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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

UM GRANDE ESCRITOR; UM GRANDE COITEIRO E, UM BANCO TESTEMUNHA DA HISTÓRIA...!


Em 1971, o famoso escritor Dr. Antônio Amaury (Autor de cerca de 15 livros s/ o cangaço), fez uma entrevista com o grande coiteiro de Lampião, o Sr. ANTONIO DA PIÇARRA, na Fazenda Piçarra-CE. 

Como testemunha dessa conversa, UM VELHO BANCO, feito em madeira de lei, que, também, serviu de testemunha das conversas que outrora aconteceram entre o velho coiteiro e, LAMPIÃO. Foi, ali, naquela fazenda, que faleceu o velho cangaceiro SABINO, em um tiroteio com a volante nazarena e do bravo Arlindo Rocha...

Em nossa última visita à aludida fazenda no ano de 2014, o aludido BANCO, ainda, estava lá, já alquebrado pelo tempo.

Foto: Cortesia Dr. Antônio Amaury.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=606119522923359&set=gm.574056292803319&type=3&theater

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OS SILÊNCIOS DE DEZEMBRO

*Rangel Alves da Costa

Dezembro é um mês de silêncios, de profundos e abismais silêncios. Um mês que não cabe o grito nem o espanto, que não cabe o alarido nem a balbúrdia, apenas o silêncio.

Não um silêncio, mas os silêncios de dezembro. E silêncios que povoam as reflexões, as meditações, as introspecções, os pensamentos interiores, os reencontros do ser com seu espírito e alma.

Dezembro chegado no afeto, na singeleza e no sentimentalismo. Dias mais lentos e mais alentados, instantes sublimes e cativantes. Mas ainda assim de névoas passadas perpassando os interiores da alma, e que em silêncio serão dispersadas.

Não cabe, em dezembro, o barulho do champanha aberta, as euforias sonoras dos abraços, os tilintares das taças com vinhos e espumantes, os talheres se digladiando sobre a mesa farta, a voz exaltada. Nada disso cabe em dezembro. Apenas silêncios.

Apenas silêncios e mais silêncios. Ao longe, apenas a melodia distante e quase inaudível, pois dezembro possui um som próprio e inafastável: um coro de anjos ecoando dos lumes antigos das catedrais.

Mas no restante, apenas os silêncios dezembrinos. O silêncio da alma, o silêncio do espírito, o silêncio da voz interior, o silêncio da reflexão, do olhar em busca de motivo bom, da mão se entrelaçando para a oração, do lábio murmurando clemência, da chama da vela crepitando.

Silêncios que surgem em quartos fechados, em casas escurecidas, em sofás melancólicos, em janelas entreabertas. Lá dentro, povoando mentes e pensamentos, os silêncios dos reencontros com os diálogos consigo mesmo. A melhor interlocução que possa existir.

O que sou, o que tenho sido, o que quero ser? Sou feliz ou infeliz, tenho procurado a felicidade ou apenas tenho vivido em busca de esmola de contentamento? Tenho sido aquela pessoa confiada por Deus para a grande obra da existência?

Por que tenho encontrado tanta tristeza se tudo faço para chamar a recompensa da alegria ao meu coração? O que fiz durante todo o ano, fui ser humano ou apenas pessoa, fui bom ou ruim para mim e os demais? Como eu poderia ter feito para não estar assim agora?


Será que amei na justa medida que deveria amar? Será que tenho negado pão, afeto, carinho, compreensão, respeito? Será que estou me desumanizando ao invés de ser mais solidário e mais acolhedor? Como será que tenho sido, meu Deus?

Por que sinto que pecados se acumulam sobre mim sem que eu tenha praticado mal algum? Será que não tenho cultivado suficientemente minha fé e ouvido menos a palavra de Deus? Será que eu tenho me deixado consumir demais pelo mundanismo?

Perguntas, questões, indagações. Não de pessoa para outra pessoa, mas desta consigo mesma, num diálogo íntimo e tão necessário. Diálogo este que sempre surge como inarredável necessidade no mês de dezembro, antes mesmo do Natal e da passagem do ano.

Não raro que muitos prefiram permanecer reclusas em seus quartos e salas, envoltas em reflexões e meditações, a participar de festas, confraternizações, comemorações natalinas. Enquanto outros vivem a alegria exterior, estes se encorajam para encontrar suas respostas.

