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domingo, 25 de maio de 2025

LUIZ GONZAGA É DO POVO.

 Por Luiz Gonzaga é do Povo

Por trás da famosa imagem do cantor Luiz Gonzaga tocando a sua sanfona branca, há uma linda história por poucos conhecida, acontecida em dois atos, na cidade de Bento Gonçalves.

Tudo começou com um telefonema do Rei do Baião ao empresário Luiz Matheus Todeschini, diretor presidente da maior fábrica de acordeões da América do Sul, comunicando que ele estava a caminho de Bento Gonçalves em busca do acordeão dos seus sonhos.

— E o senhor, Seu Luiz, vai fazer essa sanfona para mim, disse o cantor nascido em Exu, em Pernambuco, ao se despedir.

Poucos dias depois, Gonzagão chegava a Bento Gonçalves e se instalava na casa do empresário, na rua 10 de novembro, onde permaneceria por duas semanas.

De imediato disse ao empresário como queria a sua sanfona, em tamanho fora do padrão da linha Todeschini, e deixou claro que ela tinha que ser branca, para contrastar com o gibão de couro cru que usava em suas apresentações.

Luiz Matheus reuniu alguns dos seus melhores colaboradores e, tendo Gonzagão palpitando ao lado, dedicaram quase dez dias exclusivos de trabalho para fazer a gaita dos sonhos do já então ídolo da música popular brasileira.

Concluído o trabalho de equipe e o produto final devidamente aprovado pelo cliente, era preciso inaugurar a sanfona em grande estilo.

E foi o que aconteceu em pleno centro da cidade, em frente ao Edifício Bento Gonçalves, quando Gonzagão apresentou oficialmente a sua sonhada sanfona branca para uma grande plateia que se formou ao seu redor já no primeiro acorde. Logo após os primeiros acordes, aconteceu um fato inusitado, que ficaria registrado e marcado como a integração do gaúcho com o nordestino: o tradicionalista Edes Moré, acompanhado do filho Luciano, devidamente pilchados, alinharam-se a Gonzagão, vestido a caráter com sua roupa nordestina. Num gesto de carinho, o cantor tira seu chapéu de vaqueiro da cabeça e o troca pelo gaudério de Moré, sem interromper a canção que interpretava, sob os aplausos da população. Foi o fecho de ouro da passagem do grande cantor por Bento Gonçalves que, a partir daquele dia incerto de 1967, passou a carregar em todos os palcos por onde se apresentou, a marca Todeschini gravada em letras douradas na sua famosa sanfona branca.

A Garota Todeschini

A passagem de Luiz Gonzaga pela fábrica de acordeões Todeschini coincidiu com a escolha da rainha da empresa, evento comum naqueles anos. A vencedora foi Maria Helena Bonatto (hoje Brunetto), a quem o compositor escreveu (e dedicou) a canção “Garota Todeschini”, que ele incluiu em seu primeiro disco gravado com a sanfona branca. Na letra, ele faz um agradecimento às trabalhadoras da empresa que, com suas mãos, fazem os acordeões com que os sanfoneiros/gaiteiros ganham o seu pão, mas deixa nas entrelinhas uma admiração pela jovem rainha:

Garota Todeschini / Ouça bem essa homenagem / Que um caboclo de coragem / Sanfoneiro e cantador / Que nunca cantou vantagem / Nem na luta e nem no amor // Você gauchinha merece / Toda minha gratidão / Por fazer esta sanfona / Pr’ eu tocar o meu baião } bis

Quando boto ela no peito / Sinto o mundo em minha mão / Cada baixo representa / Um pedacinho do sertão / É dela que tiro o pão/ Com ela é que eu dou estudo / Garota Todeschini, prenda minha / Com essa gaita e você sou tudo } bis

(Garota Todeschini, letra e música de Luiz Gonzaga)

Malandramente, o cantor deixa nas entrelinhas a dúvida de qual seria a garota Todeschini: a rainha da empresa ou a nova sanfona? Na dúvida, aposte nas duas.

