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sábado, 21 de setembro de 2019

A REVOLUÇÃO PRAIEIRA E OS PEREIRAS DO PAJEÚ


Do acervo do pesquisador José João Souza

As disputas e lutas políticas, em todos os níveis e em boa parte das províncias, continuavam acirradas, no final dos anos quarenta do século XIX, entre os partidos liberal e conservador. Em Flores PE, velhos ódios acumulados entre liberais e conservadores agitavam a Vila e o Sertão do Pajeú. Ali, de um lado, estava o tenente-coronel Francisco Barbosa Nogueira Paz, liberal intransigente e convicto, dirigindo o destino da comarca. Do outro lado, o Coronel Manuel Pereira da Silva, chefe da numerosa e valente família Pereira do Pajeú. A demissão, pelo governo provincial, do delegado de polícia, com a nomeação do Coronel Manuel Pereira da Silva, chefe do partido conservador em Serra Talhada, para a delegacia de Flores, causou consternação entre os liberais daquela localidade. Pelas ordens governamentais que recebera, Manuel Pereira deveria assumir, além da delegacia, a câmara e a Comarca.

Manuel Pereira teria mandado avisar a Nogueira Paz de sua nomeação e das ordens recebidas do governo. Nogueira, num assomo, teria respondido que somente à força das armas entregaria a Câmara e que, só mediante uma luta armada dever-se-ia transferir o domínio local. É de crer que "o Coronel Manuel Pereira da Silva não esperou por um segundo recado e tomou o caminho de Flores, acompanhado dos irmãos e de homens de sua confiança". Por outro lado, Nogueira Paz, prevenido e preparado como estava, pretenderia jogar uma cartada sobre o comando político local, mesmo que ela lhe custasse a vida, o que, de fato veio a ocorrer posteriormente.

Os dias 16 e 17 de novembro de 1848, se reservados às conversações, melhor serviram às tomadas de posição para luta iminente. Flores regurgitava de bacamarte e da fina flor do cangaceirismo do Pajeú e do Navio.

No dia 18, Flores era um paiol de pólvora prestes a explodir. Os integrantes das duas facções, enrolados em suas cartucheiras, exibiam espingardas e bacamartes carregados. Faltava apenas a fagulha. Esta veio, quando às 2 horas da tarde, o jovem Lúcio de Siqueira Campos disparou sua arma, no pátio da matriz, contra a fachada da igreja, por simples provocação. Começava o tiroteio, que duraria até às 7 horas da noite, mas sem que a fortuna pendesse para nenhum dos lados. Pela manhã do dia 19, José Antônio de Souza Paz, correligionário de Barbosa, que guarnecia a cadeia pública com sua tropa, reinicia o combate, detonando sua famosa granadeira, contra um grupo chefiado por José Francisco Cavalcanti, que chegava em auxílio dos conservadores, derribando, se não o cavaleiro, o primeiro cavalo daquela tropa. Às 4 horas da tarde, a vitória parecia pender para Barbosa. A essa altura, o valoroso chefe, fortemente influenciado pelos acontecimentos da Rebelião Praieira, deveria estar pensando, um tanto envaidecido, na repercussão que sua rebelião iria forçosamente tomar. Mas os víveres e as munições, dos dois lados, estavam se esgotando. As duas facções se mantinham em seus postos, como que empatadas.

O Coronel Manuel Pereira tinha a vantagem de maior predomínio de campo e controlava as vias de comunicação com o exterior. Nogueira Paz, permanecia no interior de sua casa, com a mulher, os filhos e rodeado de amigos.

No dia 20, que assinalaria o final da luta, pelas 11 horas, José Rodrigues de Morais , leal partidário de Nogueira Paz, dispara sua arma, da janela da residência deste, contra a casa onde se abrigava o Cel. Pereira, abatendo, com certeira pontaria o "cabra" Tonico Leite. A luta prosseguia e os beligerantes queimava os últimos cartuchos. Pelas 4 horas da tarde, porém, entra pela Vila, de inopino o Capitão Simplício Pereira da Silva, irmão do Cel. Manuel Pereira, acompanhado de uma tropa de 200 homens bem armados e municiados. Vinha desfechar o "golpe de misericórdia" contra Nogueira Paz, que se rende às 6 horas da tarde. Vencidos e presos em Flores, o Ten. Cel. Nogueira Paz, juntamente com quinze correligionários foram levados, por ordem do Cel. Manuel Pereira, para povoação de Serra Talhada, onde foram colocados em lugar seguro.