Um vai para um amigo secreto, o outro silenciosamente medita no umbral da janela. Um vai para uma festança sortida, outro prefere se ajoelhar num canto qualquer do quarto escuro para a oração. Um vai beber e brincar, o outro bebe de suas próprias palavras, sacia-se de sua própria voz.

Por isso mesmo que nos quartos reclusos, escurecidos e silenciosos, em meio ao silêncio e à solidão, há muito mais voz que na maior festança que houver. E assim por que nada ecoa tão estridente quanto a autoconfissão.

Confessar e confessar-se o mais pobre e mais humilde de todos os seres da terra. Mesmo o ouro, mesmo a prata, mesmo o metal, nada disso possui valor de riqueza se não se guarda no tesouro do coração o humanismo e a fraternidade tão necessários à vida.

Confessar e confessar-se que o mal do homem está para viver para o mundo e não para si mesmo. Não como vaidade ou egoísmo, mas como reconhecimento de seus mais íntimos valores. E toda a riqueza encontrada compartilhar com o irmão.

Seriam reflexões para o ano inteiro, para cada dia do ano, mas somente em dezembro despontam nalguns corações. E que bom proveito se pode tirar dessa vontade de se prestar contas. E quantas imprestabilidades são afastadas pelo simples ato de pensar e repensar a vida.

Tudo somente possível nos silêncios de dezembro. Que nos silêncios as lágrimas caíam, as saudades aumentem, os sofrimentos latejem por todo lugar. Será depuração de espírito e alma, mas principalmente do ser enquanto pessoa. Reencontro e renascimentos através do silêncio.

Dai-me, Senhor, força e encorajamento para mais e mais silêncios assim. Uma vela acesa, um incenso queimando, a lua em penumbra lá fora. E no meu cantinho a doce palavra surgida na reflexão, e como bálsamo a voz: Crescei no teu silêncio para a paz da vida e do mundo!

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO EM SOLO PERNAMBUCANO

Serra Grande '89 anos' - Por José João de Souza

Em março de 1926, Lampião recebeu do Batalhão Patriótico de Juazeiro do Norte, a patente de capitão. Mesmo considerando que a patente não era legítima, o cangaceiro se tornou mais fortalecido e mais violento, também. Nesse ano, ocorreu uma série de atentados na região do Pajeú, com diversas mortes e sequestros, episódios que culminaram com a famosa Batalha da Serra Grande, ocorrida em 26 de novembro de 1926, a cinco quilômetros do distrito de Varzinha município de Serra Talhada.

Lampião tinha sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias, um inspetor da Standard Oil Company. O fato aconteceu na estrada de Triunfo para Vila Bela (atual Serra Talhada). Pedro Paulo era natural da cidade de Sabará, em Minas Gerais, e, por isso, ficou conhecido como Mineiro. Lampião pedia vinte contos de réis para libertá-lo, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, local indicado por Lampião.

Quando o bando chegou a Fazenda Varzinha, foi direto à residência de Silvino Liberalino, o qual tinha sido subdelegado de Vila Bela, no ano de 1911. Logo que viu a tropa, Silvino não percebeu que estava diante dos comandados de Lampião, pois, naquela época, as roupas dos cangaceiros eram iguais às da polícia. Então, saltou na calçada, com um rifle na mão, e fez a seguinte pergunta:

- É Lampião ou é Força?
O bando respondeu:
- É a Força Volante.

Silvino Liberalino se sentiu mais seguro e disse:

- Então podem entrar. Se fosse Lampião, ia comer bala.

Os cangaceiros entraram e pediram água para beber, quando Silvino colocou a mão no pote para retirar água, os cangaceiros o seguraram e se identificaram:

- Você está falando é com Lampião, cabra!

E o prenderam, e para comemorar, deram alguns tiros em frente da residência, ainda hoje, existem algumas marcas de balas nas portas da casa.

Os bandoleiros que já vinham com o refém, Pedro Paulo Magalhães Dias (o Mineiro), levaram também, Silvino Liberalino, os dois presenciaram a Batalha na Serra Grande.

A intenção do bando de Lampião na Fazenda Varzinha, além de receber o resgate, era uma vingança por um antigo assassinato, ocorrido na Serra Negra, no município de Floresta, cometido por José de Esperidião, que se mudara para Varzinha.

