Seguidores

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

CONFESSO A MINHA IGNORÂNCIA

Por Zozimo Lima

Preciso, mais uma vez, dar satisfação aos meus leitores. Muitos, por aí, jovens e velhos, sábios e ignorantes, me têm na conta de intelectual.

Não o sou. E, por essa falsa convicção, sou, às vezes, citado, nomeado, mencionado, causando indignação aos nossos eminentes homens de letras, que, em Sergipe, atualmente, vicejam como capim gordura nos pastos e baixadas dos engenhos de fogo morto.

Ora, às vezes, dou opinião sobre escritores que aparecem, na imprensa, discorrendo sobre assuntos literários, em prosa e verso, que não contam com a minha aprovação, os meus aplausos.

Daí aparecerem os seus autores, muito ilustres, preparados, mas que dão cincadas loucas. Os gênios também pecam nas suas atitudes filosóficas. Eu, embora cego em coisas da literatura, discordo com argumentos fracos. Por isso que, em consequência da minha fundamental ignorância, acabo aumentando o número de adversários, de inimigos.

Acontece que, com essas antipatias que carrego, me sinto satisfeito, porque, por outro lado, cidadãos de boas letras e leituras, daqui e de outras províncias, onde se lê muito e muito se escreve, me mandam cartas de aplausos.

Vocês, meus amigos, não são tão burros, que me julguem portadores de competência asinina. Mas pensarão, porventura, que eu fico indignado com os doestos que me atiram?

Não pensem em tal, como eu. Reconheço as minhas insuficiências mentais, literárias, filosóficas. Não sou como certas cavalgaduras que por bajulação ingressaram no juizado, nas academias de letras, e, por isso, fazem roda de auto importância como perus. Desses me rio à socapa.

Voltaire considerava Shakespeare como um selvagem e Carlyle revidou, um século depois, chamando Voltaire de louco. É o que leio em Henry Thomas.

Mas há muito burro por aqui, burro togado, burríssimos, de cabresto que fazem discursos e até lavram acórdãos.

Consideram-me ateu. Não sou tal. É calúnia. É vingança de castrados que me não suportam. Eu os perdoo. Sinto não ter uma medalha para mais os engordar.

Tobias Barreto dizia que o ateu é um idiota. É verdade, que ele, às vezes, mudava de opinião. Atribuo tal reviravolta teológica ao mau funcionamento do fígado e às misérias porque estava passando, à falta de dinheiro para manter-se com família numerosa.

No seu espírito Kant destruiu Deus, mas, dizia, o criara no coração. E afirmava mais o filósofo que se não pode basear a religião sobre a ciência, pode-se estribá-la na moral.

Não tenho, com segurança, inabalável, fé profunda, ética absoluta, a qual Kant chamava de “imperativo categórico”, mas, como Tobias, acredito em qualquer coisa que não posso bem explicar.

Tudo, como nas letras, consequência da minha ignorância. Se pertenço a uma Academia de Letras é por boa vontade, camaradagem de alguns amigos. Os sábios andam por aí às canadas e toneladas. Eu sou apenas o reverso deles.

Gazeta de Sergipe – 30/12/71

https://www.facebook.com/photo?fbid=3188293321299522&set=a.290440857751464

Adquiri no facebook, página de Antônio corrêa Sobrinho.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO CHICO PEREIRA

 Por Sérgio Augusto de Souza Dantas

Por volta das dez e meia da noite, um carro com os cinco homens sai de Natal a caminho do Seridó.

No dia seguinte, 29, em Currais Novos, ainda muito cedo da manhã, circulariam notícias sobre a ocorrência de um acidente automobilístico no marco 177 da estrada de rodagem, próximo ao sítio Maniçoba, bem perto da cidade. Dizia-se que quatro soldados estariam feridos. Um preso que eles conduziam teria falecido no local.

O acidente, claro, foi forjado.

Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Hoje, quem passa pela BR 226, próximo à entrada do povoado Cruz, pode ver o pequeno monumento com a cruz que marca o local da morte de Chico Pereira.

https://www.youtube.com/watch?v=1csi4fZaoFg&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

https://www.facebook.com/groups/545584095605711

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

RUÍNAS DA ANTIGA CASA DE LAMPIÃO NO POÇO DO NEGRO.

