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quinta-feira, 22 de março de 2012

Orígenes Lessa

[creditofoto]

Orígenes Lessa, jornalista, contista, novelista, romancista e ensaísta, nasceu em Lençóis Paulista, SP em 12 de julho de 1903.
Em 1932, tomou parte ativa na Revolução Constitucionalista, durante a qual foi preso e removido para o presídio de Ilha Grande.
Ilha Grande
Escreveu "Não há de ser nada", reportagem sobre a Revolução Constitucionalista, e "Ilha Grande", jornal de um prisioneiro de guerra. Dois trabalhos que o projetaram nos meios literários. Nesse mesmo ano, após ser solto, o jornalista ingressa como redator na N. Y. Ayer & Son, atividade que exerceu durante mais de 40 anos em sucessivas agências de publicidade.
Foi eleito em 1981 para a Academia Brasileira de Letras e faleceu no Rio em julho de 1986.

Graciliano Ramos

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Graciliano Ramos foi outro "hóspede" famoso do Presídio de Dois Rios, foi preso político durante a ditadura de Getúlio Vargas sem nunca saber a real razão de ter sido mandado para a cadeia.
É considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX e proeminente representante do romancismo. Também foi prefeito e jornalista em Alagoas.
pt.hostelbookers.com
Graciliano Ramos escreveu o livro “Memórias de um cárcere”, detalhando sua experiência no período em que esteve no presídio da Ilha Grande.
Graciliano Ramos faleceu no Rio de Janeiro, no ano de 1953, vítima de câncer pulmonar.

Cerveja ou aguardente?

Por: José Mendes Pereira

Nesta foto o rei Lampião aparece segurando uma garrafa, possivelmente cerveja. Prova que o afamado cangaceiro gostava de muito luxo, principalmente quando se tratava de bebidas.

Muitos vêem Lampião como um homem mal, desordeiro de primeira classe, mas não devemos esquecer que tudo que ele fez contra alguns, foi por ter sido traído pelos seus melhores amigos, sem falar em Pedro de Cândido, e quando se trai um bandido, com certeza receberá sua punição.
Afirmam os historiadores que Lampião mantinha respeito pelos pobres e velhos. É verdade! O que os seus remanescentes contaram à imprensa e aos perseguidores, não há dúvida. Lampião não só os respeitava como também ajudava os mais necessitados.  
Não só a cangaceira Dadá, mas todos que restaram da sua saga, falavam muito bem de Lampião, que era um homem bom, educado, sabia respeitar os seus comandados. Afinal, Lampião foi vítima de desordens que ele não as praticou.

Dia Internacional da Água:

Por: José Cícero

A água foi quem nos deu a vida...


