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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um livro na matriz da Historiografia Brasileira

Por  José Octavio.PDF
José Octávio de Arruda Mello

Um livro na matriz da Historiografia Brasileira - José Octavio.PDF

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço 
Kydelmir Dantas

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Curta Cinema dia 14/08, no Centro Cultural da Câmara, com o documentário Feminino Cangaço


Prezados,

O Centro Cultural da Câmara exibirá, no próximo dia 14/08, o documentário Feminino Cangaço, conforme informações no release abaixo.

Peço a gentileza de divulgar entre os seus contatos. Quando tivermos o flyer eletrônico encaminhamos para reforçar a divulgação.

Grata,
Ana Paula

Curta Cinema


Olê mulher rendeira
Olê mulher rendá...
Mulher rendeira
(Lampião e Volta Seca)

Em comemoração ao mês da Cultura Popular, o Projeto Curta Cinema, do Centro Cultural Vereador Manuel Querino, da Câmara Municipal de Salvador, exibirá no dia 14/08, às 15h e 17h30, o documentário Feminino Cangaço, dos diretores Lucas Viana e Manoel Neto.

Este documentário propõe uma reflexão sobre a entrada das mulheres no cangaço, suas motivações, as superstições em torno delas, seus papeis dentro dos bandos, crenças e dramas pessoais. Busca compreender e ressaltar a importância destas mulheres que transgrediram os valores sociais de sua época e ajudaram na construção do “fenômeno do cangaço”, destacando-as como sujeitos ativos desta história, cuja força surpreende ainda nos dias atuais.

São entrevistados no filme especialistas na temática do cangaço, a exemplo do sócio fundador da União Nacional de Estudos Históricos e Sociais (Unehs), Antonio Amaury, e os pesquisadores Frederico Pernambucano de Melo, Luiz Ruben, Rosa Bezerra e Germana Gonçalves. Também estão presentes os depoimentos da filha e neta de Lampião e Maria Bonita, Dona Expedita e Vera Ferreira.

O filme é uma produção do CEEC - Centro de Estudos Euclides da Cunha, órgão suplementar da UNEB, e da WebTV UNEB, em coprodução com a Épuras - Laboratório Audiovisual.

Após o primeiro horário de exibição, às 15h, será realizado um bate-papo com os diretores do filme. A entrada é franca.

Serviço
O quê: Curta Cinema com exibição do documentário “Feminino Cangaço”
Quando: 15h e 17h30*
Onde: Centro Cultural Vereador Manuel Querino (Câmara Municipal de Salvador)
Endereço: Praça Municipal, s/n, subsolo da Prefeitura.
Contato: 3320-0396/0324 (Ana Paula)

* No horário das 17h30 só haverá a exibição do documentário, sem o bate-papo com os convidados.

Ana Sampaio
Analista Legislativa - Cultura
Centro Cultural Vereador Manuel Querino l CMS
(71) 3320-0396/0324

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Documentário radiofônico - Amor e renuncia: A presença da mulher no cangaço

Por Juliana Almeida

Este documentário foi o meu projeto de conclusão de curso em Jornalismo na Universidade Tiradentes. Explico logo abaixo como ele foi produzido:

Inicialmente foi realizado um levantamento de dados sobre a participação da mulher no cangaço, através de sites especializados, monografias e livros consultados na biblioteca da Universidade Federal de Sergipe e na biblioteca da Universidade Tiradentes. Após essa análise inicial do material disponível, foi possível reunir informações para aprofundar a discussão com pesquisadores sobre e cangaço e jornalistas, durante a realização da I Semana do Cangaço, realizada de 4 a 6 de junho de 2008, no Centro de Criatividade, em Aracaju.



Durante a Semana do Cangaço, foi possível fazer as entrevistas que compõe esse trabalho e ampliar as referências para a consulta de mais dados e depoimentos sobre a participação da mulher no cangaço, como a aquisição de documentários de vídeo e bibliografia específica sobre o tema proposto.

Com acesso a todo o material, a fase seguinte foi decupar as entrevistas gravadas e reunir as informações presentes neste memorial descritivo nos capítulos que tratam do fenômeno do cangaço no nordeste e a mulher no cangaço. É importante ressaltar que a qualidade de algumas entrevistas não está tão boa, mas elas foram imprescindíveis para a composição do documentário.


