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sábado, 8 de dezembro de 2012

Sgtº Deluz, o matador do cangaceiro JURITI

Por: Alcino Alves Costa

Amâncio Ferreira da Silva era o verdadeiro nome do sargento Deluz. Nascido no  dia 11 de agosto de 1905, este pernambucano ainda muito jovem arribou para o Estado de Sergipe, indo prestar os seus serviços na polícia militar sergipana. Os tempos tenebrosos do banditismo levaram Deluz para o último porto navegável do Velho Chico, o arruado do Canindé Velho de  Baixo. Por ser um militar extremamente genioso, violento e perverso, ganha notoriedade em toda linha do São Francisco e pelas bibocas das caatingas do sertão.

O sanguinário sgtº Deluz

Dos tempos do cangaço ficou na história, e está  registrada no livro “Lampião em Sergipe”, o espancamento injusto que ele deu no pai de Adília e Delicado, o velho João Mulatinho, deixando-o para sempre aleijado.

O cangaceiro Juriti

Um de seus maiores prazeres era caçar ex-cangaceiro para matá-los sem perdão e sem piedade. Foi  o  que fez com Juriti, prendendo-o na fazenda Pedra D água e o assassinando de maneira vil e abjeta jogando-o em uma fogueira nas proximidades da  fazenda Cuiabá. 

Juriti ao centro

Morte de Deluz

Foi em virtude de desavenças com o seu sogro, o pai de  Dalva, sua esposa, que naquele dia 30 de setembro de 1952, quando  viajava de sua fazenda Araticum para o Canindé Velho de Baixo, se viu  tocaiado e morto com vários tiros. Morte atribuída ao velho pai de  Dalva, o senhor João Marinho, proprietário da famosa fazenda Brejo, no  hoje município de Canindé de São Francisco.

Alcino Alves Costa
O Caipira do Poço Redondo
Sócio da SBEC - Conselheiro Cariri Cangaço

http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5729810484028821692&cmm=624939&hl=pt-BR

O COMANDANTE DE UMA B-17 QUE VEIO DO RIO DE JANEIRO

Por: Rostand Medeiros

A HISTÓRIA DE UM CARIOCA DE CORAÇÃO, QUE COMBATEU NOS CÉUS DA EUROPA E CUJA A FILHA, NASCIDA NA CIDADE MARAVILHOSA, SE TORNOU ATRIZ DE HOLLYWOOD

Oscar Delgado O’Neill Junior
Oscar Delgado O’Neill Junior no comando de uma B-17 – Fonte – NARA

Em relação à participação de brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial, a primeira lembrança que surge para nós brasileiros é a da atuação da heroica Força Expedicionária Brasileira e a participação dos nossos pracinhas nos campos de batalha da Itália.

Sabemos que muitos dos que envergaram os uniformes do nosso exército na Europa eram filhos de imigrantes e honraram suas famílias e tradições.

Existiram outros filhos de imigrantes nascidos no Brasil, que deixaram nossa nação e lutaram ao lado das forças do Eixo. Outros tantos entraram nas fileiras dos exércitos de nações Aliadas.

Mas houve, por assim dizer, outra categoria de combatentes oriunda de nosso país durante aquele conflito. É a dos filhos de pais estrangeiros, que nasceram, ou não, no Brasil.

Normalmente estes jovens eram filhos de pessoas que representavam empresas com filiais em nosso país, ou de profissionais liberais estrangeiros que aqui abriram negócios nesta nossa bela terra tropical. Mas que não perderam totalmente seus vínculos com as suas respectivas pátrias.

Paisag
Paisagem do Rio de Janeiro na década de 1940

Muitos destes jovens estudaram em por aqui, ou tinham mães brasileiras, o que aumentavam enormemente seus vínculos com o nosso país. Tecnicamente eu não sei informar se estes jovens seriam enquadrados como “brasileiros natos”. Mas é certo que viveram entre nós, absolveram nossos costumes, nosso idioma, nosso jeito de ser e levavam para fora muito do nosso jeito tropical.

Nos antigos jornais cariocas temos a história de um deles.

A CAMINHO DA GUERRA

Este é o caso de Oscar Delgado O’Neill Junior, um jovem que certamente gostava muito do Rio de Janeiro.

