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quinta-feira, 3 de maio de 2018

NAS ASAS CHUVOSAS DO MARIBONDO

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de maio de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.893

Quem trafega da região de Santana do Ipanema (Sertão) para Maceió, via Palmeira dos Índios, sempre comenta: “pequei chuva em Maribondo”, (Agreste). Mas o que faz chover tanto em Maribondo? Primeiro vamos passar a vista no quadro abaixo, segundo Elian Alabi Lucci.
Feira do milho em Maribondo. Foto (B. Chagas).
Os três principais tipos de chuvas são:
De convecção: que ocorrem devido ao movimento ascendente do vapor d’água que, ao entrar em contato com camadas mais frias, condensa-se e se precipita. Estas chuvas costumam ser violentas e abundantes, próprias de regiões tropicais e equatoriais, onde a evaporação é intensa, em virtude do forte aquecimento que elas sofrem.
Ciclônicas: Surgem em virtude do contato entre frentes quentes e frias. Este tipo de chuva é típico dos países de clima temperado.
De relevo: que têm origem graças à condensação do vapor d’água e a consequente precipitação pelo contato das nuvens com o ar mais frio das regiões de maior altitude. Nas vertentes contrárias, as mais regadas por este tipo de chuva, o ar apresenta-se bastante seco, provocando maior aridez. Um exemplo disto é o que ocorre no sertão nordestino devido ao anteparo montanhoso representado pelo planalto da Borborema.
Maribondo, portanto, recebe chuva de relevo também chamada orográfica, quase o ano todo. Essas chuvas daquele município que permitem criação de gado nas encostas e milho verde o ano inteiro, são provocadas pelas suas montanhas.
Mas também, seguindo a mesma BR-316, existe uma faixa no município de Dois Riachos onde menos chove. Essa faixa em linha reta vai sair nas proximidades de Jaramataia, na linha Batalha – Arapiraca, que por certo faz parte desse fenômeno particular e até agora ainda não estudado.
Além desta apresentação para universitários, chamamos atenção para pesquisadores que possuem recursos os mais diversos e que podem se interessar pelo tema, que tem tudo a ver com a dinâmica dos ventos.
Ê comadre! É comer buchada em Dois Riachos e milho assado em Maribondo.


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COMO NOS TEMPOS DE MENINO

*Rangel Alves da Costa

De repente me vi com uma vontade danada de tomar banho de biqueira, assim como fazia nos meus tempos de meninice. Amanheceu em chuvarada, chuva forte, batendo no telhado e descendo em deliciosa e providencial cachoeira. Nem pensei duas vezes. Joguei as roupas de lado e caí na molhação.
No meu tempo de menino sertanejo não deixava passar uma chuvarada e logo corria para as calçadas em busca de biqueiras. A meninada em festa pulava de canto a outro, enquanto alguns se danavam a correr nus pelo meio das ruas, a se jogar de barriga pelas calçadas lisas ou simplesmente se enlamear nas muitas poças que se formavam.
Também era costume depois descambar para os lados do riachinho e de lá só sair quando chegava alguém avisando que a chinela estava esquentando em casa. Mas as águas do riachinho só prestavam ao banho se há dois ou três dias já tivesse chovido forte nas cabeceiras e as águas sujas já tivessem dado lugar às águas novas. E também não havia a imundície e a devastação que hoje se observa em todo o seu leito.
Desse modo, o banho de biqueira sintetiza não só uma prática sertaneja como uma doce recordação da infância. Naqueles idos, quando o telhado da maioria das casas descia um pouco além da parede da frente e geralmente os moradores colocavam canos abertos ou calhas para conter as águas de chuva, dos cantos descia um verdadeiro aguaceiro. Era ali que a meninada se juntava para o banho festeiro.
Residências havia que a encanação era interior e com uma abertura na própria parede da frente. Quando a chuvarada era forte dali também jorrava a água tão desejada pela molecada no seu encantamento sertanejo. Ora, era prazer de criança e maravilhamento diante de tanta água escorrendo num sertão marcado pelas secas devastadoras. Talvez por isso mesmo, pelo encantamento também envolvendo os pais, que os filhos podiam se esbaldar debaixo da molhação.