O cartório da cidade foi queimado e o incêndio alastrou-se por toda rua, favorecido pelo fato de serem as edificações quase todas pegadas umas nas outras (parede-meia). O Juiz de Direito e outras autoridades, por absoluta falta de segurança, tiveram que fugir e só regressaram depois de cessados os combates, com a rendição dos liberais.

No dia 06 de maio de 1851, o Presidente da província de Pernambuco, assinou a lei n° 280, que transferia a sede do município de Flores, bem como a da comarca, para povoação da Serra Talhada, que ficava elevada à categoria de Vila, com a denominação de Villa Bella.

Do livro: Flores do Pajeú
De: Belarmino de Souza Neto
Foto do Coronel Manuel Pereira da Silva.

AFRANI PEIXOTO

Por Verluce Ferras
Foto 1 - O médico na foto com outros acadêmcicos, inlcuisve com Machaddo de Assis.

Afranio Peixoto, médico, legalista, escritor, autor do livro Maria Bonita - publicado no ano de 1914 que virou também película de filme. Após isso, alguns jornalistas deram a alcunha (Maria Bonita) à cangaceira Maria de Déia, amásia do cangaceiro Lampião (muito tempo depois). Nem a Maria e nem Lampião jamais souberiam que ela recebera tal apelido - morreram sem tomar conhecimento do tal nome. A Maria era conhecida em seu meio como Maria do Capitão - e Lampião a chamava "Santinha".


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‎VERLUCE FERRAZ‎ PARA MITOS NO CANGAÇO



Afrânio Peixoto, Médico - Escreveu o livro Maria Bonita (ano de 1914) - e alguns jornalistas aproveitaram o nome para dar a cangaceira Maria de Déia, amásia de Lampião - Ambos os cangaceiros sequer souberam que ela havia recebido tal alcunha...



Júlio Afrânio Peixoto foi um médico, político, professor, crítico literário, ensaísta, romancista e historiador brasileiro. Ocupou a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 7 de maio de 1910, e a cadeira 2 da Academia Brasileira de Filologia, da qual foi fundador. 



WikipédiaDescrição
Nascimento: 17 de dezembro de 1876, Lençóis, Bahia
Nome nativo: Júlio Afrânio Peixoto


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A FESTA DOS CANGACEIROS ( na casa de Joãozinho de Donana Rego)

Por Sálvio Siqueira

O capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante das Forças de Operação na Bahia, comando esse regionalizado no nordeste do Estado envia uma carta ao cangaceiro Zé Sereno, conscientizando o mesmo, de que o Governo Federal perdoaria os atos de todos os cangaceiros restantes. Isso logo depois do dia 28 de julho de 1938 data em que foram mortos, Lampião, Maria de Déa, Enedina e mais oito cangaceiro e um volante, o soldado Adrião, na grota do riacho Angico, a margem direita do “Velho Chico”, em terras sergipanas.

Etelvino Mendonça, fazendeiro de posses natural de Itabaiana, SE, amigo de Sereno, é solicitado pelo mesmo que desse um jeito numa dor de dente que maltratava muito sua companheira Cila. A propriedade do amigo ricaço ficava próxima a Pinhão. Outro amigo do cangaceiro, Napoleão Emídio, da fazenda Lagoa Comprida, ordena que um de seus vaqueiros, o cabra Gringo, leve a cangaceira, disfarçada, na garupa da montaria e, na cidade, procurasse um dentista para a mesma.


