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terça-feira, 23 de abril de 2019

BREJO SANTO CHEGA AO CARIRI CANGAÇO !!!


Por Manoel Severo

"Para nós do Cariri Cangaço foi uma grande honra participarmos dessa manhã de celebração aqui em Brejo. Sermos recebidos aqui na casa do querido Miram pela prefeita Teresa Landim, pelo vice Bosco, com a presença marcante de seu secretariado como o Feitosinha, o Paulo Lucena e o David, a grande presença do legislativo municipal a começar pela presidente da Câmara, vereadora Carmen além dos vereadores Tiquim Batista, Arnou Pinheiro e Lurdinha da Cabaceira; sem falar do amigo Farias Junior, do Pedro Tavares e o amigo Leandro, foi uma grande demonstração por parte da gestão da prefeita Teresa de seu inequívoco compromisso com a cultura e a história de sua terra, sem dúvidas haveremos de realizar um grande evento aqui em Brejo Santo" Confirma Manoel Severo Barbosa. O Cariri Cangaço-10 Anos acontece entre os dias 24 a 28 de julho de 2019 na região do cariri e terá como cidades sedes, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Lavras da Mangabeira e Brejo Santo.


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ZÉ BAIANO


Do acervo do pesquisador Helynho Santos



No ano de 1934, Lampião apareceu em Alagadiço pela última vez, deixando essa região sob o comando do grupo de Zé Baiano. Filho natural de Chorrochó, ele passou a aterrorizar os moradores daquele local. Coube a esse destemido cangaceiro a posse das terras compreendidas entre os municípios de Frei Paulo, Ribeirópolis, Pinhão e Carira, em Sergipe, e ainda Paripiranga, na Bahia.

O “Pantera Negra dos Sertões” era um negro, alto, forte, nariz achatado, queixo comprido, cabelos ruins e maltratados, que usava óculos e tinha uma voz grossa. Após ter ficado sabendo da traição amorosa da sua companheira, a qual ele assassinou a pauladas, passou a marcar mulheres indefesas com um ferrão de iniciais “J.B.”, como se fossem gados. Requinte de perversidade.

Com fama de impiedoso, o famigerado “ferrador de mulheres” era tido como um dos mais ricos do bando – formado por Demudado, Chico Peste e Acelino. Durante anos cometeu atrocidades, saqueou e impôs a sua própria lei em Frei Paulo e municípios vizinhos. A polícia não descansava procurando os temíveis bandidos que se escondiam em casas de fazendeiros. Estes, se não contassem à polícia, eram chamados de coiteiros, e se falassem eram apelidados de dedo duro na boca do cangaceiro.

A mata era o maior refúgio desses facínoras. No corpo de uma árvore – viva até hoje – eles silenciavam suas armas e na chamada “Toca da Onça”, na Fazenda Caipora, evitavam o ataque de inimigos com troca de tiros, já que de lá de cima tinham uma visão panorâmica e privilegiada de toda a região.

Certa vez, o inesperado para Zé Baiano aconteceu. Por ser coiteiro do seu bando, o comerciante Antônio de 
Chiquinho, cansado das perseguições da polícia – chegou até a ser preso – e da desconfiança dos cangaceiros, tramou um plano para eliminar o grupo do impiedoso “ferrador”. E foi numa entrega de alimentos, solicitada pelo Baiano, que o comerciante convidou os conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin) para, juntos, darem fim ao bando. No dia 7 de julho de 1936, os seis amigos conseguiram dar cabo aos quatro temíveis bandoleiros na Lagoa Nova (localidade de Alagadiço). Os conterrâneos mantiveram o feito em sigilo durante cerca de 15 dias, temendo a represália de Lampião contra o povoado.

Antônio de Chiquinho, certo de que Lampião voltaria a Alagadiço para se vingar da morte do seu amigo, preveniu-se do embate e perfurou as paredes da sua casa – hoje uma creche comunitária –, tendo assim melhor visão da rua para atirar quando ele aparecesse. Porém, para a sua sorte, Virgulino Ferreira resolveu deixar pra lá o acerto de contas graças a Maria Bonita, que o alertou sobre a presença de um canhão no povoado, onde cabia um menino dentro acocorado – um minicanhão que, inclusive, está guardado no acervo do historiador Antônio Porfírio.

Fonte: Lampião aceso (Cangaço por paixão, esporte ou religião.