Tempos bons estes de chuvaradas e biqueiras nos idos do meu sertão. Não sei se as crianças de hoje ainda se deleitam com banhos de biqueiras. Talvez apenas alguns, nas ruas mais afastadas, longe dos olhares diferenciados de hoje em dia. Tomar banho nu e correr pelas ruas como veio ao mundo nem pensar. Os tempos são outros e a nudez infantil já não é vista na mesma perspectiva de antigamente. Sempre há uma maldade espreitando ao redor.
Hoje pude reviver um pouco desse passado. Não só tomei banho de biqueira no quintal, como o fiz como se estivesse distante. Esperei a chuva cair o suficiente para lavar o telhado e então me deixei molhar sem pressa, sentindo no corpo um prazer antigo. Um prazer menino, um deleite de quem não esqueceu o passado.
Só mesmo a chuva para salvar o banho nestes dias de total ausência de água nas torneiras. O sol estava quente demais, o calor insuportável, as pessoas evitando até sair de suas casas. A cidade está mais vazia por causa disso. E se não fosse essa chuva do amanhecer, não sei como seria o restante do dia sem sequer um balde d’água para enganar o corpo sempre suado. Pelas informações repassadas, só mesmo a partir de amanhã que os pingos voltarão. Mas água de verdade só mesmo ao final do mês.
Por isso que me agrada observar que o tempo continua nublado. Se voltar a chover mais forte não vou nem pensar duas vezes em procurar o chuveiro ao ar livre. Como me agrada ser novamente menino depois de tantos anos. E como gostaria que o menino estivesse debaixo das biqueiras das casas humildes do meu sertão.
Mas, enfim, a vida, o tempo. E essa outra chuva que se forma na nuvem dos olhos. E essa outra chuva caída como enxurrada de saudade, de nostalgia, de doce e cativante recordação.

Escritor
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ASCRIM/PRESIDENCIA – REITERAMENTO DO CONVITE/CONVOCAÇÃO AGE-009/2018, DE 09.04.2018 - OFÍCIO Nº 020/2018


MOSSORÓ(RN), 02.05.2018.
EXCELENTÍSSIMO(A)S EXPOSITORES E DEBATEDORES
 RECEBES ESTE EXPEDIENTE PORQUE A ASCRIM O(A)VALORIZA E RESPEITA, PELO ALTO NÍVEL INTELECTUAL DE QUEM TEM O PRESTÍGIO DE SER ASSIM CONSIDERADO(a).’ 

1ª TURMA DE EXPOSITORES DO I FOPHPM 1ª ETAPA1ª, EXCELENTÍSSIMO(A)S,: 
DR.GERALDO MAIA DO NASCIMENTO-HISTORIADOR/PESQUISADOR
DR.JOSÉ ROMERO DE ARAÚJO CARDOSO- HISTORIADOR/PESQUISADOR

1ª TURMA DE DEBATEDORES DO I FOPHPM1ª ETAPA, EXCELENTÍSSIMO(A)S:
DR.BENEDITO VASCONCELOS MENDES-PRES.MUSEU SERTAO
DR.ELDER HERONILDES DA SILVA-PRESIDENTE AMOL
DR.FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO-PRESIDETE ASCRIM
DRA.LUDIMILLA C. SERAFIM DE OLIVEIRA-1ª SECRETÁRIA/ASCRIM
DRA.MARIA GORETTI ALVES DE ARAUJO-DIR.EVENTOS ARTÍSTICOS
DR.RICARDO LOPES-FOTÓGRAFO
DRA.TANIAMÁ VIEIRA BARRETO DA SILVA-PRESIDENTE ALAM
DR.WILSON BEZERRA DE MOURA-COORDENADOR COMFOPHPM


2ª TURMA DE EXPOSITORES DO I FOPHPM 2ª ETAPA EXCELENTÍSSIMO(A)S.:
 DRA. MARIA CONCEIÇÃO MACIEL FILGUEIRA:ESCRITORA E REPRESENTANTE DO INSTITUTO H.GEOGRAFICO DO RN
DR. DAVID DE MEDEIROS LEITE: ESCRITOR E PESQUISADOR

