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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

LIVRO REVELA TRAJETÓRIA DO MAIOR INIMIGO DE LAMPIÃO


“Pegadas de um Sertanejo: Vida e memórias de José Saturnino” 

Uma biografia inédita sobre a memória pernambucana ganha destaque por detalhar a epopeica história de José Alves de Barros, conhecido como Zé Saturnino, arqui-inimigo do lendário cangaceiro dos sertões nordestinos. Com um formato investigativo, os pesquisadores e escritores Antônio Neto e José Alves Sobrinho, lançaram o livro Pegadas de um Sertanejo: Vida e memórias de José Saturnino. 

A obra evidencia a saga sertaneja deste ícone de coragem e perseverança no tempo do Cangaço, com o intuito de resgatar a verdadeira história de vida e memórias familiares, de rixas e desafetos com o seu vizinho (Virgolino Ferreira - Lampião), de sua atividade na polícia, de agricultor e criador de gado, até o final de sua existência.

O livro conta com 310 páginas e, nele, os autores revelam fatos e documentos coletados entre os estados de Pernambuco e Alagoas, a fim de mostrar o outro lado da narrativa sobre os cangaceiros, através de bilhetes, desabafos e confissões pessoais do próprio Saturnino. O leitor, ainda, encontrará citações de fontes e a genealogia da família Alves de Barros, na busca pela veracidade dos acontecimentos e do conhecimento aprofundado para firmar no contexto histórico brasileiro a imagem indelével da trajetória deste sertanejo obrigado a lutar contra as circunstâncias de um tempo violento e conflituoso. “Esta história precisava ser contada, pois era uma lacuna na memória da nossa cultura, era o que faltava para completar esta história”, observa Antônio Neto.

Apesar de evocar um cenário de barbáries e saques em pequenas cidades interioranas, Lampião sustentou o medo como aliado aos mais fracos da Região, dos quais cultivou incontáveis inimizades políticas. Mas, nenhuma delas surgiu de uma jovial amizade entre famílias vizinhas que posteriormente se tornariam rivais, aonde cultivaram desavenças que perdurou por muitos anos.

A pesquisa

A partir de dados reais e episódios verídicos em documentos da época do cangaço, tais como: fotografias, recortes de jornais, cópias de processos judiciais e arquivos de boletins da polícia militar de Pernambuco, a obra apresenta uma pesquisa minuciosa que durou cinco anos de dedicação plena dos autores, possibilitando o acesso a registros como o primeiro processo envolvendo Virgolino Ferreira e José Saturnino ainda na juventude, depoimentos dos mesmos e de testemunhas, além de dados sobre os ataques do “Rei do Cangaço” e seu bando às fazendas de Saturnino e dos Nogueira.

Antônio Neto e José Alves Sobrinho são os organizadores da obra

Contemporâneos ao biografado, Antônio Neto e José Alves Sobrinho ouviram relatos dos moradores do semiárido pernambucano e do próprio “Saturnino da Pedreira”, localidade que passaram parte da infância. Porém, recolher informações documentais e processuais custou curiosidade, esforços e investigação histórica, motivadas muitas vezes em contrapor registros bibliográficos sobre o debate em questão. Filhos da mesma região sertaneja onde tudo iniciou, vivenciaram as agruras dos conflitos existentes naquela época. Contudo, a riqueza de detalhes e imagens contidas no livro lança um dossiê comentado sobre as memórias de Saturnino, escapando das falácias fantasiosas sobre os causos de jagunços e cangaceiros, até mesmo sobre a morte do pai de Lampião.

Por meio de uma construção textual bem elaborada, onde cada capítulo reporta a uma realidade de bravura e preservação patrimonial de um cidadão prudente e de princípios, nos escancara a trajetória do valente José Alves de Barros, que carrega um marco na História do Brasil, homem do qual nunca sofreu nenhum ataque mortal por pressentir as ciladas do antigo amigo, Virgulino Lampião.

Toda renda arrecadada na venda do livro será revertida na edificação da Biblioteca Comunitária Luiz de Cazuza, que comportará um acervo com cerca de 5.000 títulos e a versão digitalizada de todos os processos recolhidos para este trabalho biográfico. Este equipamento cultural, uma iniciativa a ser construído nas terras da Fazenda Pedreira, município de Serra Talhada, possibilitará o acesso aos habitantes locais e alunos das escolas da zona rural. Além disto, a criação do Centro de História e Pesquisa do Vale do Riacho São Domingos, o qual deverá ter o nome de José Alves de Barros, ganha espaço na engenhosa construção.

Nota: Este anúncio foi publicado no dia 15 de maio de 2015 http://www.cultura.pe.gov.br/canal/literatura/livro-revela-trajetoria-do-maior-inimigo-de-lampiao/

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VIDAS SECAS E MOLHADAS

Por Rangel Alves da Costa*

Haveria de se imaginar que a Súplica Cearense, de autoria de Nelinho e Gordurinha, eternizada na voz de Luiz Gonzaga, se ajusta ao momento vivido pelo sertanejo ante a chuvarada que vem caindo e causando transtornos nas cidades e estradas. “Oh Deus perdoe este pobre coitado, que de joelhos rezou um bocado, pedindo pra chuva cair sem parar. Oh Deus será que o senhor se zangou só por isso o sol arretirou fazendo cair toda a chuva que há...”, eis trechos da letra. As rezas continuam, mas implorando mais chuva, não há que duvidar.

