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quinta-feira, 26 de março de 2020

O RASO DA CATARINA E A PERSEGUIÇÃO A LAMPIÃO

Por Beto Rueda

Era o mês de novembro de 1932, as tropas baiana e pernambucana surpreenderam Lampião na Caverna do Chico, no Raso da Catarina(ecorregião localizada na parte centro-leste do bioma caatinga, no Estado da Bahia).

Firmou-se um convênio entre os interventores da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco no sentido de prender o chefe cangaceiro. O chefe da polícia baiana instituiu um prêmio de 10 contos de réis pela captura, vivo ou morto.

A polícia seveciava os coiteiros para obter confissões. Os tenentes do exército Ladislau, Liberato, Manuel Arruda, Filadelfo Neves, Campos de Menezes, Luis Mariano e Osório Cordeiro comandavam as tropas. Partiram de Jeremoabo.

Atravessar aquela imensa região inóspita era um feito extraordinário. Nos lajedos a água era invisível, o ar sufocante.

Cangaceiros e soldados convergiram para um combate, isolados e sedentos.

Resistir, ficar exposto ao calor abrasador, acima de 40 graus, ao sol forte, com sede e desespero, era necessário ser um forte. A vida para todos naquele momento parecia odiosa.

Lampião olhou em torno da paisagem rala, avistando apenas garranchos cinzentos, na terra esturricada. Não existia casa, nem água, muita tristeza. Fez-se uma trégua.

As volante retornaram na perseguição com a certeza do êxito.

Os cangaceiros fugiram e deixaram os seus pertences na caverna. Os soldados recolheram armas, munição, jogos, alpercatas, chapéus enfeitados, perfumes, moedas e o livro História de Christo, de Papini. O livro foi oferecido pelo comerciante Jackson Alves Carvalho em 29.11.1929 - Capela, Sergipe. Maria do Capitão saiu ferida.

Lampião foi para Itapicuru e quase matou o coiteiro, Dr. João da Costa Pinto Dantas, filho do Barão de Jeremoabo, que fugiu para Salvador. Lampião atribuía-lhe a denúncia.

Em itapicuru assaltou armazéns e seguiu para Massaracá, onde uma força de contratados, sob o comando do sargento José Joaquim de Miranda, apelidado de Bigode de Ouro, o esperava para um ataque. Lampião matou Bigode de Ouro e dividiu o bando em três grupos.

Vivia Lampião mais uma situação limite de resistência física e arrojo nos confins do sertão.

REFERÊNCIAS:

OLIVEIRA, Aglae Lima de. Lampião, Cangaço e Nordeste. Rio de Janeiro: Editora O Cruzeiro, 1970.

CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1981.

Enviado pelo o autor.

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TU JA TEM EM SUA COLEÇÃO?



De Junior Almeida, Lampião, o Cangaço e outros fatos do Agreste Pernambucano

Por Roberto Almeida

Com poucos mais de 40 anos de idade, Júnior Almeida lançou seu primeiro livro, “A Volta do Rei do Cangaço”, uma ficção com um toque de Quentin Tarantino, pois mostra Virgulino vivo nos tempos atuais, como vítima de uma espécie de maldição que o torna imortal e não o deixa envelhecer.

“Tarantino mudou a história matando Hitler num atentado, por que não posso ressuscitar Lampião? ”, explicou Júnior, ao comentar o romance, que teve boa acolhida na região e em outras partes do país, principalmente pelos intelectuais apaixonados pelo inesgotável tema do cangaço. Agora, o escritor volta ao tema, mas desta vez deixa de lado a ficção e nos apresenta um trabalho de uma minuciosa pesquisa de campo, livros, jornais antigos e documentários, mostrando como o cangaço esteve presente em algumas cidades do Agreste Meridional, na primeira metade do Século XX.


O livro registra as ligações de coiteiros, volantes e cangaceiros com o Agreste Meridional, nas cidades de Águas Belas, Garanhuns, Angelim, Capoeiras, São Bento do Una, Caetés, Canhotinho e Paranatama, e a passagem de Lampião e outros bandoleiros por algumas delas. Na sua pesquisa, Júnior descobriu fatos relacionados com os “fora da lei do Sertão”, nunca antes revelados e o que são agora, neste livro que representa uma contribuição para a História do Cangaço, do Agreste, de Pernambuco e do Brasil.

Um dos personagens que chama a atenção, no trabalho, é José Caetano, um dos maiores nomes no combate ao cangaço, militar que lutou contra as forças de Antônio Silvino, Sinhô Pereira e Lampião. O destemido volante morou em várias cidades de Pernambuco e terminou a vida em Angelim, a pouco mais de 20 km de Garanhuns, onde está sepultado. Dona Branca, de Paranatama, que viveu até os 103 anos de idade, foi entrevistada mais de uma vez pelo autor do livro e passou informações bem interessantes da passagem de Lampião por Paranatama, alguns anos antes do bandido ser assassinado pelas forças volantes, em 1938.

Capitão Virgulino Ferreira passou uma das maiores humilhações de sua vida no ataque a Paranatama, que à época se chamava Serrinha: sua companheira, Maria Bonita, levou um tiro na bunda e os cangaceiros tiveram de fugir pressas, levando a mulher nos braços. Lampião saiu cheio de ódio a Serrinha e prometeu voltar um dia para incendiar a vila e matar todo mundo que morava no lugar. Tudo isso e muito mais, num estilo seco, objetivo, você vai encontrar em “Lampião, o Cangaço e Outros Fatos no Agreste Pernambucano”. Vale a pena a leitura pelas informações inéditas, por esse novo olhar no fenômeno do cangaço e pela identificação do autor com a realidade de uma parte do Agreste de Pernambuco.