Salvo informação em contrário, sabemos que seu pai, Oscar D. O’Neill, era oriundo de Porto Rico e casado com a Ada Lee O’Neill, sendo este casal bastante conceituado na sociedade carioca da época. Temos a informação que o Sr. O’Neill foi dirigente de uma instituição bancária e que aparentemente sua família morava na Rua Caning, número 31, no bairro de Ipanema, a cerca de 300 metros do mar.

Já sobre a juventude de Oscar Delgado O’Neill Junior, local onde estudou e outras informações, não temos maiores detalhes. Mas sabemos que após a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o jovem Oscar, então com 25 anos, se alistou na United States Army Air force – USAAF.

Seguiu para o treinamento na terra do Tio Sam, onde se tornou piloto de B-17, o famoso bombardeiro quadrimotor que ficou conhecido como Fortaleza Voadora.

Católico praticante, aqui vemos o cap. O'Neill (com o capacete de voo), ao lado de uma autoridade eclesiástica católica. Abaixo o texto do verso desta foto.
Católico praticante, aqui vemos o cap. O’Neill (com o capacete de voo), ao lado de uma autoridade eclesiástica católica. Abaixo o texto do verso desta foto – Fonte – NARA

Page 3a - Cópia

Após a fase de aprendizado O’Neill foi encaminhado  para servir na 8º Air Force, a grandiosa força de bombardeiros pesados da USAAF que ficava baseada na Inglaterra, de onde atacavam impiedosamente o coração do Reich alemão e todos os locais de importância estratégica para os nazistas.

No conjunto das unidades aéreas da 8º Air Force, O’Neill foi então designado para o 91th Bomb Group, com base na cidade de Bassingbourn, região de East Anglia, Leste da Inglaterra. No 91 th, O’Neill foi encaminhado para o Esquadrão Operacional 401, cujas as letras de identificação pintadas nas fuselagens dos B-17 eram “LL”.

O 91th Bomb Group foi um dos primeiros grupos de bombardeiros B-17 da USAAF a se instalar na Inglaterra. Começou a seguir para aquele país em 25 de outubro de 1942 e já em 4 de novembro realizou seu primeiro ataque. O alvo foi uma base de submarinos na cidade de Brest, na França.

A B-17 Memphis Belle
A B-17 Memphis Belle original – Fonte – NARA

Do 91th Bomb Group fazia parte a B-17 modelo F-10-BO, com número de série 41-24485, que ficaria mundialmente conhecida como “Memphis Belle”. Esta aeronave foi uma das primeiras Fortalezas Voadoras a completar 25 missões de combate com sua equipe intacta. O avião e sua tripulação então retornam aos Estados Unidos, realizando visitas em várias cidades do país para aumentar a venda de Bônus de Guerra com a sua história, Este B-17 também serviu de tema para dois filmes. O primeiro, rodado em 1944, era um documentário intitulado “The Memphis Belle: A Story of a Flying Fortress” e o segundo uma obra dramática de Hollywood de 1990, com o título “Memphis Belle”.

EM COMBATE

Cada missão é uma prova de fogo. A expectativa de retornar para a base não é elevada. As taxas de perdas em missões de combate sobre o continente são exorbitantes. Cerca de um em cada três tripulantes não sobrevivem, ou não completam a quota de 25 missões para retornar aos Estados Unidos.

O capitão Oscar O'Neill recebendo uma condecoração e o texto que existe no verso desta foto
O capitão Oscar O’Neill recebendo uma condecoração e o texto que existe no verso desta foto – Fonte – NARA

Page 2 - Cópia

O’Neill vai demonstrando extrema capacidade como comandante de B-17. Em 30 de dezembro de 1942, após lançar suas bombas sobre Lorient, França, o seu avião sofreu uma tremenda ação de combate realizada pelos caças da força aérea de Hilter, a famosa Luftwaffe.

O estrago no quadrimotor é grande, o motor numero 4 havia sido arrancado da asa, os instrumentos e o sistema elétrico deixaram de funcionar. Mesmo em condições tão extremas, O’Neill conseguiu atravessar o Canal da Mancha e aterrissar na Inglaterra.

Em 4 de março de 1943 o capitão O’Neill realizou uma missão de combate onde novamente os caças da Luftwaffe atacaram com toda força. Em dado momento uma B-17 de sua esquadrilha se encontrava bastante avariada e na eminência de cair. O capitão O’Neill então manobrou seu avião, trocando de lugar com a aeronave avariada, colocando-a em um posição mais defensiva. Pelo sangue frio e capacidade de comando, O’Neill foi condecorado com a DFC-Distinguished Flying Cross. Depois vieram as condecorações Air Medal e Oak Leaf Cluster.