O documentário radiofônico foi elaborado a partir do roteiro estruturado para mostrar a influência e participação da mulher no cangaço sob diversos aspectos, sempre primando pela objetividade jornalística e coesão entre os fatos. O documentário traz elementos da literatura de cordel, trilha sonora específica, narração em off e entrevistas. O tempo de duração do documentário ficou em 17 minutos e 58 segundos e será veiculado em emissoras educativas que tenham interesse no resgate da memória de elementos da cultura nordestina


O documentário “Amor e renúncia: a presença da mulher no cangaço” traz as seguintes entrevistas:


·         Ariano Suassuna (Escritor)
·         Maria do Rosário Caetano (Jornalista e escritora)
·         Luiz Antônio Barreto (jornalista, escritor e pesquisador)
·         Jovenildo Pinheiro de Souza (professor da UFPE e pesquisador do cangaço)
·         Vera Ferreira (Jornalista neta de Lampião e Maria Bonita)
·         Expedita Ferreira (Filha de Lampião e Maria Bonita)


O documentário ainda traz os seguintes depoimentos extraídos do vídeo-documentário ’Mulheres Cangaceiras’ produzido e exibido pela TV SENAC, 1997:


·         Antônio Amaury Corrêa de Araújo (pesquisador do cangaço e escritor)
·         Ilda Ribeiro de Souza (Sila) – ex-cangaceira e mulher de Zé Sereno.


A estrutura do documentário traz versos da literatura de cordel, de autoria de Franka e do jornalista Márcio Santana no formato de Martelo Agalopado, que são utilizados na abertura e encerramento e como ‘cortinas’ na separação dos assuntos abordados.


A trilha sonora contempla músicas típicas do nordeste, como o xaxado, na interpretação de Luiz Gonzaga e do ex-cangaceiro Volta Seca, além do grupo Anima.


Ouça o documentário Clique Aqui

Pescado em Audiografia


http://lampiaoaceso.blogspot.com
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COITEIRO

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

COITEIRO

Nem no coiteiro, aquele que era recebido com atenção, o Capitão Lampião pôde confiar, alguém escreveu um dia. Prova maior que o até o mais destemido fraqueja, acaso tenha acontecido mesmo a propalada traição.

Mas ninguém pode negar a valentia, coragem e fidelidade da maioria desses homens de garranchos, estradas e espinhos. Homens fiéis e destemidos. Ninguém pode negar o valor que o coiteiro possui na história nordestina. Os livros se fazem de esquecidos, mas toda a saga cangaceira perpassa pelo coiteiro.

Pra quem não sabe digo logo o que é coiteiro. Mas espere aí, pois antes disso quero dizer uma coisa: certa feita um preferiu morrer sob tortura, pinicado e sangrado pela violência da volante, a dizer onde o bando de Lampião estava amoitado. Mostrou fidelidade e preferiu morrer a fazer o jogo da volante.

Outra vez, um correu no meio da noite, se lascando todo por cima de pedra e ponta de pau, vencendo morros e armadilhas sertanejas, só para avisar ao Capitão sobre um boato repentinamente surgido. A volante estava naquela redondeza e se dirigindo para as bandas do coito. Aviso providencial que permitia virar as alpercatas de frente pra trás e seguir adiante, ou mesmo preparar-se para o embate. Mais um.

Coito, coiteiro. Coiteiro e coito. Duas palavras num só destino. Coiteiro cria do coito; coito o grande segredo do coiteiro. Um não vivia sem o outro. Do coito saía o coiteiro para cumprir ordens, para os perigosos afazeres; para o coito voltava o coiteiro com o espelho do mundo lá fora. Coito e coiteiro representavam o repouso e a movimentação cangaceira.

Agora sim. Chegou o momento de dizer o que é coiteiro, o que fez na vida, a quem serviu, como e onde agiu, como tantas vezes foi acusado de traição. E também como ficou registrado na história com o extermínio da saga cangaceira, principalmente a lampiônica.