Júnior se interessou por História e está fazendo História, com seus livros que falam de bandoleiros conhecidos, que retratam a luta das forças do governo contra os pistoleiros da primeira metade do século passado, com violências praticadas pelos dois lados e o povo pobre sofrendo, vítima dos cangaceiros, dos coronéis do Agreste e Sertão, do próprio Governo, que ontem, como hoje, tende a servir aos poderosos.
O livro tem 319 pág. Valor: R$ 45,00 com frete incluso. Como adquirir? 
Entre em contato com o autor pelo whatsapp (87) 99824-4582 ou pelo email euclidesalmeidaa@hotmail.com


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A DANAÇÃO EM NAZARÉ DO PICO

Nazaré do Pico em 1967

O casamento de Licor (prima de Lampião)

Transcrição da Obra do Padre Fredercio Bezerra Maciel por Raul Meneleu.

No arruado de Nazaré nos idos de 1923, era o cochicho entre os moradores, esse casamento e a vinda de Lampião para assistir esse evento. Contava Nazaré com uma capela, vinte e sete edificações (casas, casebres e quartos) alinhadas em uma única rua, sendo doze do lado do riacho Ipueiras, dez no riacho Carqueja e cinco ao sul, de frente para a capela. Era assunto palpitante e preocupante.


Como em todo lugar que junte gente, tinha ali naquela pequena povoação o ponto certo pra se ouvir as "urtimas" e esse é claro, era a barbearia de Manuel Flor que segundo o Padre Frederico, era o local onde "aviciados em conversas de toda versidade" reuniam-se para "sortar as premeras do dia".

- "Tem muita volante esgravetando esse sertão brabo na persiga de Lampião!"

E citavam seus comandantes, homens de têmpera de aço, a perseguir o famoso cangaceiro e seu bando.

- "Mas Lampião diz que gosta que persigam ele e açula pra briga de vera. O cabra é da peste!"

- "Nunca mais fartou volante aqui. É uma atrás da outra."

- "Inté se espera uma no casamento de Licô."

- E Lampião num vem mermo pru casamento da prima!"

- "Danega! Já tou vendo: vai ser bala quiném os trinta!"

Rapazes e meninotes não davam palpite. Apenas ouviam, aperuando.

Depois do banho de cuia no fim das lidas do dia, cheirando a folha de mato novo, ao mesmo tempo mesmo tempo que preparavam a ceia de coalhada adoçada com rapadura raspada, pão de milho e café, três cabrochas bisbilhoteiras tagarelavam:

— "Visse o vestido de Licô como está dolero?
— "Os apreparo da festa são grande mesmo!"
— "Pie só: sabe quem vem pra festa?
— "Lampião!"
— "Ele e os menino. Tem cada um da pontinha!..."
— "Eu acho Juriti e Antônio Rosa os mais bonito".
— "Dextá, o mais bonito é Lampião!"
— "Ah! isso é", — confirmaram as outras duas a uma só voz.
— "Açoita os mais todos!"
 
O noivo Enoque e Maria Licor - Acervo Lampião Aceso


Sá Leopoldina, cabocla escura e franzina, a cabeça enrolada com um regô, dona do único hotel local, resumido a uma latada, coberta de mato, em frente do chalezinho de taipa onde vivia. Servindo almoço a dois fregueses de passagem para o vilarejo de Santa Maria, comentava se rindo toda:

— "Lampião tem o coração muito bom para as fraqueza dos pobre. Inté ajuda com dinheiro e de-comer. Toda a vez que aparece pruraqui, compra muito pano nas loja de seu Zé Tiburtino, de seu Quinca e de seu Gominho e dá a pobreza. As irmãs de Mané Neto recebero bastante vestido".

Enquanto eram fritados os mandins que pescara num poço do riacho Ipueiras e aguardava os aficionados do jogo de que era aviciado, Raimundo do Pico, sentado num tamborete na calçada de sua casa e muito ancho na sua sanfona de oito baixos, tocava "Mulher Rendeira", dizendo para os passantes: — "Gosto dela! Foi Lampião que fez os verso e a musga se alembrando de sua avó, a Tia Jacosa, que criou ele e era rendeira. ."
O casamento de Licor foi o momento culminante do rompimento definitivo, que aos poucos vinha se processando, em desde 1919, através de tranças e atritos frequentes, entre os Ferreiras e nazarenos.

Maria Licor Ferreira de Lima, simplesmente Licor, era prima legítima de Lampião, cujas mães eram irmãs. Sabedor de seu casamento, chegou Lampião no dia marcado para sua realização, a 31 de julho de 1923. Ao sol ardente e faiscante do meio dia, penetraram, inesperadamente, na povoação, dezesseis cangaceiros na ativa, sob o comando de seu garboso e elegante chefe, Lampião.

Além de seus irmãos Antônio e Livino, tinha Meia Noite, Juriti I e seu irmão Batista, Manuel Tubiba, Chá Preto, o corneteiro Firmo, Caixa de Fósforo, Piloto... Antes, arredadas duas léguas para trás, deixara estrategicamente Lampião, perto da serra do Pico, na fazenda Enforcado, de seu amigo Pedro de Engrácia, um grupo tático de reserva: oito cangaceiros sob o mando de um cabra macho, Antônio Rosa.