Notícia da cerimônia de entrega de condecorações a família do capitão O'Neill no Rio de Janeiro
Notícia da cerimônia de entrega de condecorações a família do capitão O’Neill no Rio de Janeiro

Algumas destas condecorações foram entregues a sua família pelo adido aeronáutico militar dos Estados Unidos no Brasil, o coronel J. C. Selzer, em uma cerimônia ocorrida no Rio de Janeiro, no dia 26 de outubro de 1943. Estavam presentes a solenidade o embaixador Jefferson Caffery e várias autoridades brasileiras.

A razão da entregue destas medalhas a família do capitão O’Neill, foi pelo fato dele se encontrar prisioneiro dos alemães. O fato ocorreu em 17 de abril de 1943, durante um ataque a fábrica de aviões Focke-Wulf, na cidade de Bremen, Alemanha.

VOLTA A CIDADE MARAVILHOSA

O retorno de Oscar do campo de prisioneiros para o Rio de Janeiro ocorreu no dia 8 de agosto de 1945, onde desembarcou de um hidroavião “Clipper” da empresa Pan American World Airways. Junto ao aviador vinha a sua esposa Irene, uma inglesa com quem ele havia casado na cidade de Londres, após a sua libertação. Chamou a atenção do repórter do jornal carioca Diário da Noite, na edição de 8 de agosto de 1945, como o capitão O’Neill dominava fluentemente a língua portuguesa.

Descobrimos que após a guerra Oscar O’Neill Jr. teve participação em empresas controladas pelo seu pai no Brasil, como a O’Neill Ltda e a Perfumaria Vibour. Outro trabalho realizado por O’Neill no Rio de Janeiro foi na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, no setor de cultura desta representação diplomática.

Jennifer O'Neill
Jennifer O’Neill

Ainda no Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1948, nascia a sua filha Jennifer.

Em 1962 na família O’Neill decide se mudar para os Estados Unidos. Naquele mesmo ano a sua bela filha foi descoberta pela agência de modelos Ford e colocada sob contrato. Aos 15 anos, a jovem Jennifer O’Neill estava na capa das revistas Vogue, Cosmopolitan e Seventeen e ganhando US$ 80.000,00 somente em 1962. Logo a garota estava trabalhando como modelo em Nova York e Paris.

Diante de sua beleza, em 1968 a indústria do cinema chamou Jennifer para seu primeiro papel. Este foi no filme “For Love of Ivy”. Apesar de sua pequena participação, ela atraiu a atenção do diretor Howard Hanks, que em 1970 a contratou para estrelar “Rio Lobo”, onde Jennifer O’Neill contracenou com John Wayne. Seu grande momento foi no filme “Summer of ‘42”, que a tornou extremamente conhecida nos Estados Unidos.

Junto a sua aeronave e sua tripulação, vemos o capitão O'Neill, o terceiro agachado, da esquerda para a direita - Fonte - NARA
Junto a sua aeronave e sua tripulação, vemos o capitão O’Neill, o terceiro agachado, da esquerda para a direita – Fonte – NARA

Não sei se em sua biografia, “Surviving Myself”, a bela atriz Jennifer O’Neill comenta o fato de ter nascido no Brasil, ou alguma informação sobre a sua relação com nosso país. Mas nesta história me chamou a atenção o fato do seu pai, mesmo sem ter nascido no Rio de Janeiro, sempre fazia questão de apontar em documentos oficiais que esta era a sua cidade.

Rostand Medeiros

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Cocota: seresteiro que dá saudade

Por: Adélia Azevêdo
Seresteiro de Mossoró - Francisco de Almeida Lopes - Cocota

Nas décadas de 50 e 60, as noites mossoroenses eram embaladas pela voz marcante do seresteiro Cocota, que pelas ruas de Mossoró interpretava músicas românticas, satisfazendo os boêmios da noite e pessoas que, mesmo em casa, ouviam com prazer seu canto.