Por Geraldo Júnior
https://www.youtube.com/watch?v=GLsSJ5KJFMg&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Da antiga casa que no passado pertenceu a família de Lampião no Poço do Negro (Floresta/PE), resta apenas um amontoado de tijolos e pequenos pedaços de telhas, que aos poucos estão desaparecendo devido as intempéries. Em frente às ruínas da casa ainda hoje permanece vivo um velho pé de Umbu-cajá que conta com mais de cem anos e que foi plantado pela família Ferreira, durante o período que ali residiram. Nesse documentário faremos um passeio pela região e iremos conferir de perto as ruínas da antiga casa de Lampião e ver de perto o centenário pé de Umbu-cajá. Inscrevam-se no canal. Divulguem a nossa história e cultura. 

Geraldo Antônio de Souza Júnior

https://www.youtube.com/watch?v=GLsSJ5KJFMg&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGAÇO TENENTE POMPEU FRONTEIRAS ANISTIA ALISTAMENTO

Aderbal Nogueira - Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=XNPVxgXCbao&feature=youtu.be&fbclid=IwAR3mSVQsIAagjX0pM-qv2ykDMQqx2dzR3JOJkc2O3TEjXnJEzsMlfjLYvzQ&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Cangaço - Anistia e Alistamento Tenente Pompeu Aristides de Moura fala o porquê se alistou nas Forças Volantes e sobre a anistia dada aos cangaceiros. Link desse vídeo: https://youtu.be/XNPVxgXCbao

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

  

ANDRÉS ZAMBRANO O ESTRANGEIRO QUE PEITOU LAMPIÃO

Imagine-se no início do ano de 1936, andando a pé pela caatinga. A 14 léguas de Águas Belas, em Pernambuco, de repente você é surpreendido por bandoleiros armados. Levado até Lampião, é acusado de ser espião da polícia, mesmo falando castelhano. Após levar uma coronhada no peito, já de pé mas seguro por dois homens, diz na cara do rei do cangaço: “O senhor deve me tratar como eu mereço. Sou um estrangeiro e tenho direito a ser respeitado. O senhor está desrespeitando a sua lei e o seu governo”.

O autor desta suposta resposta, que saiu vivo para contar a história, publicada no Diário de Pernambuco no dia 22 de fevereiro de 1936, chamava-se Andrés Zambrano, um venezuelano de 22 anos, capitão de um grupo de 20 escoteiros que resolveu conhecer toda a costa brasileira, partindo de Caracas no dia 12 de dezembro de 1934.

O Diario apenas reproduziu o relato que Zambrano deu, no Rio de Janeiro, ao Diario da Noite, outro jornal dos Diários Associados. Para a imprensa do Sudeste do país, relatos sobre a brutalidade de Lampião sempre atraíam leitores e a existência de um estrangeiro que conseguiu ser libertado depois de enfrentar o maior dos cangaceiros era mais do que o esperado.

Na verdade, Andrés Zambrano, que apareceu na redação do diário carioca vestido de uniforme cáqui, com galões de capitão e um grande chapéu de feltro, de abas largas, era espalhafatoso demais para descrever o ocorrido da forma como realmente aconteceu.

Segundo a conversa de Andrés Zambrano, os escoteiros estavam merendando à sombra de uma árvore quando foram cercados por 24 cangaceiros. Os venezuelanos receberam ordem de acompanhar o bando, andando cerca de cinco léguas em uma caatinga fechada. Ao chegar no esconderijo, Lampião estava contando dinheiro e perguntou quem eram aqueles rapazes fardados. “Quem é o chefe deste batalhão?”, inquiriu Virgulino. Foi quando Andrés Zambrano se apresentou, afirmando ser da Venezuela e não trabalhar para a polícia.

Depois de ter exigido respeito no tratamento, ele teria ouvido Lampião dizer que a “lei era ele”. Os escoteiros foram todos amarrados depois de ficarem devidamente nus. Morreriam no dia seguinte, como vingança à perda de quatro cangaceiros por causa do último ataque do tenente Manuel Neto.

Lampião não teria ido com a cara do estrangeiro insolente. Mandou servir café salgado para ele e depois água com pimenta. A história só não teve fim ali mesmo porque por volta da meia-noite teria aparecido Maria Bonita. Ela teria se interessado pela confusão e conversado com os escoteiros. Convenceu Lampião a soltá-los, depois dos “visitantes” terem dado sua palavra de honra de que não informariam à polícia o paradeiro do bando.