No passado ela era quase um símbolo dedicado ao sagrado. Tamanho era o respeito e o grau de reverência que as pessoas dedicavam a ela. Um verdadeiro monumento natural dos seres vivos, através do qual a natureza da vida convivia na mais pura harmonia com os interesses e necessidades dos homens. Havia, portanto um notório equilíbrio marcado pela consciência da sua importância para a própria sobrevivência e bonança do planeta.
Era na prática cotidiana, a expressão mais pura da vida de todas as espécies enquanto autêntica dádiva de Deus em benefício de toda a existência humana e ambiental. Dado que ela era respeitada e cultuada por todos os povos do planeta desde os tempos imemoriais. A vida, portanto, estava de um certo modo especial profundamente ligada o tempo todo a ela. Era uma coisa mágica viva. Um espetacular fenômeno pelo o qual a natureza se consolidava em toda a sua beleza e magnitude diante dos seres da biosfera. Um símbolo materializado de tudo o mais que era sagrado. Um acontecimento metafísico e inusitado da ciência química. A substância das substâncias... Um eterno presente dos céus. Um exemplo da mais clarividente bonança com vista o milagre eterno da multiplicação do pão alimentando a Terra.
Semente de toda a grandeza e da fartura fazendo brotar a energia e o alimento do chão. Plena abundância da vida na sua compleição mais forte e verdadeira. Semente a germinar para todo o sempre um paraíso de fartura e de beleza. Um universo de infinitas grandiosidades garantindo aos homens e as demais espécies a necessária perpetuação. De modo que, quase nada podia ser pensado sem que ela fosse considerada.
Hoje, no entanto, estamos aos poucos a matando. Envenenando-a. Destruindo os seus antigos caminhos e os biomas que a ela pertencem. Degradando sua composição natural. E uma vez matando, também morremos junto com ela. Posto que somos todos dependentes da sua existência. Sem ela nada mais será possível sobre a Terra. Nada sobreviverá. Fauna e flora perecerão quando um dia ela morrer ou for embora. A vida da Terra sucumbirá.
Se no passado ela era um bem coletivo. Hoje, infelizmente, virou produto da cônica humana. Uma mercadoria como mecanismo de se ganhar dinheiro pela voracidade louca do capitalismo. Está sendo transformada em propriedade de uns poucos. Os ricos do mundo que no fundo são tão pobres que só possuem dinheiro. Os que morrerão de sede primeiros que nós pelo egoísmo que carregam no coração.
Ao contrário do passado, ela agora é motivo de guerra. O mais novo escândalo da civilização tida como moderna. Um perigo quando ainda consegue brotar do chão. Um bem cada vez mais escasso e que fatalmente comprometerá toda as forma de vida do planeta.
Ela é tão somente o símbolo maior da vida. Nascemos dela. E ainda hoje somos potencialmente compostos química e organicamente por ela. Molécula da existência terrena. Hídrica composição da matéria viva. Sustentáculo de tudo que pode ser chamado de fauna e flora. O mais precioso recurso natural da natureza biodiversa. Combustível da sobrevivência, chamado simplesmente pelo nome de ÁGUA.
Para entender:
Neste dia 22 de março o mundo comemora o ‘dia mundial da água’. Um ato simbólico institucional, mas que se reveste do mais alto valor humanístico, posto quer nos remete não somente nesta data a voltar nossas atenções e preocupações para a problemática da água vivenciada atualmente pelo mundo inteiro. A referida homenagem foi criado em 1993 pela Nações Unidas sob as devidas recomendações da 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Façamos então, nossa reflexão acerca desta questão vital para a vida na Terra.

Enviado pelo Secretário de Cultura de Aurora - Ce:
José Cíceor

José Cícero
Professor, Pesquisador e poeta.
Secretário de Cultura, Turismo e Esporte.
Aurora - CE.
LEIA MAIS EM:

OS AMIGOS DE ALCINO ALVES COSTA

Por: José Mendes Pereira

Juliana Ischiara e Alcindo Alves da Costa


Kidelmir Dantas e Alcindo Alves da Costa



Ana Lúcia e Alcindo Alves da Costa


Aderbal Nogueira e Alcindo Alves da Costa



Antonio Amaury e Alcindo Alves da Costa



João de Sousa Lima, Alcindo Alves e João



Jairo e Alcindo Alves da Costa



João de Sousa Lima, Alcindo e Antonio Vilela



Juliana, Alcindo e Paulo Medeiros Gastão



Danielle Esmeraldo e Alcindo Alves da Costa



Dr. Ivanildo Alves, João de S. Lima e Alcindo Alves



Cap. Bonessi, Ângelo Osmiro, Alcindo e Tomaz Cisne



Alcindo Alves e Inácio Loiola


Casal Archimedes Marques e Alcino Costa


Rostand, João de Sousa Lima, Nely, Ivanildo Alves,
Alcindo Costa e Juliana Ischiara


Manoel Severo e Alcindo Alves

 

