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terça-feira, 30 de maio de 2023

Por José G. Diniz


 Estou pedindo com fé
Preservando ao amor
Não vai passar a saudade
E nem curar minha a dor
Nem fundir a minha cuca
Desejo que papai Zuca
Fique pertinho do senhor.

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GEO DAS VEIAS E CAPILARES

 Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.894

 Para meu ex-professor de Geografia José Pinto de Araújo

TRECHO DO RIACHO TIGRE (FOTO: BIANCA CHAGAS).
 

Uma bacia hidrográfica é formada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Graças a esse sistema natural o nordestino resistiu durante séculos aos efeitos das estiagens e estiagens prolongadas, denominadas “secas”. Os caminhos desses cursos d’água, maiores, menores e minúsculos, mitigaram a sede do povo sertanejo com água corrente, água empoçada e suas reservas freáticas em processos de cacimbas, cacimbões e poços artesianos. Na mesma estrutura, bebia os diversos tipos de gado que alimentavam o homem. No período de estiagem formavam-se as várzeas, chamadas no sertão de vazantes ou baixios que são partes muito baixas do relevo local, banhadas imediatamente pelos riachos, rios e riachinhos.

Essas partes baixas, são fertilizadas por esses cursos d’água, que fazem nascer o pasto que permitem o sustento e a engorda de ovinos, caprinos, bovinos e aves que procuram bichinhos, além de ser lugar de refrigério. E se formos particularizar os sertões nordestinos, focaremos o município de Santana do Ipanema. A bacia do rio Ipanema recebe diretamente seus afluentes em todas as regiões do município e indiretamente acolhem todos seus subafluentes e todos os outros filhotes de riachos. A título de ilustrações vejam nomes populares dos que mais aparecem. Do Oeste para Leste: Mocambo, Salobinho, Tigre, Camoxinga Salgadinho, João Gomes, Bode e Gravatá. 

O Mocambo é interestadual e escorre no sítio do mesmo nome, vindo do Poço das Trincheiras. O Salobinho vem das imediações do sítio Baixa do Tamanduá, banha o sítio Salobinho e tem sua foz no bairro Barragem. O riacho Tigre, é montanhoso do Maciço de Santana do Ipanema, despeja no riacho Camoxinga e este cruza a cidade, divide o bairro topônimo, do Comércio e despeja sobre a Ponte do Padre, no Poço do Juá O riacho Salgadinho nasce na Reserva Tocaia, divide os bairros Domingos Acácio e o antigo Floresta e tem sua foz também no poço do Juá. O João Gomes vem do município santanense e do município de Carneiros contorna a cidade e tem sua foz no sítio Barra do João Gomes. O bode vem das imediações da serra da Camonga (que faz parte do maciço de Santana) e deságua no Bairro Bebedouro. E por fim, o riacho Gravatá vem de Pernambuco e banha vários sítios entre a serra do Gugi e a serra da Lagoa, tendo a foz no Ipanema. Cada um tem sua geografia própria e um histórico de bravura e ocupação humana.

São veias, artérias e capilares da bacia do Ipanema.



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AS SANDÁLIAS DE LAMPIÃO FORAM FEITAS PARA QUE ELE FUGISSE DA POLÍCIA

 Por Júlio César de Araújo

Lampião - (Fonte: Museu do Ceará/Wikimedia Commons)

O símbolo agreste

Ao ver o pai ser assassinado durante um conflito agrário, Virgulino Ferreira da Silva deixou de existir para dar lugar ao famoso e temido Lampião, considerado o "rei do cangaço" brasileiro na década de 1930.

Ele ganhou o apelido devido à facilidade que tinha em manejar o rifle que, de tanto atirar, parecia um candeeiro aceso nas escuras noites da caatinga. Foi assim que ele se tornou um fenômeno, sobretudo, histórico e político, de um anti-herói ou bandido que nem mesmo a história sabe dizer – e que depende da perspectiva de quem conta. “Não sou cangaceiro por vontade minha, mas pela maldade dos outros”, dizia ele.