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NO XAXADO COM LAMPIÃO A octogenária Alzira Marques recorda osbailes animados, organizados pelo rei do cangaço

Por Denize Guedes*

Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.

O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.

Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”

(Foto: Cesar de Oliveira)

*A repórter viajou a convite do Ministério do Turismo e da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).

Publicado originalmente na coluna Brasilianas, edição nº 604 da essencial revista Carta Capital. 
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ORGULHO SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de abril de 2019
                                             Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.096

O ouro do meu sertão é a água. Transparente, barrenta, suja, é a esperança de barriga cheia, fartura e vida. Quando chove semiárido é paraíso, quando armazena, divinos aplausos. A armazenagem sertaneja é feita naturalmente através das depressões, caldeirões e rachaduras de lajeiros pela água das chuvas. Chamamos a esses lajeiros, “pilões de pedras”, encontrados em inúmeras fazendas. São muito usados para lavar roupa, porém, mitiga a sede de animais domésticos e selvagens; e ainda serve às necessidades do gasto doméstico. Os humanos bebem dessa água sem restrições.
Barreiro entre sertão e agreste. Ao fundo, serrote de Japão. (Foto: Ângelo Rodrigues/Repensado a Geografia de Alagoas).

Quanto à armazenagem feita pelo homem o “barreiro” é o mais popular. Geralmente é feito em lugar baixo para aproveitar as águas de enxurradas e riachos. Era feito em batalhão (mutirão) onde o terreno é escavado e esvaziado através de couro de boi. Modernamente esse trabalho é feito através de tratores e nunca sai barato para o agricultor. O barreiro tem a forma tradicional esférica, mas pode assumir outras formas.
O “açude” ou “barragem” é muito maior do que o barreiro e varia de 100 metros a quilômetros, 3, 4 e até mais. Ultimamente os governos vêm disseminando cisternas de alvenaria ou plástico rígido, individualmente, nos sertão e agreste. Nas estiagens essas cisternas são abastecidas através de carros-pipas pelo governo do momento.
As estradas, as comunicações, os transportes, tudo com muita intensidade, fazem com que não se ouça mais sobre mortes de ser humano pela falta d’água. Rebanhos ainda morrem no sertão, muito mais pela falta de alimento do que pela sede. Apesar dos pilões de pedras, barreiros, açudes... Muita água se perde no sertão e toda armazenagem ainda é pouca.
Nós, sertanejos, continuamos resistindo bravamente iguais ao mandacaru, facheiro, xique-xique, rasga-beiço e coroa-de-frade. Fincados nessa terra abençoada de Meu Deus, lutando contra as adversidades e beijando corolas como abelhas embriagadas pelo néctar.
Sim, orgulho em ser nativo...
Nativo do SERTÃO.


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NAS SELVAS DA NOITE

*Rangel Alves da Costa

Depois das sombras da noite, depois dos sinos do amém e das preces de proteção, quando a escuridão começa a se espalhar pelos quadrantes e tudo se transforma em negação de toda luz, e sequer a lua dá conta de a tudo dar feição, então começam os mistérios que tanto atormentam os homens. Surgem então os bichos da noite, que não são apenas seres possíveis ou imaginários, mas também aqueles gestados nas profundezas inexplicáveis da alma.
Na infância, quando a criancinha era levada a adormecer por causa do bicho-papão, que debaixo da cama se escondia com unhas afiadas e dentes grandes, o temor impingido antecipava o que mais tarde se transformaria em outros bichos-papões. Os papões saíram debaixo das camas e foram espreitar na infinidade dos noturnos humanos. Depois disso, seja em qualquer idade, sempre haverá um bicho-papão perante os frágeis seres humanos. Dizem-se fortes demais, sem medo de nada, mas estremecendo sempre ante o desconhecido que surge após a boca da noite.
E assim por que a noite é um mistério sem fim. Nada mais instiga a alma humana que os segredos noturnos. Também assim com os animais das matas e florestas, tomando-se por exemplo os hábitos noturnos de muitos e principalmente do lobo sempre uivando a sua pujante dor. Não seria o homem um ser que se revela noutro, e este mais sensível e temeroso, perante os escuros, os desconhecidos e os mistérios da noite? A verdade é que a escuridão sempre revela a nitidez da fragilidade humana. Tem-se o medo como prova maior.
Além desse misterioso manto que a tudo recobre, tem-se que a noite é um zoológico sem fim, é uma povoação sem tamanho de bichos e outros seres que vão muito além da imaginação. Zoológico terrível pelas espécies que habitam as selvas da escuridão e da imaginação. Povoação medonha pelo que fica à espreita nos invisíveis labirintos. Portas fechadas que vão se abrindo nas revelações surgidas, nas histórias, nos causos e proseados, bem como no medo comum do povo.
Que se tenha como verdade ou não, mas indiscutivelmente que a noite é dos bichos. E quanto mais noite sem lua, no breu dos escondidos, mas os bichos surgem ferozes, vorazes, ameaçadores, comilões. Que ninguém se atreva a caminha sozinho pelas encruzilhadas, debaixo dos tufos de mato, em meio aos despovoados escurecidos. Aí as mãos e as garras ocultas das medonhices. Que ninguém se atreva passar perto dos cemitérios, das casinhas de orações nas estradas, perante as cruzes fincadas em tristes motivos.