Alcino Costa, Pedro Luiz e Dra. Francisquinha


Chagas Nascimento, Alcino Costa, Manoel Severo e 
João de Sousa Lima


Família de Alcindo Costa e ao lado Manoel Severo


Amaury, Lívio, Manoel Severo, Sousa Neto e Alcino Costa


Professor Pereira, Manoel Severo, e Alcindo Alves Costa


Antonio Vilela, Alcindo Alves Costa e Rubinho Lima


José Cícero, Alcindo e Bosco André


Jack,...Alcindo...
Esclarecimento:
Os demais cangaceirólogos não foram inseridos nesta página, por eu não ter encontrado suas fotos com Alcindo Alves da Costa, e alguns foram repetidos, devido ter que colocar outros que ainda não haviam sido inseridos. Muitos que não participaram desta página, não foi por omissão, pois eu muito gostaria de ter colocado todos que participam do “Tema Cangaço”.
Uma corrente de oração em prol da saúde do escritor
Alcindo Alves da Costa

Maria na terra de Gabriela

O confrade Pawlo Cidade convida

Clique para ampliar
Quando você se embrenha pela caatinga...


Minha mãe dizia que o pai do meu pai tinha sido cangaceiro. Não sei se ela dizia para meter medo em mim e em meus irmãos ou se era mesmo verdade. O certo é que eu fiquei com aquilo na cabeça e a história do cangaço e seus homens me perseguiram. Esta admiração pelas histórias de Virgulino e seus cabras me fizeram criar um projeto que nasceu em 1994, quando montei "Lampião", de Raquel de Queiroz; em seguida, em 2002, concebi e dirigi "Arapuca - tragédia sertaneja", também sobre o cangaço. E por fim, em 2008, estreiamos "Cangaço", que narra a trajetória dos últimos dias de Lampião até a fatídica manhã de 28 de julho de 1938.

Ficamos dois anos em cartaz com "Cangaço", ganhamos três prêmios e fizemos mais de trinta apresentações. Quando pensei que já havia encerrado o ciclo sobre Lampião, eis que escrevo "A Casa de Santinha", texto que narra a vida de Maria Bonita até o dia em que ela foi embora com Lampião. Não sei se montarei algum dia. Talvez, quem sabe.

O fato é que quando você se embrenha pela caatinga, bebe na caneca, arranca os espinhos da pantorrilha e sente o sol escaldante arder o lombo, dificilmente esquece a história deste movimento.
- É, Santinha, quem sabe um dia a gente se encontre atrás da ribalta.
Pescado no sitio de cumpadi Pawlo: Espetáculo Cangaço

Repescado no blog: Lampião Aceso

Erivam Félix em Palestra no NEC - Por: Rosa Bezerra


PREZADOS CANGACEIRÓLOGOS,

Lembramos a todos os interessados que dia 27.03, terça-feira próxima, estaremos promovendo a palestra com o sociólogo Erivam Félix, discutindo
 seu recém-lançado livro
" CORONELISMO E CANGAÇO NO IMAGINÁRIO SOCIAL".


Endereço: Rua de Santana, 202, Casa Forte.
Recife-Pernambuco
Informações no horário comercial : UBE-PE 34417488.

A palestra é gratuita, acessível a todos os nivéis.

Contamos com a presença de todos.

COORDENADORA DO NEC  - NÚCLEO DE ESTUDOS DO CANGAÇO.
Rosa Bezerra
Extraído do blog: Cariri Cangaço

QUEM COSTURA MELHOR, o rei Lampião ou Maria Bonita?

Por: José Mendes Pereira
: ICCA e Sociedade do cangaço - Foto B. Abrahão / Inédito: uma das poucas  fotos que registraram Lampião costurando em uma de suas máquinas Singer, em 1936

Nesta foto o rei Lampião está costurando numa máquina de marca singer,  e faz pose diante da filmadora de Benjamim Abraão, possivelmente no ano de 1936, nas caatingas do nordeste brasileiro.


Esta, a sua rainha Maria Bonita também posa  costurando numa máquina singer, diante da  filmadora do libanês Benjamim Abraão, e o seu amado rei está ao seu lado, com um objeto na mão. Possivelmente esta foto foi feita no ano de 1936.

É possível que nenhuma destas máquinas não foi a que costurou a roupa de José, sobrinho de Lampião, pois o escritor


Paulo Medeiros Gastão diz em seu artigo "Angico", cujo a seguir, ele discorda, que afirmaram, que quando Lampião foi assassinado, o seu sobrinho José havia entrado no bando antes, lá na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, e foi adquirido uma máquina para que fosse feita as suas vestes para seguir o bando nas caatingas. 