Com talento nato para a música, Cocota era frequentador do Bar Pinguim  e com voz e violão abrilhantava as noites da Mossoró de outrora, por ser amante das músicas românticas, sobretudo das canções de Lupicínio Rodrigues como “Nervos de Aço” e “Esses Moços”, famosas na década de 40 e gravadas nos anos 50 por cantores como Emilinha Borba, Ângela Maria e Cauby Peixoto.

Escritor Raimundo Soares de Brito

Segundo informações de José Messias Lopes, irmão de Cocota, fornecidas ao pesquisador Raimundo Soares de Brito, em 1979, Cocota é definido como “pessoa bastante relacionada nos meios boêmios como afamado seresteiro”. “Ele nunca gravou discos, era funcionário da Petrobras e cantava pelo prazer de cantar”, definiu o pesquisador Raimundo Soares de Brito, que tem preservada em acervo a história do povo desta terra de Santa Luzia.

Um fato marcante ocorrido na história de Cocota foi durante a visita do cantor Vicente Celestino, famoso nos anos 50.

Vicente Celestino

Na ocasião o cantor refugiou-se no Grande Hotel, recusando o assédio dos fãs, mas não resistiu ao canto de Cocota e curvou-se na janela, contemplando a expressão do seresteiro mossoroense.

Em 12 de fevereiro de 1961, Cocota foi assassinado a tesouradas, aos 26 anos de idade, em Mossoró, por motivos até hoje mal definidos.

Como forma de preservar na memória do povo mossoroense a personalidade marcante do seresteiro, familiares de Cocota, unidos a amigos e populares, tiveram a iniciativa de homenageá-lo com a criação da Praça dos Seresteiros, às margens do Rio Mossoró.

Carlos André - cantor mossoroense

O irmão Ozéas Lopes, do Trio Mossoró, homenageou Cocota na composição Praça dos Seresteiros, destacando 

“Mossoró ainda chora
Com saudade do seu cantador
Quantas noites de seresta
quantas festas ele animou
Sua voz, que beleza!
Era como bem-te-vi
Cantava para todos nós
Dava gosto a gente ouvir...”

Hoje, 40 anos (50 anos) depois, Cocota está eternizado na memória do povo de Mossoró, como seresteiro de timbre inesquecível, mas a Praça dos Seresteiros ainda deixa muito a desejar.


Até hoje, início do novo milênio, infelizmente não foi edificado estátua de Cocota, como forma de eternizar essa personalidade marcante da década de 50 em Mossoró.

Fica nesta reportagem a indignação pelo descaso à memória de Cocota e à Praça dos Seresteiros.

http://www2.uol.com.br/omossoroense/2101/cultura.htm 

Semana dedicada ao rei do baião - Luiz Gonzaga e Lampião

Por: Arievaldo Viana

A figura lendária de Lampião fascinava Luiz Gonzaga desde a infância. Em meados da década de 1920, quando o Rei do Cangaço passou com seu bando pela Serra do Araripe rumo a Juazeiro do Norte, o futuro Rei do Baião desejou ardentemente conhecer o temível bandoleiro e, quem sabe, tocar algumas músicas para a cabroeira dançar.

Sentados: Santana e Januário

O velho Januário, mais sensato e comedido, resolveu ouvir os apelos de Santana e foi se refugiar no mato com a família, com medo dos cangaceiros. Outras famílias fizeram o mesmo.

Procuro os descendentes (netos, bisnetos e tataranetos) de “pai Januário” e de “mãe Santana”, 
os parentes do rei do baião!

Se estabeleceram sob uns pés de oiticica, fizeram um foguinho de trempe para cozinhar o feijão e esquentar o café, enquanto as coisas se acalmassem. 

Família Januário

O que aconteceu a seguir, eu descrevo em cordel, trechos de um livro que acabo de lançar pela coleção “Do Nordeste para o mundo”, coordenada por Arlene Holanda, intitulado “Luiz Gonzaga, o embaixador do sertão”. A obra, vencedora de um prêmio literário promovido pela Secult, acaba de ser lançada pela Editora Íris.



O EMBAIXADOR DO SERTÃO (trechos)

Certa feita Lampião
Passou lá no povoado
O povo da região
Ficou muito apavorado,
Seguia pra Juazeiro
O cangaceiro afamado.

As famílias se esconderam
Com medo de Lampião
Januário e sua gente
Arrumaram o matulão
E foram se esconder
Sob um pé de “sombrião”.

Passados então dois dias
O Gonzaga disse assim
Eu vou lá no povoado
Ver se a coisa está ruim
Eu vou e volto escondido
Podem confiar em mim.