2ª TURMA DE DEBATEDORES DO I FOPHPM 2ª ETAPA, EXCELENTÍSSIMO(A)S:
DRA. FATIMA BEZERRA - SENADORA
DR. CARLOS A. S. ROSADO JUNIOR - DEPUTADO FEDERAL
DRA. LARISSA ROSADO - DEPUTADA ESTADUAL
DRA. ROSALBA CIARLINE ROSADO, PREFEITA DE MOSSORÓ
DRA. IZABEL MONTENEGRO – PRESID. CMM
DR. CANINDÉ MAIA - PRESIDENTE OAB/MOSSORÓ
DRA.ZILENE MARQUES DE MEDEIROS – PRES.CONGLOMERADO TCM
DR.PEDRO FERNANDES – REITOR UERN
DR.CARLOS EDUARDO DANTAS GOMES-CHEFE IBGE LOCAL
DR.FLÁVIO TÁCITO DA SILVA VIEIRA-VEREADOR-CMM
DR.JOSÉ LACERDA ALVES FELIPE-DOUTOR EM GEOGRAFIA/UFRN
DR.JOSÉ WELLINGTON BARRETO-PRES.ACJUS
DR.ORMUZ BARBALHO SIMONETTI- PRESIDENTE/IHGRN
DR.ANTÔNIO ALVES CLAUDER ARCANJO-PRESIDENTE ICOP
DR.TARCÍSIO GURGEL – ESCRITOR MOSSOROENSE
  OS SENHORES, CONSAGRADOS NA ÁREA EM QUE ATUAM, FOMENTANDO A PRESERVAÇÃO DA CULTURA HISTÓRICA MOSSOROENSE, FORAM ESCOLHIDOS A PARTICIPAREM NO DIA 10.05.2018(QUINTA FEIRA), DO “I FORUM PERMANENTE HISTORIOGRAFIA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ-I FOPHPM 2ª ETAPA”, PROMOVIDO PELA QUINTANAS LITERÁRIAS DA ASCRIM, OCASIÃO DO DEBATE/CONCLUSÃO DO “I FOPHPM 2ª ETAPA”,  CONFORME HONRADO CONVITE ENVIADO PARA V. EXCELENCIAS ATRAVÉS DO EDITAL AGE-009/2018, DE 09.04.2018. O EVENTO EM COBERTURA TELEVISIVA, ACONTECERÁ NA BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE(PRAÇA DA REDENÇÃO JORNALISTA DORIAN J. FREIRE), NESTA URBE.
      NA OPORTUNIDADE, INCLUSIVE, SERÃO SELECIONADAS FRASES VERSANTES SOBRE O TEMA DO DEBATE, DA LAVRA DE V. EXCELENCIAS, AS QUAIS TERÃO ENFOQUE ESPECIAL NOS “ATOS SOLENES DA ASCRIM”, EVENTO A REALIZAR-SE NO PERÍODO DE 07.07.2018 A 13.07.2018.:
QUINTANAS LITERÁRIAS/FRASE DE 1 MINUTO ENFOQUE “–“I FORUM PERMANENTE HISTORIOGRAFIA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ-I FOPHPM 2ª ETAPA” PUBLICAÇÃO DO OPÚSCULO “MARCO ZERO DE MOSSORÓ”
      CONFORME ESTABELECE O EXPEDIENTE ASCRIM OFÍCIO Nº 027/2016, PREDOMINANTEMENTE, A HISTORIOGRAFIA DA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ, CONSTITUIR-SE-Á DE SEGMENTOS ELABORATIVOS DE ANÁLISE PARA DEBATES: 1.1. VISÃO HISTÓRICA; 1.2. VISÃO ANTROPOLÓGICA; 1.3. VISÃO SOCIOLÓGICA;1.4. VISÃO LITERÁRIA; 1.5. VISÃO CONTEMPORÂNEA, EM MOSSORÓ.
   REITERANDO NOSSO CONVITE SUPRAMENCIONADO, SOLICITAMOS, AOS QUE AINDA NÃO O FIZERAM, CONFIRMAR PRESENÇA, VIA EMAIL asescritm@hotmail.com OU PELOS CONTATOS 84-99150-8664 OU 98602-0646. LEMBRAMOS QUE A CONFIRMAÇÃO AO MAGNO EVENTO,DOS QUE AINDA NÃO SE DIGNARAM, É IMPRESCIDÍVEL PARA CONTROLE E ORGANIZAÇÃO DO DISPOSITIVO DA AGE E PAINEL DO FOPHPM.
SAUDAÇÕES ASCRIMIANAS, 
FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
– PRESIDENTE DA ASCRIM –
WILSON BEZERRA DE MOURA

– COORDENADOR DA COMFOPHPM
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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NOTA DE PESAR


É com imenso pesar que a ADUERN comunica o falecimento da docente aposentada da Maria Salomé Moura, que era professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FAFIC).
O velório da docente será realizado no Centro de velório Sempre, em Assú. O Sepultamento também será realizado em Assú, amanhã (04) a partir das 10h no Cemitério São João Batista ( cemitério velho).
A ADUERN deixa suas mais sinceras condolências a amigos e familiares.