Aos repórteres do Diário da Noite, Zambrano teria ainda afirmado que Maria Bonita quis saber da sua idade e dito que ele era bem bonitinho, batendo no seu ombro. E ele nu, amarrado na árvore…

No dia seguinte, os venezuelanos foram soltos. Perderam as roupas, uma máquina fotográfica e o equivalente a quatro contos de réis. Da turma toda, somente Zambrano resolveu continuar suas andanças pelo Brasil. Foi assim que ele apareceu, vivinho da silva, na redação do jornal carioca. Contando uma história que Lampião não iria gostar nem um pouco.

Pesquei no Diário de Pernambuco

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Andr%C3%A9s%20Zambrano

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

SANTANA: SUBINDO A COLINA

 Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2020 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.402


     Informando aos ausentes da terrinha. Subimos a colina do Bairro Floresta, passamos pelo Hospital Clodolfo Rodrigues e seu vizinho Conjunto Habitacional Marinho, final da linha urbana por aqueles lados da cidade. Com olhar geográfico, continuamos a viagem até o novo loteamento nas imediações da antiga sede da fazenda do conhecido Clodolfo. Apesar da propaganda e maqueta, praticamente só encontramos muito mato rasteiro no local. Como nem procuramos nem vimos ninguém que informasse alguma coisa, rodeamos a área e bem que vimos o asfalto que desce dali até a baixada chegando no riacho Salobinho, a 100 metros do antigo matadouro. Do Matadouro a BR-316, continua sem asfalto, é a informação. É a informação porque o início do asfalto, no loteamento, estava interditado por um montão de mato sob forma de garranchos. Ninguém desce por ali.

Final do bairro Floresta (foto: B. Chagas)

De construção vimos apenas alguma coisa parecida com um marco, e um prédio onde seria uma escola de enfermagem. Não temos certeza, apenas boatos. Como boatos também se fala de uma faculdade de direito no terreno. Entretanto, boatos ou verdade, é grande a solidão ali encontrada. Talvez tenha sido a pandemia que não pode deixar prosseguir as construções. Quanto ao terreno, é muito bom, enxuto, apropriado a novos e bons empreendimento que opta por duas entradas/saídas: pela estrada até o Centro via-hospital e descendo até encontrar a BR-316 no Bairro Barragem. Um pouco mais adiante, vamos encontrar o lombo da serra da Remetedeira, porém podemos quase afirmar que esse novo loteamento já faz parte do início da serra.

Santana ganhará maior expansão por aquelas bandas, surgindo novo bairro desdobrado do Bairro Floresta que poderá seguir dois destinos: continuar crescendo em direção ao lombo da serra da Remetedeira e descer ao longo do asfalto até se encontrar com a BR-316, num futuro não tão longe assim. É tempo em que chegam bares, farmácias, mercadinhos, postos de gasolina, restaurantes que irão moldando as feições do loteamento e seus arredores, surgindo um bairro novo cheio de oportunidades. O local nos faz lembrar os arredores de Garanhuns e Caruaru, no estado de Pernambuco.

Esperamos êxito no futuro do loteamento e na expansão de Santana pelo Oeste, outrora completamente esquecido e agora cheio de esperanças para o porvir.


http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/10/santana-subindo-colina-clerisvaldo-b.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PARABÉNS PARA O POETA ANTONIO FRANCISCO!

 Por José Mendes Pereira


Parabéns poeta Antonio Francisco, pelo seu aniversário! Parabéns também para os principiantes Moisés e...

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EZEQUIEL FERREIRA DA SILVA DUAS VIDAS, DUAS MORTES. (FARSA).

 Por José Mendes Pereira

Suposto Ezequiel Ferreira da Silva irmão de Lampião

Todos aqueles que me conhecem nesse mundo de pesquisas sobre o cangaço sabem muito bem que eu não sou nenhuma autoridade no assunto, e tenho a dizer aos amigos, as minhas inquietações são somente sobre depoentes e mais ninguém. Se caso eu discordar de um escritor, pesquisador ou mesmo sobre os trabalhos de cineastas do cangaço, estou querendo aparecer, vez que eu não tenho profundos conhecimentos sobre o tema para guerrear contra qualquer um desses que organiza a literatura lampiônica. Sou um estudante que conheço o meu lugar no estudo cangaceiro, e o meu pouco conhecimento que tenho adquirido, vem dos pesquisadores, escritores e cineastas. E para que eu ir contra eles?