O resgate foi levado por intermédio de Manuel Macário, homem da confiança de Cornélio Soares, no entanto, já na Fazenda Varzinha, o portador foi flagrado pela força policial do sargento Manuel Neto, que lhe aplicou severas torturas e recolheu o dinheiro.

O bando seguiu em direção à casa de José de Esperidião, cuja esposa, Rosa Cariri de Lima, ao ver de longe, a multidão, avisou o marido, alertando-o para que se retirasse. José de Esperidião perguntou:

- Quantas pessoas você acha que vêm?

Ela respondeu:

- Uns vintes homens.

Ele disse:

- Não corro com medo de vinte homens.

A mulher calculou muito mal, o quantitativo do bando era de aproximadamente, 68 cangaceiros.

José de Esperidião pegou seu rifle e dois bornais de balas e ficou entrincheirado no quarto. O tiroteio foi grande, de toda ribeira se ouvia o barulho das balas, após certo tempo de tiroteio, o bando resolveu colocar fogo na casa. Para tanto, retiraram toda madeira do curral, que ficava em frente da residência. Segundo o livro, o Canto do Acauã de Mariloudes Ferraz, na Varzinha o bando encurralou um rapaz que, sozinho, lutou até esgotar a munição.

Tiburtino Estevão ainda tentou socorrer o amigo. Pegou seu rifle e tentou se aproximar, mas foi visto por alguns cangaceiros, que passaram a atirar em sua direção. Uma bala atingiu uma galha de xique-xique, próximo da cabeça de Tiburtino. Vendo que nada podia fazer, o homem retornou à sua residência.

No dia seguinte, foram retirar o corpo de José de Esperidião para fazer o sepultamento, não encontraram marcas de balas no corpo dele, portanto, chegou-se à conclusão de que a morte fora por asfixia provocada pela fumaça.

José Pereira Lima, conhecido por Cazuza, filho da vítima, com apenas sete dias de nascido, encontrava-se deitado em uma rede na sala, no momento do tiroteio. Foi baleado, ficando com uma marca no pé pelo resto de sua vida. Geralmente, quando ia comprar sapatos, adquiria dois pares, um par 41 e outro par 42, pois o pé defeituoso ficara menor.

O bando seguiu viagem rumo às ribeiras do tamboril, chegando até o Sítio dos Nunes no município de Flores, de onde voltaram. Ao chegar ao Sítio Morada, hoje município de Calumbi, Lampião estava ciente que a policia estava no seu encalço, portanto, ali mesmo, abasteceu o bando e pegou o rumo da Serra Grande.

O sequestro de Pedro Paulo Magalhães Dias e os fatos acontecidos na Fazenda Varzinha foram interpretados como sendo um desrespeito às autoridades, por terem ocorridos na comarca de Vila Bela, na época, a sede do comando militar de combate ao cangaço no interior de Pernambuco. Portanto, foi preparado um destacamento com mais de 300 soldados, chefiados por seis comandantes de volantes, todos fortemente armados, inclusive com duas metralhadoras Hotchkiss, e muita munição, era um verdadeiro exército. Tudo inspirava confiança e dava a certeza da vitória.

Lampião estrategicamente com seus 68 cangaceiros, subiram a serra, e prepararam uma emboscada, em um local onde existem grandes pedras e fendas profundas, que lhe dava uma visão completa sobre o campo da batalha.

O combate teve início antes das 9 horas da manhã e terminou ao anoitecer, a polícia mesmo com um quantitativo superior, e os soldados atacando corajosamente, não conseguiram vencer a resistência do capitão Virgulino Ferreira e seus comandados.

A localização dos cangaceiros era ótima, conforme disseram os policias. Segundo o cangaceiro Ventania, no local que Lampião estava, nem canhão tirava ele de lá, no entanto, a posição dos soldados era extremamente precária, entrincheiravam-se como podia, sem comando, sem tática, salve-se como puder.

Arlindo Rocha recebeu um balaço no rosto que lhe fraturou o maxilar inferior, ainda no início do tiroteio, Manuel Neto foi baleado nas pernas, Luiz Careta de Triunfo faleceu com uma bala na cabeça, Euclides Flor recolocou ainda em combate as vísceras abdominais de Vicente Ferreira (Vicente Grande), atingido na altura do umbigo, o soldado Luiz José sofreu um ferimento na coxa.