Jornalista
Cláudio Palheta Jr.
Telefones Pessoais :
(84) 96147935
(84) 88703982 (preferencial)
Telefones da ADUERN:
(84) 33122324
(84) 988703983

ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Fone: (84) 3312 2324 / Fax: (84) 3312 2324
E-mail: aduern@uol.com.br / aduern@gmail.com
Site: http://www.aduern.org.br
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidenta da ADUERN
Rivânia Moura

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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CONFISSÕES DE UM MENDIGO

Por Ivone Boechat

Quando nasci, tive enxoval todo azul e o quarto decorado com figura dos heróis favoritos da época. Parecia um conto de fadas. Toalhas, fraldas, lençóis e fronhas, toalhinhas tinham monograma com iniciais do nome escolhido: Júnior. Após a gestação, acompanhada pelos melhores médicos, cheguei amparado e mimado pela família inteira. Mesmo inconsciente do tamanho da festa, fui crescendo, dominando o espaço, invadindo o território dos outros. Eu era o centro de tudo.

Ao perceber a importância que me davam, muito superior à necessária, comecei a fazer todo tipo de chantagem para ter mais, lucrar mais. Cada erro meu era motivo de briga na família, porque a maioria ficava do meu lado, inclusive, meus pais. Quem ousasse me criticar ou dar um conselho era riscado do mapa.

Na adolescência, com o vigor de um corpo jovem, saudável e bonito, abusei do excesso de mordomias. Não fiz por menos, queria tudo. Não me contentava com nada e a plateia batia palmas e se contorcia para fazer minhas vontades, cada vez mais extravagantes.

Bem jovem ainda comecei a beber nas festas da família e fui mergulhando no álcool, com o incentivo da turma de amigos. Em casa, nenhuma resistência; levavam tudo na brincadeira. Como eu não percebia o perigo, fui seguindo no mesmo ritmo. Fracassei nos estudos e perdi a vontade de estudar. Perdi o ano, saí da Escola e nem por isso recebi qualquer tipo de orientação, nenhuma advertência, nada. Todos tinham medo de me aborrecer.

A idade foi aumentando, as forças diminuindo e não conseguia emprego. As doses de bebida foram se multiplicando. Comecei a beber durante o dia e, quando não me davam dinheiro suficiente, furtava de qualquer pessoa dentro de casa: aí sim, fui aborrecendo um por um. Perdi o direito de viver com minha família e, numa das voltas, embriagado, sujo, encontrei a porta fechada. Dormi na rua a primeira noite e não me atrevi a tentar novamente entrar em minha casa, continuei na rua.

Hoje não me sinto com forças para reagir. Sou a pessoa mais fraca do mundo, mais sozinha, mais triste. Vivo procurando pães velhos e migalhas de comida na porta de bares e restaurantes. Não sei por onde andam meus pais. Com vergonha de mim, mudaram-se da cidade. Talvez encontre algum parente, mas eles fingem que não me veem, com vergonha. Ninguém chega perto de mim para estender a mão, porque seria muito trabalhoso cuidar de uma criança que se perdeu na cortina social das políticas sociais e se escondeu no filó azul da educação mal orientada.

Enviado pela professor universitária Ivone Boechat

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CANGACEIROS FORAM OBRIGADOS A CAVAR AS PRÓPRIAS SEPULTURAS.


por Antonio Rodrigues - Colaborador
O local onde os cangaceiros foram enterrados está abandonado ( Fotos: Antonio Rodrigues

Só na década de 1960 a história do assassinato dos cangaceiros foi resgatada pelo médico Napoleão Tavares


Os cinco de frente foram fuzilados. Lua Branca, último Marcelino, estava sentado, ferido. Atrás deles, os soldados e, em pé, Sargento José Antonio da Acauã. 