O que ninguém pode negar, no entanto, é que sua luta o tornou um dos mais emblemáticos personagens da história brasileira. Nem por isso ele deixou de ser perseguido. Tão famosas quanto seu histórico, foram suas artimanhas para fugir das autoridades. A sagacidade dele foi tanta que Lampião mandou fazer suas sandálias sob medida para fugir da polícia.

Aos 21 anos, um pouco antes de sua vida virar de cabeça para baixo, Lampião era alfabetizado – algo muito incomum para a região sertaneja e pobre onde morava – e sonhava em dar uma vida melhor a sua família. Assim que seu pai morreu, em 1919, durante um confronto com a polícia, tudo isso desapareceu.

Jurando vingá-lo, ele se juntou aos dois irmãos e integrou o grupo do cangaceiro Sinhô Pereira. Três anos depois, Lampião já se tornava o líder do bando em Pernambuco e assassinava o informante que entregou seu pai à polícia. O cangaceiro também realizou o maior assalto da história do cangaço contra a Baronesa de Água Branca, em Alagoas. Ali começavam seus anos de fuga.

Leia também: Quem foi Maria Bonita?

(Fonte: Biblioteca Nacional/Reprodução)(Fonte: Biblioteca Nacional/Reprodução)

Lampião foi perseguido por toda a polícia do Nordeste ao longo de 20 anos, desafiando não só as autoridades locais, como o poder central do Brasil. Ele sequestrava coronéis, assassinava seus inimigos e desafiantes com crueldade, na mesma proporção que distribuía doces para crianças e remédios aos necessitados. Lampião também se fez presente em casamentos, festas comemorativas e até batizados, dançando xaxado e cantando repentes com seu bando.

Além de suas habilidades, o homem ficou conhecido por criar um dress code que acabou se tornando um símbolo cultural por todo o sertão. Ele percebeu que a roupa seria motivo de orgulho dos seus comparsas e imporia respeito por onde passasse. 

Seu apurado e extravagante senso estético incluía símbolos como a cruz de malta (associada aos cavaleiros de Malta), a estrela de Davi (que oferecia proteção mística) e a flor-de-lis (usada nos escudos da realeza francesa). Eles foram alinhados com lenços, broches, anéis, cartucheiras e coletes. Tudo isso o conferiu um ar de realeza.

História sendo feita

(Fonte: Waldemar Cunha/Artesol/Reprodução)(Fonte: Waldemar Cunha/Artesol/Reprodução)

Mas nem tudo era apenas sobre estilo. Lampião também pensou em seu conforto e facilidade para conseguir se safar da polícia quando encomendou uma sandália com o artesão Raimundo Seleiro.

Por meio de um mandante, o homem disse que queria uma sandália diferente, com solado quadrado e sem marca da curva da sola do pé para não indicar qual era a frente do calçado. Desse modo, deixaria uma pegada quadrada na poeira, impedindo que a polícia soubesse sua direção. Ele chegou até a fazer um desenho de como queria suas sandálias.

Seleiro fez exatamente como o cliente pediu. Dias depois quando o capanga veio buscar a encomenda, ele ficou sabendo que era para Lampião. De acordo com seu filho, Expedito Veloso de Carvalho, o pai disse para que levasse a sandália sem precisar pagar.

O filho Expedito foi responsável por carregar a marca de Lampião e o legado que as sandálias se tornaram para a família, fazendo delas o item de moda mais revolucionário da história nacional.

https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/125276-as-sandalias-de-lampiao-foram-feitas-para-que-ele-fugisse-da-policia.htm?utm_source=whatsapp&utm_medium=noticias&utm_campaign=compartilhamento&fbclid=IwAR1i7pci8_p0-rriRMQHJBXNDCPGoq0SlyIEhU2QffPYF7xKdyXstLYwaj8

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HISTÓRIA LAMPIÔNICA... O ASSASSINATO DO LEITEIRO

 Por José Cícero da Silva


Manhã de sábado.

Corria calmo o pequeno riacho do Jatobá. O pouco gado que havia no cercado já tinha sido solto para comer nos matos.

Sol preguiçoso.