Invocando mais chuva porque o sertanejo conhece bem a dor sentida na seca inclemente, no sofrimento sem igual para o homem e o bicho. E também porque sabe que o seu destino apenas está sendo reescrito. Certamente que há um destino de Eclesiastes existente no sertão nordestino. Quando o livro bíblico diz sobre nascer e morrer, entristecer e depois se alegrar, sofrer e depois se contentar, como um percurso inevitável de acontecimentos, com um ocorrendo e depois se fazendo o inverso, certamente que tudo se amolda à realidade sertaneja.

Ora, o que é a vida do sertão senão ou a seca ou a chuva, a chuva e depois a seca, e assim em diante? E por consequência a tristeza pelo sol escaldante devorando tudo e o renascimento festivo quando as chuvaradas começam a cair. Mas não duram muito o contentamento, a terra semeada e o grão brotando em flor, para novamente faltar a paz e o sossego do humilde trabalhador. E com a falta de água e de chuva, logo a sede, a fome, a desesperança. Então surgem os rogos, as orações e as promessas para que as forças do alto façam cair pingo d’água.

Talvez daí também a força da expressão de ser o sertanejo antes de tudo um forte. Não apenas pela valentia, pelo destemor e pelo caminho de luta, mas principalmente por suportar - e sem se alquebrar de vez - os desconcertantes caprichos do tempo e as dolorosas imposições climatológicas. Não é tarefa fácil ao ser humano aturar o que o sertanejo silenciosamente tolera na força da fé e do amor nutrido pelo seu raquítico rebanho, pela sua vaquinha no couro e no osso. E também saber que depois da chuvarada voltará ao mesmo sofrimento, pois assim acontece desde que o seu mundo é mundo.


A exemplificação disso tudo está ocorrendo agora. Já fazia muito tempo que o sertanejo outra coisa não fazia senão sonhar com as chuvaradas, as chuvas de invernada, as trovoadas tão milagrosas. A cada dia que passava o sofrimento aumentava pelo chão ressequido, o cacto definhando, a falta do de beber e do de comer para cada ser sertanejo. E tendo de se submeter aos políticos aproveitadores na esperança de uma carrada de água. E tendo de se fragilizar - e na fragilização as sombras do escravismo - perante as ambições impiedosas daqueles mesmos desumanos aproveitadores.

Mas as barras do horizonte avermelharam, as nuvens prenhes chegaram e de repente aquele bafo quente e de cheiro inconfundível levantando da terra ao receber molhação. As chuvas chegaram. Como cumprimento do destino do Eclesiastes, as chuvas chegaram. Não faz muito tempo que retornei de meu sertão sergipano de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo e por lá deixei a seca maior do mundo. Tudo cinza, tudo esturricado, um calor de mil sóis, uma desolação de entristecer e fazer chorar. Mas as últimas notícias recebidas são de chuvaradas fortes e trovoadas. E por todo o sertão.

Numa questão de poucos dias, a coivara da terra se transformou em poça e lamaçal, a planta morta ou quebradiça foi renascendo verdosa, o barro do fundo de tanque se diluindo para se transmudar em água jorrando pelas beiradas. Coisa de não acreditar, mas é assim que acontece por lá. Para um exemplo desse destino eclesiástico, o Riacho Jacaré, que passa entrecortando a cidade de Poço Redondo, desde muito seco, devastado e putrefato, de repente irrompeu com uma cheia desde muito não avistada. Chegou veloz, em correntezas e seguindo imponente para desaguar no Velho Chico. Mas como dito, apenas uma feição passageira.

Em alguns municípios sertanejos as chuvaradas foram menores, mas enchendo fontes e tanques e alagando ruas e estradas, mas noutros a situação se tornou de calamidade. Uma barragem rompeu em Monte Alegre de Sergipe e suas águas invadiram ruas e casas, deixando famílias quase ao desabrigo. A pista asfáltica entre o mesmo município e Nossa Senhora da Glória não suportou a força das correntezas de um riachinho e foi destruída por uma cratera que se abriu de lado a outro, impedindo o trânsito de veículos.

No sertão é assim, ou tudo ou nada. Ou seca demais ou chuvarada voraz causando inundações e estragos. Como afirma um bom pastor que por lá cuida de rebanhos, um sertão de vidas secas e molhadas. As dádivas de hoje até o sol novamente vingar e tudo voltar ao percurso de sempre, com as secas e as promessas para chover. Assim é e assim será. Sempre. Só na política que há uma continuidade perniciosa, aviltante e lesiva à população sertaneja.

Poeta e cronista
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ESCRITORA BAIANA LANÇA EM LAGARTO LIVRO SOBRE LAMPIÃO


Fruto de uma pesquisa de seis anos no chamado Polígono das Secas, no Norte da Bahia, e a partir da análise dos romances Pedra Bonita (1973) e Cangaceiros (1999), de José Lins do Rego, a escritora nordestina radicada em São Vicente Gelza Reis Cristo lança o livro Lampião é Filho do Santo Conselheiro - Cangaceirismo e Misticismo.

