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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

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CARIRI CANGAÇO E ANTÔNIO CONSELHEIRO CHEGAM EM GRANDE ESTILO À BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO


Aconteceu na tarde desta última quarta-feira, 21 de agosto de 2019, a chegada em grande estilo de Antônio Conselheiro à XIII Bienal Internacional do Livro; realizada no Centro de Eventos do Ceará em Fortaleza.  O lançamento do livro "Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência", obra com prefácio de Grecianny Cordeiro e apresentação de Ricardo Machado, organizado por Bruno Paulino, Pedro Igor e Manoel Severo Barbosa é uma produção do Cariri Cangaço e da AquiLetras. A festa de lançamento aconteceu no estande da ACE - Associação Cearense de Escritores.

"Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência"
Pedro Igor, Aílton Siqueira, Pedro Victor, Manoel Severo e Silas Falcão


O livro é resultado do concurso literário patrocinado pelo Cariri Cangaço, AquiLetras e Fundação Canudos, por ocasião da realização do Cariri Cangaço Quixeramobim entre os dias 24 e 26 de maio de 2019. "Uma das grandes e curiosas indagações que invadiam meu coração, desde os primeiros momentos de construção do Cariri Cangaço Quixeramobim, ao lado dos amigos Bruno Paulino e Pedro Igor; dentre outros; era justamente como a atual Quixeramobim se relacionava com a figura histórica de seu filho mais famoso, como as novas gerações; os meninos e meninas, as escolas, os professores, a comunidade em geral, via e sentia a presença e o legado desse imenso ícone da história sertaneja do Brasil" revela o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo.

 Manoel Severo e as boas vindas aos convidados na Bienal Internacional do Livro
Pedro Igor: "Momento de celebração..."
Professor Hugo, Manoel Severo, Pedro Igor e Professora Vanessa
e autoras do Livro "Olhares sobre Antônio Conselheiro"

Pedro Igor, vice-presidente da AquiLetras e gestor da Casa de Saberes Cego Aderaldo, reforça: "A partir dessa ideia de Severo pensamos o concurso literário que pudesse vir a ser este instrumento para que nossos jovens pudessem expressar o seu olhar sobre Antônio Conselheiro; fizemos o edital, visitamos as escolas, conversamos e compartilhamos o desafio com os professores e alunos e hoje celebramos com a presença de sete dos quinze autores do livro na Bienal, essa grande realização".

Um dos pontos altos da festa de lançamento de "Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência" na Bienal foi a presença de alunos e alunas de Quixeramobim. Uma comitiva da Escola Nossa Senhora do Rosário e da Escola São Miguel; com cerca de 45 jovens e sob a coordenação dos professores Vanessa e Hugo, trazendo dentre o grupo, sete alunas co-autoras do livro, que em dia de celebração autografavam a obra na maior festa literária do estado.

Manoel Severo e Fabiano Piúba
Manoel Severo, Marcus Fernandes e Carlos Alberto Carneiro
"A mesa das sete mulheres": Autoras juvenis do livro "Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência"
Ingrid Rebouças e Silas Falcão
Carlos Alberto Carneiro e Manoel Severo

Os presentes foram saudados na abertura pelo curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, que ressaltou a imensa importância do momento, "hoje testemunhamos mais do que apenas as letras contidas nessa obra, mas e principalmente o sentimento desses meninos e meninas, cheios de sonhos e desafios , que se perpetuam de maneira preciosa através do livro, isso não preço e o Cariri Cangaço sente-se mais que honrado em participar ao lado da AquiLetras desse momento histórico".

Pedro Igor, Manoel Severo, Carlos Dantas e Patricia Cacau
 Manoel Severo, Carlos Alberto Carneiro e Dr Herton Cabral
Manoel Severo, Carlos Alberto, Herton Cabral, Patricia Cacau e Maria José
Pedro Sampaio, Manoel Severo, Carlos Dantas e Silas Falcão

Para a presidente da Academia de Letras Juvenal Galeno, Linda Lemos, "estive no Cariri Cangaço em Quixeramobim, lá já havia me encantado com tudo o que vi e hoje estou muito emocionada em chegar a este lançamento, aqui na Bienal e vê os jovens daquela cidade, discutindo cultura, literatura, e lançando esse livro, isso é maravilhoso, parabéns a Severo e a todos os envolvidos".

