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sábado, 8 de dezembro de 2012

Natal

Por: Luiz Nogueira(*)
Luiz Nogueira Barros
Médico

Caros amigos: não poderia deixar de lembrá-los neste final de ano. como não teria muito alhea oferecer, pensei, então, em algo que sempre fez parte das nossas ansiedades e alegrias de cada final de ano. E esta velha crônica me pareceu interessante para hes enviar. Minhas desculpas, se for  caso, e bom final de ano para todos......Luiz Nogueira Barros.

O futuro é apenas um projeto, em nossas cabeças; o presente é essa luta de resultados imprevisíveis, algumas vezes, e, finalmente, o passado é aquele tempo indispensável que julgávamos morto - e por isso um refúgio mais seguro...


NATAL: tema para adorar Leão e adorar Menino!

Tem sido assim: nascemos, crescemos e nos fazemos homens. E mais das vezes homens endurecidos pelas agruras da existência. Urge tudo ao nosso redor: a inocência, a juventude, o despertar, o estudar, o crescer e, finalmente, o encontrar o espaço da nossa realização. E aos poucos vamos passando de cordeiros a leões, que a vida exige assim. Do contrário, numa esquina qualquer da selva do mundo, seremos devorados. E principalmente depois que transportaram a lei da selva para a sociedade humana, num passe de mágica, para que se atendesse à sobrevivência do mais apto, pecado manipulado com uma frieza que choca os mais inocentes projetos de uma vida fraterna sobre o planeta.
    
Enfim, leões endurecidos pela existência sacudimos a juba empoeirada nos caminhos e urramos bem alto a que viemos. E nem sempre o que urramos é fruto dos nossos melhores sonhos, das nossas melhores conclusões, senão, por vezes, as sobras de experiências angustiadas. Poucos, e entre eles os santos, os filósofos e os sábios, conseguem ter apascentados os seus piores instintos. E por isso a média geral do comportamento humano pende mais para a falta de fraternidade universal, tal o quadro de horror e guerras instalado no planeta, ou convulsões sociais nesse meridiano ou naquele paralelo - linhas que dividem a humanidade em ilhas ora de angústias e ora de felicidades, feliz ou infelizmente.
    
Mas eis que é Natal! Como se fossem uma chave mágica os sininhos tocam aquela musiquinha que aos poucos vai abrindo os nossos corações. As luzes piscam, multicoloridas, em seus arranjos sobre as pequeninas e também sobre as grandes árvores de Natal. Estou nas ruas, nos shoppings, nas lojas e em todos os lugares observando os homens, esses leões endurecidos mas agora com um olhar descontraído. E como o homem é o único animal que sabe rir também rio e recebo risos de cumprimentos. E ouço as mesmas frases da infância:

- Boas Festas e Feliz Ano Novo!
    
Respondo o mesmo, também descontraído. E percebo a força mágica de tais palavras mesmo passados todos esses anos. E chego a pensar:
   
- Os homens ainda não se lembraram de que o Natal poderia ser o momento mais propício para a solução do gravíssimo problema da falta de fraternidade?...
    
E me sinto um tolo, um leão que perdeu a ferocidade. Prossigo entre as pessoas, ávido por lhes dizer mais coisas. Ávido por lhes falar sobre a minha conclusão sobre o Natal. Mas elas estão muito ocupadas, fazendo compras, rindo, desejando boas festas e feliz ano novo, sobrecarregadas de pacotes de presentes. Decido-me por esperar a noite chegar, quando estaremos reunidos. E penso:

- Melhor durante a noite! Teremos mais tempo para uma conversa. Mas vem a noite e as pessoas continuam ocupadas com brindes, comidas, abraços, taças de champanhe e vinho, inebriadas pela musiquinha dos sininhos. Descubro que não consigo lhes falar sobre as minhas conclusões. E passo a ver no Natal um velho tema: tema para domar leão e adorar menino! E logo me sinto como um velho leão domado adorando O Menino Jesus - motivo da festa de Natal.
    
A musiquinha dos sininhos enche os meus ouvidos. As pessoas passam, tontas de alegria e de champanhe.     

Também bebi um pouco e estou tonto. Confundo as coisas sobre as quais desejava falar. E decido-me por esperar o próximo Natal!

Luiz Nogueira Barros

(*)Nascido em Pão de Açúcar - Médico, formado pela Faculdade de Medicina da UFAL, em 1963. ´Também e pesquisador do cangaço.

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