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sábado, 18 de junho de 2016

ADEMAR BEZERRA DE ALBUQUERQUE


Ademar Bezerra de Albuquerque (Fortaleza, 18 de julho de 1892 - Rio de Janeiro, 16 de julho de 1975) foi bancário, fotógrafo e artista. Fundou a ABAFILM em 1934, empresa fotográfica que registra desde sua fundação os principais eventos e manifestações da cultura e cotidiano do povo do Ceará e Nordeste.


Já jovem tinha interesse pela arte da imagem e aos 18 anos já tinha o próprio laboratório fotográfico. Trabalhou por 40 anos no London Bank em Fortaleza.

Ademar Bezerra de Albuquerque entrou para a história com o empréstimo e orientação do uso do material fotográfico para o secretário do Padre Cícero, “turco” (sírio/libanês) Benjamin Abrahão Botto. 


Este trabalho conjunto resultou no registro fotográfico e cinematográfico do cangaço, precisamente de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva) e seu bando.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ademar_Bezerra_de_Albuquerque

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INAUGURAÇÃO


Será inaugurada no próximo sábado, HOJE, (dia 18-6-2016), por ocasião da visita dos escritores participantes do "Projeto de Integração Cultural Interestadual (Fortaleza-Mossoró)" ao Museu do Sertão, a maior e a mais recente obra de arte do Museu do Sertão, com 4,50 metros de altura por 6 metros de largura. Esta escultura em ferro é uma produção do talentoso  artista plástico potiguar, natural de Antônio Martins-RN, Elson Mesquita (Elson Henrique de Oliveira Mesquita,1988).

A  referida peça está localizada na entrada do "Pátio das Artes Vingt-Un Rosado", do Museu do Sertão, da Fazenda Rancho Verde, Mossoró-RN.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

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MAS QUE CONVERSA AGRADABILÍSSIMA ACABAMOS DE TER!

Por Juliana Pereira

Caríssimo amigo José Sabino Bassetti

Que conversa agradabilíssima acabamos de ter... Acabei ler "Lampião - o cangaço e seus segredos" e, com toda sinceridade, da minh'alma, como gostava de dizer meu querido e amado mestre Alcino... eu adorei, gostei demais, mesmo!!! Graças a Deus, o amigo revogou sua decisão de não mais escrever. Na minha opinião, este livro tem a mesma qualidade do anterior, sendo que, a mim, parece mais uma boa conversa, entre leitor e o autor. Ou seja, a sensação é de estarmos ouvindo o autor falar com toda segurança e conhecimento sobre o assunto. Sem adoração, sem condenação injusta, sem leviandade... Apenas e tão somente, usando da sinceridade e do conhecimento... 


Em síntese, O livro é fantástico!!! Só não vou dizer que estou surpresa, por eu já esperar que fosse tão bom quanto o é!!! Em algumas passagens, rolei de rir de suas tiradas, suas impressões. Amigo, destes uma aula sobre cangaço. É o tipo de livro que atende as expectativas desde o pesquisador/estudioso mais experiente ao iniciante no assunto. Parabéns!!! E receba um abraço de admiração... Estou realmente festejando, feliz e animada por este trabalho tão bom, de excelente qualidade e sério. No mais, faltam-me palavras para exteriorizar quão feliz e agradecida estou por teres dedicado seu trabalho ao mais sensível, sério e dedicado pesquisador do cangaço, meu amado mestre e querido amigo Alcino Alves Costa... Agradecida estou, por certo, Ele deve tá lá no céu com aquele sorrisão doce dele, feliz por você ter concluído o livro e agradecido pela lembrança. 

Juliana Pereira e Alcino Alves Costa

Além de ser um dos maiores conhecedores do fenômeno Cangaço, Alcino era de uma elegância singular. Respeitava todas as opiniões, sem se curvar a elas. Tinha convicções declaradas, muitas delas incontestáveis, em meio a outras que ele só confidenciava a pessoas muito próximas... Diferente de muitos algures... Foi um grande amigo dos amigos. Hoje, conta seus causos no sertão celestial... Parabéns pelo excelente trabalho, amigo Bassetti. Um abraço fraterno.