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FALECEU DONA ÊTA, COMPANHEIRA DO CANGACEIRO CAJAZEIRA(ZÉ DE JULIÃO)

Por Manoel Belarmino

Dona Êta, esposa do cangaceiro Cajazeira(Zé de Julião), faleceu em Poço Redondo, na manhã desta quarta-feira, dia 7, com idade beirando aos 95 anos.

Dona Êta era aquela senhora de tez morena, bastante conhecida em Poço Redondo, foi umas das tantas companheiras do cangaceiro Cajazeira, o Zé de Julião, com quem tem dois filhos, Venúncio e Alaíde.

Venúncio reside na cidade de Poço  Redondo E Alaíde mora na localidade Caximbeiro, próximo ao Povoado Santa Rosa do Ermírio, no Município de Poço Redondo.

Lembro-me de Dona Êta nas suas novenas tradicionais em Poço Redondo. Como sempre, a novena de Dona Êta é animada pelos Pífanos e Zabumbas do Vito e dos Pimba.

Descanse em paz, Dona Êta. Aos poucos as testemunhas e personagens do Cangaço se despedem deste plano terrestre.

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AS TRINCHEIRAS DE RODOLFO - EM 1927: "I" - O PALÁCIO DA RESISTÊNCIA

Por Palácio da Resistência 

A leitura da obra do médico-escritor Raul Fernandes,  A Marcha de Lampião, Assalto à Mossoró,  induziu-me a criar esta pequena série que a intitulei de As trincheiras de Rodolfo, para descrever, utilizando sempre que possível uma imagem identificadora, sobre os locais na cidade, definidos pelo Prefeito Rodolfo Fernandes, (1872-1927), quando da elaboração do plano estratégico voltado para defesa da mesma, em 1927, do ataque do bandoleiro Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, (1900-1938). Esta pequena Série não tem o objetivo de debater ou contar a história sobre os temas cangaço ou Lampião, pois, estes temas têm vasta literatura disponível sobre os mesmos, com estudiosos de plantão para elaborá-la.

Recomendo a leitura da obra em destaque, por tratar-se de trabalho bem feito, escrito numa linguagem elegante e correta; a obra é fruto, não somente de alguém que foi testemunha dos fatos descritos, mas, também, de uma pesquisa bem elaborada, de acordo com os princípios metodológicos aplicados à ciência histórica, e além de tudo isto, é um registro único deste fato histórico. Por meio dela, pude construir uma idéia mais clara a respeito deste fato, e realmente, tem um aspecto que nos entristece que é reconhecer que o banditismo social que tanto retrocesso acarretou a região nordeste, nada mais foi do que a conseguência do banditismo político existente, naquela época, na região.

Após concluir a leitura desta obra, muitas perguntas surgiram e, claro, ficaram sem respostas, pois somente uma profunda pesquisa, talvez, respondesse estes questionamentos. Alguns deles deixo aqui, esperando, quem sabe, alguma indicação: A quem interessava a destruição da cidade e a derrota do Prefeito Rodolfo Fernandes com o ataque do Lampião?  Por que os Rosados não participaram da resistência ao ataque? Por que saíram todos da cidade antes da convocação para a resistência? Pois, na obra está bem claro que quase metade da população local não acreditava na possibilidade do ataque; não acreditava na ousadia do bandido. Contudo, os Rosados acreditaram e partiram para Porto Franco, em Areia Branca-RN.   

Já que todo cidadão mossoroense que, naquele momento,  estivesse com saúde e pudesse pegar em armas, participou da defesa da cidade. Este sentimento cívico deu forças para empreender a vitória sobre o bando de cangaceiros. Quem sabe, no futuro, estas respostas possam aparecer.