Para provocar os policiais, o cangaceiro Genésio deu um aboio triste e sonoro, os soldados se sentiram encurralados como gado, Antônio Ferreira não se conteve e se expôs totalmente, gritando como vaqueiro: Ei, booooi... Nesse momento, o sargento Filadelfo Correia de Lima, deu-lhe uma rajada de metralhadora, a partir de então, a polícia acreditava que Antônio Ferreira tinha morrido no combate.

Com a chuva de balas vindas de cima da serra, os soldados ficaram desesperados, portanto, aproveitavam a cobertura de fogo das metralhadoras para se debandar na caatinga, deixaram grande quantidade de armas, munições, cartucheiras, cantis, bornais, etc. Levavam apenas alguns companheiros feridos, quando podiam. Após a batalha, os cangaceiros recolheram 27 fuzis e mosquetões.

A Batalha da Serra Grande é considerada a mais violenta da história do cangaço, segundo o historiador Frederico Bezerra Maciel, morreram "26" policias e "38" saíram feridos, no bando dos cangaceiros não houve registro de morte.

Foram a Serra Grande verificar os fatos de perto, o Major Theóphanes Torres comandante de Vila Bela, o juiz de direito Dr. Augusto de Santa Cruz e o promotor de Salgueiro.

Antes do regresso para Vila Bela, o Tenente Higino ainda providenciou o sepultamento de sete corpos em uma única cova, no rancho de Pedro Rodrigues (proprietário local).

Tomaram parte na batalha os seguintes cangaceiros: Luiz Pedro, Maquinista, Jurema, Bom Devera, Zabelê, Colchete, Vinte e Dois, Lua Branca, Relâmpago, Pinga Fogo, Sabiá, Bentevi, Chumbinho, Ás de Ouro, Candeeiro, e seu irmão Vareda, Barra Nova, Serra do Mar, Rio Preto, Moreno, Euclides, Pai Velho, Mergulhão, Coqueiro, Quixadá, Cajueiro, Cocada, Beija-Flor e seu irmão Cacheado, Jatobá, Pinhão, Mormaço, Ezequiel e seu irmão Sabino, Jararaca, Gato, Ventania, Romeiro, Tenente, Manuel Velho, Serra Nova, Marreca, Pássaro Preto, Cícero Nogueira, Três Coco, Gaza, Emiliano, Acuana, Frutuoso, Felão, Biu, Cordão de Ouro, Genésio, Ferreirinha, Antônio Ferreira, Lampião e outros.

No dia seguinte à Batalha da Serra Grande, Lampião, já na Fazenda Barreiros, entregou uma carta a Pedro Paulo Magalhães Dias, endereçada ao então governador de Pernambuco, Dr. Júlio de Melo, propondo dividir o estado em dois, com os seguintes limites: ...Governo o sertão até as pontas dos trilhos em Rio Branco (Arcoverde), e vosmecê daí até a pancada do mar no Recife...

O relato sobre a Batalha da Serra Grande encontra-se no processo criminal contra Virgulino Ferreira et al., de 28 de novembro de 1926, 1° Cartório de Serra Talhada PE.

Adendo Lampião Aceso

A Serra Grande dista da sede do município 25 km. Na rodovia que liga Serra Talhada a Custódia, terra de meu amigo "Re-mí-gio". A Standard Oil Company of Brazil hoje é a companhia Esso.

Tanto a quantidade de cangaceiros e soldados quanto o numero de baixas foi e ainda é passível de muita discussão durante estes anos. Muitos biógrafos trabalham com um numero,entre duzentos e noventa e cinco a trezentos homens no front. O numero de cangaceiros varia de 68 como apontado no texto, 90 e até de "130" cabras da peste, segundo um depoimento dado pelo Sr. Pedro Paulo "Mineiro" ao Jornal pequeno na edição de 29 de novembro de 1926.

O Boletim geral de nº 262  do dia 1º de dezembro de 1926 transcrito no Livro do confrade Geraldo Ferraz "Pernambuco no tempo do cangaço" (pág 147) apresenta relatório em que consta o numero de "260" (duzentos e sessenta) soldados.