Seja de pelo ou de pata, seja com unhas apunhalas ou dentes de sangue, seja em espectro ou desconhecido manto, seja arrastando correntes ou vagando em lamentosos gemidos, seja em assombrações que aparecem e somem, seja em medonhices invisíveis ou através de atitudes inexplicáveis, fato é que o desconhecido sempre aparece e sempre envolve a noturna escuridão. Daí ser a noite esse portal de onde vão aparecendo as estranhezas do mundo - ou do outro mundo - tanto para instigar como para amedrontar ainda mais o ser humano. Contudo, ainda assim sempre querendo ser conhecidas.
Todo mundo tem medo, mas também todo mundo quer ter esse medo. Até inexplicável que tanto se deseje conhecer aquilo que amedronta, mas a verdade é que o ser humano sempre quer conhecer histórias de assombrações, coisas do outro mundo, de aparições do desconhecido, de fatos e situações de arrepiar os cabelos. Depois tem medo de sair ou ficar sozinho, de enfrentar qualquer situação ao menos parecida com o relatado, mas nunca foge da vontade de conhecer as histórias. E histórias da noite que vão sendo contadas dentro da noite, como cenário ideal para o deslumbramento do espantoso.
Quem já ouviu falar do lobisomem, da mula-sem-cabeça, do fogo-corredor, do cancão de fogo, da visagem, do cavaleiro da noite, da gemedeira, do homem que vira bicho, do carro que pisca e pisca e nunca sai do lugar, do cavalo de olhos de fogo, da menina de branco, do menino sorridente, da voz sem rosto, da vela acesa na beira da estrada e do gemido ao lado dela, da mortalha que de repente aparece quando alguém está passando, do bicho de duas cabeças e vinte patas, do morto-vivo, do fantasma da corrente, das muitas e múltiplas assombrações que persistem alimentando os medos?
Não são, contudo, apenas estes espectros que se enraizaram como os bichos da noite humana. Outros bichos existem que não são menos terríveis que aqueles de repente surgidos para o arrepio ou o grito. Há também o bicho feio da depressão, o bicho horrendo da dor, o bicho perigoso da angústia, o bicho horripilante da culpa, o bicho terrível da solidão. Para não falar da lágrima, do luto, da perda, da desvalia de tudo ante as fragilidades humanas.
Bichos da noite, na alma noturna, nos sentimentos, no íntimo dos seres, mas que também possuem garras, dentes afiados, que arrastam grilhões, que atacam para devorar. Tão destrutíveis são que muitos os temem mais que os lobisomens da noite sem lua.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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DESENHO DE LAMPIÃO FEITO POR


Francisco Davi Lima

Mas um desenho que eu fiz sobre o tema CANGAÇO, dessa vez ilustrando LAMPIÃO na sua famosa passagem em Juazeiro do norte CE em 1926.


Nessa época ele teria sido convocado para participar do batalhão patriótico de Juazeiro a mando do


 doutor Floro Bartolomeu que teria deixado a responsabilidade em nome do padre Cícero para receber o famoso cangaceiro.


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FOTO DE LUIZ NOGUEIRA FAZENDA VERMELHA

Por Robson Nogueira

Foto de Luiz Nogueira - Fazenda Serra Vermelha 1950, Filho de Zé Nogueira - Cunhado de Zé Saturnino e inimigo de Lampião. 