De pé; Silas Falcão, Herton Cabral, Carlos Dantas, Carlos Alberto, Marcelo Leal, Lurdinha Linhares. Sentados: Pedro Sampaio, Linda Lemos, Manoel Severo e Pedro Igor 
Estande da ACE, acolhe o Cariri Cangaço e a AquiLetras
 Autoras falam de suas experiências a partir do Livro
Professor Hugo, do Colégio Nossa Senhora do Rosário e do SESC
Presença Marcante do Colégio Nossa Senhora do Rosário

Para a escritora Grecianny Cordeiro, da Academia Cearense de Letras, "em nossa memória tão desmemoriada, surgem nos mais diversos rincões de nosso país, iniciativas e movimentos culturais dedicados a resgatar nossa História, mantendo acesa a chama da nossa cultura, alumiando e redimensionando nossos valores e costumes, estudando os fatos históricos sob o prisma da contemporaneidade e, assim, procurando compreender o presente e planejar o futuro sem jamais esquecer do passado, em especial, empenhando-se no reconhecimento daqueles personagens que, de um jeito ou de outro, marcaram nossa existência, enquanto indivíduos e membros de uma coletividade, despertando paixões e nos dando um novo sentido à bela arte de viver.“Olhares sobre Antônio Conselheiro, novas escritas de r(e) existência”, organizada por Bruno Paulino, Pedro Igor e Manoel Severo, é um exemplo disso... O resultado foi surpreendente, mediante a adesão expressiva dos alunos de variadas escolas, culminando na premiação dos vencedores do certame e, por fim, o lançamento dessa bela Coletânea de Textos, a qual tenho a honra de prefaciar."

Manoel Severo e Carlos Alberto Carneiro
Carlos Alberto e Linda Lemos saúdam a iniciativa da Obra...
 A emoção de participar como autoras de sua primeira Bienal... 
Regina Fiúza e Manoel Severo
Gilmar de Carvalho, Otacílio Bezerra Bonfim, Zacharias de Oliveira, 
Dideus Sales e Manoel Severo

Os autores; naturalmente vencedores do concurso literário, alunos e alunos da rede pública e privada de Quixeramobim são; Yarley de Sousa Leitão,  Vitória Barros, Jayane Carneiro Andrade,  Ana Luiza Almeida Sampaio, Lucas Medeiros , Gabrielly Pereira , Vitória de Sousa Silva, Vitória Holanda de Andrade , Johelen Amâncio , Andressa de Sousa Nogueira, Dávila Roberta, Damares Alves, Melissa Belisário, Flávio Pereira da Silva, Mel Anny Paiva, Maria Emanoeli , Hillary Barbosa e Kalyne Ribeiro. A Capa é de autoria de Matheus Rayner, Debora e Victor, alunos da Escola Humberto Bezerra.

Linda Lemos e a homenagem às autoras do Colégio Nossa Senhora das Graças 
e São Miguel
Carlos Alberto Carneiro, Manoel Severo e Professora Vanessa
Gilmar de Carvalho e Manoel Severo
Pedro Igor e Manoel Severo
Ingrid Rebouças e Regina Fiúza
Danilo Patrício, Pedro Victor, Manoel Severo, Pedro Igor, Ingrid Rebouças, 
Aílton Siqueira e Carlos Alberto Carneiro

"Um momento histórico para nossos alunos o lançamento do livro:Olhares sobre Antônio Conselheiro. Nossas 5 alunas escritoras com textos contemplados nesse livro,participarem de uma roda de conversa no stand da Associação de Escritores do Ceará sendo muito bem recebidas pelo autores Pedro Igor e Manoel Severo. Nesta ocasião elas autografaram alguns livros.Nossos parabéns às escritoras,a coordenação do ensino médio e as professoras de códigos e linguagens, em especial a professora Vanessa Lemos." Dirigentes do Colégio Nossa Senhora do Rosário.

