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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Aniversário da Rádio Tapuyo

Por: Lúcia Rocha

Hoje, dia 1o. de maio, faz exatamente 58 anos que a cidade de Mossoró ganhou a segunda emissora de rádio, a Rádio Tapuyo, hoje Rpc Tapuyo Mossoró. 

No ano seguinte, dia 1o. de maio de 1956, em comemoração ao primeiro aniversário, um rapaz com apenas 17 anos de idade, subia pela primeira vez nesse mesmo auditório e iniciava uma das mais bonitas trajetórias de sucesso do país, era 


Oseas Carlos André, que criou no início dos anos 60 no Rio de Janeiro o TRIO MOSSORÓ, juntamente com dois irmãos, Hermelinda e João Mossoró 

João Mossoró, Hermelinda e Oseas Lopes -(Carlos André)

O TRIO MOSSORÓ foi extinto em 1972

Em 1974, Carlos André estourou em todo país em carreiro solo, com a música que ficou conhecida como QUEBRA MESA. Em 1984, Carlos André passou a produtor musical do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, fazendo o velho Lula estourar nas paradas de sucesso de todo país.

Gonzaguinha e Gonzagão

Parabéns aos que fazem a RPC - Rede Potiguar de Comunicação - a maior rede de emissoras de rádio do interior do RN, gerando postos de trabalho para profissionais da área da comunicação, como locutores, repórteres e operadores de som.

Facebook, trasladado da página da autora - Lúcia Rocha

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Os últimos cangaceiros vivos

Por: Antonio José de Oliveira – Serrinha-Bahia.

Caro pesquisador Mendes: 

Acuso com imenso prazer o recebimento do seu E-mail respondendo a minha consulta quanto à sobrevivência, (ainda) dos ex-cangaceiros Candeeiro, Dulce e Vinte e Cinco.


O cangaceiro Candeeiro

Grato a você pela agilidade da resposta e saúde para eles.

Da esquerda pra direita: Dulce, Dona Dil (sobrinha) e Cicera ( irmã de Dulce, faleceu no ano passado), e o escritor João de Sousa Lima.

Sou um neo-escritor de apenas um livro, e ao escrever minha monografia na pós-graduação em Psicopedagogia sobre o cangaço fui atraído para uma pesquisa em maior profundidade, e estou escrevendo um livro com o título O CANGAÇO a ser analisado à luz da Sociologia e da Psicologia.

João de Sousa Lima e o cangaceiro Vinte e Cinco

É um tema que muito tem me atraído devido a sua tão grande elasticidade. As matérias escritas por você e pelos demais pesquisadores têm me ajudado grandemente.
            
Abraços, Antonio José de Oliveira – Serrinha-Bahia.

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Sinésio Simões de Araújo e o sargento Evaristo Carlos da Costa

Por: Guilherme Machado

O Senhor Sinésio Simões de Araújo era um grande amigo do sargento Evaristo Carlos, que escapou do cutelo de Lampião e seu bando, na cidade de Queimadas, no Estado da Bahia. Até os dias de hoje, muitos pesquisadores se perguntam: Lampião tinha aversão aos macacos da Bahia?

Em 1929, ao entrar na cidade baiana de Queimadas, saiu matando, espancando, humilhando e roubando a todos, principalmente os mais abastados e bens providos. Lampião deu ordem suprema para os seus subordinados, para que não deixassem nem um macaco "policial" baiano vivo.


Lampião ainda mandou prender o chefe do destacamento da poderosa polícia militar da Bahia; o sargento Evaristo Carlos da Costa, Lampião prometeu degolá-lo em primeiro lugar.

Depois ele saiu para se divertir e juntar o balancete do assalto da pequena vila de Santo Antônio das Queimadas. Inexplicavelmente em seu regresso de fúria mortífera, ele acaba com as vidas de todos os soldados baianos, e poupando a vida do sargento, que até hoje ninguém nunca deu uma explicação convincente para os historiadores do cangaço.

Passando pela cidade de São Domingos eu conheci o senhor Sinésio Simões de Araújo, nascido a 18 de maio de 1929, na cidade de São Domingos, e em conversas sobre o cangaço com o senhor Sinésio, este me contou que nos anos 30 trabalhava com o sortudo sargento, e ambos moravam na cidade de Santa Luz, no Estado da Bahia, cidade que Evaristo escolheu para morar, depois do ocorrido de Queimadas.