Antiga Villa Bella - Pernambuco terra de Lampião

O caso do suposto Ezequiel que morava no Piauí e que em 1984 chegou à Serra Talhada, antiga Villa Bella, no Estado de Pernambuco, se dizendo ser o verdadeiro Ezequiel Ferreira da Silva, irmão mais novo dos Ferreiras, e que tinha ido lá tirar seus documentos para uma possível aposentadoria, mas lamentavelmente, as suas informações, para mim e para pesquisadores que são famosos, nada verdadeira, tudo mentira.

Capitão Lampião e seu irmão mais novo Ezequiel Ferreira da Silva

Alguns que conheceram o Ezequiel  irmão de Lampião em Serra Talhada acharam que o homem tinha muito a ver com o Ezequiel verdadeiro, principalmente amigos de infância e outros mais, como por exemplo, o Genésio Ferreira primo de Lampião, que o acoitou por mais de 20 dias em sua residência, acreditando nas palavras do velho.

Mas você leitor, poderá até me perguntar o porquê da minha discórdia, quando ele detalhou tim por tim a alguns antigos amigos e familiares de Serra Talhada.

Primeiro, quando o Ezequiel verdadeiro saiu de Villa Bella ainda era muito pequeno, com aproximadamente 9 anos de idade, porque ele nasceu em 1908, e toda encrenca de Zé Saturnino com os Ferreiras ou os Ferreiras com Zé Saturnino foi mais ou menos a partir de 1916. Então, nenhum de seu tempo de criança que viu ele nascer tinha condições de reconhecer o menino de ontem, que hoje, já era velho e muito velho.

Outra, segundo informações, quando perguntado os nomes dos seus pais ele não soube responder, principalmente de alguns irmãos. Ora, é muito difícil esquecer os nomes dos seus pais e irmãos.

E há quem diga que, isso dele não saber os nomes foi simplesmente, devido a avançada idade que já tinha o feito esquecer os nomes dos pais e de alguns irmãos. Mas mesmo sendo bem velho, ele soube muito bem procurar o seu direito de se aposentar.

Pais e irmãos de Lampião, inclusive ele está na foto. As duas irmãs que morreram ainda pequeninas não estão na fotografia. (Desenho de Lauro Villares utilizando-se de antigos retratos)

Disse que tivera 6 irmãos. Mas nós sabemos que a prole do casal era um total de 11 filhos, incluindo ele, caso fosse o Ezequiel verdadeiro. Ele foi irmão de 09 filhos de José Ferreira com dona Maria Sulena, e 10 contando com Antonio Ferreira da Silva que era só filho de dona Maria, com um senhor chamado Venâncio, porque quando seu José casou-se com dona Maria, segundo pesquisadores, ela já o levava no seu ventre. 

Mas, de acordo com documentos nas mãos do escritor José Bezerra Lima Irmão, pela contagem do dia do casamento dos seus pais, o Antonio Ferreira da Silva também era filho legítimo do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva ou dos Santos.

Escritor José Bezerra Lima Irmão

Sem ordens de nascimentos, todos seus irmãos eram: Antonio Ferreira da Silva, Livino Ferreira da Silva, Virgulino Ferreira da Silva, Virtuosa Ferreira da Silva, João Ferreira dos Santos (este era dos Santos, Angélica Ferreira da Silva, Ezequiel Ferreira da Silva, Maria Ferreira da Silva (dona Mocinha), e Anália Ferreira da Silva.

Escritor José Sabino Bassetti

Além dos seus irmãos que nós todos já os conhecemos através dos nossos estudos cangaceiros o casal teve mais duas filhas, as quais nasceram mais ou menos em datas diferentes, nos anos de 1913 e 1914 do século XX e, segundo o pesquisador do cangaço e escritor José Sabino Bassetti, as crianças faleceram ainda pequeninas, e uma delas foi tristemente queimada numa língua de fogo de uma lamparina, ao clarear de certo dia. 

A criancinha levantou-se da sua redinha e caminhou para uma mesa onde estava a lamparina acesa, e acredita-se que ela tenha puxado a toalha da mesa, fazendo com que o querosene derramasse sobre a sua camisolinha, e a partir daí, o fogo tomou de conta das suas vestes. Ela teria durado alguns dias vivas, mas não resistiu às queimadura e veio a óbito. O escritor não revela o ano de seu falecimento.