Pode um homem matar e matar por diversas vezes; durante 21 anos como um fugitivo e ainda permanecer um líder imortal para o seu povo?
Com a leitura atenciosa de mais de 30 livros jornais e revistas encontramos no acervo sobre Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, mais de 170 obras sobre o cangaceirismo no Brasil. Os melhores documentos sobre o assunto não investigaram o fato da herança de Lampião ter vindo de um povo carente um século antes do cangaceirismo. E porque a mesma região do Nordeste do Brasil necessitava tanto de um líder? A maioria dos autores se preocupou na divulgação do enredo sobre a violência e em que localidade a atrocidade ocorria.

Porém encontramos o livro mais confiável sobre o General do Sertão: LAMPIÃO O REI DOS CANGACEIROS de Jaynes Billy Chandler com uma documentação vasta e preciosa.

No entanto o diferencial do livro dessa autora nordestina do "polígono das secas" se apresenta pelo fato de 76 anos depois da morte do ícone sertanejo, ela apresentar ineditismos e um movimento contado da realidade a ficção por meio de duas obras de ficção de um autor regionalista que viveu o movimento e era natural do Nordeste no centro do movimento. Pesquisas, fotos e depoimentos marcam o relato científico dessa autora que é fonte de Lampião e seu bando.

Em 2013 publicou pela APED, Rio de Janeiro, a sua antologia poética Maré da Lua com reconhecimento literário em jornais e programas televisivos.

Em 2011 concluiu o curso de pós-graduação, uma especialização em Língua Portuguesa pela UNICAMP de Campinas São Paulo. É formada em Letras pela UNISANTOS.

Participou ao longo de sua carreira de vários programas de televisão com o propósito de divulgar a sua literatura.

Tem trabalho publicado no AMAZON SAT: uma análise completa do poema em linha reta de Fernando Pessoa.

Em 2008 lançou um livro de culinária com uma novela ficcional. Esta obra é uma experiência profissional da autora contendo dezoito anos no mercado informal de quitutes e triviais.

Em 1999 editou independente seu primeiro livro "Meu Universo Interior I" Ed. Scortecci. No dia 11 de setembro de 1999 durante o lançamento do mesmo iniciou uma campanha individual contra a AIDS que percorreu litoral e também o Nordeste

Iniciou carreira literária em 1996, com a publicação de poemas e crônicas na antologia "A Lua e a Pena", a qual teve quatro edições. Outras produções e antologias, tais como: "Momento do Poeta" Secretaria de Cultura de São Vicente Coletânea Acalanto Ed. Taba Cultural - RJ Coletânea Almas Densas Barra Bonita/SP e Antologia de Poesias, Contos e Crônicas Ed. Scortecci.

Portanto, todo o currículo da autora é fruto dos seus esforços; com exceção de várias apresentações em tvs locais na época dos lançamentos assim como divulgações em jornais. Em todos os lançamentos a autora realiza performances para o seu público. Nas escolas públicas onde a professora escritora já realizou vários projetos e apresentações teatrais com os seus alunos. Divulga o seu trabalho também pela Academia Vicentina de Letras Artes e Ofícios "Frei Gaspar de Madre de Deus" onde é membro efetivo.

Com informações do Blog da autora

http://www.lagartense.com.br/40815/

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MORREU SOLITÁRIO O HOMEM QUE LAMPIÃO MAIS TEMIA.

Texto: Marco Túlio

Manoel de Souza Neto nasceu no dia 01 de novembro de 1901, num lugar denominado Ema no município de Floresta dos Navios. Não tendo estudado no período de infância em virtude da falta de professores no Sertão, dedicou-se ao trabalho agrícola. Era destemido, demonstrando desde cedo tendências para a vida militar. Apreciava com muita curiosidade o movimento de tropas e cangaceiros na região, transformando-se mais tarde num justiceiro, que combatia impiedosamente os cangaceiros que assolavam os sertões nordestinos.


Durante toda a adolescência conservou-se um rapaz igual aos outros sertanejos, cuidando da agricultura, do gado e comovendo-se com a paisagem e o pôr-do-sol. Um dia, no entanto após uma caminhada a pé pelo município de Rio Branco, consegui uma passagem para vir ao Recife, onde com a ajuda de Antônio Boiadeiro, ingressou na Força Pública.

Inicialmente foi destacado para servir em Santo Amaro, bairro conhecido na época, pelos altos índices de criminalidade e onde prestou relevantes serviços.

No dia 24 de janeiro de 1925 foi mandado para Vila Bela atualmente Serra Talhada/PE, a fim de participar da Força Volante naquele município para dar combate ao cangaço.

OS PRIMEIROS COMBATES

Dias após ter chegado à Vila Bela o então Soldado Manoel Neto comandado pelo Pedro Cavalcanti foi a cidade de Triunfo/PE, onde Lampião e seu bando havia cercado a Fazenda de Clementino de Sá. Destacando-se no combate. Manoel Neto foi elogiado por seu superior e considerado o Soldado mais corajoso da Volante. Nessa batalha Lampião foi obrigado a fugir, sendo perseguido até a fronteira da Paraíba, de onde a Volante teve de regressar, pois o governo paraibano não permitiu que os Soldados pernambucanos entrassem em seu território, o fato que contribuía para Lampião se reorganizasse e voltasse a atacar.