Evaristo Carlos Costa quando vivo, revelou a Sinésio o motivo de ter saído ileso do massacre de Lampião. Segundo Sinésio, o sargento era primo do cangaceiro Virgulino.

Os seus descendentes vieram para Bahia em companhia dos pais do sargento, que desceram nordeste abaixo, na esperança de arrumarem emprego na estrada de ferro “leste brasileira" e o menino Evaristo ingressou nas forças baianas.

Interrogado por Lampião, o sargento Evaristo contou do seu parentesco com o cangaceiro, relatou que era seu primo, e se Lampião o matasse, estava matando o próprio sangue.

Depois que o sargento falou o nome da sua mãe e do seu pai, tios e irmãos e primos de Lampião, o cangaceiro não teve dúvida; e com estas afirmações, o sargento Evaristo escapou de morrer; e não teve dona santinha e nem trancelim de ouro; sangue salva sangue. Esta é a história do senhor Sinésio.

Os meus sinceros agradecimentos ao senhor Sinésio, por ter paciência de me ajudar a desatar este nó, tão antigo e difícil de desfazê-lo. Se tiver veracidade, uma bomba para o mundo do cangaço.

Facebook - página do pesquisador Guilherme Machado

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A cangaceira Aristéia


Por: Guilherme Machado

Saudades eternas da cangaceira Aristéia, a quem visitei há 2 anos passados, na cidade de Delmiro Gouveia, no Estado de Alagoas, onde ela morava antes da sua morte.

Aristéia era companheira do cangaceiro Catingueira. Ela faleceu aos 99 anos de idade, e a conheci por intermédio do escritor e pesquisador do cangaço João de Souza Lima, que me levou até a residência da guerreira alagoana.

Facebook, página do autor.

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Hoje é o aniversário da Rádio Tapuyo de Mossoró

Por: Collins Aquino

Hoje é o aniversário da Rádio Tapuyo de Mossoró (AM 1060 KHZ, RPC - Rede Potiguar de Comunicação). Foi lá que De Assis Linhares me deu a oportunidade de começar no Rádio. E nessa emissora tive a oportunidade de trabalhar com grandes profissionais como: Canindé Alves (in memoriam) na foto acima era o diretor. Ivanilda Linhares (sua esposa), Every Costa, Francisca Victor, Escossinha, Humberto Lima, Tota (todos in memoriam), Jota “B” (não sei por onde anda), Evaristo Nogueira (Evaristo), Mendonça Filho (Mendonça), Ramildo Oliveira, Edmundo Torres, Coroné Pereira, Jota Nobre, Dedé bulhões, entre outros. (bons tempos) Parabéns para todos.

Collins Aquino
Canindeh Alves, o primo Bob
Por: Lúcia Rocha 
Canindé Queiroz e Ivanilda Linhares (Neném)  eram compadres do meu pai.

Francisco Alves de Souza, passou a ser chamado de Canindé, aos cinco anos de idade, fruto de promessa da mãe que, vendo o filho perder muito peso, em consequência de febre amarela, valeu-se de São Francisco do Canindé, e jurou chamá-lo de Canindé Alves, caso vencesse a doença.
       
Tempos depois, já homem de comunicação, ele adicionou o H e assinava Canindeh. Canindeh é um raro caso de alguém que ocupou todas as funções numa emissora de rádio, ainda mais por ser autodidata. 
       
Pois bem, Canindeh Alves era um primo querido, que tinha idade de ser meu tio, pois minha mãe tinha apenas dez anos de idade quando ele nasceu. A mãe dele, Tia Maria, era a irmã mais velha da minha mãe, caçula de uma prole de dezessete filhos. Foi o segundo sobrinho de mamãe, pois ela havia sido tia aos nove, de Edmundo Alves de Assis, com atuação no rádio também, onde adotou o Assis Cabral, filho de Tia Júlia.  
       
Canindeh nasceu em 16 de agosto de 1935, em Pau dos Ferros, primogênito da costureira  Maria Alves de Souza e do vaqueiro Manuel Alves de Souza. Quando Canindeh tinha quatro anos, seus pais migraram com ele e Estelina para Mossoró, onde nasceu Osmínia e Pedro Segundo.
       