Barbalha. "O audacioso grupo de bandoleiros chefiados pelos irmãos Marcelinos continua a praticar os mais audaciosos crimes no Cariry, de onde, todos os dias, chegam notícias de suas façanhas", anunciava o jornal sobralense "A Ordem", do dia 7 de setembro de 1927. Quatro meses depois, outro veículo cearense, de Fortaleza, "O Ceará", noticiava a morte do grupo de cangaceiros, em Barbalha. Neste sábado (6), o fuzilamento do bando pela Polícia completa 90 anos.

No dia 3 de janeiro de 1928, o mais velho dos irmãos Marcelinos, o João 22, entra morto na cidade de Barbalha, pendurado num pau, com seu cabelo arrastando no chão. Como heróis, os policiais acompanham o corpo, que depois seria enterrado como indigente numa cova qualquer. Algo raro para um cangaceiro, que normalmente tinha sua cabeça decepada e o corpo deixado aos urubus.

O secretário de Cultura de Barbalha, Rômulo Sampaio, visitou o local, que pretende desapropriar para construir uma pequena praça, com a restauração das covas. Mas ainda não tem nada de concreto, pois depende de uma verba que ainda não existe

Três dias depois, ferido do combate, Raimundo Marcelino, o Lua Branca, caçula do bando, é capturado junto com mais quatro homens e levado à delegacia pública de Barbalha. No dia 6 de janeiro, os cinco rapazes seriam transferidos de trem para Fortaleza, para serem ouvidos e julgados pelos seus crimes. Mas o trajeto foi interrompido no Sítio Alto do Leitão, em Barbalha, onde foram obrigados a cavarem suas próprias covas, antes de serem assassinados pela Polícia.

Bandido fardado

O fuzilamento foi ordenado pelo Sargento Zé Antônio da Acauã, de Juazeiro do Norte. Morreram Pedro Miranda, Joaquim Gomes, João Gomes, Manoel Toalha e Lua Branca. "Ele era um bandido fardado, violento, que não respeitava limites da lei. Na época, o bando estava esfacelado. Muitos nem viviam no cangaço, eram amigos, meninos de recado", conta o médico Leandro Cardoso, pesquisador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Manoel Toalha, por exemplo, foi morto inocentemente. Na verdade, ele era garçom e, por ventura, estava com o grupo quando foi capturado. Ele foi um dos que tentou fugir, quando percebeu que seria assassinado e chegou a correr por 50m, antes de ser alvejado. Foram enterrados em cova rasa e esquecidos.

"O erro está quando o policial, Sargento José Antônio, se arbitra senhor do bem e do mal e faz justiça com as próprias mãos. Nesse episódio, ele se torna até pior do que os cangaceiros. Ele, como militar, deveria preservar a integridade física e levá-los para pegar o trem para Fortaleza", completa Leandro.

Só na década de 1960 a história do assassinato dos cangaceiros foi resgatada pelo médico Napoleão Tavares, que descobriu os túmulos enquanto ia, a cavalo, estudar no Crato. "Quando me formei em Medicina, em Recife, retornei e fui bater lá. Encontrei as cruzes dentro do mato, sem referência nenhuma", lembra Napoleão.

Por iniciativa sua e do advogado Josafá Magalhães, a área onde estão enterrados os cangaceiros foi restaurada e foi feita uma celebração. "Botamos um cercado de arame farpado, restaurei o lugar central, onde tinha a cruz e os túmulos. Fizemos uma missa no cair da tarde, com os grupos de folclore saindo da mata. Eram penitentes, rezadeiras, beatos, saindo de cada vereda", acrescenta o médico.

Os dois também compraram madeira e cobriram os túmulos com telha, mas, seis meses depois, tudo foi roubado. Hoje, as covas estão cercadas por arame farpado, cobertas por mato e uma das cruzes caída no chão. As mais antigas, sumiram. Uma estrada fica a poucos metros e as sepulturas podem ser vistas de longe, mesmo encobertas com a vegetação.

Segundo Leandro Cardoso, a história do fuzilamento dos Marcelinos deve ser preservada e recontada, não como apologia ao cangaço, ou sobre a repressão, mas pela maneira como foram mortos. "Não deram a chance de que a Justiça pudesse ser feita, pagar pelos seus crimes e serem condenados de maneira justa", acredita.

O secretário de Cultura de Barbalha, Rômulo Sampaio, visitou o local há pouco tempo. Sua ideia é fazer um projeto, com desapropriação, que torne o local uma pequena praça e com a restauração das covas. "A ideia é trazer turistas. A gente considera ali um monumento histórico. Mas ainda não teve condição. Hoje, não tem nada de concreto, pois depende de verba, que não tem, até o momento. Eu sairia frustrado da gestão sem uma restauração", afirma.