Em 10 de novembro de 1925 na localidade Cachoeira, distrito de São Caetano, ocorreu outro combate contra Lampião. Na ocasião morreram ou fugiram da luta o Sargento José Leal e o seu auxiliar direto José Terto. Manoel Neto assumiu então o comando da Volante, conseguindo uma vitória surpreendente contra Lampião que passou a se interessar pela valentia do “macaco” que conseguira lhe infligir tão grande derrota. Em função da façanha, Manoel Neto foi promovido ao posto de Anspeçada, isto é, intermediário entre Soldado e Cabo.

OUTRAS BRAVURAS

A partir desse episódio, Manoel Neto passou a ser o terrível perseguidor de Lampião, sempre lhe mandando recados, desafiando-o para que lutassem de homem para homem numa batalha para pôr fim aos crimes no Sertão.

No tiroteio da Fazenda Favela, localizada no município de Floresta, Manoel Neto foi emboscado pelo bando de Lampião, ficando gravemente ferido, com duas pernas quebradas. Segundo contam, sempre ia à frente de seus comandados, alegando que como comandante cabia a ele receber ou disparar o primeiro tiro.

Certa ocasião, foi chamado pelo Tenente João Bezerra da Policia Militar de Alagoas, para arquitetarem o plano da morte de Lampião por envenenamento. (Fato que carece de maiores esclarecimentos).

Manoel Neto mostrou-se imediatamente contrário àquele tipo de assassinato. Dizendo para o Tenente:

- Lampião é meu inimigo pessoal e ele também me considera assim. Se eu puder pegá-lo no ponto do meu Mosquetão, acabarei com ele. Porém não o matarei envenenando a água que beba, pois Lampião sabe que o rastejo e nunca envenenou a água que eu bebo, mesmo lhe perseguindo.

Certa vez no município de Triunfo, vários bandoleiros que habitavam uma serra, resistiram a ação da Polícia Militar. Sem condições de subirem a montanha, os Soldados eram duramente repelidos a tiros de rifles. Ao tomar conhecimento do fato, o Capitão Manoel Neto, fazendo acompanhar de oito Soldados subiu a serra e aproveitando o silêncio da noite, foi invadindo casa por casa. Ao amanhecer todos estavam amarrados e desmoralizados.

Texto: Marco Túlio
Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Grupo: O Cangaço

Transcrito por: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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O PADRE CANGACEIRO

Por Cid Augusto da Escóssia Rosado

Padre Longino era o cão chupando manga. Casava e batizava, fosse literalmente ou no sentido figurado da expressão. A ele, primeiro mossoroense ordenado pela Santa Madre Igreja, atribuem-se ações criminosas diversas, todas sem castigo. O rol dos delitos contempla investidas contra o patrimônio alheio, contra a dignidade sexual e contra a vida.


Há poucos registros sobre o vigário. Em 1949, Vingt-un Rosado publicou anotações de Francisco Fausto de Souza, assumindo, porém, a responsabilidade pela impressão da brochura, ante ameaças de retaliação. A edição de 40 exemplares mimeografados recebeu o título “Apontamentos históricos sobre o Padre Longino Guilherme de Melo, 1802-1878”.

Sabe-se que nasceu no arraial de Santa Luzia do Mossoró aos 15 de março de 1802, filho do capitão Simão Guilherme de Melo e de Inácia Maria da Paixão, pessoas ordeiras e respeitadas. Recebeu ordens no seminário de Olinda-PE, em novembro de 1826, voltando logo a seguir para a terra natal, onde só não fez chover, mas ainda preparou o tempo.

No início da década de 1950, contratado pela prefeitura para fazer Notas e Documentos para a História de Mossoró, Luís da Câmara Cascudo ampliou os estudos de Fausto. O primeiro indivíduo, no entanto, a escrever sobre Longino foi outro ministro católico, José Antônio Silveira, inimigo implacável do colega de batina a quem dedicou versos ferozes.

O “poeta improvisado” acusa o desafeto de quebrar o celibato em pleno confessionário, deflorar menores impúberes, entre as quais uma sobrinha, celebrar missas para o diabo na capela de Santa Luzia, badernas, porte de arma, tentativas de homicídio e assassinatos consumados. A casa paroquial e o próprio templo serviram de trincheiras em tiroteios.

O maior deles envolveu Longino e seus cabras contra a capangaria liderada por Antonio Basílio, tocador de viola e baderneiro das bandas do Assú, além de genro do comandante Félix Antonio de Sousa Machado, descendente dos fundadores de Mossoró. Na chuva de bala, morreu um dos asseclas do padre, o célebre pistoleiro Tempestade Ventania.

Os dois se tornaram desafetos após casamento celebrado por Longino. A briga envolveu de início o vigário e Pedro Ferreira. Basílio saiu em defesa de Pedro, ameaçando Longino com uma arma branca, que lhe foi tomada por circunstantes. Irritado, o ministro de Deus arrastou outra faca, desferindo seis golpes no adversário. Ambos estavam bêbedos.

Transportada para a sede do município numa rede, após exame de corpo de delito realizado in loco pelo juiz de paz Domingos da Costa Oliveira, na presença de testemunhas convocadas para o ato, a vítima sobreviveu e fugiu. Não está claro se chegou a cumprir a pena de um mês de prisão sumariamente estipulada pelo crime de “porte ilegal de arma”.

