Seguidores

domingo, 6 de julho de 2014

QUEM É A BELA?



Em vestido "soirée", especial para o domingo no cangaço, Maria Adelaide de Jesus, a Maria Juvina, mulher de Pancada, despede-se dos pais na povoação Talhada, de Santana do Ipanema, Alagoas, antes de descer presa para Maceió, em fins de setembro de 1938. 

Foto oficial. Cortesia da família Teodureto Camargo do Nascimento.

Fonte: facebook
Página:  Robério Santos

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO BANDIDO FERNANDO DA GATA

Autor: Airton Maranhão
 
Fernando Soares Pereira nunca sequer imaginou
algum dia ser bandido que a história registrou
tinha alma inquieta versava como um poeta
e queria ser cantor.
 
E como Russas relembra terrinha de grande universo
de tantos filhos músicos, das letras e do verso.
Fernando Soares Pereira queria iniciar a carreira
como cantor de sucesso.
 
Era um menino pobre, bonito e muito inteligente
esperto, muito rápido e dos outros diferentes
vivendo na pobreza a fama da riqueza
morava em sua mente.
 
Como queria ser um astro fez música e poesia
como cantava muito mal, só a sua mãe ouvia 
dizendo: “Fernando desista dessa vida de artista.”
Repetia ela todo o dia.
 
E quando era noite no silêncio do seu universo
quando todos dormiam ele fazia música e verso
música bonita sim, mas como cantava ruim
desistiu do ingresso.
 
Mentiram pra ele que outra mãe lhe tinha parido
enjeitado a uma senhora com três dias de nascido
jogando bola um dia soube de tudo na escola
o que tinha acontecido.
 
Com o seu pai Chaga da Gata revoltado
e mãe Fátima Paz que lhe tinha registrado
pais verdadeiros da vida por outra mãe pretendida
Fernando jamais foi adotado.
 
Com cinco anos de idade deu o seu primeiro tiro
quase matando um morador pras bandas do retiro
por causa de uma rolinha correu na horinha
para casa num suspiro.
 
Quando chegou a casa todos estavam sabendo
sua mãe deu-lhe uma surra e ele no choro prometeu:
“De arma, mãe” - enquanto chorava ããã. - “Mãe
já estou esquecendo.”
 
Promessa que nunca cumpriu tendo em sua guarda
o manejar da arma no início com espingarda
começou o seu jogo brincando com arma de fogo
querendo um dia ser guarda.
 
Sonhava com o Exército mas antes de ser soldado
já queria ser Sargento um outro sonho formado
tendo a sua primeira prisão no Distrito de Redenção
por furto em flagrante autuado.
 
Logo conseguiu uma farda de algum destacamento
passou por Sargento do Exército com seu talento 
pegou também esse apelido e ficou conhecido
em Russas por Sargento.
 
Em Russas sua terra natal conheceu seu primeiro amor
a bonita Zeneide que passava cheirando a flor
foi quando certo dia ela na maior da covardia
sem mais nem menos lhe deixou.
 
Fernando da Gata sofreu a sua maior decepção
a primeira de sua vida naquela grande paixão
quando com outro ela fugiu, logo partiu
quase todo o seu coração.
 
Com 13 anos de idade para Fortaleza se mudou
morando com o seu tio na Capital estudou
e como um menino normal terminou o ginasial
trabalhando como encanador.
 
Na sua vida de estudante não ia à escola à toa
isso alegava a sua mãe com tanta nota boa
queria vê-lo um senhor com um anel de doutor
um homem de bem uma boa pessoa. 
 
Ganhar muito dinheiro era o que tinha em mente
na sua grande ambição de ser um homem decente
a sua mãe queria ajudar e da pobreza retirar
aquela pobre gente.
 
Partiu para São Paulo com 17 anos de idade
trabalhou e conheceu aquela imensidade
mas veio o recrutamento naquele mesmo momento
voltou para a sua cidade.
 
Fernando voltou para Russas como anjo que não erra
sendo logo convocado para servir o Tiro de Guerra
por incrível que pareça raspou logo a cabeça
como os soldados da terra.
 