Nisto o velho Januário
Que admirava a coragem
Lhe disse: – Vá com cuidado
Pela margem da rodagem
Observe o movimento
E faça breve viagem.

Luiz foi, observou,
Lampião tinha saído,
Ele que era travesso
Um molequinho enxerido

Voltou em grande carreira
Fazendo um grande alarido:
  
- Corre gente! Corre tudo
Que Lampião vem chegando!!!
Com mais de cinqüenta cabras
Já vem se aproximando!
Foi enorme a correria
E a meninada chorando.

A rir dessa confusão
Gonzaga então começou;
Mas o velho Januário
Daquilo desconfiou
E devido a brincadeira
Um castigo ele levou.

Luiz Gonzaga, Mãe Santana, Rosinha, Pai Januário e Dona Helena
fabiomota1977.wordpress.com

Foi uma surra e tanto, conforme o próprio Gonzaga declarou mais tarde ao escritor Sinval Sá, autor de “O sanfoneiro do Riacho da Brígida”, a primeira biografia do ‘Lua’, publicada em Fortaleza em 1966.

Os 07 Gonzagas: Aloísio, Socorro, Luiz Gonzaga, seu Januário, Severino Januário, Zé Gonzaga e Chiquinha Gonzaga.

A roupa dos cangaceiros, aqueles chapéus de couro vistosos, cheios de medalhas e penduricalhos era o que mais fascinava o menino Gonzaga. Por isso, depois de consolidar sua música e projetar-se em todo o Brasil, Luiz Gonzaga cismou de se apresentar na Rádio Nacional vestido de cangaceiro, o que lhe valeu uma séria advertência do diretor Floriano Faissal. Advertência não, proibição sumária.

Mas Gonzaga era teimoso e continuou usando o seu chapéu de cangaceiro nas capas dos discos, nas fotos promocionais e em tudo que era show onde se apresentava. Sua persistência prevaleceu e o figurino incorporado por ele passou a ser imitado por quase todos os cantores do gênero que surgiram nas décadas de 1950 a 1970.

Arievaldo Viana
Texto publicado na revista Nordeste Vinteum

Fotos do site:
 http://fabiomota1977.wordpress.com

http://Cariricangaço.blogspot.com

Mais um clássico relançado - Luiz Gonzaga na poesia de Zé Praxedi

Por: Leide Câmara

Zépraxédi (O Poeta Vaqueiro) ao escrever “Luiz Gonzaga e outras poesias“ jamais pensou que entraria para história como autor da primeira biografia em versos do Rei do Baião. E disse bonito, bem ao seu estilo de poeta, que tão bem conhecia o Nordeste, Luiz Lua Gonzaga, o sertão, seu povo e sua gente. Com prefácio de 

Câmara Cascudo

Luiz da Câmara Cascudo e com o apoio de outro potiguar, João Café Filho (Vice-Presidente da República), a obra foi publicada pela Continental Artes Gráficas, de São Paulo/SP, em 1952. 

Café Filho

Praxédi parecia adivinhar que  o ícone que Luiz Gonzaga mais tarde se tornaria, pois em seu última estrofe do  poema biografia finaliza assim “...


Mas o TITO, que me abrange, minha arma, meu coração, foi dado pelo povo da praça e do meu sertão. É a voz do meu Brazí: GONZAGA O REI DO BAIÃO”. E foi mesmo consagrado pelo povo como a maior expressão da música nordestina. Luiz criou um estilo ao se caracterizar com a indumentária do nordestino e cangaceiro em suas apresentações. Transformou costumes com o xote e o baião e fez mudanças para estória da música brasileira divulgando o Nordeste e nacionalizando o forró. Imortalizou a trilogia do baião.

O Sebo Vermelho, leia-se Abimael Silva, para comemorar o centenário de nascimento do Rei do Baião (13 de dezembro de 1912 – 13 de dezembro de 2012) publicou uma edição Fac-similar do livro de Zépraxédi (O Poeta Vaqueiro) “Luiz Gonzaga e outras poesias”, uma obra rara que tem sessenta anos. O livro chegará a mãos de apreciadores tanto de Luiz Gonzaga quanto de Zé Praxédi.