O amigo Etelvino, hospeda a companheira de seus amigo cangaceiro, em sua casa, em Itabaiana. A vizinhança começa logo com um mi mi mi sobre a hóspede e, essa, é retirada daquela casa e ‘colocada’ na casa do delegado Fonseca, que também era amigo de Zé Sereno.

Enquanto a companheira fazia aquela viagem, Sereno recebe mais três missivas do comandante Aníbal, o capitão baiano.

Havia um cidadão em Pinhão chamado Joãozinho de Donana Rego, que sendo muito amigo do cangaceiro Corisco, permite que ele, Labareda e Zé Sereno façam uma reunião em sua casa. Essa reunião seria para discutir como seria a entrega deles, segundo a proposta do capitão, e de seus comandados.

Chegam a conclusão que realmente chegou a hora de todos entregarem-se. Essa decisão mexeu com todos os homens que faziam parte daqueles subgrupos, tanto que resolveram comemorar fazendo um forró.

Não só aqueles que participaram do lado dos cangaceiros, festejaram a notícia. Alguns volantes, também sofridos da terrível e duradoura campanha, que no local estavam, alegraram-se e fizeram questão de participarem da festança. Eles eram do destacamento da cidade de Bebedouro, e seu comandante, na ocasião, era o cabo Raimundo. Tinha dentre os policiais, apenas um que destacava em Pilão, era o soldado José Paes da Costa. Esse soldado tinha uma admiração muito forte pelo “Diabo Louro”, e não escondia de ninguém.

Lá pras tantas, com todos já suados de tanto dançarem e terem bebido bastante, tem uma surpresa.

O cangaceiro Balão, adentra feito louco e, junto dos chefes, relata que ele e mais três companheiro foram entregarem-se ao sargento Zé Luis, na cidade de Cariri. Lá chegando, em vez de qualquer outra coisa, levaram foi muito bala. Diz Balão que não sabe como escapou com vida, mas, que seus companheiros, Cruzeiro, Amoroso e Bom Deveras, tinham tombado na senda da guerra.


Como é de se imaginar, a festa teve fim naquele momento.

O amigo de Corisco, o dono da casa em que estavam, chama-o e lhe diz:

“-Cumpade, parece qui vai tê confusão. O cabo João Grande, chefe do distacamento daqui, ta cercando mia casa. Mandou chamá o sordado Zé Paes, qui ta me perguntando se vai ou se fica.

Corisco estranhou:

-Mais cumpade Joãozim, o cabo João Grande nun nos trata tão bem?
Quano nós chegou, ele apertou a mão de todo mundo... Ele devia tê vindo pra fsta tamém, cumo fez o cabo Raimundo...

- Pois é...- considerou Joãozinho. – João Grande é puxa saco do Tenente Ananiais.

O soldado José Paes perguntou:


_ Você deve cumpri as orde do seu superior – respondeu corisco.”(livro “Lampião – a Raposa das Caatinga”, IRMÃO, José Bezerra Lima. Pg 650. JM Gráfica e Editora Ltda, 2ª edição, Salvador. 20140)

Corre pra lá, corre pra cá, e naquele corre corre, o soldado Paes vai, mas volta e declara que ficará para lutar ao lado dos cangaceiros. Interessante é que o cabo Raimundo prontifica-se de, junto com seus soldados, lutarem ao lado do “Diabo Louro’.

O mundo fechou com tamanho tiroteio. A fumaça, junto com o cheiro da pólvora queimada incensa o lugar. Cangaceiros e soldados, usando outras casa,pulam nas matas e dão no pé sem que ninguém se ferisse.

Todos estão quase sem fôlego, e, param um instante, para recuperarem o mesmo.


Zé Sereno, sem explicar por que, mata o soldado que tanto admirava Corisco, em seguida vai em direção ao cabo Raimundo, com a nítida intenção de tirar-lhe a vida, no que é impedido por Corisco.

“- Você tá doido Sereno? Eles tavam nos ajudando, home! Eu vou até pagá as balas qui eles gastaro pra nos defendê!...” (Ob. Ct.)


Fonte Ob Ct.
Foto livro citado
Benjamin Abrahão Botto


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