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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dix-sept Rosado e a Biblioteca Pública Municipal de Mossoró - 01 de Abril de 2013

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Jerônimo Dix-sept Rosado Maia foi eleito a 21 de março de 1948 como terceiro prefeito constitucional de Mossoró, tomando posse do cargo no dia 31 do mesmo mês e ano. Não era um homem culto; era um homem trabalhador. Contava no seu currículo escolar apenas com o curso ginasial, concluído por muita insistência da família. Mas foi esse homem que cinco dias após a sua posse, através da criação da “Biblioteca Pública Municipal”, deflagrou o maior movimento cultural de todos os tempos de uma administração municipal em Mossoró, movimento esse que passou a ser conhecido como a “Batalha da Cultura”.

A Biblioteca Pública Municipal de Mossoró foi oficialmente criada no dia 05 de abril de 1948, como cumprimento de promessa de campanha. A ideia foi do seu irmão Vingt-un Rosado. 

Jerônimo Dix-sept Rosado Maia

Mas Dix-sept era bastante sensível para entender as necessidades do município. É o próprio Vingt-un quem confessa: “Convenci Dix-sept a prometer a criação de uma Biblioteca Pública Municipal, que seria oficializada através do Decreto Executivo n.º 04, apenas cinco dias depois da sua posse na Prefeitura”.
               
Para que o projeto fosse concretizado, Dix-sept nomeou uma comissão organizadora, formada por: João Damasceno da Silva Oliveira, José Romualdo de Souza, José Ferreira da Silva, Rafael Bruno de Medeiros e Vingt-un Rosado Maia, todos cidadãos comprometidos com a cultura mossoroense.

 Jornalista Geraldo Maia e Dr. vingt-un Rosado Maia
               
Os ofícios de comunicação da criação da Biblioteca e o pedido de registro no Instituto Nacional do Livro foram redigidos por João Damasceno. O espaço físico foi conseguido pela Prefeitura no pavilhão térreo do Clube Ipiranga. Em depoimento, Vingt-un fala das dificuldades iniciais para que o sonho se tornasse realidade: “ Nenhum de nós, eu, Ferreira, América Rosado, tinha curso de biblioteconomia. Lemos alguns livros especializados e começamos a tarefa. Dix-sept visitava o trabalho quase diariamente. Mandou fazer as estantes e o mobiliário necessário”.
               
Para a formação do acervo da Biblioteca, contou-se com a colaboração dos mossoroenses. O padre Mota, ex-prefeito e vigário de Mossoró, fez doação de 300 volumes de sua biblioteca particular. Augusto da Escóssia na época era o presidente do Ipiranga. Por solicitação da comissão, permitiu que a Biblioteca Hemetério Queiroz fosse incorporada à Biblioteca Pública. De Natal, Dix-huit Rosado mandou várias caixas de livros arrecadados entre os amigos, de forma que na sua inauguração, a Biblioteca já contava com um acervo de 1.888 obras em 2.131 volumes. Visando criar nos jovens o hábito da leitura, o prefeito Dix-sept Rosado inseriu na Biblioteca uma seção de estados infantis. A ideia era inédita, pelo menos no Rio Grande do Norte. E isso era só o começo. Com a Biblioteca, veio o Museu, veio o Boletim Bibliográfico e a Coleção Mossoroense, tudo como desdobramento da ideia inicial da Biblioteca.
               
Dix-sept não concluiu seu mandato como prefeito de Mossoró. Foi eleito governador do Estado a 6 de junho de 1950, quando já se encontrava licenciado, assumindo o governo em 31 de janeiro de 1951. E como Governador do Estado do Rio Grande do Norte, não teve tempo de fazer mais pela cultura mossoroense. Morreu num desastre aviatório no dia 12 de junho de 1951, nas proximidades do campo de pouso de Aracaju, em Sergipe, cinco meses após a sua posse. Não quis o destino que ele permanecesse mais tempo entre nós. Deixou no entanto, como legado, a semente de um movimento cultural que permanece até os dias atuais, tendo na pessoa do professor Vingt-un Rosado, seu irmão casula, um eterno guardião, comandante-em-chefe do que se passou a chamar de \"Batalha da Cultura\".

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Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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Noite Cariri Cangaço - GECC traz pérolas da poesia, casos e causos matutos

GECC e Cariri Cangaço em noite de Causos e Casos

Aconteceu na noite desta terça-feira, dia 03, mais uma Noite Cariri Cangaço - GECC no Espaço Raquel de Queiroz da Livraria Saraiva Mega Store do Shopping Iguatemi, em Fortaleza. Com a temática: Causos e Casos do Sertão e a participação maciça de todos os confrades presentes a noite acabou se transformação em uma grande festa quando habitaram a poesia, contos, causos e casos pitorescos sobre as coisas do sertão e as coisas do universo do cangaço.