Ficou muito contente e foi logo se apresentar
para o exame médico com o cabelo de militar
para a sua maior decepção decretaram a sua prisão
sem o seu sonho se realizar.
 
Apenas por suspeita de furto naquela delegacia
fizeram investigação que nada mais dizia
sendo preso por suspeita, desta prisão feita
começou a sua agonia.
 
Daí por diante muito triste a sua vida mudou tudo
silencioso pelos cantos como um solitário mudo
já não era mais o mesmo toda noite vagava a esmo 
matutando algo absurdo 
 
Fátima Paz de tão cansada, tristonha, quase morta
preocupada como o filho e sua idéia proposta
não permitindo que ela fechasse nenhuma janela
nem também nenhuma porta.
 
Assim ficava Fernando acordado a noite inteira
pensando em alguma coisa da sua triste carreira
assim como um sonho de todo jovem tristonho
que pensa alguma besteira.
 
Fernando Soares Pereira vulgo Fernando da Gata
começou a carreira como bandido que não mata
para viver sempre fugindo e a justiça pedindo
uma sentença exata.
 
Alcunha Fernando da Gata era que o desgraçado
corria por cima dos muros e em qualquer telhado
com a agilidade de um gato fugia dentro do mato
com o corpo todo fechado.
 
A alcunha surgir também de uma maneira cruel
quando ainda criança quase diante do coronel
matou friamente uma gata o tal Fernando da Gata
lá dentro do quartel.
 
Fernando da Gata tinha uma oração muito forte
que lhe fazia mistérios de uma incrível sorte
São Francisco do Canindé era o santo de sua fé
que lhe protegia da morte.
 
Astucioso na sabedoria e impiedoso na arrogância
sábio nos grandes cercos ingênuo na ignorância
na malícia de um falcão fugia de qualquer prisão
e de qualquer vigilância.
 
Fernando da Gata era um filme, era um sonho
dizem que nunca morreu que era um demônio
deixando tanta gente mal-assombrada de repente
e um pai de lar tristonho.
 
Fernando da Gata foi um ladrão, um assassino
talvez um mero estuprador que desde menino
nunca pensou nisso para tal compromisso
com o seu próprio destino.
 
Não devia ter sido morto para servir de estudo
cada ser humano trás dentro de si um escudo
de vidro ou de prata, um dar a vida e o outro mata
o seu destino em tudo.
 
Muitas mães de famílias não esquecem a data
das façanhas daquele bandido que a história retrata:
“Isso não é verdade é um sonho tem parte com o demônio
esse Fernando da Gata.”
 
Como dizia Lúcio Flávio: “Bandido é pra ser bandido
ladrão é pra ser ladrão.” Somente um homem perdido
que não atingiu o seu ideal tornar-se marginal
por nada não ter conseguido.
 
Fernando da Gata invadia qualquer residência
e telefonava ao dono avisando com incrível paciência
a hora que chegaria e não passaria daquele dia
podia de logo ter ciência.
 
Como o mágico penetrava de tal jeito
que a surpresa e a espera do ludibriador sujeito
na invasão do domicílio fazia sem nenhum auxílio
e deixava o roubo e o estupro feito.
 
E fora os estupros os furtos e os assaltos
era o destino de um bandido que pensava nos altos
fugir da polícia na mais rápida perícia
por cima dos muros, pelos matos e asfaltos.
 
Fernando da Gata queria abarcar aquela carreira
e ser Sargento do Exército da armada brasileira
mas como se tornou um ladrão o destino por razão
mudou a sua vida inteira.
 
Daí tinha mais que ser um famigerado bandido 
roubando, estuprando e sempre perseguido
como se pisa na fama não se tira o pé da lá lama
o destino maldito está escolhido.
 
Estupros e mais estupros na cidade de Jaguaruana
aterrorizou o povo de uma maneira insana
mesmo com a sua astúcia na cidade de Russas
foi mais uma vez em cana.
 
Fugindo, sempre fugindo por tetos e colunas 
quando preso em Russas e também em Baraúnas
jogou gasolina no teto e como uma ave ferina
voou pelo telhado feito uma graúna. 
 