O mesmo acontece quanto ao numero de soldados mortos: Autores, a exemplo do Bezerra Maciel citado no texto sugerem de vinte, até vinte e oito.

O Boletim geral de 29 de novembro de 1926 em trecho transcrito na pág 93 do livro "Lampião, Entre a espada e a lei" de Sérgio Dantas aponta o número de 14 feridos e "10" vitimas fatais.

O mesmo número consta no boletim de 1º de dezembro transcrito no livro de Geraldo Ferraz (páginas 143 e 144) e que estes dez mortos (soldados das forças de Pernambuco) foram devidamente identificados e enterrados sob orientação do major Theophanes Ferraz. que a propósito, e o texto já deixa claro, não participou diretamente do combate, pois estava em Vila Bella em contato com o Derby (Recife) Chegando só depois do fogo.

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MARIETA LIMA - TELA DE ISAURA ROSADO


Essa tela foi doada a Isaura Rosado por Marcos Pereira de Almeida dono e criador do SÉBADO. 

Está em poder de rOgério Dias aguardando Isaura para entregar.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

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UMA COMEMORAÇÃO ARCAICA

Por José Mendes Pereira

Amigo leitor, não fique chateado com o que eu escrevi, porque antes eu não conhecia Lampião, e já fui seu inimigo, mas hoje somos amigos. Não pelo que ele fez de maldades, mas pela coragem que ele tinha.

Veja o que escrevi quando eu era inimigo dele, mas lembrando ao leitor que eu não sou poeta e nem tenho vocação para isto, apenas por intuição.

UMA COMEMORAÇÃO ARCAICA -

Começou o banditismo
Quase com o Virgulino
No outro século passado
Nesses sertões Nordestinos
Um perverso que matava
Homem, mulher e menino
E quando fechava um
Dizia: - Cumpro um destino.

José Ferreira da Silva
Era o pai do Lampião
Não gostava de encrencas
E tinha um bom coração
Mas o seu filho bandido
Meteu-lhe em confusão
Devido encrencas de terras
Mora de baixo do chão.

Mas dizem que a sua mãe
Era mulher meio brava
De nada ela tinha medo
Confusões sempre arranjava
O pai desarmava os filhos
Ela por trás os armava
Mas ela nunca pensou
Que bem perto a morte estava.

E com o incentivo da mãe
Lampião entrou num bando
De cangaceiros valentes
Que só saía assaltando
Do povo: joia e dinheiro
Em outro caso açoitando
Homem, mulher e menino
E no percurso ia matando.

Um dia ele conheceu
Uma doida no coiteiro
Que deixou o seu marido
Pra viver com o cangaceiro
Tornou-se logo a Santinha
Batizou-a o desordeiro
‘Disse: ─ agora eu encontrei
O meu amor verdadeiro.

Quem tem bom raciocínio
Fica sempre imaginando
Como é que uma mulher
Resolve seguir um bando
Cheio de homens valentes
Que sai no mundo matando
Sem dó e sem piedade
E pelos sertões judiando.

No tempo desse bandido
O povo não mais dormia
Pois se espalhava na mata
E por lá ninguém comia
Com medo do desordeiro
Que a qualquer hora podia
Invadir as residências
Com a força da covardia.

Fama de ser valentão
Desde jovem ele tinha
Gostava de confusão
E jamais andou na linha
Adorava assassinar
Matava até criancinhas
Mas seu lugar no inferno
Com certeza o diabo tinha.

E por onde ele passava
Começava a bagunçar
Ninguém mais tinha sossego
Forçava o povo dançar
Homem com homem colados
Era o seu prazer lançar
Um novo divertimento
Pra homem se balançar.

No campo ele amedrontava
Todos que moravam lá
Tomava tudo o que tinham
E se não quisessem dar
Mandava um dos cabras dele
Pegar o chefe do lar
E com o seu cinturão
O açoitava até matar.

Quem não quisesse apanhar
Era só o obedecer
Ficar calado num canto
E dar o braço a torcer
Pois o bandido gostava
De ver sempre alguém morrer
Metia o cinto no lombo
Só pra ver o mel descer.

Durante as suas andanças
Foi sanguinário cruel
Arrancou olhos de gente
De outro tirou o fel
Fez outro beber o líquido
Dizendo que era mel
Se não bebesse o mandava
Logo para o beleleu.