Entre as armas, portavam os cangaceiros rifles papo amarelo e cruzeta, exceção de Lampião e de Chá Preto que conduziam mosquetões. Traziam, também, alguns chicotes de fio cortado da linha telegráfica.

 O primo famoso em foto de 1922 - Foto de Genésio Gonçalves

Postadas sentinelas em cada esquina da rua, espalharam-se os demais pelas casas, indo logo beber truaca e zinebra "Gato" nas vendas de João Ferreira e Enoque de Sá Menezes. Surpreendida, assustou-se a população. De logo correram boatos: que Lampião tinha vindo para ajustar contas... tirar forra de questões passadas... aquelas Peias eram para dar pisas...

O povo todo sabia que não era coisa do gosto de Lampião aquele casamento de sua prima com Enoque, um sujeito calabar, suspeito de informante à polícia dos movimentos do seu grupo. O destacamento policial local, de seis praças sob o comando do cabo João Cabecinha, cujo quartel era a casa-da-rua cedida por seu dono, Gomes, havia sido retirado pelo delegado de Floresta.

Certo de mesmo, a propalada vinda de forças volantes para aqueles dias.

Cerca das duas da tarde. Pela estrada, vindo de Vila Bela, chegara, com seis horas de viagem, o vigário da freguezia, Padre José Kehrle, ou somente Padre José, mais por simplificação do falar do que pela dificuldade da pronúncia do sobrenome alemão.

Montava a cavalo, guarda-pó branco revestindo-lhe a batina preta e grande chapéu de palha na cabeça e ensombrando-lhe o rosto vermelhão, onde pespegadas as duas bolas azuis de seus olhos buliçosos e vivos.

Lampião tocando na sanfona de Raimundo do Pico, debaixo da latada da feira no meio da rua. Os cabras por todos os lados. Com a chegada de seu vigário, os cangaceiros, nos seus alegramentos, soltaram foguetes, salvando seu estimado amigo e conselheiro. Com os papocos, o animal espantou-se muito, quase Derrubando o reverendo cavaleiro no chão.

Um dos cabras, porém, dominou a montada, segurando fortemente as rédeas abaixo da brida. Os outros se aproximaram, e pedindo a bença beijavam a mão do padre, que os abençoava e retribuía os cumprimentos, satisfeito e agradecido.

Costumava o bom vigário, nas desobrigas mensais em Nazaré, hospedar-se na casa de Antônio Gomes Jurubeba, ou simplesmente Gomes. Mas, este, logo da chegada dos cangaceiros, fugiu para sua fazenda, deixando a casa trancada. Ficou assim desarvorado o vigário, no meio da rua, por um momento sem a ter para onde ir. Não teve dúvidas João Ferreira, acolhendo-o, imediatamente e de muito gosto, em sua residência. atitude insólita de Gomes, taxada de "ignorância", porque não tirava as coisas por menos, e censurada até por amigos e parentes como "afrontosa" ao padre, acirrou ainda mais os ânimos desconfiados, arredios, prevenidos e recalcados de toda 'aquela gente. Aceso assim o estopim de uma explosão preparada e prestes a rebentar em consequências irreversíveis.

Confiado no apoio e no respeito que o vigário imprimia com sua presença na terra, Alfredo Ferreira de Lima, irmão da noiva, sentindo o ambiente tenso reinante, fora ter com Lampião, fazendo-lhe ver que não ficava bem, num dia de festa como aquele, a sua vinda com o bando assim solto, acintosamente armado, e, às bicadas em desde que chegaram.

Meio agastado, Lampião olhou-o a fito com olhar desafiador e o dedo nas fuças do primo:

— "Deixe de bestage! Eu sóstou você acolhendo bandido de gravata, bandido encapado..." Referia-se a certas autoridades que faziam muito pior do que os cangaceiros.

E, ainda puando: — "Nós também somos gente, podemos participar da festa". Nesse momento oportuno apareceu um homem de muito preceito e respeitado, Cândido Ferreira que, auxiliado pelo Padre José, pôs termo àquela discussão e convidou Lampião a ir à sua casa.

Na residência de Cândido começou Lampião a puxar o fole. Os cabras dançando com as moças... muita alegria... Cândido, de sobrosso, reclamou essa dança a modo de não se comprometer depois com as autoridades embuanceiras. Lampião, compreensivo e sem dizer nada, guardou a sanfona. Porém, seu irmão Livino, enticado com a atitude do tio estragando aquela gostosa e singela brincadeira, ficou com a goitana e disgranido ameaçou: — "Pois aqui ninguém dança mais, senão tudo se acabal..." Deu de mão de sua mausa e levantando-a para o alto, sortiu a sala com gritos repetidos: "... se acaba Nazaré!" E mais: — "Não tou esquecido da cicatriz no ombro! Quero todos os rifles de todo mundo agora, aqui, senão boto fogo nas propriedades".

Foi um tendéu danado... Padre José conseguiu a custo amoitar o ânimo exaltado dele, sob promessa de que não haveria dança. E aproveitou o ensejo para mandar os noivos se aprontarem logo.

Esperava Livino pelo tocador, Luís, de Andréza, gente de Zé Saturnino, contratado para a festa dos noivos. — "Quero dar uma pisa nele e rasgar a harmônica". Mas o tocador, sabendo em caminho, da presença de Lampião, no casamento, deixara-se, escabreado, ficar na fazenda Zé Dias, de Chico Flor, onde estava homiziado Luís Soriano, e dali mesmo se esgueirou, sumindo-se, que não era besta, não.

