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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A EMPATIA DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, O LAMPIÃO PELOS MODOS DE PENSAR DO SINHÔ PEREIRA...


Por Verluce Ferraz

Não se sabe exatamente o que o próprio delírio promove. Essa teia mental que não se desfaz nem pela constatação de que os motivos que levaram o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a inexistência de indicar um motivo de entrar para o mundo do crime; que seria a vingança pela perda dos pais; não passava de uma fantasia. Lampião ingressou para o cangaço incorporando ao grupo do Sinhô Pereira, um dos mais temidos cangaceiros do Sertão de Pernambuco. Devemos lembrar também que tal crença em Lampião ao afirmar seu desejo de matar aquele que ceifou a vida de seu pai, tenha surgido de relatos em que o Sinhô Pereira, juntamente com seu primo Luiz Padre, juraram de morte um político (ano 1907), após o assassinato de um dos patriarcas da família; famoso político local, em virtude de partilha de terras. Sinhô Pereira mais Luiz Pedro já comandavam bandos com gente de alta periculosidade, sendo Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, um de seus cabras. Mais tarde Sinhô Pereira, abandonou o cangaço indo com Luiz Padre para o Estado de Minas Gerais. Lampião assumiu o comando de um dos grupos do Sinhô Pereira, e expandiu sua súcia; afinal já havia adquirido experiência com o professor para seguir seus costumes. O que escutara do Sinhô Pereira ficou hospedado na mente e bem acordada: repetiria sempre que entrara para o cangaço para vingar a morte de seus genitores. A fórmula assumida por Lampião veio da empatia que o ligava ao seu mestre no cangaço; suficiente para repetir a construção do mesmo pensamento: vingarei a morte de meus genitores. Prestou atenção nas justificativas do Sinhô Pereira para construir seu idealizado sonho. Talvez lhe vieram daí a tal coragem e valentia; para somar às causas psicopatológicas. Em Lampião havia a probabilidade de consumar seu desejo; sabia exatamente onde poderia encontrar o 2° Tenente José Lucena; aquele que tirou a vida de José Ferreira dos Santos, pai de Virgulino. Já a mãe de Virgulino teve morte natural; sabendo-se que o mal súbito adveio do desassossego causado pelos distúrbios causados pelos filhos, ninguém aceitava a família Ferreira como vizinhos. Matar era algo peculiar à personalidade de Virgulino; nunca dedicou o desejo de arrependimento pelas almas que encaminhou ao céu. Juntando vingança, brabeza e coragem, muita munição; nunca enfrentou o tenente Lucena. A improbabilidade de não o encontrar nunca existiu; bastava querer. Não quis.

O desassossego de Lampião não adveio da morte dos pais; já estava dentro do mundo do crime bem antes e as causas eram distúrbios mentais mesmo. Tinha compulsão por sangrar, era piromaníaco. Virgulino manejava com as armas há muito. Levou perturbação aos vizinhos e caminhou por sete Estados da Federação, dentro das caatingas, sempre causando problemas.

Comenta-se que o José Ferreira dos Santos, patriarca dos Ferreiras, era pessoa pacata, calado, e que viveu momentos de injustiças por conta da vida desregrada dos filhos. Outros apontam a briga de vizinhos por posse de terra. José Ferreira dos Santos, foi albergado em terras denominadas Sítio Passagem, no Riacho de São Domingos, como doação para que ele casasse com Maria Sulena da Purificação, filha da parteira Maria Jacosa. José Ferreira dos Santos assumiria a paternidade do filho de Maria Sulena que já; estava grávida do jovem Venancinho Nogueira; filho de João Barbosa Nogueira, patrões de Maria Jacosa (Nasceu a criança que foi levado à pia batismal com o nome de Antônio Ferreira da Silva, em 15 de julho de 1895. Portanto Antônio só é irmão de Virgulino e dos demais irmãos, por parte de mãe. Para assumir o papel de esposo José Ferreira dos Santos recebeu uma parte de terras e criações, como pagamento do acordo.

Após essa fuga de amor de Maria Lopes (Maria Sulema da Purificação), tem uma conflitante vantagem; casa-se e adquire um marido compreensivo, ganha bens para sobreviver, mas intervém na formação educacional dos filhos. Por outro lado, o marido se curvou às leis da necessidade e troca o insucesso em patrimônio material. Casando com Maria Lopes, terá feito um bom empreendimento. Não recuou na iminência do catastrofismo que estava por vir. Assim entendemos que os interesses iram colidir entre vizinhos. José aceitou o papel de fantasma na vida de Maria; ela motivava os filhos não aceitarem contingenciamento dos direitos adquiridos como reconhecimento de seu primogênito. Devemos lembrar que a crença em uma disputa por terras entre os Ferreiras e vizinhos não é a mesma que proprietários de grandes glebas. José Ferreira dos Santos não era herdeiro de terras; Ao adquirir uma faixa de terras, descobriu que se organizaria financeiramente, tal qual os donos de glebas. Com a chegada de uma família numerosa, pode ter manifestado desejo que imitir-se de mais terras, isso que não havia sido acordado no pacto ante matrimônio. Contaria com a ajuda dos filhos; antes os mesmos vieram a desconstruir seus projetos, adentrando em terras que não lhes pertenciam por direito. E os filhos de José Ferreira dos Santos, com Maria Jacosa recusaram-se a aceitar a verdade; tomando como válido o acordo como elementos do direito adquirido pelo acordo de seus pais e concorreram para a sentença de morte de toda uma família...

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