Foto facebook - página Leandro Oliveira

Esta foto foi pintada por um artista desconhecido na Vila de Serrinha, a 45 km de Serra Talhada. 


Ao seu lado encontra-se sua Esposa Bernadina Mariano de Siqueira, nascida na Vila de São Francisco, hoje sob as águas da Barragem de Serrinha.

Fonte: facebook
Página: Robson Nogueira

Ilustrado por José Mendes Pereira

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UM NOVO GOVERNO E UMA VELHA POLÍTICA PARA O SEMIÁRIDO


Por Saul Ramos de Oliveira

O atual governo ultrapassou 100 dias com pouco para se apresentar ao desenvolvimento da região semiárida. O Ministério da Agricultura, até agora, não mostrou um projeto ou estratégias para o desenvolvimento agrário da região, parece que os conflitos do ministério com a política externa levada a cabo pelo chanceler serão as maiores preocupações de Tereza Cristina por muito tempo.

Para o Semiárido, uma estratégia vem sendo desenvolvida e divulgada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) como uma possível alternativa para o desenvolvimento da região e melhoria de vida de seus habitantes, se trata da dessalinização das águas. Segundo o governo, convênios com Israel serão realizados para trazer tal tecnologia para o Brasil.

Recentemente, o ministro Marcos Pontes visitou o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), participou de debates sobre a proposta com várias autoridades e inaugurou o Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização (CTTD), na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Segundo o ministro, o centro testará maquinas de dessalinização nacionais e internacionais, também realizará convênios com outros ministérios para expor os resultados e trabalhar na extensão da técnica.

No entanto, a técnica de dessalinização de água não é novidade no Nordeste. Vários projetos dessa natureza já foram implantados e estão em funcionamento em vários estados. Mesmo o projeto não sendo uma novidade e o ministro sabendo perfeitamente disso, o governo não comenta muito sobre o passado da proposta, talvez para resguardar a áurea de “inovação” da mesma.

Embora o ministério tenha boa vontade, o projeto de dessalinização das águas se ampara em uma base frágil devido uma serie de fatores. 

Após 100 dias de governo, o MCTIC teve severos cortes em seu orçamento afetando a pesquisa brasileira de várias formas. Associado a isso, o governo emitiu uma noticia afirmando que haverá redução do número de concursos públicos para os próximos anos.

Diante de tais fatos, podemos perguntar; quem irá realizar as pesquisas
sobre a dessalinização das águas, uma vez que o governo não pretende contratar mais técnicos qualificados? Existem equipes técnicas treinadas e especializadas para se dedicar com mais empenho a esse projeto a nível regional? Com quais recursos as pesquisas irão se desenvolver?

Se as questões se estenderem para fora do MCTIC, pode se questionar; como será a articulação com os outros ministérios, em especial Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)? Existe uma meta planejada entre o MCTIC e o MDR? A extensão rural brasileira, em especial a nordestina, é totalmente sucateada e desfalcada em técnicos, logo, quem irá extensionar e supervisionar as estações de dessalinização nas comunidades rurais? São questões complicadas a serem respondidas pelo carismático ministro.

Embora chegue com ares de novidade e selo israelense de qualidade, a estratégia de dessalinização de água faz parte dos velhos pacotes de paliativos destinados ao semiárido. De velhas fórmulas mágicas de ‘’transformação’’ aregião está farta, o semiárido venceu todas elas.

Velhas políticas não servem mais. Até quando a falta de seriedade com semiárido nordestino? Não é disso que a região necessita, o que se precisa são reformas mais profundas, estratégias de convivência, etc. Programas técnicos que tenham como objetivo o uso das potencialidades da região, como a pequena irrigação, caprino-ovinocultura, uso de raças bovinas mais adaptáveis ao clima, culturas agrícolas de baixo consumo hídrico, etc.

Já existe uma série de estudos que mostram a eficácia das estratégias de convivência com a seca e o uso de tecnologias mais baratas. Não é mais novidade para ninguém que a política do combate à seca com seus milhões gastos anualmente é um total fracasso. Mas como dizia André Gide: ‘’Tudo já foi dito uma vez, mas como ninguém escuta é preciso dizer de novo’’.

Saul Ramos de Oliveira
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Horticultura Tropical, Doutorando em
Ciência do Solo.

Enviado pelo autor.

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