O cortejo

Às quatro horas da tarde, saiu o préstito nupcial para a igrejola, com muitos convidados fazendo par, braço dado, exibindo-a lordeza matuta e ladeados de alguns cangaceiros, respeitosos, chapéus na mão.

Nessa ocasião apareceu Davi Jurubeba com estranha idéia, que depois se deu o nome, mais estranho ainda, de "conspiração". Vendo os nazarenos perdidos, Davi teve a idéia de convidar Manuel e Euclides Flor para escolherem tantos nazarenos quantos dessem para cada um se encarregar de matar um cangaceiro. Os cangaceiros não estavam juntos, mas espalhados pelas casas de Cândido Ferreira, D. Joaninha Ferreira, João Ferreira, Anízia da Ipueira... o que facilitaria o "serviço". Essa "opinião de doído" teve imediata repulsa de João Flor: — ".É, vocês faz isto e eu vou morrer?» Significando que não dava certo e temia por sua sorte.

 Davi Jurubeba em 1978 - Acervo Lampião Aceso


A noiva, como sempre, objeto máximo das atenções. Vestida de branco vuale suíço, comprido véu descendo da grinalda — um primor de capela com arranjos de flores de laranjeira de seda branca e botões de goma —, enfim toda linda, distribuindo sorrisos, uma graça de brejeirice... Na passagem do acompanhamento por frente da casa de Cândido, os que estavam sentados em cadeiras na calçada se levantaram, mas Antônio Ferreira ostensivamente virou as costas. Além de não simpatizar com o noivo, suspeito de falso e denunciante, curtia ele paixão arrecolhida, de penar e de tristeza, pela noiva, com quem, outrora, antes do cangaço, apiançava casar-se.

Após o casamento, a fim de desanuviar o ambiente, combinaram os parentes da noiva botar mesa, na casa dela própria, onde os cangaceiros, de apetite aceso, se serviriam juntamente com o Padre José. Durante a janta, tendo Lampião sentado a seu lado, o Padre José, que lhe tinha amizade e muito o admirava, persistente aconselhava: — "Deixe essa vida. Você não é para estar nesse bando. Você .não é ovelha negra, desgarrada..." — "Num tem jeito, não — respondia Lampião. Num quiseram assim? Mataram meus pais. Desmantelaram minha família e negócios. Querem me matar também. Vou até o fim... Ë o meu destino!"

A contrafesta

Terminada a janta, que foi lauta e de tudo o que o prato sertanejo dispõe, aos insistentes pedidos de seus tios Cândido e João, e de sua tia D. Joaninha, foi Lampião, com os seus, fazer arranchação na fazenda do velho preto Antônio do Campo Alegre, obra de menos de quinhentas braças do povoado, do outro lado do Ipueiras.

O bando passou a noite na casa de Sebastião Eusébio onde Livino, ferido, se refugiara, em 1919. À luz amarelenta e vacilante de cuviteiros fumacentos, uns Jogando bozó, outros dançando com cabrochas vindas da rua, outros versejando cantigas no improviso, a sanfona sempre roncando...

Aproveitando a ida de Lampião com seu grupo para Campo Alegre, saíram os nazarenos, nas caladas da noite, para se armarem. Entre eles, Davi Jurubeba, Manuel e Euclides Flor, Gomes Jurubeba, Manuel e Pedro Gomes... aos quais se juntaram Mais outros, ao amanhecer, num total de quinze. Intencionavam cedinho ocupar a 'dia e esperar pelos cangaceiros, mas acharam que eles, os nazarenos, eram "poucos".

Aos acordes animantes da "Mulher Rendeira", foi repisada com ovações a quadra sarcástica:
 "Os cabras de Nazaré
        Chorava que faz horror
             Com pena das muié
                 Que Lampião carregou".

O vilarejo, porém, afogado dentro duma noite desalegrada e de cruviana... Nenhum pé de pessoa na rua. Apenas o grugunhado de gente na casa da noiva, sob a luz dos pavios espevitados das placas.

O Carreiro de Santiago luminando lá na escurideza do infinito...
Cantos de galos tristes rasgando pela madrugada o silêncio da natureza...
No oco de um pau seco, caburés, frientos e arrepiados, piando, agoirentos... De vez em vez, e isto até o quebrar da barra, em revezo contínuo, chegava a Nazaré um cangaceiro.
Encontrando-se com dois deles, perguntou Cândido:

— "Que é que vocês estão fazendo aqui?"
— "A gente — repostou um deles — está jogando lá, e passa uma pessoa e diz: — "Vamos pra rua?" e a gente vai..." Mentira, a modo de ocultar que estavam boscando, inteirando se havia dança.

A Missa

Quando foi o rasgar do dia seguinte, 1° de agosto, chegaram mais dois cangaceiros na rua e foram logo se justificando diante de Cândido, atento a seus movimentos:

— "Passemos a noite inteira sonhando uma voz que mandava a gente ir pra Missa. A gente, também, é cristão, ninguém é cão, não".

A pouco e pouco os outros foram chegando até se completarem os dezesseis.

Da calçada da capela, adonde desarriaram o equipamento, ensarilhando as armas, em cujo entrançamento das bocas se dependuravam as cartucheiras, deitados no chão os bornais refertos e cobertos pelos chapéus de couro, os dezesseis assistiam, com toda a fé e respeito, à Missa, que foi cedo, às 7,00; porque seu vigário estava vexado, tinha de ir logo simbora. A pequena igreja estava dura de gente atochada. Gente do arruado e de toda a redondeza. O canto do Oficio da Imaculada Conceição se arrastava, dominantemente por vozes femininas, quiném querendo não chegar ao fim, numa latomia dolente característica da sofrida alma sertaneja:
— "Dai pressa Senhora
           Em favor do mundo,
                Pois vos reconhece
                     Como defensora".