Observação:
As fotos foram adquiridas nos acervos dos escritores e pesquisadores do cangaço: João de Sousa Lima e Ivanildo Alves da Silveira.

Ângelo Osmiro, João de Sousa Lima e Ivanildo Alves da Silveira

Se você gosta de música,  visite este blog:

Cantinho da Música


Mas se não gostar, não vá mais lá, fique no blog do Mendes..., que tem muitas novidades sobre o cangaço do nordeste brasileiro.

FOTO INÉDITA DE MARIA BONITA COSTURANDO

Por: Dr. Ivanildo Alves Silveira

MARIA BONITA, UMA BREVE BIOGRAFIA - Fonte: ABA FILME


Maria Gomes de Oliveira nasceu em janeiro de 1910 (dado novo que virá relatado na segunda edição do livro "Lampião em Paulo Afonso", e que será lançado em dezembro de 2011), na fazenda Malhada da Caiçara, distrito de Santo Antonio da Glória do Curral dos Bois. Desde 28 de julho de 1958, quando Paulo Afonso foi emancipado de Glória, o povoado Malhada da Caiçara ficou nas terras pertencentes a Paulo Afonso.

Maria Bonita foi a segunda filha do casal José Gomes de Oliveira, conhecido como Zé Felipe e Maria Joaquina Conceição Oliveira, apelidada de dona Déa.
Ela teve onze irmãos: Benedita Gomes Oliveira, Joana Gomes de Oliveira (Nanzinha), Amália Gomes de Oliveira (Dondon), Francisca Gomes de Oliveira (Chiquinha), Antonia Gomes de Oliveira, Olindina Gomes de Oliveira (Dorzina), Ozéas Gomes de Oliveira, José Gomes de Oliveira, Arlindo Gomes de Oliveira, Ananias Gomes de Oliveira e Izaías Gomes de Oliveira.

Foi casada com o primo José Miguel da Silva, conhecido por Zé de Nenê, sapateiro.

Entrou para o cangaço no finalzinho de 29, sendo a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros.

Morreu no dia 28 de julho de 1938, junto com Lampião e mais nove cangaceiros, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.

* Acima uma foto inédita de Maria costurando em uma máquina manual.
** Fonte:
http://www.joaodesousalima.com/.