O acusado recebeu o benefício do livramento ordinário no mesmo documento que determinava sua prisão e nunca foi julgado. Anos depois, o corregedor Luís Gonzaga de Brito Guerra declarou a prescrição da pretensão punitiva. A Igreja suspendeu as ordens de Longino, mas, seis anos depois, o bispo Dom João Marques Perdigão revogou a pena.

Aconselhado a deixar a cidade, viveu no Piauí e no Maranhão. Voltou para Mossoró 28 anos depois, cansado e cego. Quando alguém perguntava sobre a deficiência visual, respondia: “É verdade, ceguei. Ceguei de ver gente ruim”. Morreu aos 30 de março de 1876, contando 74 anos de idade, e teve o corpo sepultado na capela do Cemitério Velho.

Cid Augusto da Escóssia Rosado. Advogado. Escritor. Redator-chefe do Jornal O Mossoroense.

http://www.caldeiraodochico.com.br/o-padre-cangaceiro/

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MENTIRAS E MISTÉRIOS DE LAMPIÃO DE BURITIS

Por José Mendes Pereira

O saudoso fotógrafo e pesquisador do cangaço José Geraldo Aguiar que escreveu o livro: "LAMPIÃO, O INVENCÍVEL DUAS VIDAS, DUAS MORTES", pelo que vi, ele não leu nada sobre a morte do Padre Cícero Romão Batista de Juazeiro. Veja o que ele fala sobre o suposto Lampião que não morrera em Angico no Estado de Sergipe: "- Tive acesso também à identidade, certidão de nascimento, ele usou 13 anos em MG para permanecer na clandestinidade. Tive acesso a vários objetos de Lampião. Ele estava com 41 anos de idade. Fugiu do cerco da Polícia de Sergipe com apoio de Padre Cícero e outras pessoas. Eu tive essa dádiva de encontrá-lo".


O fotógrafo escritor e pesquisador do cangaço José Geraldo Aguiar pisou na bola em aceitar o que disse o Lampião de Buritis, afirmando que quem o ajudou a fugir do cerco da Polícia de Sergipe, foi o Padre Cícero e outras pessoas. Outras pessoas, tudo bem, mas padre Cícero ter o ajudado a fugir do cerco policial, é incrível, porque quando o grupo de Lampião foi atacado na Grota de Angico pelas volantes do tenente João Bezerra da Silva, na madrugada de 28 de julho de 1938, padre Cícero já estava descansando no seu túmulo desde julho de 1934, pois ele faleceu no dia 20 deste mês.

o fotógrafo e escritor José Geraldo Aguiar

Ainda disse o escritor: "- Vários escritores já disseram que ele não morreu em Angico, eu não sou o primeiro, só que eu tive dádiva de encontrá-lo. Fui o último amigo e confidente, estava com a história toda, só que ele me pediu para não divulgar nada enquanto ele estivesse vivo".

Se fosse mesmo Virgulino Ferreira da Silva o Lampião de Pernambuco, o destemido, o perverso e sanguinário, por que ele pediu para que o pesquisador não divulgasse nada enquanto ele estivesse vivo?

Acima, Lampião de Pernambuco, abaixo, Lampião de Buritis-MG

O certo é que, sem sombra de dúvidas, este Lampião era mesmo lá de Buritis, das terras do Estado de Minas Gerais, temendo que fosse descoberta a sua verdadeira farsa, passando por todos os seus amigos e admiradores como que ele fosse o valente de Pernambuco, Virgulino Ferreira da Silva o Lampião de Maria Bonita, filho dos sofridos José Ferreira da Silva e dona Maria Sulena da Purificação

Claro que o José Geraldo Aguiar o que escreveu foi baseado nas informações do seu depoente, no caso, o famoso Lampião de Buritis, que não tem nenhuma semelhança com o Lampião verdadeiro das terras de homens valentes ao estremo, lá de Pernambuco. 

Lógico que eu não estava lá na Grota de Angico, no momento da chacina, mas quem estava lá, não mente, um deles, Manoel Dantas Loyola o cangaceiro Candeeiro, que afirma em vídeo, gravado pelo cineasta Aderbal Nogueira que, Lampião e Maria Bonita morreram naquela madrugada de inferno.

Se você quiser saber mais sobre o Lampião de Buritis clique neste link: 

http://www.nosrevista.com.br/2010/01/28/biografo-de-lampiao-afirma-que-o-rei-do-cangaco-nao-foi-assassinado-em-sergipe/

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FAZENDA BOM DESPACHO... PALCO DA MORTE DE HERCULANO BORGES DE SALLES, PELO CANGACEIRO CORISCO..


OBS: Matéria compartilhada do Grupo O CANGAÇO (Geraldo Júnior)

Localizada entre os municípios baianos de Jaguarari e Santa Rosa de Lima, local em que o cangaceiro Corisco matou e esquartejou Herculano Borges de Sales, antigo desafeto.

Conheçam um pouco sobre essa história.