Para sua breve prática, o padre tomou por tema o profeta Jeremias (17,8): — "O coração do homem é dissimulado e perverso". Depois da Missa, os cangaceiros retomaram o equipamento. maioria saiu para fazer restos de compras. — "Tudo correu bem, na santa paz, graças a Deus!" — dizia o vigário, a satisfação sublinhada nas faces cheias com um sorriso.

O segundo fogo

Lampião, com alguns, apenas aguardava, antes de partir, que o padre terminasse uns batizados a fim de se despedir e receber a bença dele. Nesse quando, coincidiu ser Lampião informado pelas sentinelas e ouvir, ao mesmo tempo, de alguém se aproximando:

— "Vigie! Que cumandita de gente, lá longe, na estrada! Será que vêm pra feira?"

Lampião, de detrás da casa de João Ferreira, mão em pala sobre a testa, buscando acomodar a vista, exclamou alteando as sobrancelhas.
— "É macaco!"

A disgraceira estava feita!

Nunca houve tanta gritaiage e correria do povo, que se esbandaiava por todos os lados, doidamente... Lampião, agindo com rapidez e eficiência, sempre se revelando autêntico comandante inteligente e seguro, imprimindo assim confiança aos seus, imediatamente apitou chamando seu pessoal.

Antônio Ferreira, com outros, estava na barbearia cortando o cabelo e fazendo a barba. Ajuntou, em menos de um sufragante, os homens diante de Lampião, que, calmo e firme, tracejou, com técnica, o cinturão defensivo, estabelecendo os pontos de operação fora da rua e dentro das casas e muros, distribuindo os piquetes de defesa, instruindo para não se perder munição à toa, sem objetivo.

Depois, pegou de um cavalo pombo-seleiro, ali amarrado no pé da quixabeira plantada mesmo defronte da casa de João Ferreira e pertencente a um amigo, e enviou nele um positivo, que num átimo avoou o corpo em cima da sela, para ver Antônio Rosa, no Enforcado, com instrução de dar uma retaguarda, para o que deveria tomar o caminho do outro lado, descendo pela margem direita do riacho da Ema.

De suas posições de combate dentro dos muros das casas, os cangaceiros furavam buracos enviezados na parede, formando assim "torneiras", onde enfiavam o cano dos rifles para atirar.

Livino Ferreira, esse esconjurado do medo, entrincheirou-se na casa de D. Anízia, mesmo em cima do fogo! A volante de mais de trinta praças, sob o comando do sargento Bento Senhorzinho Alencar, vinda em diligência da zona de Pajeú, fora notada logo ao irromper, em fila indiana, a sudoeste.

Ao topar com o riacho Carqueja, parte da soldadesca foi logo se entrincheirando ao longo das ribanceiras barrentas; outra parte vadeiou o leito seco e arenoso do mesmo riacho tomando posição de ataque pelo lado sul, agachando-se por trás da amontoeira de pedra do pequeno serrote que mirava de soslaio; a entrada da rua.

O cabo Manuel Amaro, nutrido na peba* e no gosto de contar pabulagem, temeramente se achegou mais para frente dessa linha de ataque, amalocando-se atrás de uma grande pedra arredondada.

* Cachaça. A denominada "peba" ou "rinchona" é fabricada no sertão e nos agrestes por processo sintético: mistura de álcool, açúcar preto e água. O açúcar preto era o de torrão, de forma, de bangué, o chamado pão-de-açúcar. Em sua substituição. usava-se o açúcar sumeno, mascavo ou demerara, cristalizado e de cor amarelo-queimado. O preparo dessa cachaça se faz em tachos. É, portanto, urna aguardente ordinária, ou cachaça. Um de seus sinônimos: "lasca-peito". Na zona canavieira da "Mata" ou do "Sul", a aguardente é extraída da cana-de,' açúcar ou do mel de cabaú, melaço ou mel de furo (escorrido do açúcar preto por, um furo no depósito). destilada em alambique (raro o de barro). A primeira destilada chama-se aguardente "de cabeça" a média, aguardente "boa"; a terceira, restante, fraca de teor alcoólico, mais água que álcool, denomina-se "caxixi".

Por volta das nove horas, rompeu o tiroteio e prosseguiu, cerrado e violento, trancando o mundo... Bonito que fazia gosto a fuzilaria seca no estrondo dos mosquetões e os estampidos fofos dos rifles! Vez por outra parava. Parecia que tinha acabado. As mu-lheres, dentro de casa suspiravam de alívio. Mas, era só um arejo de momentos, nas mudanças dos combatentes para melhores posições. Em seguida, recomeçava intenso, danasco, em rajadas tatalantes, debaixo de palavrões e insultos, o sangue cada vez mais esquentando.



Partido do meio da rua, ouvia-se o toque guerreiro da "Mulher Rendeira". Era Lampião, nos intervalos em que dirigia a luta e atirava também, com sua sanfona animando os cabras. Os nazarenos, conluiados por João Flor, aproveitaram a oportunidade para se levantarem em armas contra Lampião. Lá para as dez horas, articularam-se com a polícia, entrincheirando-se por trás da cerca de pau-a-pique do cercado da fazenda Campo Alegre, do lado de cá do Ipueiras.


Eram uns quinze homens armados, entre os quais João Flor com seus filhos Euclides e Manuel, os dois irmãos João Domingos e Luís Soriano, Pedro Gomes que portava pistola máuser FN, dois rapazes de fora e Gomes Jurubeba com o pessoal que trouxera para isto de sua fazenda Jenipapo.