ZÉ PRAXEDI - Capa de LP

Uma memória  histórica

José Praxedes Barreto nasceu na Fazenda Espinheiro, Angicos (RN), em 15 de novembro de 1916 e faleceu no Rio de Janeiro em 16 de março de 1982. Compositor, intérprete, escritor, poeta, radialista, cordelista e jornalista (filiado a Associação Brasileira de Impressa - ABI/RJ em 1955). Era o primeiro dos seis filhos do casal Francisco Praxédes Barreto (nasceu em Martins/RN e faleceu em Currais Novos/RN) e Maria Segunda Praxédes Barreto (nasceu em Martins/RN em dezembro de 1900 e faleceu em Natal/RN em 23 de junho de 1975). José Praxédes casou em 1941 com Hilda Pinheiro Barreto, com quem teve um único filho, José Praxédes Barreto Júnior (Bahia/BA em 09 de novembro de 1947) que reside no Rio de Janeiro. 

Zé Praxedes foi morar no Rio de Janeiro em 1950 e no ano seguinte, com o patrocínio de João Café Filho, ele e Luiz Gonzaga fizeram uma consagradora apresentação no Teatro Copacabana.

Foi contratado pela Rádio Nacional, onde apresentou por muitos anos o Programa “Sertão é assim”, todos os dias às 6 horas da manhã, era um momento em que os Nordestinos ausentes conseguiam matar a saudade de sua gente. O programa dava grande audiência e isso foi muito importante para conseguir patrocinadores e mantê-lo no ar.

Fonte: Sebo Vermelho

O livro tem 85 páginas. Está saindo ao preço de R$ 24,00(Vinte e quatro reais) com frete incluso. Onde comprar?Com nosso revendedor oficial Professor Pereira através do E-mail franpelima@bol.com.br ou pelos tels. (83) 9911 8286 (TIM) - (83) 8706 2819 (OI).

http://lampiaoaceso.blogspot.com

Natal

Por: Luiz Nogueira(*)
Luiz Nogueira Barros
Médico

Caros amigos: não poderia deixar de lembrá-los neste final de ano. como não teria muito alhea oferecer, pensei, então, em algo que sempre fez parte das nossas ansiedades e alegrias de cada final de ano. E esta velha crônica me pareceu interessante para hes enviar. Minhas desculpas, se for  caso, e bom final de ano para todos......Luiz Nogueira Barros.

O futuro é apenas um projeto, em nossas cabeças; o presente é essa luta de resultados imprevisíveis, algumas vezes, e, finalmente, o passado é aquele tempo indispensável que julgávamos morto - e por isso um refúgio mais seguro...


NATAL: tema para adorar Leão e adorar Menino!

Tem sido assim: nascemos, crescemos e nos fazemos homens. E mais das vezes homens endurecidos pelas agruras da existência. Urge tudo ao nosso redor: a inocência, a juventude, o despertar, o estudar, o crescer e, finalmente, o encontrar o espaço da nossa realização. E aos poucos vamos passando de cordeiros a leões, que a vida exige assim. Do contrário, numa esquina qualquer da selva do mundo, seremos devorados. E principalmente depois que transportaram a lei da selva para a sociedade humana, num passe de mágica, para que se atendesse à sobrevivência do mais apto, pecado manipulado com uma frieza que choca os mais inocentes projetos de uma vida fraterna sobre o planeta.
    
Enfim, leões endurecidos pela existência sacudimos a juba empoeirada nos caminhos e urramos bem alto a que viemos. E nem sempre o que urramos é fruto dos nossos melhores sonhos, das nossas melhores conclusões, senão, por vezes, as sobras de experiências angustiadas. Poucos, e entre eles os santos, os filósofos e os sábios, conseguem ter apascentados os seus piores instintos. E por isso a média geral do comportamento humano pende mais para a falta de fraternidade universal, tal o quadro de horror e guerras instalado no planeta, ou convulsões sociais nesse meridiano ou naquele paralelo - linhas que dividem a humanidade em ilhas ora de angústias e ora de felicidades, feliz ou infelizmente.
    
Mas eis que é Natal! Como se fossem uma chave mágica os sininhos tocam aquela musiquinha que aos poucos vai abrindo os nossos corações. As luzes piscam, multicoloridas, em seus arranjos sobre as pequeninas e também sobre as grandes árvores de Natal. Estou nas ruas, nos shoppings, nas lojas e em todos os lugares observando os homens, esses leões endurecidos mas agora com um olhar descontraído. E como o homem é o único animal que sabe rir também rio e recebo risos de cumprimentos. E ouço as mesmas frases da infância:

- Boas Festas e Feliz Ano Novo!
    