Canindeh faleceu no sábado, dia 21 de abril de 2012, enquanto dormia, aos 76 anos de idade.   
       
Canindeh, apesar de não aparentar, já havia passado por duas tragédias. Menino, viu enterrar o pai e, adulto, enterrou um filho com dois anos, Júnior.   
       
Em setembro de 2002, portanto, há dez anos, perdera a mãe e escrevi artigo para o jornal Página Certa, contando sua história de mulher e mãe de sucesso, pois ficou viúva  jovem, com quatro filhos pequenos para criar. O vaqueiro foi vítima de um acidente de trabalho, estava tangendo uma boiada, numa fazenda de Luis Paula, na Alagoinha, quando um touro saiu em disparada e, ao tentar trazê-lo de volta, entrou num matagal e foi encontrado com uma chifrada que transfixou a coxa, ficando poucos dias internado no Hospital Duarte Filho. Porém, a falta de vacinas na época contribuiu para o óbito. Canindeh ficou órfão de pai com apenas dez anos de idade e o irmão, Pedro Segundo, com alguns meses de vida. Contei naquele artigo, que Tia Maria talvez fosse a única mãe do mundo que tinha o privilégio de saber com precisão que seria visitada por um filho todo domingo. Era assim que Canindeh agia quando saía da missa pela manhã, ficava com a mãe até a hora do almoço. Fui testemunha de muitas dessas visitas. Tia Maria é a única mulher, cuja fotografia está exposta entre os heróis do episódio da invasão de Lampião em Mossoró, no Memorial da Resistência. Sua contribuição foi costurar bornais - uma espécie de bolsa a tiracolo para guardar a munição - usadas pelos defensores da cidade.  
        
Após ficar viúva, coube ao nosso avô, Pedro Alves Cabral, dar um suporte a Tia Maria e encaminhar os netos, em especial Canindeh, que pegou no pesado, literalmente, não sem antes acolher a todos em sua residência, por um tempo. Canindeh passou a trabalhar com um jumento, pegando água no rio Mossoró e abastecia a casa do avô, depois saia vendendo de casa em casa, numa Mossoró que não tinha água encanada. Para isso, acordava de madrugada. Nosso avô trouxe algumas vacas de sua fazenda no Riacho Grande e, arrumou uma casa para Tia Maria, no bairro Doze Anos, com um grande terreno, onde montaram uma vacaria, tirando dali o sustento da família.          
        
Canindeh ajudava a mãe e procurava subir na vida. Ficou sabendo através de amigo jornaleiro, a respeito de uma vaga para faxineiro no Cine Pax e passou a informação para o avô, que tinha amizade com Jorge Pinto, dono do cinema. Pedro Cabral pediu e conseguiu a vaga para o neto esforçado, então com quase quinze anos. O avô o orientou na nova atividade e pediu obediência aos superiores. De carteira assinada, o neto, que vinha de uma disciplina caseira, fruto da mãe rígida e severa, exerceu suas funções e varria todo o cinema. Um dia teve um aborrecimento e comunicou ao avô que ia sair, mas recebeu dele uma reprimenda e retornou. Então, surgiu a oportunidade de ser promovido para auxiliar de operador de cinema, dando inicio a uma trajetória de profissional autodidata.
         
Canindeh Alves, que passou a trabalhar somente na hora da exibição de filmes, mostrou interesse em atuar no serviço de amplificadora do cinema, que anunciava os filmes e, aos poucos foi conquistando confiança até que conseguiu pela boa dicção e voz, que ele creditava por ser um excelente observador das falas dos atores, já que assistia tantos filmes, em inglês, inclusive. Logo também teve uma experiência como locutor de parque de diversões nas horas de folga. Em 1955, com vinte anos de idade, começou a frequentar os corredores da emissora de rádio que acabara de ser inaugurada, a Rádio Tapuyo, onde Ivanilda Linhares, aquela que viria a ser sua esposa, era locutora e atuava no departamento comercial. A paixão pela moça o fazia dar uma passada diariamente na rádio. Sentindo-se incomodada, Ivanilda reclamou a Souza Luz, que lhe explicou: o rapaz andava lá por causa dela, era um fã. Aos poucos Canindeh foi conquistando a locutora, que se tornou sua confidente.
         