Este fato aconteceu no município de Jaguarari, especificamente nas proximidades da povoação de Santa Rosa de Lima, foi uma vingança que levou quatro anos para se concretizar, por Corisco ao comerciante Herculano Borges de Salles, seu inimigo a quem Corisco acusa-o de este ter-lhe devolvido ao cangaço, em minha pesquisa dedico este fato acontecido em meu município e de pesquisa também, como: A morte e esquartejamento de Herculano Borges de Salles.

Corisco já havia deixado as hostes de Lampião em 1926 e retornado a sua Matinha de Água Branca em Alagoas, quando em sua terra natal comete um assassinato e este tem que fugir e foge para a Bahia, mais precisamente para a cidade de Senhor do Bonfim e lá passa a trabalhar como vendedor de bugigangas nas feiras das proximidades deste município citado, quando se encontrava na feira de Santa Rosa de Lima povoação que pertence hoje ao município de Jaguarari, há várias versões para este fato, mas a que mais me chamou atenção em minha investigação foi: ao fim da feira, Cristino toma umas e promove arruaças com uma faca, ameaça um morador do local, em outra versão Cristino se recusa a pagar o imposto ao fiscal de feira e este chama o subdelegado que é Herculano Borges de Salles, este prende o jovem comerciante ambulante e humilha com supostas agressões físicas e morais, ao ser solto Corisco sai prometendo vingança e que isso não vai ficar assim pela ofensa do subdelegado daquela povoação, em 27 de setembro de 1929, Corisco já nas hostes cangaceiras de Lampião, com este invade a povoação de Santa Rosa de Lima, no intuito de vingança a Herculano, a quem acusa de ter este devolvido supostamente ao cangaço, vai até o armazém de propriedade de seu inimigo, uma loja de tecidos, Corisco levado pela fúria e com a ausência de Herculano, coloca todas as mercadorias no meio da praça da feira e toca fogo, e após quatro anos há o reencontro de Corisco com Herculano, que este já havia se mudado com a família para Senhor do Bonfim por receio das ameaças do cangaceiro, que o comerciante sabia que Cristino pertencia ao grupo liderado por Lampião, frase de Corisco a um de seus comparsas na barbárie do esquartejamento "Leve até a casa daquela fazenda. Mande cozinhar. Diga que é de boi que eu mais procurava.

Foto: Sérgio Augusto de S. Dantas
Fonte: Fontes (2010)

Foto: Sérgio Augusto de S. Dantas
Fonte: Fontes (2010)
Fonte II: facebook
Página: Geraldo Júnior
Grupo: O Cangaço

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com
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QUANDO O ASSUNTO É A MORTE DE LAMPIÃO... ESSES TRÊS LIVROS SÃO REFERÊNCIAS..


- ASSIM MORREU LAMPIÃO de Antônio Amaury Corrêa de Araújo

- LAMPIÃO – SUA MORTE PASSADA A LIMPO de José Sabino Bassetti e Carlos Megale

- LAMPIÃO ALÉM DA VERSÃO – MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO de Alcino Alves Costa

Livros que não podem faltar no bisaco de todos (as) estudiosos do tema cangaço.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail:  

franpelima@bol.com.br
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ANTONIO SILVINO NAS PÁGINAS DO "ESTADÃO" PARTE III

Por Antonio Corrêa Sobrinho

“Gazeta de Notícias” – R. Manso reproduz na sua crônica parte de uma narração de viagem pelo sertão da Paraíba, feita por um engenheiro das obras contra as secas:

“Em trabalhos contra a seca atravessava eu o sertão da Paraíba. Eu e o meu ajudante Neves, que se sentia doente, com o fígado já engorgitado, furúnculos rompendo a pele, falta de apetite, porque havia um mês, mais de um mês, que não brigava. Chegamos a Cabeceiras e fomos para o hotel. Estava o Neves a tomar um copo de cerveja, a um lado da mesa, quando entrou um sujeito e lhe esbarrou no ombro. A cerveja entornou-se. O Neves se ergueu e disse-lhe um desaforo. O homem, com boas maneiras, tirou o chapéu de couro e pediu humildemente perdão, que não fora por querer. O Neves não aceitou as desculpas e desafiou, provocou, pediu, suplicou, instou com o sertanejo para brigar com ele. Depois de muito rogado, o sujeito disse:

- Moço o senhor tem aí uma pratinha?

O Neves tirou uma moeda de 500 réis e deu-lhe. Ele tomou-a e dobrou-a com os dedos. Depois abaixou a cabeça e disse:

- Faça obséquio de olhar aqui.

O Neves olhou e viu mais de vinte riscas em todas as direções; não dessas riscas precárias, feitas a ponto e que se desmancham de um momento para outro, mas boas gilvazes definitivas, abertos a facão. Depois abriu a camisa, mostrou na cintura um arsenal e no peito a mais surtida coleção de cicatrizes que se pode encontrar reunida em espaço tão diminuto e acrescentou:

- Veja. Aqui o senhor encontra recibo de faca, foice, chuço, punhal, rifle, chumbo e bala. Eu tenho no corpo mais chumbo do que o preciso para fundir em peso de quilo. Dez homens como o senhor não são gente para mim sozinho. Meu nome é Antônio Silvino... O senhor ainda quer brigar?