Preso Fernando da Gata ninguém lhe tinha dó
atendendo a solicitação do nosso Juízo maior
de Russas para ser transferido o perigoso bandido
para a prisão de Mossoró.
 
De lá escreveu para a mãe Fátima Paz que forte
gostava tanto do filho lamentando a sua sorte:
“Com toda franqueza foi em legítima defesa
aquelas três mortes.”
 
Mas a versão da polícia não deixou nada a duvidar
que Fernando da Gata matou mesmo pra roubar
esse já era o seu time e mais algum crime
não poderia evitar.
 
Poucos meses depois, assim, sem nenhuma zoada
com um grampo de cabelo de sua nova namorada
de uma maneira suava fabricou uma chave 
e fugiu de madrugada.
 
Abriu o cadeado da cela deixando o povo surpreso
e desse momento em diante nunca mais foi preso
fugindo furibundo a quase todo segundo
deixou o povo brasileiro teso.
 
Com a perseguição policial e fotografia em todo canto 
suas vítimas aumentavam com o maior espanto
e muitas boas famílias, hoje têm as suas filhas
cobertas de nódoas e de pranto.
 
Existe uma história que quero que o leitor ouça
que a mãe do Fernando da Gata disse com toda força:
“100 mulheres estupradas essa história está errada
meu filho estuprava moça.”
 
Fernando da Gata sempre cartas escrevia 
para a mãe e telefonava quase três vezes por dia
sem nunca contar nada a mãe sossegada
era o que ela mais desejaria.
 
Nunca confessou um crime nem a mãe lhe perguntava
se a mãe gostava dele, ele mais da mãe gostava 
talvez até com medo guardava tudo em segredo
que outro bandido não guardava.
 
Fernando da Gata tinha um espírito forte
era um menino peralta que desafiava a morte
ouço muita gente dizer:  “Fernando ainda vai aparecer
rezando a desfazer a sua sorte.”
 
Dizem até que não morreu porque um soldado apontou
um revólver para a cara dele e o gatilho apertou
e Fernando sorrindo calmo foi logo saindo
e a arma não disparou.

Certa vez numa estrada encontrou uma velha senhora
e inteligente perguntou: “Se surgisse nessa hora
aqui nessa mata o bandido Fernando da Gata
o que faria agora?”
 
“Eu acho que morreria ou não estava mais aqui
aquele é o pior bandido e jamais eu conheci
um assassino ladrão, calculista sem compaixão
ouvi falar dele no Aracati.
 
Não confie nele meu senhor é um bicho que viveu
muitas histórias estranhas e a polícia já lhe prendeu
e ele escapou pela mata.” - “Eu sou Fernando da Gata
Fernando da Gata sou eu.
 
A senhora não se assuste que não vou fazer nada
pode seguir o seu caminho com a alma sossegada
sou como qualquer homem mas a desgraça faz o nome
nesta vida desgraçada.”
 
Mas outra história parece ser bem real: 
“Se senhora encontrasse” - disse a uma pobre tal. 
“O Fernando da Gata o que faria?” – Na hora exata 
respondeu. “Nada, ele nunca me fez mal.”
 
Sorrindo Fernando da Gata respondeu à pobrezinha
no seu modo estranho da inteligência que tinha
disse: “Vá embora.” Ela foi à mesma hora.
“Você é uma das minhas.”
 
Seu nome foi se espalhando atemorizando o sertão
por onde passava atormentava a população
e os esquadrões de polícia com toda sua perícia
não conseguiam a sua prisão.
 
De todos os policiais disse aquele mais experiente:
“Fernando da Gata é um sujeito inteligente
tendo a prisão efetuada no cerco da caçada
e ele foge da gente.”
 
Fernando da Gata era durante o interrogatório
um indivíduo consciente no seu contraditório
tinha o ponto de vista do mais inteligente calculista
no seu falatório.
 
Fernando da Gata era um facínora de malícia 
orgulhoso e astuto não respeitava nenhuma milícia
com apenas um grampo abria qualquer algema
e entregava-a a polícia.
 
Fernando da Gata ameaçava do juiz ao delegado
ameaçava, telefonava, mandava bilhete e recado 
que ele como ladrão ia invadir tal mansão
deixando o General Assis desmoralizado.
 
