Por José Mendes Pereira
Zé Sereno, Azulão e
Mané Moreno - Foto de Benjamin
Abrahão 1936.
O cangaceiro Azulão III, em 28 de julho de 1938, estava na Grota do Angico, em Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe, no dia do ataque aos cangaceiros da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.", feito pelas volantes policiais comandadas pelo então Tenente João Bezerra da Silva.
Segundo os pesquisadores do cangaço existiram 4 cangaceiros com o nome de Azulão, sendo eles, Azulão I, Azulão II, Azulão III e Azulão IV. Vamos estudá-los de acordo com as poucas informações que eu tenho:
O Azulão I
Pernambucano de Serra do Monte, Patrício de Souza era irmão do também
cangaceiro "Serra D´umã". Tanto Sérgio Augusto de Souza Dantas,
quanto Raul Fernandes e Raimundo Nonato, os principais autores que trataram do
ataque de Lampião a Mossoró, nos relatam que no dia 10 de junho de 1927,
após o bando do Rei do Cangaço haver cruzado a fronteira potiguar, seguiu em
direção norte, visando a cidade de Mossoró.
Próximo à povoação de Vitória, atual município de Marcelino Vieira,
atacaram as primeiras casas do sítio conhecido como “Caiçara, ou “Caiçara dos
Tomaz”. Travou-se um combate com a volante comandada pelo tenente Napoleão de
Carvalho Agra, morreu um soldado, o cangaceiro "Azulão" que foi
enterrado em cova rasa. Ainda não conseguimos foto que o identificasse.
O Azulão II
Cabeças de, da
esquerda para a direita, Zabelê, Maria, Azulão e Canjica. - https://cariricangaco.blogspot.com/2012/06/
"Mariano" é a única informação que temos sobre seu nome próprio. Baiano
de Várzea da Ema, (localidade no centro do Raso da Catarina e não em Sergipe
como sugerido por alguns autores), primo do célebre cangaceiro
"Balão" foi um dos "doze mais de Lampião".
Balão, primo do cangaceiro Azulão II.
Dotado de eximia
pontaria, mas que no dia 14 de Outubro de 1933 junto com sua
companheira Maria, tombaram na Lagoa do Lino, local na divisa entre os
municípios de Várzea do Poço e Serrolândia no Estado da Bahia, pelas volantes
dos sargentos José Fernandes Vieira e Zé Rufino.
O Prof. Lamartine Lima que foi assistente de Estácio de Lima relatou ao
pesquisador e também médico Leandro Cardoso Fernandes aspectos médico-legais da
cabeça deste e dos outros. Trechos de entrevistas que colheu, como por exemplo:
O soldado que o matou Azulão, conta que após acertá-lo na coluna deixando-o
tetraplégico, degolou-o vivo.
No dia 16 de Outubro de 1933 o Diário da Tarde, "de Aracaju"
transcrevia a seguinte notícia.
O Azulão III
Zé Sereno, Azulão e Mané Moreno - Foto de Benjamin Abrahão 1936.
De acordo com a pesquisa de Bismarck Martins em seu livro Cangaceiros de
Lampião – de A a Z. O sergipano Luís José da Silva ou Luís de
Maurício, natural do distrito de Serra da Guia no Poço Redondo de Alcino,
ingressou no cangaço em 1934 e atuou no grupo de Zé Sereno. Estava em
Angico em 28 de julho de 1938. Escapou do fogo, entregou-se a polícia na cidade
de Jeremoabo em Outubro de 1938. Condenado a 30 anos de prisão cumpriu 19, foi
indultado em 6 de novembro de 1957 aos 68 anos. Até
aqui temos a segurança de afirmar que foram 5 e não quatro
os Azulões do cangaço.
E este quarto Azulão?
Já em 19 de março de 1962 passados pouco mais de 20 anos do fim do
cangaço o jornal Última Hora do Rio de Janeiro noticiava a morte de
outro pássaro inquieto. A matéria é um tanto intrigante, evidente que as
informações foram fornecidas por familiares, talvez pelo ex-cangaceiro em
matéria anterior. Acontece que a reportagem afirma que João Balbino
Pereira ou se preferir João Ferreira Filho, 55 anos, teria entrado
para o bando de Lampião em "1930" permaneceu por "cinco
anos" tendo sobrevivido ao massacre de Angico... como??? Será
que a redação queria se referir à década de 30 ao invés do ano de 30?
Eis a matéria, clique para ampliar.
Só quem tem boa visão para ler este artigo.
Já tinham lido sobre este cabra? Como conceber dois Azulões atuando
na mesma época, e correndo da morte em Angico? Quando um
recebeu indulto aos 68 anos e o outro morreu aos 55. É notório o excesso
de conjecturas e lapsos cometidos pelos próprios cangaceiros em seus
depoimentos.
Parece exagero, mas julgando uma possibilidade de
mascarar a idade, além de preservar a verdadeira identidade o
que era comum, e da eterna confusão cronológica da imprensa seria
possível concluir que:
- O Azulão III e IV são
a mesma pessoa?
- Existiu de fato um 4º
indivíduo, porém de atuação apagada?
- Ou este Azulão foi simplesmente um
farsante?
É possível uma
comparação das fotos?
Outros detalhes e ações de "Azulões", que eu localizei, mas
não consegui associar:
- Qual destes dois últimos Azulões era primo do ex cangaceiro "Vinte
e Cinco", citado por ele em Entrevista
para João de Sousa Lima ?
- Qual destes fez parte do Grupo de Corisco, citado pelo cangaceiro
"Moreno" em A
Saga de Moreno e Durvinha
- Qual destes seria o citado por Frederico Pernambucano de Mello em sua
pesquisa intitulada "A castração real no Cangaço: Nota prévia -
Estudo de Caso" * Pág. 8, Disponível em: Periódicos
da Fundação aponta que em 19 de Maio de 1936, um
"Azulão" acompanhava o "subgrupo de Virgínio Fortunato", tomando a
retaguarda no ataque ao arruado Morro Redondo, distrito de Catimbau, do
município de Buíque, Pernambuco???
Avia macho, ajude aí comentando!
Fontes:
Lúcia Gaspar. - Cangaceiros: alcunhas e nomes próprios -Pesquisa
Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em Disponível
em Fundação
Joaquim Nabuco
Rostand Medeiros - Caverna
da caridade, Caicó, sertão do Rio Grande do Norte – Antigo esconderijo de
cangaceiros. Em: Tok
de História
Rostand Medeiros - O Grande
Fogo da Caiçara e a desconhecida "Missa do soldado" Disponível
em: Lampião
Aceso
OLIVEIRA, Bismarck Martins de. Cangaceiros de Lampião – de A a Z” Edição do
autor, João Pessoa 2012. Págs 48, 49 e 50.
Rubens Antônio "Lagoa do Lino" em seu blog Cangaço
na Bahia.
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