Manoel Severo e Dideus Sales
 Linda Lemos e Silas Falcão
 Carlos Alberto Carneiro, Ingrid Rebouças e Lourdinha Linhares
Pedro Igor, Matheus Pimenta , Pedro Victor e Danilo Patrício
Manoel Severo e Professor Hugo

E conclui a escritora Grecianny Cordeiro: "Antônio Conselheiro deixou um legado que inspirou e ainda inspira diversas gerações. É um símbolo de resistência à opressão, às injustiças sociais, à política de institucionalização da miséria e do medo, exemplo e orgulho para os jovens de Quixeramobim, que expressaram os mais belos sentimentos e suas recorrentes angústias por meio dos textos inteligentes e ricos que integram a presente obra. Canudos resiste e vive em cada um de nós que sonha com um mundo melhor, onde possa reinar a decência, a honestidade, o respeito ao próximo, a solidariedade, a esperança e a fé," no prefácio da Obra.

Cariri Cangaço na XIII Bienal Internacional do Livro
Lançamento de"Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência"
Estande da ACE , Centro de Eventos
21 de Agosto de 2019, Fortaleza Ceará


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LAMPIÃO E O FOGO DA FAZENDA FAVELA PARTE II

Por Raul Meneleu

Estivemos no encontro de estudiosos do cangaço, na localidade da Fazenda Favela onde Lampião preparou-se para receber uma força volante de Zé Saturnino e Manoel Neto. Segundo o livro AS CRUZES DO CANGAÇO nesse episódio da manhã de 11 de novembro de 1926 a Volante chegou na Fazenda Favela e nesse ataque morreram 6 soldados, 1 civil e 2 cangaceiros.  A Fazenda Favela compreendia uma vasta extensão de terras, localizada ao norte de Floresta. Conhecida por sua prosperidade, a propriedade mantinha um grande rebanho de animais e muitas plantações. O dono da fazenda, o Sr. Antônio Novaes, Tenente da Guarda Nacional, além de agropecuarista, possuia um armazém na cidade onde comercializava. Era considerado um homem rico e com grande influência política. 

Ao adentrar em terras pertencentes ao município de Floresta, o Governador do Sertão, com sua cabroeira infernal, cruzou as propriedades Campos Bons, Cachoeira, Exu, Arapuá e marchou na direção da fazenda Favela, do Tenente Antônio Novaes, distante oito quilômetros da cidade. Durante toda a manhã e tarde do dia 10 de novembro de 1926, Antônio Novaes permaneceu trabalhando no armazém, negociando as mercadorias, na cidade de Floresta. A horda de criminosos era composta de cerca de noventa e cinco cabras, estando entre eles a elite do cangaço: Antônio Ferreira, irmão de Lampião, Luiz Pedro do Retiro, Sabino Gomes, Corisco, Jararaca, Moita Braba (Ubaldo Pereira Nunes), Sabiá, Zé Marinheiro, Antônio Marinheiro, entre outros. Ao escurecer, Lampião chegou à Favela e se dirigiu para a velha casa da sede, no intuito de encontrar o Tenente e pedir guarida. Na residência se encontrava somente Dona Aninha, e seus filhos Totonho Novaes, Manoel Antônio Novaes e vários moradores. Lampião adentrou à residência, sentou-se na mesa da sala e começou a dialogar com Dona Aninha, levando ao conhecimento da matriarca a exigência do valor de um conto e quinhentos mil réis, além de comida para o bando. O chefe cangaceiro normalmente escolhia a melhor rês que tinha na propriedade e ordenava que matasse para alimentar o bando. Os bandidos ficaram arranchados nas duas casas. Lampião, Antônio Ferreira e alguns cabras, na sede, e os demais na nova construção. Dona Aninha serviu o jantar e em seguida os sicários foram se deitar, ficando sentinelas próximos das duas casas. Uma Força Policial comandada pelo Sargento José Saturnino e o Anspeçada Manoel Neto, com oitenta praças, vinham seguindo as pisadas do bando desde o riacho São Domingos. Passando na fazenda Icó, arrearam e passaram à noite, seguindo no encalço dos cangaceiros ao nascer do dia. Logo após, continuaram a caminhada e chegarem à fazenda Exu. Entre a fazenda Exu e a Favela, já à noite, a volante encontrou-se frente a Emiliano Novaes. Manoel Neto e Saturnino tentaram persuadi-lo na tentativa de descobrir o real paradeiro de Lampião, pois sabia das suas ligações e da amizade entre eles. Emiliano estava indo ao encontro de Virgulino e, sagazmente, conseguiu livrar-se da inquirição dos militares, negando veemente o conhecimento da localização do bando. Por intervenção de Zé Saturnino, Manoel Neto o liberou e o deixou seguir, já desconfiando que essa atitude causaria um enfrentamento com Lampião a qualquer momento, numa situação de supremacia do cangaceiro. Ao tomar conhecimento da vinda dos soldados, era pecuiiar o bandido preparar o seu grupo, já em situação estratégica, deixando homens na retaguarda, sendo dificilmente derrotado. Um emissário de Emiliano Novaes chegou à Favela e trouxe uma informação, dando ciência a Lampião da aproximação da Força Volante, vindo ao seu encalço. Determinado a enfrentar os militares, alertou os cabras, preparando a estratégia do combate que a qualquer momento poderia acontecer. Lampião preparou então a defesa, que foi bem sucedida. 