Juliana Pereira

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AS CANGACEIRAS

Por Ana Paula Saraiva de Freitas

No rastro de Maria Bonita, dezenas de mulheres mudaram de vida ao integrar os famosos bandos do sertão

Criminosas. Quando se fala da participação das mulheres no cangaço, geralmente elas são reduzidas a esta palavra. Uma imagem que perde de vista os medos, os desejos e as frustrações que rondaram as cangaceiras nas décadas de 1930 e 1940, e que ignora as razões que as levaram para essa vida. Enquanto algumas ingressaram nos bandos voluntariamente, outras foram coagidas e privadas do convívio com seus familiares.


Embora os motivos fossem variados, a maioria daquelas que aderiram ao cangaço carregava a ilusão de que viveria em festa e teria liberdade, sensação alimentada pela vida nômade e errante daqueles homens. A realidade revelou um cotidiano bem mais complicado: além dos embates violentos contra forças policiais, muitas vezes os cangaceiros ficavam mal alimentados, sem água nem lugar para repousar, caminhando quilômetros sob sol e chuva.

A faixa etária das cangaceiras variava de 14 a 26 anos, e suas origens socioeconômicas eram diversas, incluindo mulheres de famílias abastadas. Elas viam no cangaço uma oportunidade para romper com os padrões sociais: naquele grupo poderiam conquistar outros espaços além da esfera privada do lar e tinham a oportunidade de escolher seus parceiros sem a interferência dos acordos familiares.

Uma vez integradas aos bandos, as jovens tinham que se adaptar à nova vida, sem chance para arrependimento: tentar fugir implicava retaliações tanto por parte de cangaceiros quanto por parte das volantes, como eram chamados os grupos de policiais que perseguiam os “bandidos do sertão”. Nesse espaço permeado pela violência, eram submetidas aos desejos sexuais de seu raptor, sem contato com a família, sentenciadas à morte em caso de adultério e envolvidas nos confrontos com forças policiais. Capturadas pelas volantes, apanhavam, eram estupradas e sofriam diversas humilhações.

No cangaço os papéis sociais eram bem definidos: ao homem cabia zelar pela segurança e o sustento dos bandos. À mulher, ser esposa e companheira. Durante a gestação, muitas ficavam escondidas. Depois do nascimento do bebê, eram obrigadas a retornar ao cangaço e entregar a criança a amigos.

A convivência entre elas não era totalmente pacífica. Testemunhos dão conta de que uma queria ser melhor do que a outra. O status da cangaceira era medido pelos bens que possuía: joias, vestidos, animais. As qualidades bélicas também estabeleciam diferenças entre elas. Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida como Dadá, tornou-se emblemática por sua coragem e desempenho com armas nos embates com as volantes. Chegou a assumir o comando do grupo no momento em que o líder Corisco se encontrava ferido. Mas o prestígio feminino acabava sempre associado ao lugar ocupado pelo companheiro na hierarquia dos grupos.

Maria Bonita (Maria Gomes de Oliveira), famosa companheira de Lampião, foi a primeira figura feminina a ingressar no cangaço, em meados de 1930. A partir daí, mais de 30 mulheres participaram da vida nos bandos. A Bahia foi o estado que forneceu maior número de moças ao banditismo do sertão nordestino, seguida por Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

As andanças dos cangaceiros repercutiam na imprensa, e a presença feminina era mencionada de forma genérica e depreciativa. Nos jornais O Estado de São Paulo e Correio de Manhã, aquelas mulheres eram chamadas de bandoleiras, megeras e amantes. Eram estereotipadas como masculinizadas, belicosas e criminosas, além de serem tratadas como objetos de satisfação sexual.

A imagem apresentada pelos jornais, porém, difere daquelas que o fotógrafo sírio-libanês Benjamin Abrahão Boto produziu na década de 1930. Suas fotografias mostram como as cangaceiras pretendiam ser lembradas: realçam sua feminilidade, evidenciam cuidados com o corpo, a aparência e a postura, destacam a beleza dos trajes e o apreço por joias. Algumas se faziam retratar com jornais e revistas da época, sinalizando o desejo de serem identificadas como mulheres letradas. Essas preocupações ficam explícitas nas fotos em que algumas – como Maria Bonita – reproduziram a postura e o gestual das mulheres da elite rural e urbana, como se estivessem posando em estúdios consagrados.

