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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Lavras e Fideralina marcam presença na grande Festa da Prévia do Cariri Cangaço 2013

 Manoel Severo, Marcos Santos e Cristina Couto

Uma das personagens mais marcantes de toda a história do Cariri é sem dúvidas Dona Fideralina Augusto Lima, de Lavras da Mangabeira. Autêntica representante da força e da fibra das matriarcas nordestinas, a partir de Lavras influenciou por muito tempo a vida e história de nosso Ceará. Fideralina será a principal personagem do Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira, presença essa confirmada em recente reunião do Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo e representantes do município, tendo a frente a Secretária de Cultura, Cristina Couto.

O encontro se deu no gabinete da Assembléia Legislativaneste último dia 31, e marcou a adesão de Lavras da Mangabeira ao Cariri Cangaço 2013. Além de Manoel Severo e de Cristina Couto, participaram os Assessores do município, Marcos Santos e Jeová Batista.


Para Manoel Severo “já aguardávamos a chegada de Lavras da Mangabeira; terra de meu amigo Melquíades Pinto Paiva; que se juntará aos demais anfitriões do Cariri Cangaço, sem dúvidas não poderíamos abrir mão de mostrar para todo o Brasil a força, a história e a tradição que possui Lavras, sobretudo com a história sem igual de Dona Fideralina e o Clã dos Augustos, é aguardar e conferir no Cariri Cangaço”.

Já Cristina Couto, secretária de cultura do município destacou “ a grande alegria em promover em Lavras o Cariri Cangaço tendo a oportunidade de resgatar os valores históricos de nossa cidade e o prefeito Dr. Gustavo AugustoBisneto já confirmou todo o apoio ao evento, estamos de braços abertos para receber a todos nesta grande festa”.

 Fideralina Augusto Lima

Lavras da Mangabeira sediará a primeira prévia do Cariri Cangaço no ano de 2013, “será um aquecimento para o grande Cariri Cangaço, então para aguardar setembro chegar, teremos essa avant premier, que só poderia ter a marca de outro grande município: Lavras” ressalta Severo. O Assessor de Marketing do evento, jornalista Heldemar Garcia esclarece, “as prévias do Cariri Cangaço serão eventos realizados em várias cidades do nordeste, como precursores do evento, com programação similar ao Seminário Cariri Cangaço, em formato menor, de dois dias: com palestras, debates, discussões, apresentação de vídeos e livros, além de visitas técnicas, e dessa forma, as prévias começam exatamente vestidas de luxo, a partir de Lavras da Mangabeira, logo logo estaremos divulgando a data do Cariri Cangaço – Lavras, aguadem!”

Tudo isso e muito mais enquanto Setembro não chega:

Lavras da Mangabeira por inteiro na Grande Prévia Cariri Cangaço 2013.

Redação Cariri Cangaço

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Convite



Convite

Convidamos aos sócios e amigos do GECC (Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará) para nossa reunião mensal no próximo dia 05 de Fevereiro as 19 horas. Excepcionalmente se realizará na Churrascaria Chopp Grill (Rua Júlio Siqueira n° 580; esquina com a Rua José Vilar, no bairro Dionísio Torres). Contamos com sua presença. Dentre outros assuntos teremos as prévias do próximo cariri cangaço.

Atenciosamente

Ângelo Osmiro Barreto
Fortaleza-Ce

Enviado por: 
Capitão Jorge Alfredo Bonessi - pesquisador do cangaço.

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Semana dedicada ao saudoso escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa

Por: Kydelmir Dantas

PARTIU O MAIOR DEFENSOR DA VERDADE HISTÓRICA SOBRE O MASSACRE NA GROTA DA FAZENDA ANGICO

Alcino Costa partiu... Foi pra terras do benvirá? Só Deus, na sua onipotência, o sabe.

Conheci o Mestre nos idos de 1995, quando do primeiro contato telefônico. Depois, quando veio a Mossoró lançar a primeira edição do seu “Lampião Além da versão: Mentiras e Mistérios do Angico”. 

Amizade que não foi pega em arapuca nem feita em mesa de bar... Respeito mútuo numa relação de pai pra filho, de irmãos nas hostes da pesquisa cangaceira. 

Admiração do pupilo pelo seu Mestre... Foi o que sempre senti pelo Caipira de Poço Redondo.