O encontro iniciou com os comunicados da Presidência do GECC, através do escritor Ângelo Osmiro, logo após passando a palavra para o Curador do Cariri Cangaço que anunciou as novidades do evento para 2013, com mais uma avant premier confirmada para o estado da Paraíba; para Severo "depois da maravilha que foi a confirmação de Lavras da Mangabeira para Maio, a chegada do Cariri Cangaço na Paraíba  através dos municípios de Sousa e Nazarezinho no mês de Junho, consolidam uma ação forte na direção de fortalecer a memória e a história de nosso nordeste no que diz respeito a temática cangaço, dentro de mais alguns dias teremos a Programação Completa de Lavras e também de Sousa e Nazarezinho, onde temos como grande timoneiro o confrade Wescley Rodrigues".

Ângelo Osmiro e Lívio Ferraz

Jonas Luis de Icapuí e Ezequias

Aderbal Nogueira

Comendador Mariano

Vicente Alencar

A noite seguiu com as apresentações do talento de muitos "iluminados do sertão" com destaque para Patativa do Assaré dentre outros, através dos confrades Edílson Cláudio, Pitonho, Vicente Alencar; o mundo do cordel com o trovador e cordelista, Cel. Gutemberg Andrade além de passagens marcantes e hilárias, de inúmeras viagens de pesquisa capitaneadas por Ângelo Osmiro, Aderbal Nogueira, Comendador Mariano e Manoel Severo.

Ao final ainda tivemos as novidades do mais novo empreendimento da Icapuí Filmes, FGF TV e Laser Vídeo, com o apoio do GECC e Cariri Cangaço: A Série "Os 7 Cangaceiros" , com Jonas Luis da Silva de Icapuí, que adiantou que o roteiro para os dois primeiros capítulos; sobre Cabeleira e Lucas da Feira, já estão prontos, devendo apenas aguardar o crivo dos "companheiros pesquisadores".

Cel Gutemberg Andrade, Lapa Carabajal e Edílson Cláudio

Pitonho e Edilson Cláudio

Dra. Maria Amélia e Angela Tavares

Afrânio Cisne

Ainda durante o encontro ficou acertada a Caravana do GECC que estará participando da Avant Premier do Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira nos próximos dias 18 e 19 de Maio.

Cariri Cangaço - GECC

http://cariricangaco.blogspot.com

O 5º Bispo de Mossoró - 25 de Março de 2013

Por: Geraldo Maia do Nascimento

A Diocese de Mossoró foi instalada em 18 de novembro de 1934, sendo o seu primeiro bispo Dom Jaime de Barros Câmara. Veio na sequência Dom João Batista Portocarrero, Dom Elizeu Simões Mendes, Dom Gentil Diniz Barreto e em 01 de abril de 1984 assumiu a Diocese Dom José Freire de Oliveira Neto, o seu 5º Bispo. 


Nascido na cidade de Apodi/RN em 09 de março de 1928 era filho de José Freire de Oliveira Filho e de Francisca Celsa de Oliveira. Seus estudos primários foram em sua terra natal, Apodi/RN. Iniciou seus estudos de padre no Seminário de Santa Teresinha, em Mossoró, deu andamento no Seminário de São Leopoldo (RS) e concluiu com o mestrado em Ciências da Educação, com especialização em Catequese, pela Pontifícia Universidade Salesiana, em Roma.
                
Aos 22 de setembro de 1956 foi ordenado presbítero por Dom Luigi Traglia, em Roma. Em 03 de novembro de 1973, o Papa Paulo VI o nomeou bispo-titular de Illici e auxiliar de Mossoró, recebendo sagração episcopal aos 02 de junho de 1974, na Capela do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma; Sendo Dom Gentil Dinis Barreto, o bispo consagrante. No dia 18 de julho 1975 foi apresentado ao povo da Diocese de Mossoró, em solenidade na Catedral de Santa Luzia. Em 1979 foi nomeado bispo coadjutor. Assumiu interinamente o governo diocesano a 14 de março de 1984, por ocasião da renúncia de Dom Gentil Diniz Barreto.
               
Pertencente à geração dos militantes da Igreja Pós-Conciliar, tinha opções eclesiais claras e dedicava seu trabalho a causas nobres, ao lado de grandes religiosos do Nordeste, como Aloísio Lorscheider, José Maria Pires, Hélder Câmara, Paulo Evaristo, Eugênio Sales e Luciano Mendes.
               