Fernando da Gata furou todo o cerco policial
no Ceará, São Paulo e Minas Gerais onde o marginal 
por castigo foi furado por um mendigo
que usava um punhal.
 
No Ceará quando a polícia caçava em bando 
o perigoso bandido no Aracati cercando
noutro itinerário com os chinelos ao contrário
despistava o Fernando.
 
Para o Fernando da Gata fizeram samba enredo
filme, poesia, literatura de cordel e folguedo
embora temido para muitos tornou-se querido
até pela polícia que dele tinha medo.
 
Fernando da Gata o mais famoso bandido do país
embora deixando muita gente infeliz
demais seu rosto estampava em todos os jornais
zombando do Estado e do juiz.
 
Todo o milionário deste imenso país temia a invasão 
do Fernando da Gata o perigoso ladrão
um comerciante matou a filha pensando ser o meliante
que invadia a sua mansão.
 
Fernando Soares Pereira não queria ser ladrão
queria ser artista, gravar um disco e cantar na televisão
querendo ser militar uma farda passou a usar
como Sargento da nação.
 
Fernando da Gata - Fernando Soares Pereira
em Santa Rita de Sapucaí morto pela polícia mineira
foi enterrado quatro vez a última no nosso Estado
em Russas, num ataúde de madeira.
 
O bandido Fernando da Gata assim foi enterrado
no cemitério de Russas e no seu mais visitado 
túmulo promessas e graças afirmam alguns 
russanos já terem alcançado. 
 
Airton Maranhão
Advogado e escritor      

Membro da Academia Russana de Cultura e Arte – ARCA
Airton Maranhão
Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura e Arte. 

http://tvrussas.com.br/artigo/171/a-verdadeira-histria-do-bandido-fernando-da-gata/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

As façanhas do pistoleiro Catanã

Por Guaipuan Vieira(*)

Embora o cognome seja o mesmo, não estou falando do sargento PM João Augusto da Silva Filho, o “Joãozinho Catanã”, acusado de comandar um grupo de extermínio no Ceará. Mas de Joaquim Leandro Marciel, ou Francisco de Assis Brasil, o Catanã, pistoleiro de dupla identidade, que aterrorizou os Estados da Paraíba, Ceará e Piauí na década de 50 e que ainda suas façanhas são lembradas por populares nas capitais desses estados.

Catanã nasceu na Paraíba, em São João do Rio do Peixe, proximidades de Cajazeiras, região temida por Zé Cazuza, pistoleiro famoso, com centenas de mortes em todo o sertão da Paraíba. Foi preso pelo sargento Irineu Rangel, delegado de Souza, a mando do governador João Suassuna, que decidira acabar com o banditismo.

Com histórico de muitos bandidos, Catanã estreou no mundo do crime aos dezessete anos, para vingar a morte do pai, pequeno agricultor da região, que por disputa de terra terminou assassinado. Aos vinte anos, por uma boa oferta de um fazendeiro, ingressou no crime de encomenda, deixando ao longo dos janeiros um rastro de sangue, descrevendo uma vida pregressa, acobertada por mandantes “coronéis”, fazendeiros e políticos daquela região. Fugindo do cerco policial, refugiou-se em Valença, no Piauí, onde conseguiu mudar de identidade e viver alguns anos como pequeno agricultor.

Em 1947, passou a morar em Crateús, no Estado do Ceará, onde segundo o senhor Jafé Gonçalves de Oliveira, 81 anos, morador antigo daquele município, foi pago pelos Belos, família de poder aquisitivo em Novo Oriente/CE, para matar o comerciante Raimundo Ximenes, que estava estabelecido em São Luiz do Maranhão, acusado de mandante da morte de João Belo, sendo que o crime praticado fora pelo próprio cunhado de Belo.

Em São Luis, Catanã passou-se por vendedor de joias para se aproximar do desafeto. Ao certificar-se de que se tratava de uma pessoa trabalhadora, resolveu não praticar o crime, recebendo de Ximenes pagamento para deixá-lo em paz e com o pedido de não executar o mandante, fato que revoltou o pistoleiro porque tinha essa intenção.