Davi Jurubeba, que viera de mãos abanando, armou-se com o fuzil de Zé Preto, o único "aspençada" da volante. Este, chega ia que ia, todo entusiasmado, se protegendo por trás de uma quixabeira.

Divulgando-o, Lampião avisou a Chá Preto que combatia de dentro da barbearia. Atirando de ponto, com seguridade, Chá Preto gritou: — "Lá vai macaco da gota!" Atingindo-o no braço e avoando-o contrafeito de dor, fora de combate. O cangaceiro largou desadorada risadona de mangação. A polícia e os paisanos estabeleceram verdadeiro bolsão ou semi-cerco ao tomarem posições no flanco sul e parte do Poente e em toda a linha do flanco nascente.

Na Igreja

Desde o início do tumulto provocado pelo alarme, o padre José mandou fechar imediatamente as portas da capela pelo sacristão, Zé Rufino, o qual em seguida escapuliu, fugindo montado num cavalo em osso, em disparada louca, numa toada só, até esbarrar, cinco léguas adiante, na fazenda São Miguel.

O padre amparou-se na parede entre as duas portas da entrada. E mandou as pessoas, que ficaram dentro, deitarem-se no chão da nave. Passou o vigário o tempo todo suando, nervoso e pálido, com o rosário na mão, rezando por suas ovelhas desavindas. Poucos balaços alcançaram as paredes externas da capela. Quase meio-dia. A luta, com bem quatro horas de duração, continuava indecisa.

Lampião falou com Cândido para abrir um buraco na parede da casa dele a modo de estabelecer uma passagem para a casa de D. Joaninha. Cândido discordou e, aperriado com a insistência do sobrinho, foi tirar o padre da capela, assim mesmo, debaixo de todo o tiroteio, e levá-lo para a casa de João Ferreira.

A retirada
Ali, na casa do irmão, com muito pedido e imploração, obteve Cândido, com a ajuda do padre, que o opinioso Lampião se decidisse retirar da localidade, principalmente em atenção a seu vigário, que não podia ficar prejudicado diante de compromissos inadiáveis em Vila Bela.

Antes, porém, de se afastar, gritou Lampião para os adversários:

— "Cambada de macaco! Covardes! Vou sair, não por covardia, mas atendendo ao pedido de meus dois grandes amigos, Padre José e tio Cândido Ferreira".

Enquanto, a um sinal seu — a pistola descarregada ininterruptamente — ia se reunindo o grupo em frente à casa de João Ferreira, coincidiu, de novo, as sentinelas lhe avisarem o irrompimento de outra força, que avançava pelo flanco norte, podendo dar ataque de retaguarda e fechar o grupo em perigosíssmo cerco.
Era uma volante de mais de trinta praças, sob o comando do sargento João Francisco, de alcunha João Fininho, vinda das bandas de Vila Bela e, como a primeira, a chamado do próprio Enoque, o noivo, em carta secreta ao então ao comandante da polícia, ten.-cel. João Nunes.

Lampião compreendendo as posições inimigas, agora envolventes, com superioridade numérica e bélica, e temendo o esgotarnento de sua munição, ordenou impetuosa esfuziada, modo de, atarantando o inimigo e aproveitando o fumaceiro, - a retirada ficar facilitada e garantida.

"Cumpadre, foi tanto papoco no oco do mundo que -nunca vi! — o panavueiro cobriu tudo! Maldei que tinha chega o fim do mundo!..."

Pelo caminho, à tangente, lançado do oitão direito da capela, os cabras, todos ilesos, se retiraram, aos xingos e pilhérias, agachando-se e rebolando, correndo e sempre atirando.

Cruzaram o valado seco do riacho, subiram pela margem direita, mais adiante se encontrando com o grupo de Antônio Rosa, vindo à toda para o contra-ataque. Mas era tarde. Empalhara-se ele com a aproximação da segunda volante, que o aturdira, ficando sem saber que rumo tomar. E embrenharam-se todos os cangaceiros na caatinga...

A danação

Terminado o tiroteio de mais de três horas, os atacantes, desconfiados de alguma das indecifráveis ciladas do astucioso Lampião, demoraram bem meia hora para penetrar na rua, assim mesmo cautelosamente. Mas, quando entraram, deu de súbito uma doideira dos diabos naquela soldadesca, que começaram a lançar, assim na doida, disparate de balas nas paredes, portas, janelas, por toda parte, chegando mesmo os projéteis a pegar em quadros de santos pendurados nas paredes do interior de algumas casas momentaneamente abertas.

Desencadeou-se, então, novo pânico. Correrias, gritos, choros, portas e janelas aos baques se fechando outra vez. Incontinenti reclamou o Padre José ao sargento Senhorzinho aquela desordem, o qual, de pronto, ordenou que cessasse. Com mais pouco chegava a volante do sargento Fininho. A rua esborrava de soldado.

Dada por Fininho uma batida por perto, no derredor da povoação, para certeza do afastamento dos cangaceiros. Depois vieram os interrogatórios sobre quem ou não coitei-ro, as acusações fáceis, ameaças de toda sorte, ou sejam de pisa, de capar, de sangrar, de saquear, de incendiar... O terror! A vítima principal naturalmente tinha de ser a família Ferreira ali domiciliada.

Quem pôde, fugiu, no seu animal ou a pé, ou se escondeu. A situação agora pior do que a anterior, pois sob o guante da autoridade, despótica, absoluta, oficial.