Surgiu a primeira oportunidade para Canindeh Alves numa emissora de rádio, quando a Rádio Tapuyo fez teste para locutor e ele que tremia como uma vara verde, foi aprovado. O fã passou a conviver com a musa e a história terminou em casamento, com cinco filhos, dos quais sobrevivem quatro: Neto, Ivana, Fátima e Vanusa.
        
Quando locutor da Radio Tapuyo, Canindeh Alves se mostrou um caçador de talento. Conta Oseas Lopes - o artista depois batizado de Carlos André – que pintava frases em carroceria de caminhão e cantava músicas de Luiz Gonzaga. Todo dia passava no local, Canindeh Alves, um desconhecido que o abordou certa vez. Apresentou-se, elogiou a voz de Oseas e o convidou para cantar na festa de primeiro aniversário da rádio. Mas Oseas agradeceu e disse que era apenas um pintor de carroceria. Canindeh insistiu e foi até o pai dle, seu Messias. Convenceu que o filho era um cantor nato e, assim deu-se o inicio de uma carreira de sucesso em nível nacional, pois Oseas Lopes criou com os seus irmãos, João Batista e Hermelinda, o Trio Mossoró, o sucesso na cidade foi tão grande que tiveram que se transferir com toda a família para o Rio de Janeiro e, o rapaz que dizia ser apenas um pintor, passou a ser produtor musical, tendo produzido diversos discos do rei do baião, Luiz Gonzaga. Mais do que isso, foi o responsável pela volta do velho Lula, em grande estilo, quando este viveu um período de ostracismo.
     
Canindeh Alves, de locutor-noticiarista, atuou também como locutor comercial, radioator de novelas, disc jóquei, apresentador de programa de auditório, redator, repórter político, diretor artístico, diretor geral da Rádio Tapuyo, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde atuou como locutor na Rádio Mauá e criou o programa Chapéu de Couro, Chapéu de Palha, que trouxe para o rádio mossoroense.  
      
Do Rio de Janeiro, Canindeh Alves foi convocado para retornar e assumiu a direção geral da Rádio Tapuyo. Também foi nomeado  Secretário de Comunicação, da Prefeitura Municipal, à convite do então prefeito, Dix-huit Rosado. Anos depois, ao deixar o cargo, Canindeh ousou abrir a primeira agência de propaganda da cidade, a Vanusa Publicidade, atividade que acumulou em seguida quando dirigiu o departamento comercial da Rádio Libertadora. Em outra oportunidade atuou no microfone da emissora, aos domingos, com o programa Chapéu de Couro, Chapéu de Palha, durante onze anos, e com o qual encerrou sua brilhante carreira, na Rádio Difusora de Mossoró. Deixou um programa inédito gravado, a ser exibido.
        
Homem extremamente caseiro, muito bem casado, pai e avô dedicado, Canindeh Alves era um sujeito sem qualquer vaidade. Ivanilda Linhares havia dito em uma entrevista que em mais de quarenta anos de casados, jamais havia tido uma briga em seu casamento. Ficara viúvo em 2008 e, se eu e mamãe visitávamos o casal sempre em nossos passeios ao final de tarde, passamos a visitá-lo aos domingos. Ele sempre prometendo retribuir essas visitas, mas quando mamãe entrava no carro, repetia que nunca vira Canindeh visitar ninguém. Pelo menos, nenhum parente. Ao contrário do seu irmão, Pedro Segundo, que mora em São Paulo. Este, quando está em Mossoró, não sai de nossa casa.
     
Humilde, Canindeh Alves quando comemorou cinquenta anos de carreira na comunicação, pediu-me alguma orientação, pois lhe faltava o conhecimento acadêmico, ele tinha apenas a faculdade da vida. Perguntei quantos livros ele havia lido sobre rádio e, para meu espanto, disse que nenhum. Emprestei-lhe alguns. Adorou e Ivana, sua filha agrônoma fazia questão de ler também.                         
       