Os irmãos

"Telegramas recebidos ontem nesta capital informavam que os mesmos bandoleiros haviam atacado o estafe dos Correios no lugar Baixios, a meia légua do Crato, tendo roubado, no mesmo local, cerca de 30 pessoas que se dirigiam para a feira do Crato", detalha o jornal "A Ordem", do dia 7 de setembro de 1927. Os Marcelinos praticavam pequenos assaltos, sobretudo nas cidades de Jardim, Barbalha, Crato e Cariri-Mirim (PE).

Eles entram na vida de cangaço quando o mais velho, João Marcelino, até então vaqueiro, é humilhado pelo delegado Ioiô Peixoto, no meio da feira de Serrita (PE). Ele resolve se vingar e, com ajuda de seu irmão, Manoel, começa a perseguir até matar o policial. "Aí não teve mais sossego, vendeu tudo que tinha, comprou arma e foi ser cangaceiro na Chapada do Araripe", conta Napoleão Tavares.

Manoel e João Marcelino começam sua vida de banditismo pela região, por volta de 1923. O caçula, Raimundo, mais tarde se une, ganhando a alcunha de Lua Branca. Os três servem por um tempo o bando de Lampião, inclusive, Manoel, ganha dele o nome de Bom de Veras, e passa a ser respeitado pelo sertão, por sua agilidade, coragem e destreza com as armas.

"Virar cangaceiro, naquela época, era a coisa mais fácil do mundo. Se olhar a colonização do Brasil, em 400 anos, a tônica é a imposição do terror, a violência. Se sobressaia socialmente aquele que era mais violento, quem manejava melhor as armas de fogo ou brancas, porque não existia o Estado, não chegava em todos lugares. Para defender sua terra, propriedade, sua família, tinha que lançar mão da violência contra índio, contra ladrão, polícia, onça, contra tudo", explica Leandro Cardoso.

Os Marcelinos optam por não seguir o bando de Lampião e praticar seus pequenos crimes no Cariri, como assaltos e roubos. Chegam a matar pessoas inocentes, como o agricultor Joaquim Guida, residente no Baixio do Muquém, em Crato. Sem piedade, ele é assassinado pelo grupo, que não leva nada dele, nem mesmo a feira e seu dinheiro.

Mas o momento mais marcante dos Marcelinos é a invasão de Barbalha para matar o coronel Antônio Xavier. Na calada da noite, se escondem nos arredores do casarão do rival, que dá um jantar para familiares e amigos. Avistando o alvo da janela, os cangaceiros atiram, acertando um espelho e não o coronel. Percebendo o fracasso, fogem dos capangas do poderoso homem.

"Os cangaceiros Marcelinos não tiveram uma representatividade grande, como os Corisco, Labareda. Eles fizeram pequenos assaltos aqui. Não foram de grande importância na historiografia do cangaço. Talvez, a coisa mais importante é a maneira brutal como foram mortos", acredita Leandro Cardoso.

Por outro lado, a morte dos Marcelinos teve destaque em página inteira no jornal de Fortaleza "A Ordem", do dia 7 de janeiro de 1928, descrevendo ação da Polícia que matou João 22 e capturou Lua Branca.

"O Cariry vai agora dormir sossegado, livre de seu pesadelo sinistro. A ação policial contra os bandoleiros, até agora considerada nula, determinou o ânimo do povo em um estado psicológico de completo desalento", narra o periódico.

Fonte: 
http:/diariodonordeste.verdesmares.com.br/mobile/cadernos/regional/cangaceiros-foram-obrigados-a-cavar-as-proprias-sepulturas-1.1875250



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COISAS DE MÃE

Por Ivone Boechat

Na graça e no mistério
da maternidade,
há ternos e doces
momentos
de perplexidade,
como a difícil tarefa
de escolher um nome,
com sensatez...
fazer o enxoval,
cuidar da gravidez,
ter pensamentos bons
e positivos;
Ah! para o bebê chegar
ao mundo, determinado, altivo, com leveza,
bom humor?
É preciso
viver o tempo da gestação,
longe do pessimismo,
ouvindo músicas suaves
num ambiente bom,
cheio de amor,
nunca abusar do volume do som,
jamais desmerecer a experiência
e o brilho
de estar sendo usada por Deus
para trazer ao mundo
um filho.

