTAR EM PAZ!

Pessoas podem escrever livros e textos. Situações lhe trazem experiências. Mas AUTOAJUDA É VOCÊ COLOCANDO EM PRÁTICA O QUE ACREDITOU SER VÁLIDO. É TRANSFORMAR CONHECIMENTO EM ATITUDE, TEORIA EM EXPERIÊNCIA. OPORTUNIDADE EM BEM ESTAR.


Acessado em 2/02/2012 no site:

TONNI LIMA

[book+TONNI+205+-+C%C3%B3pia.jpg]

"Eu não quero ser grande.


Eu quero ser inteiro"
Tonni Lima

Extraído do blog: fraseS subntendidaS

ANDANDO PELO SERTÃO

Por: Dalinha Catunda


ANDANDO PELO SERTÃO


Eu voltei ao Ceará
Fui rever o meu rincão.
Passeei pelas caatingas
Pisei com gosto em meu chão
Coloquei o meu chapéu
O sol ardia no céu
No calor do meu sertão

*
Subi no pé de caju
Como fazia em menina.
Peguei no pé de angico
Um pouquinho de resina
Abracei carnaubeira
A conhecida palmeira
Desta terra alencarina.

*
No caneco de alumínio
Água de pote bebi.
Tinha pedras no caminho
Em cima duma subi
Fiz uma farra danada
Andando pela estrada
Da terra em que eu nasci.

*
O tempo passou bem rápido,
Achei que passou ligeiro,
Pois já estou novamente
É no Rio de Janeiro!
Terra de são Sebastião
Distante do meu sertão
Ô destino aventureiro!

*
Texto e fotos de Dalinha Catunda
Fotos das férias de janeiro de 2012, no meu sítio em Ipueiras-Ce

Sem maquiagem (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa


Sem maquiagem


Não disse
mas meu amor ouviu

a onda
lava o corpo da pedra
e ela brilha feito espelho
o vento
leva as folhagens secas
e o jardim se renova
o poeta
rasga os versos nus
e veste de beijo a folha
o espelho
não sabe o que refletir
a pessoa enfeitada de outra

então agora
meu amor vou dizer
que sua beleza
tão pura e singela
não vai mais
se encher de cores
brilhos e enfeites
e ser apenas você
como maior deleite
como um café
bem negro e gostoso
sem precisar do leite.


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

PASSIVOS E CONFORMADOS (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

PASSIVOS E CONFORMADOS

O País da ordem e do progresso não passa de uma imensa junção de pessoas passivas e conformadas. E isto para ser razoável, pois poderia muito bem ser dito que a sociedade brasileira é negligente, omissa, esquecida, acrítica, apática, inerte, paciente, resignada, manipulada, inativa, indiferente, manuseada ao bel-prazer das nojentas e absurdas conveniências.

O esquecimento e a aceitação talvez sejam as características que mais mortificam um povo que sem o senso do espanto, da indignação ou revolta, fica à janela ou à porta vendo tudo acontecer como se não tivesse culpa pelo pior estar acontecendo. Tanto faz ver o manto da Virgem como um monstro. Tanto faz.

O mundo pode desabar em Brasília ou nas esferas de poder estadual ou municipal, vindo à tona um lamaçal recoberto de roubalheira, corrupção, maracatuia, propina e tudo o que de mais nefasto possa existir, que ainda assim amanhã será tudo relegado ao esquecimento. Por mais que a imprensa noticie, os jornais publiquem, a polícia investigue e até prenda alguns, mas amanhã é como se não houve acontecido absolutamente nada.

Só mesmo num País de irresponsáveis políticos, de ignorantes e de falsa cidadania, se observa tantos exemplos de imoralidade que simplesmente são colocados no ralo das coisas. E o pior é que produzem efeito contrário, pois quem deveria ser desmascarado politicamente, condenado por improbidade e corrupção e queimado na fogueira dos reincidentes, de repente sai do centro da maracatuia como vítima, dando a volta por cima e ainda mais forte.

Não faz muito tempo que aconteceu um triste exemplo envolvendo um senador. Foi noticiado à exaustão, provado por todos os meios que o parlamentar estava envolvido num verdadeiro mar de lama, que comandava uma rede de apadrinhamento, que era mais perigoso do que gavião tomando conta de milho, e ainda assim o homem foi alçado, mais uma vez, à presidência da casa. E o mais doloroso é que hoje posa de bom moço, ninguém fala mais nisso, e de inatacável bigode continua sendo grande cacique em Brasília e lá junto aos seus Marimbondos de Fogo.

É inacreditável como tudo tem o dom da fantasia, da brincadeira, da miragem. Político comprovadamente corrupto é cassado e reeleito; surgem escândalos e mais escândalos, nomes são apontados, reconhecidos os culpados, e depois tudo acaba em pizza; os órgãos de contas dizem que tal administrador fez malversação do dinheiro público, roubou, é corrupto, o maior ímprobo que possa existir, mas nada acontece depois. Ficha limpa, que ficha limpa, se quem limpa a cara do safado é o próprio povo, mais safado ainda.

É o País das maravilhas nebulosas, do inacreditável, dos contos de fadas macabros, das estórias das mil e uma noites com seus ladrões engravatados. Mas não poderia ser diferente. Com razão os que dizem que o Brasil é imprestável por natureza, pois não se pode ter como sério um País que até outro dia estava abraçando a loucura do governo iraniano, que não reconhece a violação dos direitos humanos na ilha cubana, que trata medrosamente com canhestros e suspeitosos presidentes latino-americanos. Pode ser sério um País que acolhe e defende as ignorâncias bolivarianas de Hugo Chávez?

Os habitantes desse País não são menos culpados do que sua envergonhada nação. Um povo sem tradição de luta, sem sangue na veia, sem jamais ter a coragem de fazer ecoar um grito dizendo que basta, que vai tomar vergonha na cara e dar, através do voto ao menos responsável, a devida resposta à velha corja das mesmas raposas políticas. Mas não. Sofrendo de amnésia histórica, muitos só reclamam quando lhes falta alguma coisa, porém sem lutar para que nunca lhe falte o essencial. E tudo se dá através da política, do voto, ainda que os eleitos também se esqueçam das finalidades de um mandato eletivo.

Enquanto isso, por todo lugar se vê a população sendo vitimada por sua própria passividade, sua ignorância e covardia. Quanto se pensa que vai abrir a boca para falar alguma coisa proveitosa, então se ouve sobre o BBB, sobre Luíza (a que estava no Canadá), sobre o jogo de ontem e o futebol de amanhã. E a vida gente, e a vida?

Os morros estão desabando com as chuvas, pessoas estão sendo soterradas, edifícios desabam por falta de cuidados e vistorias, famílias nordestinas morrem de sede ao lado do rio, a merenda escolar de alunos famintos é sempre desviada, aulas estão sendo dadas debaixo de umbuzeiros por falta de ambiente adequado, nada presta no País e o povo finge as mil maravilhas.

Mas é povo, e o mesmo povo que constrói indevidamente, que entope de lixo os bueiros e canais, que não joga sequer um papel numa lixeira. E ainda por cima vota nos mesmos ladrões. Dizer mais o que?


Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com