Neste dia primeiro de novembro a SBEC ficou mais pobre e menos feliz, com sua partida; tanto pela defesa em busca da história, quanto pela eterna alegria ao reencontrar seus amigos. Assim era Alcino... Assim nos lembraremos dele.

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço.

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Centenário de Falecimento do Coronel Totonho do Monte Alegre

Por: João Tavares Calixto Jr

Neste ano de 2013 anota-se a passagem do centenário de morte de uma das figuras mais atuantes da historiografia aurorense, e por que não dizer, do cenário coronelístico nordestino. Antônio Leite Teixeira Netto, o Coronel Totonho Leite, ou ainda, Coronel Totonho do Monte Alegre, como era mais lembrado. Tornou-se amplamente, por enroupar-se com as características inerentes ao coronel de baraço e cutelo, famigerado. Entendido por besta, as vezes bestial, serviu de referência por muito tempo ao mundo pretensioso do coronelismo, onde sua figura era temida ou venerada e sua palavra era lei

Assumiu pela primeira vez o posto de Subdelegado de Polícia do pequeno Distrito da Venda da Vila das Lavras, à época, a principal autoridade policial do lugarejo, aos 12 de junho de 1883, tendo sido exonerado aos 5 de novembro de 1884, sendo substituído por Ernesto Teixeira Rabello.  

Foi nomeado pelo Governador Benjamim Liberto Barroso ao cargo de Intendente Municipal da Vila d'Aurora após a exoneração de João Francisco Leite, ocorrida em 1º de março de 1891. Permaneceu por dois anos a frente do Conselho de Intendência Municipal da Vila d'Aurora, entidade ao qual participou como membro fundador, juntamente a João Francisco Leite, Antônio Francisco Carneiro Monteiro, Firmino Bezerra de Medeiros e José Antônio de Carvalho, em 1890, co-elaborando a primeira Lei Orgânica do Município no mesmo ano de 1890.

Joaryvar Macedo, autor de "Império do Bacamarte"

Toma posse novamente em 11 de junho de 1907 ao cargo de Intendente, nomeado pelo Presidente do Estado no dia 5 do mesmo mês e ano. Por ter apeado do poder o seu sobrinho e também coletor em Aurora, Antônio Leite de Oliveira, discorreram sobre ele, como resultado de vingança e perseguições políticas, um dos mais tétricos causos desta página penumbrosa da história de Aurora e do Nordeste brasileiro, que à época, declinava-se ao amargo dissabor das questões resolvidas ao relampejante pestanejar das lâminas do punhal e da estampida e fumacenta alçada do bacamarte. Sobre o desfecho da deposição, acrescentamos o que disserta Joaryvar Macêdo em Império do Bacamarte (Fortaleza, 1990, p. 96):

“Abrindo campanha contra o sobrinho, o chefe de Aurora passou a convocar grupos familiares, aliás, de modo geral, muito entrelaçados ali, no sentido de aderirem a ele, em seu desiderato. Os que se recusaram a compartilhar do conluio, pela circunstância de serem amigos, correligionários ou ligados por laços de parentesco a Antônio Leite de Oliveira, acabariam vítimas de acerbas perseguições. Entre estas, estavam os Paulinos, que foram espancados sob o comando de um elemento do coronel Totonho, de nome José Gonçalves Pescoço. Posteriormente, revidariam a agressão. Por isso, houve um ataque ao sítio Pavão, de propriedade do coronel Cândido Ribeiro Campos, vulgo Cândido do Pavão, tio dos sobreditos Paulinos, aos quais o cacique aurorense pretendia capturar. O coronel Domingos Furtado veio, então, em auxílio do coronel Cândido, que transferiu os sobrinhos para o Taveira, como já se sabe, nos limites de Aurora com Milagres. Lá, o chefe local, o mencionado coronel Domingos Furtado, os garantiria”.