FONTE: Livro "As Cruzes do Cangaço"


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POÇO REDONDO, CANÇÃO AO PASSADO

*Rangel Alves da Costa

Poço Redondo, meu sertão querido, o seu álbum e suas molduras ainda vivem em mim como imagens eternizadas no coração. Por isso tanto me lembro, tanto recordo, tanto busco nas nostalgias suas feições mais singelas.
Ainda me lembro da tábua de pirulitos de mel de Dona Luisinha, do arroz-doce de Baíta ao entardecer, de Maria do Piau aparecendo na esquina com sua piaba salgada em cesto na cabeça. Mãeta em sua calçada dando a benção a quem passasse e pedisse a proteção. Seu João Retratista chegando de Pão de Açúcar e armando seu tripé perante aquele que desejasse uma fotografia como recordação. 
Nas proximidades da Festa de Agosto, Manezinho Tem-tem, famoso engraxate daqueles idos, atravessava o rio para fazer verdadeiros milagres em sapatos tortos, tronchos, de muito caminho andado. Delino vendendo banana, Delino com o seu bar, e das três portas adentro o forró comendo no centro.
Certa feita, num dia de forró de Festa de Agosto, Heraldo Carvalho da Serra Negra entrou pelas portas do bar com cavalo e tudo. Quem reclamava? Quantos sanfoneiros bons já animaram aquele passado poço-redondense: Zé Aleixo, Zé Goití, Dudu, Agenor da Barra, Dida e tantos outros. Zelito era a voz do forró de Zé Aleixo. Miltinho abria as portas de seu bar para resgatar aquele forró pé-de-serra que já descambava para o esquecimento.
Camisa chique de volta-ao-mundo, calça boca-de-sino, brilhantina no cabelo e nos bolsos um pente e um espelhinho ovalado. Ali na Praça da Matriz, bem defronte à casa de Tia Cordélia, a marinete de Seu Vavá parando depois de mais de cinco horas de viagem por estrada de chão, e todo o sacrifício para chegar ao sertão. E, tantas vezes, para fazer retornar sertanejos depois de uma estadia no sul.
Gente passando menos de ano pelo Rio de Janeiro e São Paulo e logo chegando com falar diferente, num carioquês ou paulistês desavergonhado que só. Trazia sempre uma radiola e discos de Maurício Reis, Odair José e Fernando Mendes. Depois era uma farra, mas só até o dinheiro ir minguando e o sertanejo se virar como podia para se manter. Tudo isso ainda possui presença forte na minha memória.