Ainda segundo José Bezerra Lima Irmão o suposto Ezequiel Ferreira foi entrevistado pelos escritores Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena, os quais são autores do livro “Lampião e o Estado-Maior do Cangaço” e fizeram várias perguntas ao forasteiro homem sem rédeas, mas ficaram abismados com tantas contrariedades ditas pelo depoente.

Escritor e pesquisador do cangaço Hilário Lucetti

Mas descaradamente o homem  impostor estava querendo adivinhar o que lhe era solicitado pelos mestres da cultura, e, escorregava constantemente, porque não  tinha  firmeza do passado da família "Ferreira", a qual ele se dizia fazer parte. O certo é que aquelas alturas ele queria apoio de alguém para permanecer por alguns dias na cidade de Serra Talhada enquanto resolvia o que tinha ido fazer lá.

Escritor e pesquisador do cangaço Magérbio de Lucena

Com tudo em mãos, caneta, papel e outros materiais necessários para os seus trabalhos, os pesquisador Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena resolveram iniciar as suas perguntam ao suposto Ezequiel:

- O senhor é mesmo irmão do Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião?

E ele desavergonhadamente, mas talvez um pouco nervoso que nessa hora aparece a quem está mentindo, assegurou dizendo:

- Sou sim, o irmão mais novo de Lampião.

- E como são os nomes dos seus pais...?

O dono da farsa literalmente não soube responder.

Os autores perguntaram-lhe:

- Por que é que todo mundo diz que o senhor foi assassinado e testemunhado por pessoas que lá estavam, no Estado da Bahia, no ano de 1931, no mais ferrenho combate feito pelo capitão Lampião e a polícia, que aconteceu nas terras da cidade de Paulo Afonso, no povoado chamado Baixa do Boi, e agora o senhor aparece vivo em Serra Talhada?

Cova do cangaceiro Ezequiel Ferreira irmão de Lampião

E ele:

- Tudo era mentira, senhores.  O meu irmão Lampião inventou a história para eu sair do cangaço.

- Quantos irmãos o senhor teve?

E ele respondeu:

- Tive 3 irmãos e 3 irmãs.

O que não é verdade.

Mas veja leitor, que ele não tinha segurança no que dizia. Fantasiava a descrição dos combates e citava cangaceiros que não foram do seu tempo.

Depois de tantas mentiras os escritores perderam o gosto e desistiram de continuar a entrevista com o suporto Ezequiel Ferreira da Silva.

Apesar de admitirem que o homem tinha mais ou menos a mesma idade e aparentando fisicamente, que teria Ezequiel se fosse vivo, Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena consideraram que na verdade era um verdadeiro embusteiro. Os estudiosos do cangaço ficaram sem saber a finalidade de tanta mentira, porque, na história não havia valores e nem promessas.  

Dr. Antonio Amaury, João de Sousa Lima, Ângelo Osmiro e Dr. Leandro Cardoso

Mas aí não termina a farsa. O escritor e pesquisador do cangaço Ângelo Osmiro residente na capital  de Fortaleza-CE, em um dos seus trabalhos com o título “A morte de Ezequiel Ferreira (Ponto Fino) irmão de Lampião”, nos diz que segundo o Ezequiel, teria ficado na “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia” até  julho de 1938, quando o irmão fez uma reunião para comunicar aos companheiros que abandonaria o cangaço.  

O cangaceiro Luiz Pedro

E fugiram disfarçados: o próprio Ezequiel; o capitão Lampião, Luiz Pedro e mais Félix da Mata Redonda, tendo ele permanecido no Estado do Piauí, enquanto Luiz Pedro e Lampião tomaram o destino de Goiás, onde esse teria morrido no ano de 1981. Mais uma vez o homem mentiu. Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938 indiscutivelmente.

O cangaceiro Félix da Mata

Veja leitor, fugiu do bando de Lampião em 1931, quando, segundo ele, Lampião teria forjado a sua morte, e 7 anos depois, ele aparece na empresa do irmão, em 1938, na Grota do Angico, em Porto da Folha, hoje Poço Redondo, nas terras sergipanas, e possivelmente antes da chacina.

O JUIZ DE DIREITO DEIXOU DE SER DIREITO, MANDOU REGISTRAR HOMEM QUE SE DIZIA SER IRMÃO DE LAMPIÃO. QUAL ERA A PROVA? SOMENTE A SUA PALAVRA E AS DAS TESTEMUNHAS?