Na época em que assumiu o comando da Igreja na Diocese de Mossoró, Dom José Freire foi responsável pelo desenvolvimento de um importante trabalho num período de transição sociopolítico do país. Pertencia à safra dos bispos de grandes ideais, que marcou a era de ouro da Igreja no Brasil.
               
Naquela época, 1984, ainda vivendo sob a ditadura militar, havia no episcopado brasileiro uma natural divisão entre os bispos. Mesmo diante da instabilidade Dom José optou ficar do lado do povo, lutando pelo resgate da democracia, justiça social e pela liberdade de expressão. Na diocese, ele foi o bispo que abriu as portas da Igreja para os leigos, criou as assembleias de pastoral, aplicou o planejamento participativo e reacendeu as pastorais sociais.
               
Segundo bispo com origens fixadas na região, Dom José governou a diocese durante 20 anos. Renunciou em 2004, ao atingir a idade de 75 anos, tornando-se então bispo emérito. Seu lema episcopal era Configuratus Morti Ejus. Foi substituído pelo atual bispo, Dom Mariano Monzana.
               
Dom José Freire de Oliveira Neto faleceu na madrugada do dia 10 de Janeiro de 2012, na UTI do hospital Wilson Rosado em Mossoró, aos 83 anos de idade, vítima de uma parada cardíaca. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital desde o dia 31 de dezembro de 2011, em função de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico.
               
O corpo de Dom José Freire foi conduzido para Apodi (RN), sua cidade natal, onde foi velado. No dia 11 o corpo retornou à Mossoró, sendo velado na Catedral de Santa Luzia onde aconteceu a missa de corpo presente sendo, em seguida, realizado o sepultamento na própria Catedral.
               
Com o falecimento do Bispo Emérito, a Prefeitura Municipal de Mossoró decretou luto oficial na cidade por três dias, o mesmo acontecendo no município de Apodi, sua terra natal. Sua memória permanece viva no coração da comunidade católica de Mossoró.

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Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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CASA VELHA (COM UMA FLOR À JANELA) (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*

CASA VELHA (COM UMA FLOR À JANELA) 

Uma casa velha no sertão. Não na cidade nem nos povoados, mas na beira da estrada de chão batido, lá nas distâncias de tudo.

Uma casa velha e empobrecida, de barro batido e cipó, telhado de pouca telha e muita palha ressequida, em cujas brechas davam para se avistar uma lua imensa, bonita. E também por onde entravam raios de sol escaldante.

Na casa velha uma pequena família. O marido e a esposa e dois filhos. Ele sem ter o que plantar nem colher, desempregado de tudo, aperreado de enlouquecer. Ela também sem ter o que fazer. Sem barro no barreiro não havia como moldar nem pote nem panela.

Os dois filhos vivendo o sofrimento da inocência esquecida pela sorte e pelos poderes públicos. Sem escola nas redondezas, não tinham como estudar. Sem comida na panela, com apenas uma pedacinho disso ou daquilo, também quase não tinham o que comer.

Casa de barro e a família também, não seria engano dizer. E barro prestes a despedaçar, estilhaçar a qualquer momento. Ele com uma dor escondida. Ela com uma dor remoendo. Os filhos na dor chorada. A fome. A fome também causa dor na barriga, no estômago, no pensamento.

Nem precisava falar da fome. Ela estava em todo lugar, nua, gritando, impossível de ser suportada. Mas tinha de ser. Gente grande suporta essa dor, mas os pequeninos não. Dor danada de acontecer. Fome terrível por todo lugar.
Duas panelas de barro, porém emborcadas, em cima de uma mesa velha. Também duas de alumínio penduradas numa trempe de canto de canto de parede. Pratos de alumínio arrumados um sobre o outro e as colheres por cima. Tudo empoeirado. Quase sem uso.


Dois potes e uma moringa. Em apenas um pote se avistava o barro do fundo molhado. Sinal que ainda tinha água, mas bem pouquinha mesmo. Como costumeiro acontecer, não havia cobra enrodilhada por trás do fundo do pote. Diante da situação, certamente que havia preferido morrer debaixo do sol.

A moringa estava fazia, mas colocada no umbral da janela. Segundo a crendice daquele povo, mesmo vazia ele tinha de ser mantida ali. A boca vazia, virada pra cima, acabava gemendo de sede. E tal gemido era ouvido pelas forças da natureza. E somente assim a chuva poderia cair mais depressa.

Desse modo, dia e noite e noite e dia e a moringa ali de boca aberta, sedenta, no umbral da janela. Só que os dias passavam, também os meses, e nada de seus rogos serem atendidos. Nenhuma nuvem de chuva, nenhuma gota d’água caindo.