Estando protegidos no Taveira os Paulinos, enviou o coronel Totonho ao Governador do Ceará, Nogueira Acióli, pedido de força, que fosse suficiente para prendê-los no lugar. Da mesma forma, o chefe de Milagres coronel Domingos Furtado, não mediu esforços para providenciar-lhes a defesa. Outro, este, motivo cabal para desenvolver-se o famoso cerco ao sítio, conhecido por fogo do Taveira. Neste ambiente político tumultuado de Aurora, à época, foram vitimados, à semelhança dos Paulinos, os Macêdos do Tipi. Ainda sem forte inserção na virulenta cloaca da politicalha do município, a família mentoreada por Marica Macêdo (nesta época já casada em segundas núpcias com Antônio Abel de Araújo), sofreu também represália por parte do citado coronel Antônio Leite Teixeira Neto. Eram muito estreitos, entretanto, os laços de familiaridade entre os citados. Referimo-nos que a esposa do coronel Totonho (Ana Isabel de Macêdo ou Naninha) era sobrinha do primeiro esposo de Marica Macêdo (Cazuzinha), e deste casal, viu-se uma filha (Joana da Soledade Landim), matrimoniar-se com Vicente Leite de Macêdo, filho do predito coronel Totonho (CALIXTO JÚNIOR, J. T. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, 2012, p. 113-115).

Quando o coronel Totonho ameaçou retirar do poder Antônio Leite de Oliveira, por intermédio do filho Vicente Macêdo, cunhado dos filhos de Maricav Macedo, conseguiu a adesão deste, que, entretanto, recuaram a pedido dela. Com efeito, ela os obrigou a não tomarem parte na questão, porquanto o supracitado Antônio Leite de Oliveira fora dos maiores amigos do seu primeiro marido e, ademais, José Francisco de Sales Landim, irmão dela, era casado com Joana Leite de Oliveira, irmã do mesmo Antônio Leite de Oliveira. Foi desta forma que Marica Macêdo com sua gente passou a figurar no rol dos desafetos do coronel Totonho do Monte Alegre.

 Pesquisadores Sousa Neto e Bosco André na Fazenda do Major José Inácio, em Barro

Não se permite, entretanto, discorrer sobre este personagem marcante do coronelismo do Nordeste, sem que sejam citados dois dos mais contundentes episódios de Aurora, escritos com sangue: O ataque ao Sítio Taveira, de 16 para 17 de dezembro de 1908, e o massacre da Vila d'Aurora em 23 de dezembro de 1908, fatos estes dos mais bárbaros e representativos da historiografia do coronelismo regional desse período inicial do século passado. Sobre o primeiro evento, deu-se por inimizade aos membros da família Santos que atuavam desregradamente na área do Coxá, local de residência de muitos familiares e correligionários do Coronel do Monte Alegre. Por coincidência, escondia-se Marica Macedo com sua família no sítio Taveira, quando de viagem ao Cariri, sob ameaça de ataque ao seu sítio Tipi, pelo mesmo Coronel Totonho. No ataque, cai tombado Cazuzinha, que a época vivia com 17 anos. Ao chegar ao destino, reduto dos coronéis entrelaçados em forte parentesco com Marica, encontraram um clima de revolta, totalmente inconveniente ao Coronel Totonho e demais aurorenses envolvidos no massacre. A chegada sofrida da família constituiu em motivação fortíssima para a vingança violenta que ocorreria em 1908, no dia 23 de dezembro, onde cerca de 600 cangaceiros, comandados pelo Coronel José Inácio do Barro, fizeram sucumbir a pequena Vila d'Aurora após seis horas de intenso tiroteio. Casas foram incendiadas, assim como o comércio e fazendas, chegando a se ver estupros em moças de família, guardando-se o pior tratamento para as pessoas ligadas ao coronel Totonho Leite. 

Os aurorenses que permaneceram na vila sofreram inomináveis violências por parte dos vândalos. O coronel Totonho fugiu para o Crato, donde foi ter ao oeste paraibano. Ali, refugiou-se no antigo São João do Rio do Peixe, à sombra do padre Joaquim Cirilo de Sá, mais conhecido por padre Sá, vigário da localidade e político de prestígio no Estado da Paraíba.

Não se demorou muito o Coronel Totonho no vizinho Estado da Paraíba. Em notícia do periódico caririense O Rebate (p. 2), de 25 de julho de 1909, apontam-se os nomes dos cidadãos Antônio Leite Teixeira Netto, Joaquim Vasques e Francisco Róseo, todos residentes na Vila de Aurora, como sendo os celerados convidados pelo Cel. Antõnio Luiz, do Crato, para tomarem a ombros a incumbência de acabamento e de destruição, fornecendo-lhes instruções, conforme o pensamento geral, para arrancarem acintosamente os marcos da demarcação do Coxá, requerida pelo Padre Cícero. Tendo conhecimento do episódio a Justiça local, mandou-se às pressas postarem-se quatrocentos homens aos pés dos aludidos marcos, guardando-as dos malfeitores, que pouco resistiram, sendo afinal batidos por aquela força, fugindo todos em debandada para o Crato, em cujas ruas alojaram-se. Não caíram mesmo assim os marcos, continuando de pé.