A maioria dos folhetos de cordel reforça esse aspecto da participação feminina no cangaço. Os versos destacam a preocupação das cangaceiras com a beleza, o amor e a cumplicidade dedicados às relações afetivas, além da coragem nos embates. Nesse tipo de literatura o perfil feminino é recriado a partir de uma perspectiva mítica, envolvendo um misto de heroína e de bandida.

As práticas e as representações das mulheres naquele universo da caatinga foram variadas, e elas não tinham um perfil único. Quando o cangaço chegou ao fim, cada uma teve de reconstruir sua vida conforme os parâmetros sociais vigentes. Do cotidiano duro e arriscado das andanças pelo sertão, as ex-cangaceiras largaram as armas e a fama de criminosas para encarar outros papéis: mães, donas de casa e, em alguns casos, trabalhadoras fora do âmbito doméstico.

Ana Paula Saraiva de Freitas é historiadora e autora da dissertação “A presença feminina no cangaço: práticas e representações (1930-1940)”, (Unesp, 2005).

Saiba Mais
ARAÚJO, Antonio A. C. de. Lampião, as Mulheres e o Cangaço. São Paulo: Traço, 1985.
BARROS, Luitgarde O. C. A derradeira gesta: Lampião e Nazarenos guerreando no Sertão. Rio de Janeiro: Faperj/Mauad, 2000.
QUEIROZ, Maria Isaura P. de. História do Cangaço. 2. ed. São Paulo: Global, 1986.
MELLO, Frederico P. de. Guerreiros do Sol. Violência e banditismo no Nordeste do Brasil. São Paulo: A Girafa Editora, 2004.

Fonte: facebook
Grupo: ‎O Cangaço
Link: 

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75 ANOS DO CAIPIRA DE POÇO REDONDO ALCINO ALVES COSTA

Por Juliana Pereira

Hoje o céu está em festa... Imagino os anjos organizando cordões de bandeirinhas juninas... enchendo balões coloridos, fazendo fogueiras e escolhendo músicas caipiras... Tudo para festejar o aniversário de uma pessoa muito especial e que, por certo, deve alegrar o céu contando suas histórias, falando sobre cangaço, sobre Poço Redondo, seus amigos, filhos e amigos... 


Imagino o sorriso doce e os olhos brilhando, todas as vezes que conta suas muitas histórias... Confesso que estou morrendo de inveja dos anjos que estão festejando seu aniversário... Queria poder ir ai, poder te abraçar bem forte e ficar no teu abraço até matar esta saudade que ainda dói tanto... Meu amado mestre. Meu amigo mais que querido. Meu pai... Um norte. Um amor que não se mede, que não se compara, que não cabe nas palavras, que não se limita a este plano. Hoje, estás fazendo 75 anos... e eu ainda não te desculpei por teres partido tão cedo. Tinhas me prometido que irias ao menos até os 82, lembra? Oh, meu querido... Quanta saudade você deixou... Como pode um ser de luz, que só sabia amar, que iluminava a todos com seu sorriso, nos deixar... e tão cedo... Eu ainda tinha tanta coisa pra te dizer, pra te perguntar... ligar pra você todas as noites, só para te dizer “Boa noite querido e amado mestre”... E ouvir seu sorriso e sua voz dizendo “Minha amada filha. Boa noite. Que Nossa Senhora te proteja e guarde”... Era como se eu tivesse falado com um anjo e que, a partir dali, nada pudesse me atingir ou fazer mal... A distância nunca te fez distante. Eras tão presente na minha vida... Sei que ainda és. Sei que continuas olhando por mim. Eu apenas queria a fisicidade da tua existência... Só isto. 

Obrigada. Muito obrigada por ter me dado de presente a tua amizade, teu carinho, teu colo de pai, de amigo, de protetor... Que Deus continue te conduzindo pelo caminho da Luz, FELIZ ANIVERSÁRIO. Te amo, querido e amado mestre.