ABRAÇO A TODOS
IVANILDO SILVEIRA
Colecionador

Artista relembra a trajetória de Onésimo Maia

Por: Adriana Morais

De repente, as coisas simples do cotidiano se transformavam em versos na viola do repentista Onésimo Pereira da Costa, popularmente conhecido como Onésimo Maia. A agilidade e perspicácia na arte da improvisação sempre foram características marcantes do artista popular que, se vivo fosse, hoje estaria completando 61 anos.
"Onésimo Maia era um repentista como poucos", define o seu companheiro de palco Aldaci de França. O que levava o poeta popular a se sobressair dos demais era a rapidez com que ele construía uma estrofe, segundo França. "Enquanto a gente (repentistas) faz uma estrofe em 11 segundos, ele conseguia fazê-la em seis ou sete segundos", conta.
A rapidez ao pronunciar suas rimas e o pleno domínio da contação acompanharam Onésimo Maia ao longo de seus 30 anos de carreira. Por décadas, o repentista expôs sua arte para plateias em cidades de todo o país. Como violeiro, participou de vários festivais de repentistas do Nordeste e ainda levou o nome do interior potiguar a Portugal, onde dividiu o palco com os artistas Antônio Lisboa e Elino Julião.
Ao lado de Aldaci de França, participou do projeto Repente na Escola. Iniciativa desenvolvida até hoje em parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), completando 17 anos de existência. O projeto, aprovado pela Lei Vingt-un Rosado, leva cultura e aprendizado a estudantes de escolas das redes municipal e estadual de ensino.
Para Aldaci de França, que tocou em frente o projeto idealizado pela dupla, a perda de Onésimo Maia foi um grande desfalque na atividade. "Ele sempre foi o repentista de destaque na ação", enfatiza França, ressaltando que aprendeu muito na parceria com o artista.
Além do projeto, a dupla de repentistas fazia apresentações por diferentes cidades do Estado. Em suas andanças pelos palcos da vida, os versos ágeis regados a uma boa dose de humor de Onésimo Maia eram o destaque das apresentações.
Em uma das lembranças ainda viva na memória de suas apresentações ao lado do repentista, Aldaci de França relembra de uma apresentação na década de 1980, época de campanha política de Aluísio Alves.
Na ocasião, segundo Aldaci de França, durante a apresentação, Aluísio fez uma colaboração em dinheiro para os repentistas e imediatamente Onésimo Maia fez os versos em agradecimento. "Dr. Aluízio Alves agora compareceu/vou conferir o meu bolso para ver quanto ele me deu/que Aluísio é muito vivo pode ter levado o meu".
Conforme Aldacir de França, o humor sempre esteve presente nos versos de Onésimo Maia, até mesmo nas situações mais delicadas. Ele conta que uma vez a dupla foi se apresentar em um local, cujo o contratante momentos antes da apresentação não queria efetuar o pagamento. Depois de muita conversa, o problema foi resolvido e eles se apresentaram.
Após os repentes, o dono da festa, que aprovou a dupla, pediu para os artistas fazerem um verso sobre ele. Foi então, que Onésimo soltou: "Quando eu voltar aqui/ seu menino tem crescido/sua filha tem casado/ já tem deixado o marido/ sua mulher já tá com outro/ e o senhor já tem morrido.
O estilo singular e descontraído dos versos de Onésimo Maia ficarão para sempre na memória de quem acompanhou a trajetória deste artista popular. A carreira cultural foi interrompida devido a problemas de saúde e em 26 de fevereiro de 2001 chegou ao fim, com a morte do repentista. Como fruto do seu trabalho, Onésimo Maia deixou um CD, intitulado "Terras Potiguares", além de cordéis publicados e um legado de quem viveu o dom de cantar e encantar o público até seus últimos dias.
Fontes:

Poetas do repente

Subsídio para a história de Mossoró - 22 de Março de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em abril de 1867 aponta ao sítio das Areias Brancas, barra do rio Mossoró, a barca inglesa Calderbank, consignada à Casa Graf, de Johan Ulrich Graf, da Vila de Mossoró. E o Pirapama, da Companhia Pernambucana, inicia a rota quase regular. É o início do desenvolvimento comercial da povoação, vila e cidade de Areia Branca.
Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte:

MANIFESTO DA NOITE (CRÔNICA)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