Fora as visitas, a gente se falava quase todo domingo, no intervalo do seu programa. Não sei por quê, tanto ele como Ivanilda  me tratavam por Dona Lúia. Quando eu era criança, fomos vizinhos, na Rua Frei Miguelinho e eles insistiam em me chamar assim. Migrei para São Paulo, ele então passou a me chamar de Prima Rica e se intitulava de Primo Pobre. Sobre isso, houve um episódio engraçado. Eu estava na sala de Zilene, na TCM, quando a telefonista avisou que havia um Primo Bob querendo falar com ela. Ela, então, perguntou: “A gente tem algum primo Bob?”, falei que desconhecia. Pediu para passar a ligação, conversaram, riram e, ao final da conversa, ela perguntou o por que de anunciar ser o Primo Bob, ele explicou que falara para a telefonista que era o Primo Pobre kkkkkkkk. Foi hilário ver a reação de Zilene, que desconhecia isso. Passei a chamá-lo de Primo Bob.  
      
Não é fácil perder alguém tão próximo e tão bondoso, que só plantou o bem. Um primo que aprendeu com o nosso avô as mais brilhantes aulas de cidadania, ética, honestidade e caráter e, assim, pôde transmitir esses valores para toda a família, primeiro para os irmãos, depois primos, sobrinhos, filhos e netos, através de atitudes que só honram aos que com ele conviveram.
      
Canindeh proporcionou ao avô uma noite inesquecível para toda a família: levou para a casa do avô sertanejo e sanfoneiro, o afilhado artístico no auge da fama, Oseas Lopes que cantou e tocou sanfona.                      
      
Encerro sua história com uma frase do radialista Everton Leite, colega de emissora de rádio de Canindeh que, ao finalizar o programa antes de sair para o velório e enterro, emitiu a seguinte frase:
     
- Vá com a certeza do dever cumprido!
     
Amém, primo Bob.

A pisada do "Rifle de Ouro" - Antonio Silvino e o Rio Grande do Norte

Por Jesus de Miúdo

Das quatro vezes que se tem notícias que o primeiro Rei do Cangaço, Antônio Silvino, perscrutou em andanças pelos vales potiguares, em duas delas passou pelas ribeiras d’Acauã, em Acari. Em ambas, não visitou a sede da cidade. Talvez ocorreram até mais, as incursões nesses solos de Poty. Mas, somente quatro estão registradas no livro do escritor Sérgio Augusto de Souza Dantas, cujo título é Antônio Silvino – O Cangaceiro, O Homem, o Mito. É fazendo a prazerosa leitura que podemos saber da fantástica e corajosa resposta que o Coronel Silvino Bezerra mandou para o Governador do Sertão, como o cangaceiro também era conhecido. Pois Antônio Silvino havia mandado o Coronel Manoel Bezerra de Araújo Galvão fazer a coleta na cidade.

O coronel encontrou-se com o senhor Cypriano Pereira e as exigências lhe foram confiadas e levadas ao conhecimento do chefe político de então. O Coronel Silvino Bezerra, não se intimidando com a fama do Capitão do Mato, outro epíteto de Antônio Silvino, mandou dizer-lhe a ordem que saísse da cidade imediatamente.

Cel. Manoel Bezerra de Araújo Galvão
(1836 -1921) IN: www.jotamaria-vicegovernadores.blogspot.com.br

Também no livro descobrimos, quase que boquiabertos, da coragem sem igual de Félix Pereira, delegado e pai do Dr. Félix Bezerra, esse último na época promotor de Acari, que se encontrando sozinho com o cangaceiro e seu bando, tendo apenas a vasta caatinga como testemunha, negou-lhe o mesmo pedido e ainda se identificou como delegado da cidade.

E foi sobre a marcha de Antônio Silvino, depois do episódio com o delegado, que vim hoje aqui para contar, já que não a encontramos no livro.

Vicente de Paula Araújo, conhecido em nosso meio como Vicente Aprígio, ou mesmo Vicente de Benedita; filho de Tereza Pires Galvão, ela filha de Antônio Pires de Albuquerque Galvão (Major Pires) e terceira esposa de Manoel Aprígio de Araújo Galvão; contou-me que por diversas vezes ouviu da boca de sua mãe a singular narrativa de fato acontecido num finalzinho de tarde do mês de novembro de 1914, no lugar chamado Carnaubinha, nesse município de Acari. Dona Tereza contava que estava o Major Pires sentado em seu alpendre, já em roupas de dormir, quando viu um morador da fazenda vizinha se aproximando com alguém desconhecido. O morador atendia pelo nome de Caboclo e, achegando-se mais, foi logo apresentando o companheiro de jornada:

- Major, esse é o Capitão Antõe Silvino.