Juliana Pereira

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LAMPIÃO E A MORTE DO CANGACEIRO SABIÁ

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Lampião tinha sido convidado por um de seus coiteiros, chamado de Chico Gordo, para comer um peru em sua casa. Lampião então escolheu alguns cangaceiros para ir com ele, os demais mandaram que o esperasse na Lagoa do Rancho, na casa de outro coiteiro chamado Silvestre. (1)

Como todos nós sabemos, ele além de ser muito religioso, (nesse caso essa religiosidade para mim era mera conduta supersticiosa, pois temia desagradar a Deus, ao Santos e aos padres) também se achava um homem decente. Gostava de mostrar isso quando se tratava mulheres violentadas, nunca admitiu que um "cabra" de seu bando violasse uma mulher e continuasse vivo. O amor era livre, mas o amor correspondido, nunca o amor forçado, amor de violência... (alguns autores mostram que ele próprio cometeu em algumas ocasiões, violências contra algumas mulheres)

Pois bem, esse fato se deu com o bando em Lagoa do Rancho, no interior da Bahia. O bando estava aguardando a volta de Lampião da casa de Chico Gordo, quando soube que Sabiá(2) - Terceiro Sabiá, e se chamava Antonio Caboclo - havia estuprado a filha do fazendeiro/coiteiro.

Lampião foi ver a filha de Silvestre e deparou-se com as queixas do pai e o desespero da mocinha, que tinha apenas 13 anos de idade. Esta, chorava e estava em estado lastimável. O autor do crime, Sabiá, era um rapaz forte, com dezoito anos de idade e era novo no bando.

Lampião ficou furioso e mandou que chamassem Sabiá, que a estas alturas já tinha "voado" e encontrava-se entrincheirado em umas pedras, pois não tinha ido muito longe. (O relato dessa estória, encontramos em diversos livros - Aglae Lima de Oliveira; Oleone Coelho Fontes; Bismarck Martins Oliveira, e jornal o Globo)  

Na estória contada por Volta Seca (3) - Sabiá tomando consciência que seria morto por Lampião, caíra no mato a uns quinhentos metros da fazenda. Lampião, depois do ver o estado que ficou a filha do fazendeiro, falou para Volta Seca e Gavião irem buscar Sabiá.

"Eu e Gavião saímos em busca de Sabiá e o encontramos em umas pedras grandes, e quando nos aproximamos ele gritou: "Não avancem mais um passo que abro a cabeça dos dois a bala!" - Olhei para Gavião e certifiquei-me que ele faria mesmo o que prometera, mas mesmo assim lhe falei: Sabiá, o Capitão quer lhe falar, e nos mandou buscar você. A resposta não tardou; "Pois eu não vou e vocês não se aproximem. Se o Capitão que falar comigo que ele mesmo venha me buscar!" 

Volta Seca nessa entrevista disse: "Achei muita ousadia, mas não tentei captura-lo. Seria loucura, pois estando num ponto ideal para defender-se, mataria nós facilmente. Olhei para Gavião e retornamos à fazenda. Lampião, quando nos viu perguntou intrigado: "Cadê ele? Fugiu?" - "Não, senhor, respondi, "Sabiá está entrincheirado ali numas pedras aqui perto". - "Por que não trouxeram ele?" retornou Lampião - "Porque ele nos mata. Nós dissemos a ele que o Capitão queria lhe falar, mas ele disse que o senhor vá buscar ele, se quiser."

Foi a conta, relatou o menino cangaceiro; "A testa de Lampião franziu, os lábios apertaram e rilhando os dentes falou: "Cachorro! Pois vou buscar esse cão." Fomos até o local onde Sabiá se encontrava. Sabiá estava ainda no mesmo lugar, como se nos esperasse. Quando estávamos a uma boa distância paramos, mas Lampião continuou andando no mesmo passo sem ligar pra nós dois.

Sabiá, ao ver Lampião cada vez mais perto disse: "Pare, Capitão, ou eu atiro!"Lampião só parou a uns cinco metros da pedra. Segurava o fuzil nas duas mãos na posição de soldado que se prepara para uma carga de baioneta. Eu e Gavião à distância olhávamos admirados com o que víamos e pensamos que dessa vez Lampião seria morto, pois Sabiá era um rapaz muito valente."

- Você, não atira em ninguém! Disse Lampião gritando.

- Não avance nem mais um passo Capitão, que eu atiro! Ninguém vai me pegar! Disse Sabiá.

Lampião olhou para ele por um instante e disse:

- Você não atira em ninguém menino!