O Neves ficou uns instantes mudo; mas não era de cólera, não. Pelo contrário. Ele é um rapaz de muito bom coração e aceitou, logo que lhe voltou a voz, as desculpas do Antônio Silvino. Fê-lo tomar um copo de cerveja, obrigou-o a jantar conosco e no dia seguinte, pediu licença e voltou para a capital.

Antônio Silvino chega nas coletorias, agências de correio e de telégrafos, arrecada todo o dinheiro que encontra e deixa recibo; mas sem estampilha. É uma questão de capricho. Ele diz que não sela os recibos porque não quer dar lucro de trezentos réis ao governo, que nada faz pelo sertão.

Ele não tem às suas ordens o número de cangaceiros que dizem. Efetivos só tem trinta e dois. Esses são os do quando, os vitalícios, os que têm direito ao montepio. Quando há necessidade para o serviço, ele nomeia cangaceiros em comissão, diárias, a 5$ por dia, com direito ao rifle. Ia fazer agora uma reforma, aumentar o pessoal, criar uma agência em Princesa, para tomar conta do João da Banda. Finalmente, este se uniu a ele e a reforma ficou adiada.

O Antônio Silvino você vendo-o, não imagina de que ele é capaz. É um sertanejo de boas maneiras, muito respeitador (et por cause...) e tem fama de ser homem de uma só palavra.

Quando me retirei de Cabaceiras corria entre os admiradores de Antônio Silvino uma subscrição (na qual assinei vinte mil réis) para adquirirem e lhe oferecerem um cemitério.

13.12.1911

A Política de Pernambuco e as Proezas do Cangaceiro Antônio Silvino – RIO, 22 – A propósito do cangaceiro Antônio Silvino, chefe de uma quadrilha de facínoras que opera no sertão de Pernambuco, onde saqueou várias localidades, o Sr. Ulisses Costa, chefe de polícia daquele Estado, durante as administrações dos senhores Herculano Bandeira e Estácio Coimbra, interrogado, disse que a afirmação de que Antônio Silvino está aliado aos partidários do senhor Rosa e Silva não passa de um recurso de politicagem muito usual.

A verdade é que o estado de Pernambuco está anarquizado, barbarizado. O entrevistado salientou o fato de terem os telegramas registrado os ataques, e os tiroteios e os saques, não fazendo a menor referência à ação policial, quando as localidades atacadas distam apenas um dia de viagem da última estrada de ferro.

Esses movimentos sediciosos do sertão, essas depredações que se notam pelo interior do Estado, são, na sua opinião, os primeiros frutos que o governo atual colhe da anarquia que ali implantou, tendo em vista a agitação política turbulenta travada em fins do ano passado, quando da propaganda eleitoral.

Os partidários do senhor Dantas Barreto, nos municípios do Brejo e Madre de Deus, contrataram os serviços de Antônio Silvino e do ladrão Antônio Godê, chamado especialmente dos sertões paraibanos, para tomar parte na campanha eleitoral.

Em tais condições, Antônio Silvino se julga senhor do terreno para agir desembaraçadamente.

Não quer dizer que o governo de Pernambuco pactue com o banditismo, isto porque faz justiça ao atual chefe de polícia do Estado. É certo, porém, que o governo não contará com os seus amigos, nos municípios flagelados, para reprimir o banditismo. Assim, a situação da falta de segurança em Pernambuco aumentará, dadas as perseguições políticas, as deposições dos governos municipais, como sucedeu em Jaboatão.

Os pernambucanos que se acham fora de Pernambuco e que não são solidários com a situação política do Estado estão impossibilitados de voltar ao seio de suas famílias e cuidar de seus interesses abandonados.
No seu tempo, a polícia de Pernambuco tiroteou com a gente de Antônio Silvino, no território paraibano, onde se faz sentir a ação conjunta das polícias pernambucanos e paraibana. Com o advento do dr. Dantas Barreto, este chamou a si as atribuições de todas as autoridades, daí resultando a anarquia.

Depois da autoridade do Sr. Dantas só existe ali a autoridade do tenente Melo, comandante da polícia. Em tais condições, o banditismo, atentando contra as vidas e as propriedades, alastra-se pelo Estado, correndo parelhas com as anarquias administrativas e política.

A falta de garantias individuais é um dos traços mais característicos da atual situação pernambucana.

23.07.1912

OS CANGACEIROS – Partida de força para Campina – RECIFE, 8 (A) – Sob o comando do tenente Francisco Pinheiro partiu para Campina um contingente de sessenta praças do Exército, da terceira companhia isolada. Essa força vai garantir aquela localidade contra possíveis ataques do bando de cangaceiros.

Os habitantes do município de Pesqueira estão ameaçados de ataque por parte dos homens de Antônio Silvino, sob a chefia do chamado Quinta-Feira e de Vicente, o preto. A população está firmemente decidida a não entregar mais dinheiro aos cangaceiros que já levaram dali importantes somas e espancaram vários negociantes e fazendeiros, inclusive os senhores Claudino da Silva e senhora; Manuel Corrêa, Manuel Barbosa e Antônio Moreira.

Este último foi obrigado a entregar aos assaltantes 2:500$000.

Os cangaceiros, no que parece, são instigados pelos inimigos da atual situação.