Não dá para entender por ter  sido lavrado o registro de Ezequiel novamente, porque se era ele ou não, no período que ele nasceu, seu pai José Ferreira dos Santos estava gozando a liberdade e vivendo a paz e muito bem, e tenho quase certeza que ele não deixou nenhum dos seus filhos sem registrá-lo. Todos nasceram em Villa Bella, hoje Serra Talhada. Agora se ver, talvez Ezequiel Ferreira registrado duas vezes.

Mas quem foi o culpado? 

Foi o juiz de nome Clodoaldo Bezerra de Souza e Silva, juiz de direito da comarca de Serra Talhada, que segundo informações, admirado (ficou de queixo caído, coisa que um juiz de direito tem que obedecer a lei, e não ir em conversas de duvidosas tetemunhas); com o que afirmava o suposto Ezequiel. Mandou chamar alguns antigos moradores da cidade, e a eles fez perguntas se confirmavam ou não, que aquele sujeito era Ezequiel Ferreira da Silva irmão de Lampião. Os entrevistados afirmaram que sim.

Mas as pessoas não podiam testemunhar nada, vez que o rapaz estava longe dali, e já haviam se passados muitos anos (se fosse ele mesmo), e assim, a garantia daquele sujeito ser Ezequiel, irmão do rei do cangaço capitão Lampião, era uma verdadeira incógnita.

Como juiz de direito da cidade de Serra Talhada ele tinha que mandar fazer uma busca nos cartórios da cidade, e até mesmo em outros municípios adjacentes, principalmente em Juazeiro do Norte, porque após a morte dos seus pais Ezequiel morou lá com o seu irmão João Ferreira dos Santos e suas irmãs, e a finalidade desta busca no juazerio era para saber se existia ou não, registro em algum livro oficial do Ezequiel Ferreira da Silva, tendo como pais José Ferreira dos Santos e Maria Sulena da Purificação. 

Mas é quase certo que não mandou fazer este levantamento nos cartórios, pois o procedimento legalmente seria este, e não ir em conversas de pessoas que queriam que o homem fosse reconhecido e registrado como irmão de Lampião, e sendo assim, desnecessariamente, e sem outra providência, autorizou que o homem fosse registrado no cartório que ele procurou como sendo irmão dos Ferreiras.

Sobre Ezequiel ter relembrado muitas coisas quando morava em Villa Bella, isso não é difícil para ninguém, e muito menos para quem quer se passar por outra pessoa. Eu moro na região Leste de Mossoró e sei quase tudo dos tempos passados em bairros que já morei, que se eu andar em alguns deles, mesmo sem conhecer quase mais ninguém, porque muitos já se foram, contarei com perfeitos detalhes o passado dali, como se eu ainda estivesse vivendo por lá. 

O suposto Ezequiel Ferreira com certeza era um antigo morador da região, e como tinha uma certa semelhança com o Ezequiel verdadeiro, fez muita gente de besta em Serra Talhada.

https://www.facebook.com/ComunidadeCangaco/photos/o-canga%C3%A7oa-morte-de-ezequiel-ferreira-ponto-fino-irm%C3%A3o-de-lampi%C3%A3opor-%C3%A2ngelo-osmi/650487585087340/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGAÇO, UM MOVIMENTO ETERNO

 Por Jailton dos Santos Filho


Se falarmos em identificação, encontramos relatos de apoio e idolatrismo. Se tratarmos de repúdio, temos depoimentos de revolta e injustiça. Diante da ambiguidade presenciada no estudo de um tema tão significante à história nordestina, e consequentemente, brasileira, é preciso ressaltar o legado histórico, acadêmico e cultural que o cangaço oferece. A condição salutar da literatura na construção social nos faz refletir sobre a perpetuação dos escritos que não deixam definhar o legado (heroico ou covarde) dos bandoleiros (ou justiceiros?) que rasgavam as caatingas e exacerbavam as falhas de um sistema governamental para justificar suas ações

O ser humano, dotado de imperfeições, tem na sua imprevisibilidade uma característica que nos intriga diariamente, não cabendo aos interessados tentar compreender os motivos pelos quais levaram homens e mulheres a praticar atrocidades e benfeitorias em nome de uma ideia. Resta-nos, desse modo, o aguçar da curiosidade na contemplação dos estudos voltados à atuação e consolidação de tal movimento revolucionário. A história, como ciência da memória, sustenta-se do empenho daqueles que vivem em prol do resgate e valorização do passado no intuito da construção do futuro. 