Respondo o mesmo, também descontraído. E percebo a força mágica de tais palavras mesmo passados todos esses anos. E chego a pensar:
   
- Os homens ainda não se lembraram de que o Natal poderia ser o momento mais propício para a solução do gravíssimo problema da falta de fraternidade?...
    
E me sinto um tolo, um leão que perdeu a ferocidade. Prossigo entre as pessoas, ávido por lhes dizer mais coisas. Ávido por lhes falar sobre a minha conclusão sobre o Natal. Mas elas estão muito ocupadas, fazendo compras, rindo, desejando boas festas e feliz ano novo, sobrecarregadas de pacotes de presentes. Decido-me por esperar a noite chegar, quando estaremos reunidos. E penso:

- Melhor durante a noite! Teremos mais tempo para uma conversa. Mas vem a noite e as pessoas continuam ocupadas com brindes, comidas, abraços, taças de champanhe e vinho, inebriadas pela musiquinha dos sininhos. Descubro que não consigo lhes falar sobre as minhas conclusões. E passo a ver no Natal um velho tema: tema para domar leão e adorar menino! E logo me sinto como um velho leão domado adorando O Menino Jesus - motivo da festa de Natal.
    
A musiquinha dos sininhos enche os meus ouvidos. As pessoas passam, tontas de alegria e de champanhe.     

Também bebi um pouco e estou tonto. Confundo as coisas sobre as quais desejava falar. E decido-me por esperar o próximo Natal!

Luiz Nogueira Barros

(*)Nascido em Pão de Açúcar - Médico, formado pela Faculdade de Medicina da UFAL, em 1963. ´Também e pesquisador do cangaço.

Semana dedicada a Luiz Gonzaga - Adelmario Coelho em Exu - PE

Luiz Gonzaga

Adelmario Coelho vai a terra de Gonzagão comemorar o centenário do Rei do Baião

Dia 13, data exata da comemoração do nascimento do Rei do Baião, Adelmario Coelho desembarca em Exu – PE para celebrar o centenário de Luiz Gonzaga. A festa acontece no Parque Asa Branca, a partir das 20h.

Adelmario Coelho

Para o forrozeiro, que segue os passos do velho Lua, preservando em suas apresentações a cultura do povo nordestino, é um prazer e honra poder participar desse evento: “Fiquei muito feliz quando recebi o convite para esse grande festejo, principalmente esse ano, que é especial para todo o povo sertanejo. Luiz Gonzaga é uma referencia para o meu trabalho e comemorar seu centenário é motivo de grande alegria” afirma o artista.

Durante todo o ano o Rei do Baião foi homenageado pelo cantor. Além desses shows especiais em Exu e Entre Rios, Adelmario também lançou o CD Abrindo o Baú de Luiz Gonzaga, onde apresenta ao público as canções menos conhecidas desse saudoso artista.

Enviado por:
comunicacao@grupocoelho.com

Semana dedicada a Luiz Gonzaga - LUIZ GONZAGA 100 ANOS

Por: Kydelmir Dantas(*)

- Eterno Cantador -

Precisamente a 13 de dezembro de 1912 nascia o 2º filho de 

Santana e Januário

Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus  Batizado na Matriz do Exú-PE no dia 5 de janeiro de 1913, pelo Pe. José Fernandes Medeiros que sugeriu o nome do menino nos seguintes termos: 

Luiz Gonzaga

LUIZ, por ter nascido no dia de Santa Luzia, GONZAGA, devido o nome  completo de São Luiz ser Luiz Gonzaga e DO NASCIMENTO, por ser o mês do nascimento de Jesus  O menino cresceu sadio e danado de sabido, vindo a se tornar o maior sanfoneiro do pé da serra do Araripe, depois do Brasil e, quiçá, do Mundo.

Chapada do Araripe - jbantim.blogspot.com
  
“Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e Santana. Gostaria que lembrassem muito de mim; que esse Sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os Padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor.”  (Luiz Gonzaga).