E, lá vai o pobre do Padre José, pressuroso e amargurado, suando e exausto — anjo providencial da paz — defender de novo o povo e restituir-lhe a tranqüilidade.

Conformado, senão convencido, com as muitas explicações e justificativas do vigário, o sargento Senhorzinho saiu batendo naquelas portas ainda fechadas de medo:

— "Podem abrirem. Tá todo mundo agarantido".

De todo o jeito, porém, aquele povo, pobre e sacrificado, humilde e abandonado, teve de pagar, e muito caro, uma dívida estranha: almoço com bebida e tudo mais para tanto sol-dado!...

Guarnecendo o vilarejo contra uma daquelas possíveis e perigosas surtidas de Lampião, a soldadesca, refestelada e quente, de entusiasmo vibrante, cantava — coisa curiosa! — "Mulher Rendeira", como se fosse essa canção o hino comum daqueles sertões sangrentos! ...

Consumou-se nesse segundo tiroteio a intriga definitiva e gadal entre Lampião e os nazarenos.

A família Ferreira daí em diante sofreu os piores vexames, ao ponto de ter, mais tarde, de se retirar da localidade. Entretanto, essa família fora sempre a desvelada defensora e salvadora de Nazaré contra os propósitos e as investidas de Lampião. Logo nesse mesmo dia 19 de agosto, dois fatos lamentáveis:

a) O sargento Zé de Xanda, com um tiro, espatifou o grande e belo espelho de cristal da sala de visita da casa de D. Joaninha Ferreira.

b) Apareceu o tenente Senhorzinho Alencar querendo obrigar a mesma D. Joaninha a entregar os vestidos da primeira comunhão das meninas Josefa e Dulce, filhas de Antônio Matilde e que ela criava. Alegava o tenente que os vestidos pertenciam às filhas do finado Gonzaga. Exigia, também, as sapatinas e os trancelins. Chamados, à presença do tenente: o senhor João Cominho, da loja onde foi comprada a fazenda; a costureira D. Ernestina Correia Cruz; Tonheiro, o portador dos vestidos prontos; e René, outra testemunha de tudo. Genésio Ferreira, irmão da noiva Licor, procurou Davi Jurubeba Respondeu que ele obtivesse do tenente o nome da pessoa que lhe dera a informação falsa. respondeu o militar: — "De uma parenta da viúva de Gonzaga, aqui residente (e disse o nome)..."

A família Ferreira ainda hoje é muito grata a Davi Jurubeba e a Manuel Neto, os quais, apesar de inimigos figadais de Lampião e seus irmãos do cangaço, sempre respeitaram e até defenderam os outros membros da familia o seus bens.

O PADRE JOSÉ KEHRLE

Padre José Kehrle nascido em 1891, em Wurttemberg, Alemanha. Veio para o Brasil em 1909. Beneditino e veterinário. Sacerdote em 1914. Como padre secular desenvolveu, no sertão, intensa atividade apostólica, além da construção e reforma de igrejas. Ocupou altos cargos e missões na diocese de Pesqueira, ao mesmo tempo que, por infeliz contraste, chega às raias do incrível o que sofreu da parte de bispos. Vigário de Vila Bela (Serra Talhada) de 1922 a 1936, conheceu e acompanhou toda a trajetória de Lampião no cangaço.

Sua força moral sobre ele quase se igualava à do Padre Cícero. Porém, a esse superava no conhecimento do foro íntimo. Lampião era seu confidente. Diante do Padre Kehrle despia sua realeza cangaceiresca para se tornar simples ovelha, nem sempre dócil por motivações extrínsecas. Realmente, grande parte da vida de Lampião não pode ser escrita desligada desse virtuosissmo sacerdote, que chegou mesmo ao impossível de retirar cangaceiros do seu bando.

Em 1936, no sítio Guarda, da serra de Ororubá, perto de Cimbres, município de Pesqueira, testemunhou, com sérias averiguações, as aparições de Nossa Senhora dos Graças a uma humilde camponezinha, depois freira conversa. Nessa ocasião, indignou-se contra as medidas violentas usadas pelo bispo que se valeu da polícia para acabar com aquele "fanatismo", de qualquer modo, "mesmo debaixo de pau", o que, Lamentavelmente, aconteceu àquela pobre gente que, na simplicidade de sua fé, acorria ao local.

Muitos os episódios interessantíssimos em sua vida que merecia escrita para edificação espiritual, principalmente dos sacerdotes. Há anos vivia ele em Buíque (PE), carregando uma saudável velhice dentro um exuberante espírito, cada vez mais acentuando o traço predominante de sua alma — a caridade, quando a 4-8-1978 faleceu.

Pois bem, cabe a cada um ao ler sobre fatos como esse e outros para dizerem se Lampião era Herói ou Bandido. Uns chegam a dizer que ele era uma mistura dos dois adjetivos. Vemos em sua estadia no povoado de Nazaré, que ele estava ciente de sua situação, esta levada por intrigas que descambou para a violência. Lampião foi uma cria do sistema latifundiário brasileiro onde imperava o coronelismo.

Pescado em Caiçara dos Rios do ventos.
E eu repesquei no: http://lampiaoaceso.blogspot.com

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EU E O CANGAÇO COM MANOEL SEVERO

Por Aderbal Nogueira


A partir de mais uma iniciativa do grande documentarista Aderbal Nogueira, chega aos amantes da temática cangaço uma série de entrevistas com pesquisadores de todo o Brasil, que nos trazem um pouco de sua historia e sua relação com o tema.
"Eu e o Cangaço"
Neste capítulo com o Curador do Cariri Cangaço, 
Manoel Severo Barbosa.