As calçadas do entardecer tomadas pelas senhoras e suas almofadas de renda de bilros. Araci, Maria de Iaiá, Dom, Clotilde, uma irmandade que era só maestria no tracejar dos bilros fazendo encantamentos sobre as marcações das almofadas. No barraco de Zé de Lola a pinga boa. Não havia quem não se encantasse com o doce de leite de bolas do Bar de Noélia. Também local onde a vaqueirama se juntava para a farra e o aboio.
Quando Zé Ferreira, Ademor e tantos outros chegavam por ali, então tudo parecia cheirando a terra e a gado, mas principalmente a aboio e toada, e tudo em meio a uma cervejada sem fim. Pelas ruas, o que sempre há em toda cidade interiorana: os doidos, desajuizados, ou aluados, como melhor se dizia. Zé Gabão, Expedito e até Tonho Bioto, quando a lua desandava o seu juízo. Tonho Doido e Nalvinha viviam na paz de seus poucos juízos, sendo amigos de todo mundo.
Pano de roupa de festa, florido, bonito, tudo era encontrado com a irmandade Izabel Marques, Mãezinha e Conceição. Uma vez por ano, eis que a cidade parecia ser outra. Além da roupa nova para a Festa de Agosto, também as fachadas das casas recebiam pintura nova. Nas calçadas, por riba de cadeiras, colchas e panos rendados ao sol. Também uma forma de mostrar as posses daquela família.
Um dia inesquecível foi a chegada da televisão na cidade. O colorido era apenas numa tela de plástico de diversas cores colocada sobre o chuvisquento preto e branco. Parecia coisa do outro mundo! Mas nada igual ao Cassimicoco de Julinho e as serenatas ao som da sanfona de Zé Goiti pelas noites enluaradas da cidade. Já perto da meia-noite a Praça do Cruzeiro parecia só de Alcino. Chegava com sua radiola e discos sertanejos e então deixava se embriagar pela lua e as estrelas de seu sertão.
Poço Redondo era um mundo assim, de viver singelo e pacato, mas de uma grandiosidade sem fim. Aquela Rua dos Vaqueiros e suas porteiras agora saudosas dos grandes homens: Abdias, Tião de Sinhá, Mané Cante, Bastião Joaquim e tantos outros. Chico de Celina ora passava esquipando em cavalo bom ora passava tangendo um carro-de-bois. Mariá juntava uma trouxa grande e seguia com as muitas roupas em direção às pedras do riachinho.
Maninho chegava junto pé do balcão e pedia uma relepada boa, não demorava muito e já estava esfuziante: “Ora, pois, pois...”. Dizia sem nada reclamar da vida. Nos anos 70, a inauguração da energia elétrica fez a noite virar dia. Galinhas, pintos e galos, confundidos com o clarão, desceram de seus poleiros e tomaram a cidade inteira, dividindo as ruas com as pessoas maravilhadas.
E eu aqui apenas com muita saudade, tendo que me contentar em abrir aqueles velhos baús para reencontrar o doce e nostálgico passado de Poço Redondo.

Escritor
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ERA OU NÃO ERA EZEQUIEL FERREIRA IRMÃO DE LAMPIÃO QUE APARECEU EM SERRA TALHADA?

Por José Mendes Pereira
Ezequiel Ferreira da Silva

Vale lembrar ao leitor que o meu protesto é sobre os depoentes e não sobre os escritores e pesquisadores. Não tenho capacidade para contrariar o que eles escreveram ou escrevem.

É incrível e difícil de se acreditar sobre a aparição em Serra Talhada, no Estado de Pernambuco, no ano de 1984, um homem com aproximadamente 70 ou 80 anos dizendo ser o irmão mais novo de Lampião, o Ezequiel Ferreira da Silva, que ele dissera ao seu primo Genésio Ferreira que voltara à sua terra natal para fazer documentos em cartórios, porque nunca fora registrado como um cidadão brasileiro.