Ivone Boechat é professora universitária.

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BRIÓ E ANTÔNIO CANELA: QUANDO AS PALAVRAS E AS AMEAÇAS SÃO SENTENÇAS DE MORTE


*Rangel Alves da Costa

O roteiro do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018 foi construído privilegiando a história cangaceira no contexto municipal, o que não impediu a inclusão de outros acontecidos históricos na região, a exemplo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Curralinho (Igreja de Antônio Conselheiro) e a povoação ribeirinha em si, com sua margem dadivosa do Velho Chico.


Assim, a maior parte do roteiro de visitações foi direcionada ao conhecimento dos acontecidos no solo sertanejo de Poço Redondo naqueles idos cangaceiros, principalmente a partir dos anos 30. Fato curioso é que a saga cangaceira na região não envolveu somente a ferrenha luta entre cangaceiros e volantes, mas também personagens que mesmo estando à margem das vinditas, ainda assim foram alcançados pela cruel sangria.

Mais curioso ainda é o fato de que dois destes importantes acontecidos, de consequências verdadeiramente trágicas, tiveram por motivação as palavras ditas e as ameaças impensadas. Ou mesmo de forma pensada, mas sem se imaginar no fatal desfecho depois de proferidas. Depois da análise do relatado abaixo, logo será fácil compreender que perante o cangaço - incluindo o mundo das volantes - a palavra e o gesto possuíam tamanha força, tamanha consequência, que exsurgiam até como sentença de morte para aquele que erroneamente se expressasse.
Assim aconteceu, por exemplo, com Brió e Antônio Canela. Este de trágico fim nas proximidades da Estrada de Curralinho (Estrada Histórica Antônio Conselheiro) e aquele ladeando a Estrada da Maranduba (região das Queimadas, nas beiradas do Riacho do Braz), bem próximo ao local onde, em 1937, Zé Joaquim (José Machado Feitosa), um rapaz de Poço Redondo foi torturado e morto pelo grupo de Juriti e Zé Sereno, sob a falsa acusação de ter dito a Zé Rufino que o bando de Lampião estava emboscado à sua espera na Lagoa da Cruz.

Como dito, Antônio Canela, um modesto vaqueiro vivente entre as beiradas alagoanas de Bonito e sergipanas de Curralinho, falou demais e, além disso, ameaçou demais, e acabou trucidado pelas próprias ações do passado. Segundo consta, nos idos de 1937, o vaqueiro se juntou com outros sertanejos e prometeu dar cabo a Lampião assim que este chegasse a Entremontes, nas barrancas das Alagoas. Pegou em armas, preparou a tocaia, mas nada de o bando aparecer. Contudo, a história ganhou o vento e foi parar aos ouvidos da cangaceirama.

Certamente que amedrontado com a irrealizada promessa e as juras de dar fim ao rei cangaceiro, Antônio Canela resolveu se bandear para o outro lado do rio, região sergipana do Curralinho. Oficiando como vaqueiro, um dia foi atrás de um jumento pelos arredores da fazenda Camarões e mais adiante avistou, na sede da propriedade, uma festança. Vai até lá e se junta à beberança. Não sabia, contudo, que logo a cangaceirama chegaria para cobrá-lo na dor e no sofrimento aquela emboscada feita pra Lampião.

E a cangaceirama que chega é a comandada por Mané Moreno. O líder do subgrupo já havia sido informado que o vaqueiro “metido a valente” poderia estar por ali. Tanto estava que logo o reconheceu. Identificou e logo deu início à cruel vingança. Sem dar o mínimo de atenção aos rogos dos sertanejos ali presentes, o cangaceiro logo sentencia o vaqueiro de morte. E de forma mais bestial ainda ante a confissão feita de que só não matou Lampião por que este não apareceu. Uma coragem que equivalia a pedir pra morrer.

A morte de Canela foi de indescritível perversidade. Picotado pelo canivete de Alecrim, tombado ante o açoite do mosquetão de Cravo Roxo, e depois disso amarrado a um animal e levado à morte certa. Foi Mané Moreno quem deu o tiro fatal. Mais um. E já morto é sangrado. E, segundo Alcino Alves Costa em seu Lampião Além da Versão (p. 196), o cangaceiro Cravo Roxo se acerca do corpo e bebe do sangue que borbulhava em seu pescoço.