A iniciativa promovida pelo Cariri Cangaço, em especial na live “Lampião em Sergipe”, é um dos afluentes que compõe o majestoso rio que flui no ritmo dos cangaceiros. Desta feita, a minha posição de leigo me faz exaltar àqueles que se debruçam em manter viva, nas memórias e nos registros, uma história que personifica o amado torrão nordestino. Meus agradecimentos aos pesquisadores Manoel Severo, Archimedes Marques e João Paulo Carvalho por suas inestimáveis contribuições à preservação dessa corrente ideológica, fonte de inesgotável riqueza material e imaterial. Viva ao Nordeste! Viva ao Cangaço!

Jailton dos Santos Filho, Presidente do GEEL- Grupo Enforcadense de Estudos Literários.

https://cariricangaco.blogspot.com/2020/10/cangaco-um-movimento-eterno-porjailton.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PIA DAS PANELAS, O COITO DAS MORTES

 *Rangel Alves da Costa

Fincado no sertão sergipano de Poço Redondo, na região das Areias, o Coito da Pia das Panelas foi casa de maribondo, covil de crime hediondo, sem haver luta contra volante, era a própria cangaceirama se opondo. Coito formado de pedras, com funduras e alturas, seus arredores se tornaram paisagens de sepulturas, cangaceiros e inocentes sofreram cruéis agruras. Panelas formadas nas pedras por força da natureza, dentro junção de água num cenário de beleza, mas onde o sangue escorreu sem pressa nem estranheza, pois cangaceiro em vingança é estopim de malvadeza. Nada menos que cinco mortes no coito e ao redor, desde Lídia de Zé Baiano a Rosinha já tão só, mulheres tão destemidas, mas que sangraram sem dó. Foi o cangaceiro Coqueiro que contou da traição, então Zé Baiano afoito não deu a Lídia o perdão, com sua sanha feroz tingiu de vermelho o chão. Rosinha a cangaceira, viúva de Mariano, não teve melhor destino, pois descumpriu uma ordem que laçou seu desatino. Relutando em retornar de temporada familiar, foi preciso Lampião dar a ordem pra voltar, mas já com os dias contados pra vida não mais vingar. No Riacho do Quatarvo, bem ao lado dessas Pias, Rosinha marcada de morte sofreu dores e agonias. Ser morta por companheiros em sertões de covardias. Coqueiro o delator, também no coito foi morto, e o mundo desacertado ficou ainda mais torto, pois dois inocentes jazeram pela maldade em aborto. Zé Vaqueiro e Preta de Virgem, sertanejos da região, entre mentiras e aleives, também desceram ao chão, tornando a Pia das Panelas um coito de aberração. Porém um retrato fiel daquele agonizante Sertão.

Outras observações pertinentes sobre o Coito:

Localizado na região da Comunidade Areias, zona rural do município de Poço Redondo, no sertão sergipano, este era um dois coitos preferidos pelos cangaceiros em suas passagens sertões adentro.

O nome Pia das Panelas, contudo, tende a enganar o visitante, vez que o mais acertado seria que o local fosse denominado Alto das Pias das Panelas ou Coito das Pedras. E por uma razão simples. O que se tem na realidade são formações rochosas, algumas mais elevadas, e algumas pias (cavidades surgidas nas próprias pedras) e panelas (o formato das pias, de forma ovalado, de modo a receber e armazenar água de chuva) abertas, por força da natureza, adentrando as formações rochosas. Tudo como se tivessem sido cavadas por potentes ferramentas, vez que alguns destes fossos se mostrando bastantes profundos.

Tem-se, assim, a localização perfeita para um coito cangaceiro: a existência de pedras grandes para a proteção e defesa, a elevação do local permitindo ampla visão de tudo que se aproximasse ou se passasse ao redor, além da existência de água nas pias e de mata fechada, entremeada de catingueiras, mandacarus e facheiros, tufos de mato e labirintos. Não obstante tal configuração propícia ao cangaço, o coito da Pia das Panelas também era estratégico aos cangaceiros, pois em meio a um grande número de propriedades que os cabras de Lampião podiam ter rápido acesso.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com