As histórias que envolvem a vida criminosa de Catanã são vastas. A sequência de crimes atribuídos, às vezes ceifando a vida do próprio mandante, quando percebia traição, o deixa em torno de um misto de Billy The Kid e Lampião.

Na capital cearense, na Praça do Ferreira, conhecida como o coração de Fortaleza, também são lembradas as façanhas do Maior pistoleiro daquela década, que na opinião do senhor Raimundo Ferreira da Silva, aposentado, 82 anos, “era hábil no gatilho, nem todo policial tinha coragem de enfrentá-lo, só foi preso porque foi pego desprevenido”, conclui. De Patos na Paraíba, o poeta popular Antônio Américo de Medeiros, forneceu-me estrofes do folheto de cordel Pistoleiros do Nordeste, edição de 1990, autor anônimo, onde o poeta faz uma retrospectiva do banditismo no Nordeste, transparecendo ao leitor que a prática da pistolagem é território sem domínio da força Pública: “O cangaço foi banido/ no Nordeste brasileiro/ mas o crime de aluguel / do perverso pistoleiro/ é território sem lei/ a polícia não dar frei/ reina o gatilho certeiro/. Na Paraíba reinaram/em uma década passada/Zé Cazuza e Catanã/ sem perderem a empreitada/ no sertão alagoano/ Chapéu de couro tirano/ fez a sua diabada. No Ceará foi Mainha/ um temível pistoleiro/ depois dele outros vieram/não acaba o justiceiro/” (...)

Na Praça Rio Branco, em Teresina/PI, logradouro que serve de encontro de aposentados, artistas populares e de vendedores ambulantes, tive a oportunidade de ouvir várias histórias ao seu respeito, uma delas comentou o senhor Abílio Pereira de Sousa, servidor público aposentado, 80 anos, que um das peculiaridades de Catanã era ao ver a foto da vítima e expressar euforicamente: “já estou com raiva”.

Na capital piauiense, o perito criminal Delfino Vital da C. Araújo, que conheceu o temível pistoleiro, fez uma retrospectiva de sua história, informando que a prisão do mesmo ocorreu no início da década de 60, em Fortaleza, e fora recambiado para a capital piauiense pelo tenente Veras, acusado de matar um motorista de um jipe, para roubar o veículo, nas proximidades da cidade de Demerval Lobão, município metropolitano da capital do Estado. O serviço de inteligência da Secretaria de Segurança, suspeitando que o mesmo tinha outros envolvimentos, abriu uma linha de investigação, oportunidade em que foi descoberta a vida pregressa daquele a que era arguido a própria personificação do Mal, ou imbatível pistoleiro.

Uma entrevista sobre o bandido foi publicada, na época, em reportagem de Deoclécio Dantas, para o jornal Folha da Manhã, artigo que está contido em seu livro Dá Licença, Editora Halley, edição 2001. Nele, o jornalista esclarece que em tempos idos teve oportunidade de entrevistar, na penitenciária de Teresina, hoje abrigando o estádio Verdão, o temível pistoleiro, condenado a 30 anos de reclusão, mas incluído na soma de detentos de bom comportamento carcerário. Vivia cercado de livros com intuito de estudar o curso de direito e demonstrava arrependimento das vidas ceifadas, muitas delas pelo prazer de “ver a capemba do olho virar”. Segundo o jornalista, após a publicação da longa matéria, Catanã fora denunciado por um outro presidiário, de que aproveitava as saídas nos finais de semana para continuar a prática delituosa (matar gente), e que acabara de assassinar um policial na cidade de Macau, Rio Grande do Norte, fato comprovado na época pela investigação do capitão Astrogildo Sampaio, designado pela Secretaria de Segurança Pública. Catanã, que vinha sendo investigado pela Polícia piauiense, foi encontrado morto, numa casa no bairro Piçarra, vítima de envenenamento, como queima de arquivo ou desavença pela partilha do lucro, deixando incompletas páginas de um novo inquérito e observações pela crônica policial: o crime de pistolagem continuará um continente sem fronteiras, um território sem lei, envolto em uma sequência de fatores ligados à questão sócio-econômica, frequente em Estados como Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, onde o silêncio é garantia de vida para a população menos favorecida.