Se ele visse uma moça
Com o vestido curtinho
Ferrava-a com um ferro quente
Marcando o lindo rostinho
Dizendo: - tenha vergonha
Tu ainda és brotinho
Procura andar bem vestida
Pra não mostrar o rabinho.

Uma vez capou um homem
Ás duas da madrugada
Dizendo: - Você está magro
Precisa duma engordada
E começou o trabalho
Com uma faca afiada
Depois do serviço pronto
Deu-lhe boas bordoadas.

Lampião era perverso
No sertão matou, roubou
Fez gente correr com medo
Nas cidades ele estuprou
E quem não lhe obedeceu
Com certeza ele humilhou
E com tiros de fuzil
A vida dele acabou.

Fez mulher pari na mata
E outras transar com ele
Homem beber creolina
E fazer cafuné nele
Fez moça dançar sem roupa
Na frente do grupo dele
Se não dançasse morria
Nas mãos dum cabra daquele.

Tinha um tal de Jararaca
Do bando era o mais valente
Matava com muita ira
Até criança inocente
Sacudia ela pra cima
Com o seu ódio na mente
E com um fino punhal
Furava maldosamente.

Aqui na nossa cidade
O bando tentou vencer
Mas logo encontrou o dele
Mossoró o fez correr
O Colchete morto foi
Que nunca pensou morrer
E o Jararaca o prenderam
Pros crimes ele responder.

O desgraçado pagou
Pelos erros cometidos
Mossoró o derrotou
Depois o deixou detido
Pra esperar o julgamento
Mas isso não foi cumprido
Com cinco dias depois
Na cova ele foi vencido.

Não dar pra gente entender
O que eu vi na cova dele
Tantas velas derretidas
Pois acenderam pra ele
Tanto mal que fez no mundo
E tem quem o põe fé nele
Não rezem mais minha gente
P’rum desgraçado daquele!.

O Lampião era mal
Não dava chance a ninguém
Se seu amigo não fosse
Fazia-lhe de refém
E se fosse o seu amigo
Marcado estava também
E pra que representá-lo?
Se ele odiava o bem!.

Até hoje eu não entendo
Dessa comemoração
Chamada: “chuva de balas”
Pra lembrar o Lampião
Ele só tinha maldades
Dentro do seu coração
E Ainda tem muita gente
Fazendo-o de bonachão.

Deixem de comemorar
O que houve em Mossoró
Feito pelo um desgraçado
Que de ninguém tinha dó
Imitava os Israelitas
Que tomaram Jericó,
Lampião era covarde
Jamais ele atacou só.

Cada ano que se faz
Essa comemoração
Pode até nascer mais outros
Do tipo do Lampião
Do jeito que o mundo está
São poucos de coração
Existem coisas melhores
Pra mostrar a população.

Eu posso até calcular
Desses gastos que são feitos
Dar pra alimentar crianças
Com certeza, seu prefeito!
Têm tantas delas com fome
A espera de um direito
- Pra resolver é difícil?
Mas se tentar vai dar jeito.

Tem pai por aí sofrendo
Sem o pão na sua mesa
Esperando a opulência
E vá embora a tristeza
Pros filhos não têm comidas
Porque lhe falta a riqueza
Não gasta com o Lampião
Gasta tudo com a pobreza.

E outro vive sem teto
Sem proteção de ninguém
Comendo uma vez por dia
Pois para comprar não tem
Fiado ninguém lhe vende
Mesmo assim não lhe convém
- Com que ele vai pagar?
Só se roubar de alguém!.

Quem nasceu em berço pobre
Sabe bem o que é sofrer
Em ver os filhos com fome
Sem nada poder fazer
Um diz: ― Papai quero roupa
Outro diz: ─ Quero comer
Deixa o Lampião pra lá
Pois não dá pra nele crer.

Tem gente que se gloria
Ter vencido o Lampião
Eu até parabenizo
Pois foi uma boa ação
O desgraçado se foi
Lá pra bem perto do cão
Mas vejam que a Mossoró
Está cheia de Lampião.

Quem admira bandido
Tem pensamento adverso
Carrega sempre na mente
Coisa que é de perverso
E jamais pensa no bem
Só quer fazer o inverso
Deixa o Lampião pra lá
Agora faça o anverso.