E avançou. Avançou resoluto, com Sabiá fazendo pontaria para ele. A todo instante eu esperava o estampido do tiro do assassino fuzil de Sabiá, mas o tiro não saiu.

- Atira cachorro! Atira! Disse Lampião.

E Sabiá não atirou, arriou o fuzil e foi o seu fim. Lampião deu com a coronha de seu rifle na cara de Sabiá que rolou pelo chão, ensanguentado. Lampião mandou a gente levar o rapaz para a fazenda e nós desarmamos Sabiá e o conduzimos, com Lampião na frente a passos largos. Ele, com a boca toda arrebentada e os dentes da frente quebrados."

(N.A. - Aqui nesse relato, encontramos Lampião fazendo o justiçamento por tiros. Mas outros autores nos dizem que Sabiá foi morto a pauladas pelos cangaceiros Mourão e Labareda. (4). Já no livro Lampião - A Raposa das Caatingas, de José Bezerra Lima Irmão, pg 356, citando Estácio de Lima, diz que quem matou Sabiá foi o cangaceiro Ângelo Roque, que lhe deu um tiro a mando de Lampião.)

Mas continuemos avaliando esse relato de Como se forja um cangaceiro - jornal O Globo 8/11/58 onde notamos romancismo demais e como diz meu amigo Jorge Remígio - Conselheiro do Cariri Cangaço e membro do GPEC (GRUPO PARAIBANO DE ESTUDOS DO CANGAÇO) que, essas estórias "só servem para solidificar o mito".

Na fazenda todos se acercaram de Sabiá e sabiam que a coisa iria sair ruim para o estuprador. Ele iria ter um fim trágico.

Continua Volta Seca: "Lampião estava furioso e olhava sem afastar por segundos, seus olhos de Sabiá. Olhava-o com ódio sem dizer nada, em silêncio completo, pois ninguém ousava falar. Sabiá mal se aguentava de pé. Estava vencido.

Lampião então pôs-se a falar: "Vai morrer porque não prestas cão! E por causa dessas coisas que falam mal da gente por aí. Mas eu te dou um exemplo para todos saberem que o bando de Lampião tem vergonha!"

Apontando para dois empregados da fazenda, mandou-os cavar uma cova e quando essa estava com apenas dois palmos, mandou parar e apontou a arma para o rosto impassível de Sabiá e atirou gritando; "vai-te pros infernos, cão!" Sabiá caiu morto, mas Lampião continuou atirando. Houve quem contasse quinze tiros. Essa expressão "vai-te pros infernos" era muito comum a ele. Depois de assassinar o rapaz, Lampião disse para os dois empregados: "Joga esse peste aí, pois cachorro a gente enterra de qualquer jeito."

Vemos assim como se constrói um mito. Em várias referências a esse evento, vemos discrepâncias nos relatos.

Mas gostaria de fazer menção ao livro recentemente lançado por ocasião do grande encontro de estudiosos do cangaço, que se deu na cidade de Floresta. O livro tem o título de As Cruzes do Cangaço, de autoria de dois jovens escritores, Marcos Antonio de Sá e Cristiano Luiz Feitosa Ferraz, que nas páginas 204-212 que nos fala do segundo Sabiá, que parece ter-se espelhado o terceiro de nosso relato, pois esse também era um estuprador.

Depois de passarem-se mais de dez anos da morte desses "sabiás estupradores" tivemos então em 1937 o quarto e último "Sabiá" no bando de Lampião, seu nome, João Alves dos Santos, vulgo João Preto. Mas esse não seguiu os passos dos dois anteriores, a não ser, ser cangaceiro.(5)


(1) - Lampião - A Raposa das Caatingas, de José Bezerra Lima Irmão, pg 356
(2) - Dicionário Biográfico Cangaceiros e Jagunços, de Renato Luiz Bandeira, pg 288
(3) - Como se forja um cangaceiro - jornal O Globo 8/11/58
(4) - Dicionário Biográfico Cangaceiros e Jagunços, de Renato Luiz Bandeira, pg 288
(5) - Dicionário Biográfico Cangaceiros e Jagunços, de Renato Luiz Bandeira, pg 289

http://meneleu.blogspot.com.br/2016/06/lampiao-e-morte-do-cangaceiro-sabia.html

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