(*)Guaipuan Vieira é poeta, Membro da Associação Cearense de Imprensa e da Academia Municipalista de Letras do Estado do Ceará –AMLECE - cadeira nº 02

http://www.meionorte.com/josefortes/as-facanhas-do-pistoleiro-catana-67956.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

"DOMINGUINHOS, O NENÉM DE GARANHUNS"


O livro "DOMINGUINHOS, O NENÉM DE GARANHUNS" de autoria do professor Antonio Vilela de Souza, profundo conhecedor sobre a vida e trajetória artística de DOMINGUINHOS, conterrâneo ilustre de GARANHUNS, no Estado de Pernambuco.

Adquira logo o seu através deste e-mail:
incrivelmundo@hotmail.com

R$ 35,00 Reais (incluso frete)
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

Lampião quer dinheiro, mas o prefeito de Mossoró diz não em 13 de Junho de 1927

Em Mossoró, o prefeito Rodolfo Fernandes lutou para convencer as autoridades estaduais do perigo iminente. O primeiro sinal positivo deu-lhe o direito a criar a guarda municipal com poderes de rechaçar qualquer ameaça contra a cidade. E assim ele o fez: com fuzis arrecadados pela Associação Comercial, comprados pela prefeitura e outros enviados pelo Governo do Estado, transformou Mossoró numa grande trincheira.


Mesmo sem conhecimento bélico, Rodolfo Fernandes (prefeito) montou a estratégia vencedora: distribuiu os Guardas em pontos altos da cidade os principais focos de resistência e estabeleceu algumas metas. A primeira delas seria evitar que os bandidos alcançassem o centro da cidade. E assim o fez. Transformaram-se em trincheira: a própria casa de Rodolfo Fernandes (hoje o Palácio da Resistência, sede do poder público municipal), a torre da Igreja de São Vicente (a mesma que está até hoje erguida no centro da cidade), a casa de Afonso Freire, o Ginásio Santa Luzia (hoje sede do Banco do Brasil no centro da cidade), o telégrafo, a torre da Matriz e a empresa F. Marcelino & C.

O ataque era um aviso para Mossoró, ali perto. O bando iria entrar na cidade para fazer o mesmo. Tomaria a cidade, saquearia o comércio, limparia os cofres do Banco do Brasil. As notícias a respeito da prosperidade de Mossoró ganhavam as ruas e praças de todo o Nordeste. E não havia um homem de Lampião sequer que não pensasse em enriquecer a custa dos mossoroenses.


Às 16h do dia 13 de Junho de 1927, Mossoró vivia uma tarde chuvosa. Dia de Santo Antônio, dia de ir à missa, mas a cidade não tinha ninguém em suas ruas. O coronel Vicente Sabóia já havia sido alertado da presença dos cangaceiros em São Sebastião e comandou a bem sucedida operação de evacuação da cidade. Os mossoroenses que não se entrincheiraram foram para casas de parentes e amigos na zona rural ou até mesmo em outros Estados. Em meio ao céu nublado, começou a cortar naquele escuro de fim de tarde o relampejo das balas dos cangaceiros.

Em meio ao combate, Mossoró saiu vencedora e com dois troféus de destaque: os bandidos Colchete e Jararaca, ambos do grupo que entrara na cidade cantando os versos da canção paraibana "Mulher Rendeira..." Conta o historiador Raul Fernandes, que é filho do prefeito Rodolfo Fernandes, em seu livro a Marcha de Lampião, que os versos eram entoados da seguinte forma: "Ô mulhé rendeira!/ Ô mulhé rendá/ Me ensina a fazê renda/ Qu'eu te ensino a guerreá..."

Parte do todo.

Se você quiser ler o artigo completo clique no primeiro link:

http://gcmcarlinhossilva.blogspot.com.br/2013/03/1927-guarda-de-mossoro-derrota-lampiao.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Zé Rufino na Caravana Cariri Cangaço

Por Manoel Severo

Poucas vezes vi um sertanejo falar tão a vontade sobre as coisas do cangaço como o senhor Antônio Gama, morador de Itapicuru d'Água, distrito de Jeremoabo. 