A princípio o major pareceu sofrer um baque, ouvindo o nome do Rifle de Ouro, outro apelido do cangaceiro, ficando de olhos serrados em Caboclo, sem pestanejar e mudo. Conhecia bem a fama de facínora que o homem apresentado tinha. Estaria descrente, ou já totalmente rendido? Mesmo assim, sentenciou com voz vacilante ao morador:

- Hômi, deixe de brincadeira, Caboclo!

Então, o cangaceiro se apresentou e até brincou com o major que, a essa altura, se mostrava temeroso em demasia e tremendo muito. Garantiu-lhe que a visita era de paz e, talvez depois de algum sinal, num instante a cabroeira saiu de dentro do mato e se juntou no alpendre, fazendo o major acreditar de vez na conversa dos dois homens, contudo se acalmando.

Logo foi servido soberbo café para todos, com ovos, carne seca com farinha e os bolos que havia na casa, mais bolachas e biscoitos, além de leite e queijo de coalho. No entanto, apenas o próprio Antônio Silvino entrou na sala do major e dividiu a mesa com o mesmo, acautelando-se de sentar de frente para a porta, trocar as xícaras com o major e só iniciar a sua refeição após o dono da casa. A chusma de cabras continuou no alpendre, com suas armas reluzentes, ainda segundo Dona Tereza contava ao filho Vicente.
Satisfeita a fome de todos, o major perguntou-lhe se ainda queria alguma coisa. Já escurecendo, Antônio Silvino olhou por uma janela que dava para dentro do curral. Ali divisou um boi manso, de carroça, e pediu apenas o valor do animal. Recebeu assim 50$000 (cinqüenta mil réis).

Noite feita, o cangaceiro pediu um guia ao major. Queria alcançar a Paraíba o mais breve possível. O major designou Manoel Inácio, seu vaqueiro de confiança, e combinou que pela Estrada do Bico seria o melhor caminho. Entretanto, quando alcançaram o meio do mato, Antônio Silvino indagou ao vaqueiro guia se havia uma outra estrada, e segredou a Manoel Inácio que sentira “falsidade no abraço daquele homem”, sem dizer, porém, de quem falava.

O guia considerou o pedido e acabou levando o bando por outras veredas e assim, sem saber e sem querer, ajudou-o a desviar-se do grupo comandado pelo delegado Félix Pereira e seu filho, o promotor Félix Bezerra, que lhe esperava no lugar chamado Boqueirão, na fazenda Bico da Arara. Horas mais tarde, chegava à casa do Major Pires o senhor Francisco Elviro, irmão de Dona Tereza, vindo de sua propriedade nas adjacências da Serra do Bico da Arara, dando conta que havia sido parado pelo grupo do promotor e que, por ter sido confundido com cabra de Antônio Silvino, teve armas postas sobre ele. Dizia ter escapado por pouco.

Pág. 302 Iconografia do livro de Sérgio Dantas

Dessa fuga, que se deu pelo começo do mês de novembro de 1914, o bando atravessaria a Paraíba e entraria em Pernambuco. Ali, no dia 27 de novembro do mesmo ano, Antônio Silvino seria alvejado e preso pela polícia. Mas para saber da história com mais propriedade, o bom mesmo é comprar e ler o livro do Dr. Sérgio Dantas. Uma leitura ímpar!

Pesquei em www.acaridomeuamor.nafoto.net
http://lampiaoaceso.blogspot.com

O vídeo mais bonito que já assisti, união perfeita de imagens


O vídeo mais bonito que já assisti, união perfeita de imagens

Semana dedicada ao escritor e pesquisador do cangaço - Alcino Alves Costa - Parte I

Amigos de Alcino 

Hoje, 1º de Maio, está completando 6 meses que o poeta, escritor, pesquisador do cangaço, prefeito de Poço Redondo por três gestões, Alcino Alves da Costa faleceu em Aracaju, no Estado de Sergipe.


CONTINUA...

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