Ora essa! Lá em Serra Talhada era o verdadeiro ninho dos seus familiares isto é a família Ferreira, e por que ele só apareceu a este senhor chamado Genésio Ferreira, dizendo que era seu primo?  Ninguém mais parente deste, deu depoimentos a outros escritores e pesquisadores afirmando que tinha visto o Ezequiel Ferreira da Silva seu primo, tio, sobrinho ou outro parentesco qualquer, que poderia provar que o homem que se dizia ser irmão de Lampião, como sendo Ezequiel Ferreira da Silva, era mesmo seu parente em qualquer grau familiar.

Uma das provas que eu aponto que o homem (suposto Ezequiel) estava querendo aparecer, é que seu José Ferreira da Silva ou dos Santos jamais deixou um dos seus filhos sem registro de nascimento. Vejam que Virgolino Ferreira da Silva que era o 3º. Filho de seu José Ferreira e dona Maria da Purificação, nascido em 04 de junho de 1898, já era registrado em cartório, e por que o Ezequiel Ferreira da Silva não fora registrado que era o mais novo da família? Pura fantasia do depoente aos escritores e pesquisadores.

Segundo um artigo do escritor e pesquisador do cangaço Ângelo Osmiro que não é ele que diz, e sim informação de outra pessoa, aqui está o título e o link abaixo: “A MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA (PONTO FINO) IRMÃO DE LAMPIÃO - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2015/07/a-morte-de-ezequiel-ferreira-ponto-fino.html

“(...)

No ano de 1984, surgiu em Serra Talhada no Estado de Pernambuco um senhor de idade avançada, hospedado na casa do Sr. Genésio Ferreira, primo de Lampião (e seu também), dizendo ser EZEQUIEL, e que teria ficado no grupo até julho de 1938, quando Lampião fez uma reunião (esta reunião foi feita na noite de 27 de julho que antecedeu à chacina aos cangaceiros), para comunicar aos companheiros (cangaceiros) que abandonaria o cangaço, e com ele, fugiram disfarçados: 


O cangaceiro Luiz Pedro

o próprio Ezequiel; Luiz Pedro e mais Félix da Mata Redonda, tendo Ezequiel permanecido no Estado do Piauí, enquanto Luiz Pedro e Lampião tomaram o destino de Goiás, onde esse teria morrido no ano de 1981”.


O cangaceiro Félix da Mata Redonda

As informações deste senhor aos escritores e pesquisadores inclui pessoas que não estavam lá na Grota do Angico no Estado de Sergipe, naquela madrugada de inferno para os que lá estavam, um deles é o Félix da Mata Redonda que se lá estava eu não tenho conhecimento, possa ser que eu esteja enganado, e ele próprio (Ezequiel) que nenhum remanescente do cangaço falou que ele estava lá. Não estava porque o Ezequiel verdadeiro já havia sido abatido no ano de 1931

O da esquerda é o suposto Ezequiel. o outro é o Ezequiel verdadeiro.

"Observem que a orelha do suposto Ezequiel Ferreira fica igual à boca. Já a orelha do Ezequiel Ferreira verdadeiro fica à altura do nariz, e bem mais alta do que a boca. 
Observem também que o Ezequiel verdadeiro não tem costeleta. 
Já o suposto Ezequiel Ferriera da Silva tem costeleta, muito embora, fina. 
Muito diferente um do outro". 

E veja que o suposto Ezequiel Ferreira da Silva mentiu bastante em dizer que Lampião o tirou do cangaço naquele ano de 1931, e como é que o Ezequiel aparece no cangaço estando na Grota do Angico até o dia 28 de julho de 1938?

Ninguém do cangaço isto é, os remanescentes do bando de Lampião não falaram isso a nenhum dos pesquisadores e escritores. Só este mentiroso diz uma barbaridade desta querendo aparecer como se fosse um ex-cangaceiro de Lampião, além do mais, como irmão do capitão.

Sobre Lampião em outro Estado do Brasil as datas do seu falecimento são diferentes.

Lembrando ao leitor que o que eu escrevi “exceto parte do que escreveu o pesquisador e escritor Ângelo Osmiro”, o meu não tem nenhum valor para a literatura lampiônica. É apenas as minhas inquietações como dizia o escritor Alcino Alves Costa.

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