É melhor representar
O nosso grande Jesus
E ensinar à juventude
Só ele é quem nos conduz
Lembrar do seu sofrimento
E a sua morte na cruz
Deixa o Lampião pra lá
Simula o dono da luz.

Ou talvez: Santa Luzia
Que é a nossa padroeira
Defendeu a Mossoró
Dessa turma bandoleira
Mesma com os olhos furados
Acobertou as trincheiras
Deixa o Lampião pra lá
Pra não se tornar besteira.

Ou Eliseu Ventania
Homem daqui da cidade
Que deixou grandes canções
Foi poeta de verdade
Fazia versos decentes
E nenhum tinha maldade
Deixa o Lampião pra lá
Pensa mais na liberdade.

Por tanto senhor prefeito
Procura dar de comer
A essa gente sofrida
Que não pode se manter
Emprega o dinheiro certo
Faça mesmo ele valer
Deixa o Lampião pra lá
Não dar pra nele se crer.

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NATAL? PAPAI NOEL? CUIDADO! ESTÃO DE OLHO NO SEU BOLSO...

Por José Bezerra Lima Irmão

A palavra “Natal”, da qual se derivam “natalício”, “nativo”, já representou a data – 25 de dezembro – em que se convencionou comemorar o nascimento de Jesus, o Messias. Mas a ganância de uns e a parvoíce de outros desvirtuaram o sentido do Natal. Fazem a festa, mas se esquecem do aniversariante. Agora só se ouve falar em “Papai Noel” e em “Amigo Secreto”, invenções do comércio. De olho no 13º salário do trabalhador, os shoppings apressam os tolos, exortando: “Antecipe o seu Natal” – ou seja, passe pra cá o seu dinheirinho... 

Um mês antes do Natal, o setor de varejo deflagra uma campanha importada, a Black Friday (nada melhor para pegar os néscios deslumbrados do que uma expressão em inglês). No rastro desta, sucedem-se as chamadas Black Nights. E assim, “de black em clack”, o 13º do trabalhador “leva a breca”. 

Durante o ano, tem o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Dia das Crianças, e por aí vai, tem dia pra tudo, e só se ouve compre isso, dê aquilo de presente... Ora, para demonstrar afeto ou gratidão não é preciso dar presente no exato dia determinado pela mídia, como se fosse uma obrigação, um fardo. 

Se você quer mesmo presentear alguém, ofereça-lhe algo que venha engrandecer a pessoa a ser presenteada, dê-lhe algo que a faça lembrar-se de você toda vez que olhar o objeto recebido. E saiba que, ao dar um presente, você, mesmo de forma inconsciente, deixa transparecer o que pensa da pessoa a quem está presenteando: denota se você a considera uma pessoa frívola ou uma pessoa inteligente. 

O melhor presente continua sendo um bom livro: Machado de Assis (Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas...); Jorge Amado (Gabriela Cravo e Canela, Mar Morto, Tenda dos Milagres, Tocaia Grande...); João Ubaldo Ribeiro (Viva o Povo Brasileiro, Sargento Getúlio...); Jô Soares (O Homem que Matou Getúlio Vargas, O Xangô de Baker Street...); Oleone Coelho Fontes (Um Jagunço em Paris); Antônio Francisco de Jesus (Os Tabaréus do Sítio Saracura, Tambores da Terra Vermelha, Os Ferreiros...); Prof. Vasko (Busílis – o x da questão); Jorge Henrique Vieira Santos (Mutante in Sanidade). 

Não estou falando essas coisas para aconselhar ninguém, mas porque também estou vendendo o meu peixe... Sou autor de “Lampião – a Raposa das Caatingas”. Veja bem: seu pai, sua mãe, seu tio, sua tia, seu amor, seu amigo (inclusive seu "amigo secreto"), enfim, qualquer pessoa que tenha algum vínculo com a cultura e a história do sertão nordestino certamente adorará receber neste Natal uma obra que, mais do que a simples história do rei do cangaço, vem sendo considerada pelos estudiosos do tema como sendo uma síntese da história do Nordeste na virada do século XIX até a metade do século XX. A história do Nordeste resume-se a esses três personagens: Lampião, Padre Cícero e Antônio Conselheiro. 