 Dona Fideralina

Aos 13 de julho de 1910, em depoimento realizado ao Juiz Alfredo de Oliveira, em Lavras, afirma Joaquim Vasques Landim, o famigerado Quinco Vasques (o bravo caririense), terem sido alguns aurorenses, os mandantes da tentativa de deposição ao coronel Gustavo Augusto Lima, de Lavras, um dos mais importantes régulos do período coronelístico nordestino, filho da matrona Fideralina Augusto Lima. Ocorreu este cerco aos 6 de abril de 1910, com a invasão de cerca de 300 cangaceiros a fim de atear-lhe do poder lavrense. Do auto de perguntas, informa o réu terem sido Manoel Gonçalves Ferreira, Antônio Leite Teixeira Neto e Davi Saburá, os aurorenses mandantes do assalto ao coronel Gustavo Augusto de Lavras: “Antônio Leite concorreu com um conto de réis em dinheiro que lhe foi entregue por Joaquim Torquato, Manoel Gonçalves Ferreira concorreu com duas cargas de balas de rifles, entregues pelo mesmo Joaquim Torquato e Davi Saburá concorreu com um conto de réis em dinheiro, também entregue por Joaquim Torquato”. Indagado, ainda, Quinco Vasques, sobre a interferência de outros suspeitos no ataque ao coronel Gustavo, acrescenta nos laudos do interrogatório, o que segue: “(...) além desses mandantes o influenciaram mais para este ataque, Joaquim Torquato, José Torquato, Simplício Torquato, os filhos de Antônio Leite, Isaías e João, assim como quase todos os deportados de Aurora (...)”.

Sobre o objetivo do ataque, informou: “era depor o coronel Gustavo e tomarem depois conta da cidade, a fim de melhor ser facilitada a retomada de Aurora, da qual seria novamente chefe, Antônio Leite (...)”.Veio a falecer em 1913, no dia 10 de dezembro, na Vila d'Aurora, vítima de complicações cardíacas e já em idade avançada. Operando de forma ativa no truculento litígio do poder em Aurora, foi ainda, além de Intendente Municipal e Subdelegado de Polícia, Vereador e Juiz Substituto. 

João Tavares Calixto Junior
Fonte:http://lavrasce.blogspot.com.br/2013/01/centenario-de-falecimento-de-antonio.html

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De Norte a Sul: Cariri Cangaço 2013 !


Prezado amigo Severo. Tudo farei para estar presente nesse evento que, tenho certeza, será um grande sucesso. Um forte abraço.

Carlos Megale
Belo Horizonte - MG


Severo. Viva o Cariri Cangaço!

Daniel Walker
Juazeiro do Norte - CE


Valeu meu amigo Severo, conte comigo !!
Grande abraço,

Dario Castro Alves
Fortaleza - CE


Que venha o Cariri cangaço 2013!!!
 Meu amigo Severo, conte também com minha presença nesta nova caminhada de conhecimentos, de descobertas, de alegrias e principalmente de um novo reencontro com esta família maravilhosa e tão unida que é a Família Cariri Cangaço. Grande abraço.

Ana Lucia Granja Sousa
Petrolina - PE



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Métodos de sangramento utilizados por volantes e cangaceiros.

Por: José Romero Araújo Cardoso(*)

O sangramento era um dos crimes mais hediondos cometido no sertão nordestino no tempo do cangaço, praticado tanto por tropas volantes, as quais dispunham de “sangradores oficiais”, como por cangaceiros.
          
Símbolo de uma cultura forjada pela colonização erigida sob a ênfase da força e da violência, responsável pelo extermínio dos índios que habitavam a hinterlândia, a “técnica” de sangramento foi aperfeiçoada ao máximo. A razão econômica da penetração interiorana exigia que o gado criado de forma ultra-extensiva fosse, necessariamente, abatido para o consumo de uma minoria privilegiada da população, principalmente a do litoral canavieiro. No sertão, se tornou um “trabalho de mestre” matar sangrando a jugular ou a carótida.
          
As carótidas são duas artérias, a comum direita e a comum esquerda, sendo que a comum direita é originária do tronco braquiocefálico e a comum esquerda é originária do arco aórtico. A ruptura dessas artérias significa morte certa. A hemorragia violenta na via arterial do fluxo de sangue da aorta se encarrega de tudo.
          