Preocupados apenas em olhar a moringa de vez em quando e lançar os olhos sem brilhos para o céu azulado e o sol escaldante, jamais atentaram para o que acontecia logo ao lado da moringa, num cantinho do umbral.

Ali, calma e silenciosamente, foi crescendo uma plantinha. Mesmo sem gota d’água derramada por cima, mesmo sem jamais qualquer adubo, verdejou a ponto de fazer surgir uma florzinha vermelha. Apenas uma.

Os dias passavam, a preocupação aumentava com a seca, a fome e a sede se alastrando cada vez mais. E quando olhavam em direção à janela procuravam enxergar apenas a moringa como salvação. Mas a florzinha estava ali.

Mas o que fez com que aquela flor vermelha brotasse daquela plantinha estranhamente nascida ali, sem qualquer grão ter sido jogado por cima do barro duro? Sim, como uma planta poderia ter surgido das raízes do barro petrificado, como o existente naquela janela?

Se a fé do povo ainda não havia surtido efeito com relação aos rogos saídos da boca da moringa, outra coisa aconteceu. Tanto o pai como a mãe, fugindo do olhar das crianças, corria para chorar na janela. No cantinho da janela.

Não chorava do lado que estava a moringa, mas do outro. E neste lado, cada lágrima caída foi sendo acolhida pelo barro como semente. Até vingar, brotar e virar flor. Uma flor vermelha na janela.

E a natureza, tão encantada com a florzinha ficou que passou a temer pelo seu futuro naquele mundo de sequidão. E por isso fez a chuva cair por todo lugar. Um mundo de benção caída do céu para alimentar o jardim do lugar: o povo, a terra, a vida...


(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com


Cariri Cangaço Opinião

Por: José Cícero
Festa de abertura do Cariri Cangaço em Aurora

Quão lisonjeiro e gratificante é a doce experiência de se viver toda a emoção de, literalmente termos mergulhados no fundo da história destes sertões do mundo. Principalmente em meio a uma sensação de alegria e contentamento quase descomunal, numa sinergia coletiva entre aqueles que procuram o tempo todo viver e sentir os fatos históricos na sua compleição mais forte e verdadeira, quase como uma profissão de fé.

Na sua grande maioria, pesquisadores, escritores e historiadores deveras apaixonados que são pela temática dos sertões e, em particular, do fenômeno do cangaço desde a sua gênese. Tendo como pano de fundo, o papel exercido pela ínclita figura de Virgulino Ferreira da Silva - O Lampião, rei do cangaço e os seus comandados, além de coronéis, beatos, jagunços, coiteiros e volantes.

Uma grande multidão de aficionados, dos mais diversos e distantes rincões do Nordeste (quando de outras partes do Brasil e do mundo) reunidos em torno de um tema no mais das vezes, recorrente e por demais palpitante. Movidos todos eles, pelo combustível incontrolável da curiosidade, da leitura e da pesquisa como um farol sempre a serviço da verdade e da ciência social. Uma multidão de abnegados pesquisadores, cuja paixão pela história lampiônica é quase uma marca indelével, notadamente na visão dos que desejam sempre quere aprender um pouco mais.

José Cícero recepcionando o Conselho do Cariri Cangaço em Aurora

Um considerável ingrediente que há muito tem fomentado a produção de conhecimento, chamando a sociedade (em especial a acadêmica) a pensar e se debruçar sobre toda uma série de questões a partir do enfoque do cangaço e seus desdobramentos. E, é bom que se diga, o Cariri Cangaço tem jogado um papel de destaque neste processo. Assim como outros eventos do mesmo naipe, que ora acontecem em outras paragens do Nordeste e pelo País afora.

Quem sabe, como uma profunda cicatriz deixada na própria pele (destes sertanejos curiosos), por espinhos de antigos mandacarus durante as inumeráveis andanças e incursões pelas inóspitas caatingas nordestinas.

Uma declaração de guerra em favor do bem. O bom combate anunciado como que por meio de medievais trombetas sertanejas, sobre os chapadões destes grotões caririenses. Uma sensação de alegria sem tamanho, estampada nos olhos, bem como no peito de todos estes verdadeiros vaqueiros visionários de uma saga sem fim, chamada cangaço.

Cariri Cangaço visita o Caldeirão do Beato Zé Lourenço

Pulsão de quase morte a nos impulsionar às andanças e à pesquisa, buscando conhecer um pouco mais daquilo que, de fato, aconteceu um dia neste sagrado chão e pelas bibocas desconhecidas de uma elite ainda hoje preconceituosa.