Antes disso, nos idos de fevereiro de 1935, o sertanejo Brió (Benjamin, irmão do cangaceiro Demudado), um moço de Poço Redondo, igualmente falou demais e pagou no além da conta pela sua ousadia. Num meio onde a mera suspeita de ser alcoviteiro de volante já era correr perigo, que se imagine um cabra dizer - mesmo mentirosamente - que iria se juntar ao comando de Zé Rufino para perseguir aqueles que fossem amigos, coiteiros ou protetores de cangaceiros.

Num forró na fazenda de Julião do Nascimento, pai do mesmo Zé de Julião que mais tarde se tornaria no cangaceiro Cajazeira, Brió se desentendeu com a família dos Lameu e, raivoso, disse que todos pagariam bem pago assim que entrasse na força de Zé Rufino, o que já estava prestes a acontecer. Mentiu, contudo. E sua mentira teve uma trágica consequência. Sua verdadeira intenção era se juntar ao grupo de cangaceiros que estavam acoitados naquelas proximidades, nas Capoeiras. Iria servir ao subgrupo do perverso Mané Moreno, contando ainda com Zé Sereno e Juriti.

Sem saber que Brió se juntaria ao grupo, então Zé de Julião apareceu no coito para contar a novidade: Brió havia prometido ser cabra de Zé Rufino. Foi o fim de uma mentira. Não demorou muito, eis que Brió se apresenta àquele que seria o seu futuro grupo cangaceiro. Só não sabia o que lhe esperava. A sentença foi rápida: morte certa ao traidor. Tentou desfazer a todo custo o mal-entendido, mas não teve jeito. Os cangaceiros levam-no até o Riacho do Braz e o enforcam. 

Indaga-se: por que enforcamento e não de outra forma? Apenas por que Brió, ante a certeza da morte, rogou para não ser nem enforcado nem afogado. Assim a vida cangaceira e daqueles que estavam ao seu redor, suas sagas e seus desatinos, seus tortuosos caminhos.
Escritor

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“O SEQUESTRO DO CEL. DAVID JACINTO DE SÁ PELO BANDO DE LAMPIÃO"


Por Cicero Aguiar Ferreira

Na foto o Cel. David Jacinto de Sá e sua esposa Joana Tavares de Sá (ou Joana Gomes de Sá, Joana Tavares Muniz), segundo o amigo José Lopes Tavares, a moça que está com o casal é a afilhada deles, que se chamava Monza. David Jacinto nasceu em meados do ano de 1859 e faleceu com 85 anos de idade no dia 04 de dezembro de 1944. Essa foto foi cortesia do amigo Paulo Cabeleireiro de Verdejante-PE.


Em meados do ano de 1926, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) invade e saqueia o povoado de Bezerros (Verdejante-PE), o alvo era Cel. David Jacinto, o chefe político do lugar. Lampião exigiu a quantia de 10 contos de réis do coronel, que prontamente se negou a entregar a quantia. Lampião ficou muito irritado com a negativa, então, ordenou que os cangaceiros amarrassem o coronel de costas num jumento e o sequestrou. A esposa do sequestrado, a Sra. Joana Tavares de Sá (ou Joana Gomes de Sá, Joana Tavares Muniz) (Dona Joaninha), recorreu ao Cel. Veremundo Soares de Salgueiro, e ele empresta os 10 contos de réis para pagar o resgate, Dona Joaninha faz uma promessa, que se o seu esposo voltasse para casa a salvo, ela mandaria celebrar uma missa. Com o dinheiro emprestado por Veremundo, Dona Joaninha entrega a quantia ao Sr. Manoel Coelho e pede que ele saia à procura do bando de Lampião, era do conhecimento que o grupo de cangaceiros tinha ido em direção da localidade chamada Carnaúba, então o dinheiro foi entregue pelo portador, Lampião solta o sequestrado e ele volta a salvo para sua casa. Para cumprir a promessa foi mandado celebrar uma missa e uma festa com os vaqueiros no dia 08 de dezembro, dando então início a tradicional Missa do Vaqueiro, que até hoje é realizada.

Por Cicero Aguiar Ferreira

Fonte de pesquisas: ACAVE (Associação Cultural e Artística de Verdejante), Genealogia Pernambucana, documento digitalizado do cartório de Verdejante (assentamento do óbito de David Jacinto de Sá).
Foto: Paulo Cabeleireiro.

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