A mansão da imagem 01 era a residência de Rodolfo Fernandes, situada na Av. Alberto Maranhão, número 1751, no bairro Cidade Nova. Esta imagem já foi objeto desta postagem que apresenta outras informações sobre a edificação. Exatamente neste local, o prefeito estabeleceu a trincheira principal de resistência ao ataque de Lampião, à cidade, na tarde de 13 de junho de 1927. As armas e munição necessárias à defesa foram adquiridas às expensas das empresas particulares Tertuliano, Fernandes & Cia., Alfredo Fernandes & Cia., M.F. do Monte & Cia., (leia-se Miguel Faustino do Monte), F. Marcelino Hollanda e Luiz Colombo Ltda. 

Estas defesas eram formadas por donos das firmas, funcionários e trabalhadores, clérigos - não portaram armas, profissionais liberais e até estudantes, enfim, todos civis, sem experiências no campo bélico. Em síntese, o governo estadual, na época, representado pela figura política de José Augusto de Medeiros, absolutamente não fêz nada, ou seja, entregou o destino da cidade ao Deus Dará.

A residência do prefeito transformou-se num grande quartel general. Participaram da defesa planejada desta trincheira principal, além do Prefeito Rodolfo Fernandes, as pessoas abaixo:

1) no telhado da frente - Manoel Duarte, tido como exímio atirador, e, Honório Ferreira;

2) no telhado detrás - Francisco Pinto e o irmão Antônio e Bodoca;

3) no alpendre da entrada principal - Francisco Fernandes de Queiroz e dois senhores;

4) Julio Maia e José Pereira comandavam 8 homens na barricada central, em frente à casa;

5) no muro divisor do quintal - Enedino Inácio da Silva e João Domingos;

6) - no corpo do casarão, vigiavam através dos vãos das janelas: José Rodolfo Fernandes, (filho de Rodolfo Fernandes), Amaro Silva, (funcionário federal),  Abel Freire Coelho, (promotor público adjunto), Adrião Duarte, Francisco Vidal, os irmãos Francisco e Raimundo Calixto, Herculano Barbosa, Geraldo Dunga, Joaquim Benedito, Rochinha Freire, Antonio Coló, José Grosso, Francisco Elpídio, José Romão, José Conrado, Antonio Rolim e Antonio Caldas.

Várias pessoas desarmadas ou não procuraram a residência do prefeito, por segurança. Estas pessoas ficaram no sótão da casa e na sala de jantar, e ajudavam limpando as armas e selecionando a munição. Foram elas:

7) José de Oliveira Costa, (Costinha Fernandes - sócio da firma Tertuliano, Fernandes & Cia.), José Martins Fernandes, José Ribeiro Dantas, José Miguel de Oliveira Martins, Mirabeau de Carvalho Costa e Jofily Paiva de Carvalho, (estudantes do Ginásio Diocesano Santa Luzia), Joaquim Mafaldo de Oliveira, (estudante),  Raimundo Nonato da Silva, José de Paula, (motorista do prefeito), e  Epifânio Dias Fernandes, (estudante)

A estratégia desta trincheira principal foi de extrema importância para a derrota que imposta ao grupo de Lampião. Ao final da tarde, do dia 13 de junho, os bandoleiros bateram em retirada da cidade, deixando para trás muitos dos seus elementos feridos ou mortos naquele combate. O Prefeito Rodolfo Fernandes mostrou às demais cidades do estado como não ficar refém de bandido.

Escrito por Copyright@Telescope 

Próxima a ser postada: -  II 

Posteriormente IIIIVVIVIIVIIIIXX, XI

Fontes: Memória Fotográfica

http://telescope.zip.net/historia/

http://amantesdeclio.blogspot.com.br/2012/01/as-trincheiras-de-rodolfo-fernandes.html

 Télescope. Fontes: FERNANDES, Raul. ( 1908-1998). A Marcha de Lampião, Assalto a Mossoró. 7a. edição, Coleção Mossoroense, Volume 1550,  Fundação Vingt-un Rosado, outubro de 2009; Fonte do  arquivo fotográfico P&B - Azougue. Provável autor da fotografia: Manuelito Pereira, (1910-1980);  Índice das Matérias Publicadas em Memória Fotográfica. 

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