Coiteiro era o sertanejo que, mesmo não fazendo parte do bando cangaceiro propriamente dito, compartilhava do seu mundo e de sua existência. Exteriorizava os desejos e as ordens cangaceiras. Servia de elo entre a vida na caatinga e os seus arredores, incluindo pessoas e povoações. Sem o coiteiro, o cangaço não compartilhava do mundo exterior e ficava totalmente vulnerável aos ataques.

Coiteiro era o matuto chamado a colaborar com o cangaço. Nunca forçado, mas sempre disposto a cooperar. Era, a um só tempo, mensageiro, transportador de mantimentos, confidente, conhecedor e guardião de segredos de vida e de morte. Boca sempre fechada e ouvido sempre aberto, talvez fosse o seu lema. Mas nem todos, segundo dizem, cuidaram de seguir os ditames.

Coiteiro era aquele que, conhecedor de cada linha e cada canto da região catingueira, auxiliava nas estratégias de proteção cangaceira. Era o olho pelo arredor, era o cão farejando o inimigo. Logo dizia sobre a segurança do local escolhido para repouso ou alertava acerca dos perigos que estavam correndo.

Coiteiro era o bom amigo do bando que levava a carne fresca de bode, a linha e agulha para costura, o remédio e a porção, as armas e a munição, o dinheiro e outros objetos enviados ao bando; aquele que se esforçava ao máximo, e correndo todos os perigos, para que nada faltasse naquela estadia dos cangaceiros. E eram bem recompensados pelas providências tomadas. De vez em quando um anel dourado era colocado no dedo.

Coiteiro era aquele que servia o abrigo cangaceiro, o local de descanso e repouso, a moradia temporária do bando, o coito. Desse modo, tem-se então que coito era o local onde a cangaceirada se amoitava vindo de longe viagem e desejosa de algumas horas ou dias de descaso.

Assim, coito era o lugar escolhido pelo líder do bando para o merecido descanso, até que a necessidade fizesse levantar acampamento e seguir adiante. Tantas vezes numa correria no meio da noite ou a qualquer hora do dia que o vento inimigo soprasse pelos arredores.

Por fim, tem-se que coito era a ponto de parada entre a mataria de trás e a mataria da frente. Escolhido cuidadosamente por possibilitar ligeireza na fuga, por está em local desconhecido e de difícil acesso, ou ainda porque em região onde se podia contar com amigos de confiança.

A Gruta do Angico, nas beiradas do Velho Chico, em Poço Redondo, foi o mais famoso dos coitos. Ali Lampião pensava estar protegido, mas se enganou. As serras ao lado, os descampados da beira do rio e as próprias águas como veredas, facilitavam o ataque inimigo. E o ataque mortal veio singrando as águas.

Naquele coito, situado nas terras da família de um coiteiro famoso, um rapazote chamado Pedro de Cândido, a saga cangaceira declinou de vez. O ano era 38, madrugada sertaneja de 28 de julho, e a volante de João Bezerra fuzilou Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. A saga cangaceira terminava ali, ainda que Corisco continuasse nas caatingas até 40.

Dizem que o coiteiro Pedro de Cândido traiu Lampião. Mas nem precisava ser assim. O próprio Capitão, alquebrado e cansado da vida catingueira difícil, parecia não mais atentar para os perigos que o rondava. Do contrário, não ficaria assim tão exposto ao fogo inimigo. E de modo tão previsível.

A culpa não pode recair, pois, apenas no coiteiro, ainda que o mesmo, bêbado e torturado, tivesse apontado o exato local onde estavam Lampião e seu bando. Dizem até que o próprio comandante da volante, o Tenente João Bezerra, na gruta já havia comparecido para um carteado com o amigo rei do cangaço.

Vilela, Alcino e Rubinho

Como dizia Alcino Alves Costa, são mentiras e mistérios de Angico. Mas em todo o percurso cangaceiro a importância do coiteiro. A história sempre prefere cuidar daquele Calabar sertanejo, do suposto traidor. Mas todos os outros deveriam ser lembrados como importantes personagens nessa trama de sol e sangue.

Conheci um desses velhos coiteiros pelas ruas de minha Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo. Homem calmo, de poucas palavras, mas amigueiro se conhecesse a procedência do interlocutor. Assim era Mané Félix, em cujos olhos tantas vezes eu consegui enxergar o outro lado da história: um recorte da vida cangaceira sem emenda nem ponto.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com