MANIFESTO DA NOITE
Em razão dos últimos ataques infundados, com manifestações injuriosas, caluniosas e difamatórias, que a inocente noite vem recebendo do dia, nós, noctívagos, amantes do clarão da lua e das ruas com serenatas, dos negrumes misteriosos e das coisas escondidas que a escuridão permite, nos sentimos no dever de externar nosso incondicional apoio.
Por isso mesmo é que nós, munidos de incomparável espírito de liberdade noturna, compartilhando dessa necessidade intimista, exclusiva e misteriosa que a noite possui para existir, é que elaboramos o manifesto a seguir, que muito mais que uma carta de princípios, se constitui num estridente uivo de lobo clamando pela sua liberdade de ser em cima de sua montanha escura. E assim:
Que o dia seja o seu tempo, viva suas horas, seja o seu itinerário, seja o seu dia enfim, e deixe que a noite surja e aconteça como sempre fez desde o primeiro dia da Criação: o período noturno que se estende após o pôr do sol, adentra a madrugada e vai até os portais do alvorecer.
Que o dia viva o seu dia a dia e a noite o seu anoitecer, apenas isso. A noite silenciosa e quieta, agindo somente pela questionada lucidez dos seres que a habitam, jamais se intrometeu na vida do dia e sequer abriu sua boca, na boca da noite, para falar daquilo que todo mundo tão claramente vê e sente.
A noite bem poderia falar da violência do dia, das pessoas que fogem apressadas aos olhos de tantos inimigos em todo lugar; das horas que vão passando sem ninguém se reconhecer; do clarão do sol que torna as pessoas malcheirosas, nervosas e doentias. E durante todo o dia desejam que o tempo passe mais depressa para logo chegar a noite e deitar nos seus braços.
Talvez seja isso com que faz com que o dia tenha tanto ódio da noite, crie tanta inimizade a ponto de agora querer desonrá-la totalmente. Se o dia é estafante e a escuridão é amante, a noite não tem nada a ver com isso; se o dia comporta poucos segredos e tudo é revelado demais, a noite não tem culpa por acolher os escondidos; se o dia não tem compromisso com ninguém nem com nada, certamente que a noite não tem culpa de docemente envolver a todos.
E vem o dia cheio de arrogância e aleivosias dizendo que a noite é imoral, pecaminosa, luxuriosa. Na mais pura maldade, afirma ainda que a noite esconde todo o mal, que tudo de ruim acontece nas suas brenhas, que nenhuma confiança se deve ter em ninguém após o tempo escurecer.
Covardemente ainda diz que a noite, diferente de si que é dia, não tem a coragem de mostrar completamente a face para os outros, se esconde no seu breu, age nos escondidos e sempre em nome da volúpia inocente e do pecado corporal. Aponta que a noite é culpada pelos adultérios, pelas traições sexuais, pelas impurezas da alma, pela devassidão, que sob o seu manto estão Sodoma e Gomorra ainda em atividade.
Engana-se, ou tenta enganar os incautos, o dia com tantas e levianas acusações. Ora, a noite apenas chega, abre suas portas e dá plena liberdade aos seus. E sim as pessoas fogem do dia para se revelar somente na escuridão, então é porque as sua cor misteriosa e instigante chama para a ação. E se a ação é em busca do encontro, do prazer, da diversão, do namoro e até da luxúria, eis um fato que somente cada um pode revelar tal aptidão.
Se as pessoas gostam da noite, amam a noite, procuram viver em intensamente todos os momentos da noite, certamente que esse período de tempo não é tão desprezível assim como o dia quer deixar transparecer. Porque sabe de sua incapacidade, não cita que é na noite que o amor se faz mais forte e verdadeiro, que os corpos se conquistam, que os suores e gemidos se manifestam como prazer. Ora, os filhos são filhos da noite.
Ademais, que saiba o dia, coisas existem que somente a noite é capaz de oferecer. O sono e o sonho verdadeiros, as lembranças e as recordações volumosas, a embriaguez apaixonada, a doce música que chega com pouca luz. No seu silêncio ou no uivo cortante do lobo, nos seus olhos escondidos ou no seu passo devagar, a noite sempre será o grito de tudo que todo mundo quer dar.
Na noite há uma rua e uma lua, uma esquina adiante, um caminho que ninguém sabe ao certo onde vai chegar. Por mais que seja perigoso seguir, ainda assim ninguém desiste de experimentar esse atraente desconhecido que somente a noite permite. E depois dorme em paz, mas não para viver o dia seguinte. O que mais se deseja é que o sino da igreja anuncie que já passou das

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com   

Voz (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

Voz


Ouço
no meu jeito
de ouvir
grito de alegria
na chuva ao cair
um choro aberto
no lenço ao partir
lamento de dor
no sol a ferir

e ouço
no olho do bicho
um berro rasgado
na criança faminta
barulho malvado
na moringa vazia
o barro quebrado
em todo silêncio
um dizer afetado

e ouço ainda
você me dizendo
sem abrir a boca
no canto sofrendo
para não partir
pois está sofrendo
e ficar sozinha
fica tudo morrendo
e diz que me ama
no abraço correndo.

agora ouça
o meu silêncio
e venha calar
minha voz
com seu murmúrio
e será grito
a voz do amor
em nós...


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com