O vento fresco trazia consigo o cheiro gostoso dos frutos dos joazeiros e da floração abundante da jitirana e do mufumbo. A tudo isso também se misturava o cheiro dos estrumes chovidos em lamaceiros vindo do pequeno curral quase escondido entre o barranco do riacho e a casa de taipa do vaqueiro.

No caminho, entre os verdes arvoredos três indivíduos. Um velho, outro de meia idade e um menino tímido(Zé Alves) que todos os dias cumpria seu eterno ofício de leiteiro.

O dia parecia ser igual como todos os outros, tranquilo. Muitos pássaros desfilavam seus cantos quase em uníssono pelas bibocas e as moitas verdejantes daquele mundo inteiro.

Além do barulho dos bichos, apenas o som dos ventos assoviando sobre as copas frondosas das oiticicas, dos paus d'arcos, das timbaúbas, dos cedros. unhas de gatos e joazeiros.

De súbito, vozes de gentes. Cascos de animais quase tinindo nas pedras, subindo os lajedos que davam para as bandas do marizeiro.

O menino leiteiro, acabara de amarrar no caçuá do seu burrico o balde de leite que sempre entregava como sem falta no vilarejo. E assim seguiu, curioso e destemido seu caminho.

Desceu o barranco do riacho que corria do jenipapeiro para engordar mais embaixo, depois da linha do trem, o rio Salgado.

Quando enfim subiu a grota sombreadas pelas altas moitas brabas de Jurema e de angico deu de cara com o bando de jagunços e cangaceiros.

Puxou com força as rédeas do seu burro. De chofre, como dois seres congelados no meio do caminho. Menino e jerico ficaram estagnados.

- Pra donde você tá indo menino sabido? - perguntou o cangaceiro.

- Tô indo pra vila das Ororas, seu moço, deixar a encomenda: sou leiteiro.

- Tamo com sorte cambada!

Disse o cangaceiro. Quando em seguida, dois dos seus comandados, se atracaram com o balde.

Abriram ligeiro. Ambos começaram a beber com sofreguidão como bichos com fome e sede.

- Vai querer ou não seu Massilon? - Disse um deles.

Em silêncio, o jovem leiteiro, sequer descera do seu burro. Coração batendo forte. Olhos arregalados...Suor frio na testa e no lombo.

Até que de repente, um pouco mais atrás surgiu quase do nado mais quatro cangaceiros. Estes se pareceram muito mais afáveis e cordiais.

- Aquele lá é o capitão, nosso chefe. - Explicou Zé Baiano para o menino. Depois completou: - Você por acaso já ouviu falar em Lampião, menino? - Indagou ao leiteiro, outros dos jagunços que chegaram primeiro.

- Já vi falar sim senhor, mas não conheço ele não. Respondei.

- O que está acontecendo aqui. - Quis saber o rei do cangaço.

- ora, tamo matando nossa sede com leite bom, capitão. - respondeu Mormaço.

- E vocês beberam tanto leite assim, estão com o diabo? Redarguiu o chefe deles.

- Não capitão - disse o cangaceiro. - O bando derramou no riacho o resto, pro menino não precisar mais ir pro vilarejo.

- Não foi certo este proceder. - Enfatizou de modo ríspido Lampião. - Por fim emendou: - Não quero nenhum mal por estas bandas. Pra mim basta a covardia e a traição daquela peste de Izaías. Aquele sim há de merecer um bom trocoo. Mas só ele, acentou o rei do cangaço. Cardoso e Saraiva não se acovardaram, não

Depois completou: - Mas o que se é de fazer agora tá sem jeito. Deixa as frutas amadurecer pra eles ver! Em seguida olhou de soslaio para o menino e disse: - Não fique triste seu menino, os que beberam seu leito tem dinheiro suficiente pra te pagar em dobro. Mas, você não vai poder ir hoje pra cidade não; porque lá tá cheio de macacos. E você sem querer pode dá com a língua nos dentes. Aurora hoje vai ficar sem beber seu leite igualzim a esses bezerros magros. Falou ele. E logo depois perguntou:

- Cadê seu pai menino? Preciso de alguém pra mim guiar por estes caminhos brabos que não conheço. Preciso chegar logo à Conceição na Paraíba, com as bençãos do meu padim.