Quando o soldado João da “mancha”, considerado inclusive por seus antigos colegas de farda, como um psicótico, extravagante sangrador das forças volantes paraibanas, rompeu, com um bisturi pertencente ao medico Luiz de Góes, a carótida do advogado João Dantas, assassino do presidente João Pessoa, quando de sua detenção na penitenciária do Recife (PE).    João Dantas estava preso na companhia do cunhado, o engenheiro Augusto Caldas, também assassinado com a mesma “técnica”. O “serviço” fora feito por um profissional macabro que conhecia muito bem o seu “ofício”. O militar sabia milimetricamente onde iria romper a artéria, visto que a luta corporal travada entre o intrépido advogado João Dantas e os seus algozes impediu o seccionamento no ponto exato, como pretendia Dr. Luiz de Góes. Conforme Arruda, só alguém que estava profundamente em contato com a “arte” de sangrar poderia ter feito um “trabalho” com tamanha perfeição.
          
As veias jugulares, outras que também eram preferidas pelos “sangradores” das lutas do cangaço nordestino, são de extrema importância para o organismo. A veia jugular interna é a principal. Ao rompê-la é quase impossível de haver qualquer possibilidade de salvação, a não ser que haja modernas técnicas de reversão, como presença de médicos e hospital, praticamente inexistentes nos ermos esquecidos dos sertões de outrora, embora ainda hoje encontremos tal situação em diversos lugares espalhados pelo nordeste e pelo Brasil afora.
          
Com o comprometimento da veia braquiocefálica, poucas chances de vida havia às vítimas desse suplício macabro promovido por solados e bandidos no sertão do cangaço, principalmente quando do apogeu de Lampião. Essa veia se anastomisa com a veia braquiocefálica direita, formando a veia cava superior, de fundamental importância à manutenção da vida.
          
Lampião era expert nesta técnica, dispondo para isso de imenso punhal de setenta centímetros de lâmina. Tarimbado na lida do campo, sobretudo no que diz respeito à pecuária, fornecendo peles e couros ao “Coronel” Delmiro Gouveia, com quem a família Ferreira negociava, o “rei do cangaço” inovou e utilizou-a profusamente quando de sua chefia no cangaço (1922 – 1938).
          
A veia jugular externa, quando rompida, representa morte certa. Essa veia é constituída da junção da veia retromandibular com a veia auricular posterior, e, após vários estágios de grande importância, desembocará, mais freqüentemente, na veia subclávia.
          
Segundo o Coronel Manuel Arruda de Assis, sobre quem há registros históricos indeléveis, tendo marcado de forma extraordinária a história das lutas do povo do semi-árido nas primeiras décadas do passado século, outro método bastante utilizado por ambas as partes envolvidas nas lutas, consistia em perfurar a clavícula, introduzindo-se, com violência, o instrumento perfuro-contudente diretamente na aorta, junto ao coração.
          
Depois da hecatombe de Piancó (PB), ocorrida no mês de fevereiro do ano de 1926, cuja participação do velho guerreiro das hostes volantes, natural do município de Pombal (PB), fora decisiva e marcante, houve aprisionamentos de militares da coluna Prestes, bem como da cozinheira da milícia que pregava novos rumos. Era uma baiana conhecida entre os revoltosos por tia Maria. Apenas um escapou da triste sina, devido aos apelos de muitos no sertão,  inclusive do Padre Cícero.
          
Conforme ainda o entrevistado, um prisioneiro quando do sangramento pelos militares comandados pelo Coronel Elísio Sobreira, revelou ter feito muito isso quando da marcha da coluna, entre os diversos combates que travou.
          
Ainda em Piancó (PB), Arruda relembrou a chacina do barreiro, a qual vitimou o Padre Aristides Ferreira e diversos camaradas que lutaram bravamente para tentar conter o avanço da coluna. Todos foram sangrados por membros da coluna, consternados com as mortes dos cavalarianos que formavam a vanguarda da Coluna Miguel Costa – Prestes, os quais chegavam na cidade de Piancó (PB), e terminaram alvejados pela pontaria certeira do então sargento Manuel arruda de Assis.

Entrevista Pessoal:

ASSIS, Manuel Arruda de Assis. Pombal (PB), 27 de abril de 1989.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor da UERN.

Enviado pelo autor: José Romero Araújo Cardoso

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