09.08.1912

ANTONIO SILVINO

Façanhas do bandido Antônio Silvino – RIO, 12 – Telegramas particulares aqui recebidos dizem que é alarmante a situação de vários municípios do Rio Grande do Norte, onde o bandido Antônio Silvino exige tributos fabulosos das pessoas abastadas.
13.10.1912

O BANDIDO ANTONIO SILVINO – NATAL, 6 (A) – Chegam a esta capital notícias do bandido Antônio Silvino, que, acossado pelas forças de polícia, está atualmente acoitado no lugar denominado S. Bento do Brejo, no estado da Paraíba.

As forças rio-grandenses do norte continuam a persegui-lo tenazmente, estando bastante esperançosas de poder capturá-lo.

O coronel Franco Rabelo, governador do estado do Ceará, telegrafou ao Dr. Alberto Maranhão, presidente deste Estado, dando autorização para que as forças do Rio Grande do Norte penetrem no estado do Ceará a fim de efetuarem a captura do bandido.
07.11.1912

PERNAMBUCO

As Famosas Proezas do Bandido Antônio Silvino – o Terror do Norte Brasileiro – 

Lemos no “Pernambuco”:

“Recebemos uma carta de um nosso amigo particular, residente em Caicó, que, por ser enviada por um negociante criterioso e probo que nos merece inteira confiança, damos dela alguns tópicos:

As famílias moradoras em Caicó estão aflitíssimas com a ameaça que fez Antônio Silvino de em breve invadir a referida localidade.

Há poucos dias mandou ele participar a todos os políticos, autoridades e comerciantes dali, que ia fazer na fazenda do coronel Joel Macena uma conferência pública.

A ela compareceram pessoas de todas as classes que queriam saber o fim da conferência pública.

Antônio Silvino discorreu calmamente sobre os pontos seguintes:

1. Exigia dos chefes políticos e autoridades locais permissão sob juramento – para descansar e permanecer provisoriamente no Estado;

2. Entenderem-se os chefes políticos com o Governo, a fim de que este não consinta entrada em Caicó dos trapos “estranhos” que o perseguem;

3. Que todo aquele que não o avisasse de qualquer movimento federal ficaria sujeito às penas do calibre 44;

4. Que o delegado de polícia que não o auxiliasse na cobrança do dízimo costumeiro não lhe mereceria a confiança;

5. Que o “candidato” futuro ao Governo seria o deputado Lamartine e que contava com o apoio de todos e, em caso de oposição “queimaria o último cartucho”, e que todo aquele que votasse no capitão José da Penha ficaria sujeito à morte.

Alguns delegados de polícia estão espantados e pensando na tal incumbência de cobrança; porém o de Serra Negra, o senhor Francisco Luiz de Medeiros, de muito bom grado aceitou a missão e já efetuou a primeira cobrança.

Estreou com a família Marcelino da qual extorquiu a quantia de 500$000.

Um outro delegado vizinho sacou por ordem do famigerado bandido 2:500$000 para Laranjeiras.

Tudo isto foi feito sob a ameaça de morte, a fim de evitar delongas e protestos.

Os habitantes de Caipó já fizeram uma quotização que monta a mais de 5:000$000, e, não obstante ter sido Antônio Silvino bem recebido pela população daquela localidade e pelas autoridades e comerciantes dali, fez a arrecadação de todo dinheiro existente e embolsou-o.

As famílias estão assustadas e receiam a entrada do bandido em Caicó.

A segunda conferência que ele, Silvino, teve com o major Seabra, comandante do destacamento, foi muito cordial e demorada, nada, porém, transpirou a respeito do assunto da falada conferência.

Em Conceição do Azevedo foi recebido, há poucos dias, hospedando-se em casa do “mandão local”, onde houve banquete e música por ocasião de sua chegada.

O que é mais importante, entretanto, é que o senhor Promotor de Serra Negra, encarregou-se da montagem de uma casa de jogo e de um bilhar, para ser agradável a Silvino, quando ele chegasse.

Na alfaiataria do dito promotor tem o assassino uns uniformes caquis, que pelo mesmo foi mandado fazer.

Agora mesmo acabo de saber que o bandido em questão, acompanhado do seu grupo, que é composto de 20 homens, saiu na madrugada de ontem com destino à Serra Negra e Paulista; o comércio está enfraquecendo muito e as feiras são desertas.

Espera-se a todo o momento a entrada do famoso cangaceiro, e o Sr. Major Seabra, comandante do destacamento, diz ser estranho e indiferente a todo o movimento.

O governador Maranhão conserva-se calado e jaz em completa imobilidade, diante de fatos tão graves.

As autoridades ou mandões aconselham ao povo apavorado que cotizem, a fim de receberem-no bem, pois é o único meio de salvação possível.

Anteontem soube que João da Banda, em companhia de dois fugitivos da cadeia de Nazaré, passou no lugar Várzea da Serra, em direção ao Caicó.

Consta que chegou a Flores o conhecido assassino e ladrão José Mole, que fugira de Aracati, e está refugiado em uma fazenda, a duas léguas de Flores, com quatro companheiros já “encangaçados”.

Ali termina a carta em que o nosso amigo nos revela tão transcendentes acontecimentos.

O público admiro e considero as proezas de Antônio Silvino, o terror dos nossos sertões, e a apática e criminosa atitude das autoridades locais.

05.12.1912
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste

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