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CANGAÇO E EU - DR. LAMARTINE DE ANDRADE

Por Aderbal Noqueira

Cangaço e eu - Dr. Lamartine de Andrade. Dr. Lamartine de Andrade, o último médico legista que examinou o crânio de Lampião. Link do vídeo: https://youtu.be/XQZky27RS6c
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JURITI| #01 | CNL



Começamos hoje nossa série sobre Juriti. Em breve nosso segundo episódio. Compartilhem nosso vídeo com os amigos.
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DR. ANTONIO AMAURY CORREA DE ARAÚJO MERECE RESPEITO



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BOA NOITE, CABROEIRA!

Por Marcos Santos

Venho aqui também mostrar o meu apoio ao mestre Antonio Amaury que foi recentemente citado de forma vulgar e sem respeito por um senhor que se diz Youtube que não tem firmamento algum nas suas falácias, e que não sabe ter a mínima noção do que fala, como também não tem sequer postura e educação quando questionado. Gente como esse senhor sempre irá aparecer nas redes e preciso tomar bastante cuidado com senhores aloprados que aparecem do nada querendo ser o dono da verdade que ele mesmo somente  enxerga.

E também creio, que não só eu, mas o grupo Cangaço na Bahia está não só do lado de Antonio Amaury, mas também de Aderbal Nogueira, de Robério Santos e o cangaço na literatura, como também de Thiago Menezes, e a Odisseia do cangaço que foram citados por esse senhor que logo de calado e um bom poeta, devia antes de querer aparecer fazendo calunias primeiramente aprender e ler mais antes de levantar suposições que beira, aliás, beira não, e totalmente ignorante equivocadas e fora da lucidez.


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PADRE PEIXOTO E LAMPIÃO.


Por Beto Rueda

Padre Joaquim de Alencar Peixoto poliglota, grande orador, artesão, jornalista, escritor de textos em prosa e poesia (escreveu poesias em latim, francês, italiano e inglês), escritor de livros. Nasceu no Crato em 26.04.1871.

Padre Joaquim de Alencar Peixoto

Dos pais recebeu sobrenome de dois importantes ramos familiares do sertão cearense e pernambucano – Alencar e Peixoto.

Seus pais foram Felismino de Alencar Peixoto e Hortulana de Alencar Peixoto. Seus avós paternos, Teodósio Marques de Abreu Peixoto (pernambucano) e Joaquina Xavier de Jesus (de Missão Velha, Ceará); os maternos foram Francisco Leão da França Alencar e Maria Leopoldina do Monte (de Exu).

Em 15 de agosto de 1907, mudou-se para Juazeiro do Norte, em 1909, fundou o primeiro jornal juazeirense que tinha o título de “O Rebate”.

Provavelmente pelo forte e combativo envolvimento político, não obteve permissão para confessar e foi suspenso de todas as ordens.

A partir de então se insere na luta em prol da independência de Juazeiro e a criação do município, o que aconteceu em 22 de julho de 1911. Neste ano, a doze de outubro, teve Carta Comendatícia para o amazonas.

Depois da vitória em Juazeiro, por divergências com o padre Cícero, deixou a cidade.

Foi vigário de Cachoeira. Sabe-se que esteve morando num lugar chamado de Sena Madureira, no Acre e na Amazônia.

Foi pároco de Belmonte - PE. no período de 02.01.1917 a 23.11.1919. Foi nomeado como Pároco Encomendado de Granito - PE. em 16.12.1919.

Capitão Lampião

Em setembro de 1926, Lampião entra em Granito, acompanhado por mais de cem homens, população em pânico procura a casa paroquial como refúgio. Padre Peixoto, destemido, procura Lampião e chama o chefe dos cangaceiros para uma conversa. Depois do diálogo, os invasores vão embora da cidade em paz, inclusive pagando as contas das bodegas.

O comportamento crítico do padre peixoto em relação às ações do padre Cícero e, distante das brigas enciumadas de intelectuais e do poder financeiro, fez com que se afastasse, como se fugindo de algo, morando pelo resto da vida em lugares diferentes, tais como: Crato - CE, Mangas - MG., Rubiataba - GO.

Com o tempo, adquiriu problemas renais dos quais se queixava muito. Em 1950 quando visitou Juazeiro do Norte era um homem pobre, velho, quase cego, desiludido e por poucos reconhecido.

O padre Peixoto permaneceu lúcido até a madrugada de 24.02.1957 quando faleceu em Rubiataba - GO. e teve atestada a causa mortis como “bronco pneumonia derivada de diversas causas”. Foi sepultado no Cemitério Público da mesma cidade.

Mais uma figura importante que cruzou o caminho do Rei do Cangaço.

REFERÊNCIAS:

CAVALCANTE, Francisco José Pereira.
Padres do interior II - os padres da paróquia de nossa senhora do bom conselho de Granito. Petrolina: Diocese de Petrolina, 2010.
BARBOSA, Eduardo.
Lampião, rei do cangaço. Rio de Janeiro: Ediouro, 1985.
BARRETO, Ângelo Osmiro.
Misto de guerra e paz. Lampião Aceso, 02 nov. 2009.
Disponível em:<http://lampiaoaceso.blogspot.com/…/padres-e-cangaceiros.htm…>. Acesso em: 25 mar.2020.
SEVERO, Manoel.
Padre Cícero e Virgulino. Cariri Cangaço, dez.2015.


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