Sem dúvidas, num gesto da mais evidente ousadia dos que, ainda não se deram por satisfeito diante da mentira de uma história descrita e escrita pelos vencedores. E assim, decidem por si mesmos, ir além. Muito além da versão daquilo que há muito se convencionou a chamar de história oficial.

Diante de todo este incomensurável contentamento e disposição para este mergulho profundo e perigoso na história, ficamos a nos perguntar: Que força e que energia (talvez sobrenatural) nos impulsionam a esta grandiosa empreitada? Que motivação será tão forte, a ponto de fazer com que homens e mulheres das mais diferentes classes, profissões, idades, concepções, crenças e lócus geográficos; desconhecendo distâncias venham se compor como num verdadeiro exército de desbravadores pós-modernos ansiando ver de perto os nossos sertões hodiernos? A face cruel da história. Os resquícios do passado que sobreviveu a toda escuridão tenebrosa dos anos idos...

Que argamassa inquebrantável possui a fantástico história do cangaço ainda hoje, ao ponto de mexer o mais profundamente possível com todos nós pesquisadores e entusiastas desta temática?

Será que, como dizem os opositores, estamos implicitamente a enaltecer bandidos? Não. Isso não.


O que estamos na verdade, ao meu juízo, é lançando um novo olhar justo, preciso e necessário sobre a fenomenologia dos acontecimentos que, por mais de cem anos, impregnou os sertões e a sua gente de grandes percalços, marcados pela miséria e pela injustiça de toda sorte.

Independentemente, portanto, de enxergarmos (por exemplo) Lampião, quer seja como herói ou como bandido - o cangaço por seu turno, como um fenômeno eminentemente social e político, deixou sua marca na historiografia de todo o interior nordestino. E Virgulino Ferreira, o Lampião, quer queira ou quer não, foi o seu protagonista maior. De tal maneira que não poderá passar despercebido neste estudo de casos e acontecimentos. É fundamental que conheçamos nossa verdadeira história...

Como de resto, é mister que se diga que, só após as estripulias de Lampião com seu bando, foi que o sertão ´passou´ a ser visto de uma outra maneira pelos poderes do litoral. Contudo, parte daquela antiga realidade ainda persiste, vez que a ótica dos poderosos também permanece tal qual como no passado: míope, excludente, injusta, massacrante, discriminante e mentirosa.

José Cícero
Professor e pesquisador do cangaço
Fonte:http://diariodonordeste.globo.com

http://cariricangaco.blogspot.com

Temas do evento A chegada de Sinhô Pereira ao Cariri Cangaço

Por: Jorge Remigio


Quando setembro vier, teremos o prazer de desfrutar a convivência por quase uma semana, com grandes personalidades do meio cangaceirístico, como também, de muitos amigos e amigas formados no seio desse encontro grandioso e singular, que é o CARIRI CANGAÇO. Este prima por dar um caráter cultural, didático e educativo ao evento, como também, tem a força de interagir plateias e pesquisadores nos seminários que sucedem nas cidades acolhedoras que fazem parte do circuito. A notícia da inclusão e discussão em seminário do personagem Sinhô Pereira, foi muito acertada. 

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http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2013/04/temas-do-evento.html

O rei do baião e Dominguinhos


O rei do baião Luiz Gonzaga, apresenta o mestre Dominguinhos! Viva a cultura nordestina! Quem tem talento é assim mesmo.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

"Fidalgo", mas nem tanto. Lampião comia... também com as mãos!

Por: Ivanildo Silveira(*)

Na foto abaixo, vê-se o Rei do cangaço comendo utilizando as mãos, enquanto dois cangaceiros se servem com prato e colher.


Compulsando a literatura cangaceira, vamos encontrar que os hábitos cangaceiros, no tocante à alimentação, eram os mais variados. Cada cangaceiro possuía seu copo/caneco, sua colher, o prato e a cabaça/ cantil para depósito dágua.


Entre os alimentos destacavam-se: Farinha, carne de sol, rapadura, café, sal, leite, coalhada, galinha, bode, caças em geral etc... Some-se a isso, também, as frutas silvestres que eram consumidas, inclusive cactos (xique-xique, coroa de frade..etc..), quando havia muita falta dágua.

As carcaças dos animais (peles e ossos) eram enterrados, a fim de que a podridão dos mesmos, vista pelos urubus que rondavam o local, não os denunciassem á policia. Quando desarmavam as barracas/tordas e abandonavam o "coito", deixavam um odor de ciganos.


(*)Ivanildo Alves Silveira é Colecionador do cangaço Membro da SBEC

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2010/06/lampiao-comia-tambem-com-as-maos.html