Antônio Gama, personagem principal em Jeremoabo

Era necessário "amordaçar" o homem para uma simples pausa em nossa prosa. Morador antigo de Jeremoabo, conhecedor profundo das coisas e dos causos do sertão, conviveu ainda algum tempo com o coronel Zé Rufino...

"Homem respeitado, sua palavra aqui em Jeremoabo era lei, o homem casava e batizava, era uma espécie de delegado, padre, juiz, conciliador, aconselhador, o homem era um tudo..."


Antônio Gama e Lívio Ferraz
Antônio Gama para as lentes de Aderbal Nogueira

Por longas horas tivemos o senhor Antônio Gama em nossa companhia, primeiro em Itapicuru d'Água, depois até a fazenda Almesca e depois no local onde houve a Chacina de Manoel Salinas. Foram momentos extremamente ricos,  Antônio Gama com um jeito todo especial de contar suas histórias acabava sempre com uma gargalhada sonora e instigante, chegando a ser até desconcertante em suas alegativas, diante de tanta precisão; nas datas, nos fatos e nos personagens.

De todos esses o mais comentado foi o coronel Zé Rufino que ali estabeleceu a base de seu comando e ali passou a viver depois da campanha contra o cangaço sob as bênçãos do grande coronel João Sá, o grande potentado local. E continua Antônio Gama:

"O Coronel Zé Rufino era meio 'canguinha', não gostava de gastar um  ou dois tostões, enquanto ele podia ir levando as coisas daquele jeito ele não metia a mão no bolso mas nem 
pelo amor de Deus...

... E aqui era assim, fosse quem fosse quem tivesse um problema, pequeno ou grande , não importava, ia falar com o coronel Zé Rufino, que a tudo dava o seu jeito e ainda por cima o homem era protegido do João Sá. Olhe era só o povo ouvir o nome de Zé Rufino para ficar logo todo mundo apavorado, o homem era uma fera!"

Manoel Severo
http://cariricangaco.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Lampião (Virgulino Ferreira da Silva)

Por Semira Adler Vainsencher

Apesar de muito inteligente, Virgulino abandona a escola para ajudar a família no plantio da roça e na criação de gado. Torna-se famoso nas vaquejadas. Gosta muito de dançar, de tocar sanfona, compõe versos e adora um rifle. Sabe costurar muito bem em pano e couro e confecciona as próprias roupas.

Ele tinha 19 anos quando entrou para o cangaço. Dizem que tudo começou através de disputas com José Saturnino, membro da família Nogueira e vizinha de terras. Lutando contra essa família durante muitos anos, Virgulino e seus irmãos já se comportavam como futuros cangaceiros, não tardando a entrar em conflito com a polícia. A decisão de viver e morrer como bandido, contudo, só foi tomada, mesmo, quando a polícia mata José Ferreira da Silva - o patriarca da família - enquanto ele debulhava milho.

No bando de Lampião tinha indivíduos de todos os tipos: gordos, magros, ruivos, louros, morenos, altos, baixos, negros e caboclos. Alguns, inclusive, eram jovens demais: Volta Seca (11 anos), Criança (15 anos), Oliveira (16 anos). O mais idoso era Pai Velho, com 71 anos de idade.

Lampião arranjava, facilmente, armamentos e munições, mas, como o fazia, era um segredo que não contava a ninguém. Uma parte das armas automáticas, para combater a Coluna Prestes, foi adquirida através do Deputado Floro Bartholomeu e do Padre Cícero. Os demais armamentos do bando foram arranjados mediante a intervenção de amigos.

Virgulino morreu aos 41 anos de idade. No entanto, contabilizando-se os riscos enfrentados durante 20 anos de cangaço, a alimentação incerta, as emboscadas, os ferimentos, a falta de assistência médica, entre outros, pode-se afirmar que o rei do cangaço viveu mesmo muito tempo. Vale registrar, por outro lado, que Lampião e Maria Bonita possuem parentes próximos em Aracaju: sua filha, Expedita, casou com Manuel Messias Neto e teve quatro filhos (Djair, Gleuse, Isa e Cristina).


http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar./index.php?option=com_content&view=article&id=320&Itemid=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com