- Meu pai e meu tio tão bem ali em casa. Eles conhecem tudo por aqui. Eles podem ajudar o senhor... Respondeu baixinho o leiteiro ainda em cima da cangaio do seu burrico.

Então desça já desse animal e vamos lá. Quero ver que cara tem o seu pai. E assim seguiram....o leiteiro agora puxava o animal pelos cabrestos.

Chegando na casa apenas o tio do leiteiro e sua esposa se encontravam lá. Sob o pé de juazeiro, Lampião logo se entendeu com o vaqueiro. O bando ficou na cancela.

Os dois( vaqueiro e Leiteiro) seguiram com o bando como guias. Antes do serrote do Brandão o grupo se dividiu em dois. O vaqueiro seguiu com Lampião que ansiava atravessar a linha do trem, enquanto o jovem leiteiro( Zé Alves) seguiu com o subgrupo do cangaceiro Massilon, nos rumos do sítio Catingueira a mais ou menos légua e meia dali.

No outro dia antes do sol nascer o vaqueiro chegou em casa, inclusive, com algum dinheiro ofertado por Virgulino como sendo a paga do Leite e do serviço prestado como guia.

Enquanto o jovem leiteiro não retornara. Vez que fora morto por Massilon logo que avistaram as terras da catngueira na direção da Ingazeiras.

Dias depois seus familiares encontraram seu corpo denunciado pelos urubus no fundo de uma grande grota um pouco antes do açude velho. Só o reconheceram por conta do cinturão de couro malhado que o leiteiro usava.

História e estória quem ouvi contar.

<><> (José Cícero)

Aurora - CE.

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PRISÃO DO CANGACEIRO ANTÔNIO SILVINO

Por José João Souza

Multidão em frente a estação do trem para ver a chegada do famoso cangaceiro Antônio Silvino em Recife, preso pelo Major Teófanes Ferraz Torres em 1914.

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ONDE FICARAM PRESOS OS CANGACEIROS EM SALVADOR?

 

Revista do Brasil, edição 13.

           Alguns dos entregues em 1938 e os que só se renderam em 1940, foram direcionados para a Penitenciária do Estado da Bahia.

          A antiga Casa de Prisão com Trabalho, recebeu os primeiros prisioneiros em outubro de 1861. Símbolo da modernização prisional que chegou ao Brasil após varrer a Europa e EUA, a Casa de Prisão da Bahia representava o abandono de práticas punitivas medievais representadas em ações como o açoite e o enforcamento, vistas como atraso pela sociedade do século XIX.

          A instituição foi um símbolo de modernidade e o orgulho de políticos baianos que se inspiravam nos europeus na tentativa de trazer para o Brasil um sistema penitenciário mais eficiente e moderno, uma visão um tanto romântica da ressocialização de indivíduos através do trabalho.

          Em 1902, passou a se chamar Penitenciária da Bahia, nome que consta nas cartas de Guia dos integrantes do grupo de Ângelo Roque que lá chegaram em 1943 após julgamento.

          Em 1908, passou por uma significativa reforma e ampliação, a inauguração da obra foi um evento pomposo que reuniu diversas autoridades e ganhou amplo destaque na edição de número 13 da revista do Brasil, datada de 31 de março daquele ano.

          A reportagem fez hiperbólicos elogios ao prédio e autoridades, além de fazer cuidadosos registros fotográficos do ambiente. As fotos daquela edição seguem abaixo na ordem que aparecem na publicação e com legendas da edição da revista.






 







Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 21 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de HistóriaO Nazista e da HQ Histórias do Cangaço e dos livros Fátima, traços da sua história e O Embaixador da Paz.

https://historiadefatimaba.blogspot.com/2023/05/onde-ficaram-presos-os-cangaceiros-em.html?fbclid=IwAR2AygUHgRhGJgGozpgJWVpNx2tQpT8MqakylETjTpAZRa-Cu4kc7-UvCAE

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