“Lampião – a Raposa das Caatingas” é um livro concebido e realizado com seriedade, deixando de lado as lendas, mitos e invencionices sobre a figura do legendário guerrilheiro do Pajeú. Além da farta bibliografia sobre o cangaço, baseei-me nos jornais da época, entrevistei dezenas de personagens ligadas aos fatos. O livro contém fotos e dezenas de mapas, indicando os lugares onde os fatos ocorreram. Indica até as coordenadas geográficas. Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda. 

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês. Destaca os principais precursores de Lampião. Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço. 

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados. 

A leitura desse livro, espero eu, fará com que o Natal da pessoa presenteada se prolongue por mais tempo, durante o Ano Novo, já que a obra tem exatamente 736 páginas. Feliz Natal! Boas Festas! E que em 2016 e nos anos vindouros se mantenha sempre acesa a chama do interesse pela história e pela cultura do nosso querido Nordeste. A melhor forma de demonstrarmos amor à nossa terra é estudando a sua geografia e a sua história. 

Um fraternal abraço. José Bezerra josebezerra@terra.com.br 

Vendas presenciais: Livraria Saraiva; Livraria Escariz (Aracaju) Veja, anexa, a capa do livro.

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MORENO (CANGACEIRO)


Antônio Ignácio da Silva (Tacaratu1 de novembro de 1909 — Belo Horizonte6 de setembro de 2010), mais conhecido pela alcunha de Moreno, foi um cangaceiro pertencente ao bando de Lampião e Maria Bonita. Após a morte deste, fugiu de Pernambuco e adotou o pseudônimo de José Antônio Souto, fixando-se em Minas Gerais. Foi um dos integrantes do bando com maior longevidade, e um dos últimos a morrer.[1][2]


Filho de Manuel Ignácio da Silva (o Jacaré) e Maria Joaquina de Jesus, Antônio perdeu o pai na adolescência, quando este foi morto pela polícia nas proximidades de São José do Belmonte, em uma suposta queima de arquivo. Exerceu a profissão de barbeiro, mas seu desejo era ser soldado da polícia. O sonho terminou quando foi preso e espancado por policiais de Brejo Santo, após ser acusado injustamente de roubar um carneiro. Libertado, matou o homem que o denunciou, que seria o verdadeiro ladrão.[3]

Foi contratado por um proprietário rural para defender sua fazenda do ataque de cangaceiros, mas terminou integrando-se ao grupo de Virgínio, cunhado de Lampião, de quem tornou-se amigo. Na década de 1930 casou-se com Durvalina Gomes de Sá, a Durvinha. O casal teve um filho, que não pôde permanecer com o bando, pois seu choro poderia denunciá-los. A criança foi deixada então com um padre, que a criou.[1][3][4]

Moreno era conhecido por não gostar dos rifles de repetição americanos, muito usados na época e ter, a sua disposição, um mosquetão.[3]

Dois anos após a morte de Lampião, o casal fugiu para Minas Gerais. Por precaução, Moreno passou a chamar-se José Antônio Souto, e Durvalina tornou-se Jovina Maria. Estabeleceram-se na cidade de Augusto de Lima, e prosperaram vendendo farinha. Tiveram mais cinco filhos, e mudaram-se para Belo Horizonte no final da década de 1960.[5]

Ainda com medo de serem descobertos e mortos, mantiveram o passado em segredo até para os filhos. A situação manteve-se até meados da década de 2000, quando a existência do primogênito foi revelada. Encontrado em 2005, Inácio Carvalho Oliveira pôde finalmente reencontrar seus pais biológicos. Só então é que a família conheceu a história do passado no cangaço; Durvinha morreu pouco tempo depois.[2][4][5]

Deprimido com a morte da esposa, a saúde de Moreno passou a ficar cada vez mais debilitada. Ele morreu no dia 6 de setembro de 2010 em Belo Horizonte, aos 100 anos de idade. Durante o sepultamento foi realizada queima de fogos de artifício, a pedido do próprio Moreno, que pensou que nunca teria uma cova; o temor de morrer como um cangaceiro, decapitado e com o corpo deixado no mato, não o abandonou nos 70 anos que manteve seu disfarce.[2][5].

https://pt.wikipedia.org/wiki/Moreno_(cangaceiro)

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