Aproveitando as palavras deste, apresentaremos algumas músicas menos conhecidas, porém tão bonitas como foram os seus maiores sucessos, onde cantou os seguintes temas:

O POVO:
Boiadeiro (Armando Cavalcante - Klécius Caldas)
Sanfona do Povo (Luiz Guimarães - Helena Gonzaga)
Tropeiros da Borborema (Rosil Cavalcanti)

O SERTÃO:
No meu pé-de-serra (LG/HT)
Acordo às quatro (Marcondes Costa)

AS AVES:
Asa Branca (HT/LG)
Sabiá  (Zé Dantas/LG)

OS ANIMAIS:
O Jumento Nosso Irmão ( LG/José Clementino)
Marimbondo (José Marcolino/LG)

OS PADRES:
Padre Sertanejo (Pantaleão - Helena Gonzaga)
Viva meu Padrim (João Silva/LG)
Frei Damião (Jandhuy Finizola)

OS CANGACEIROS:
Xaxado (LG/Hervê Cordovil)
Lampião, era besta não! (Solange Veras/LG)

OS RETIRANTES:
A Triste Partida (Patativa do Assaré) - Gonzagão e Gonzaguinha.
Documento de Matuto (Paulo Patrício)

OS VALENTES:
Paraíba (HT/LG)
Coronel Pedro do Norte (Nélson Valença)
Vozes da Seca (Zé Dantas/LG)

OS COVARDES:
Casamento Improvisado (Rui de Moraes e Silva)
Ou casa, ou morre (Elias Soares)

O AMOR:
Sala de Rebôco (Zé Marcolino/LG)
Respeita Januário (LG/HT)
Hora do Adeus (Luiz Queiroga - Onildo Almeida)
Viva o Rei (José Amâncio - Zé Gonzaga).

AS MULHERES:
Dança Mariquinha (Humberto Teixeira/LG)
Xanduzinha (Zé Dantas/LG)
Orélia (Humberto Teixeira)
Mariana (Gonzaga Jr/Gonzagão) = Homenagem a filha e neta.

AS BANDAS DE MÚSICA:
Bandinha de Fé (Hildelito Parente)
O Corêto da Pracinha (Altamiro Carrilho - Ribeiro Valente)
Carapeba (Luiz Bandeira - Julinho)

A ECOLOGIA :
Erosão (W. Santos/T. Souza)
Xote Ecológico (Agnaldo Batista/Luiz Gonzaga)
Renascença (Onildo Almeida – Celso da Silveira)

Além de Corneteiro, o famoso “bico-de-aço”, Soldado 728, do 23º BC em Fortaleza e do 25º BC em Teresina, ainda foi músico da Banda do 12º R.I. do Exército em Juiz de Fora - MG, tocando sanfona na Jazz Band do seu Batalhão, em Ouro Fino-MG.

Perguntado, certa vez, se lhe apresentassem como opção escolher apenas 3 músicas para cantar o resto de sua vida, ele assim respondeu:
- Asa Branca (LG/Humberto Teixeira)
- Respeita Januário ( LG/HT)
- A Triste Partida (Patativa do Assaré).

Inspirado neste depoimento acima fizemos o poema que se segue:

DERNA DE 1.912!!!

É  LUA, é sol, é sertão,
É caatinga, fauna e flora.
É a maior expressão
Do Nordeste, mundo afora.

É sanfona, triângulo e zabumba,
É luz para os que aí estão.
Vaquejada, Cantoria e Boi-Bumba,
XAXADO, Xote e BAIÃO.

É a MISSA DO VAQUEIRO,
As festas de São João.
ASSUM PRETO, BOIADEIRO,
É ave de arribação.

É a saudade presente;
No SANGUE DE NORDESTINO.
É  ASA BRANCA, no céu,
Que cumpriu o seu destino.

É recordação que vive,
Em todos trabalhos seus.
Que inspira teus seguidores,
SANFONEIRO DO POVO DE DEUS !
(Nova Floresta-PB, 28 de Junho de 1.994)

(*) Pesquisador, escritor e  poeta. De Nova Floresta – PB, radicado em Mossoró – RN.

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Mexendo o Pirão

De: Adriano Marcena

Serviço: Lançamento


Mexendo o Pirão: importância sociocultural da farinha de mandioca no Brasil holandês (1637-1646)
Tema: História da alimentação
Páginas: 160
Local de lançamento: Mercado da Boa Vista – Recife-PE
Data: 15 de dezembro de 2012 (sábado)
Horário: 10h
Preço do livro: R$ 20,00. 

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