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terça-feira, 14 de julho de 2020

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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ESTRANHO PERCURSO

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.344
Alto do Negros no primeiro plano. (Foto: Livros 230 e Negros em Santana
/B. Chagas).

Interessante são as denominações populares de locais públicos que existem em todas as cidades. Elas se perpetuam chegando ao ponto em que ninguém mais sabe suas origens. Aí é quando entram as informações dos mais velhos ou dos historiadores. Algumas delas são mudadas para nomes de “barões” devido a que os grandes denominam “incômodo”. Em uma cidade da Mata existe a “Rua da Bosta”, em Arapiraca, o “Sovaco da Ovelha”, o “Escorrego do Catita” e assim por diante. A nossa cidade não poderia ficar de fora e apresenta pelo menos quatro apelidos estranhos desde a primeira metade do Século XX. São eles, pela ordem de marcha, três no Bairro Domingos Acácio e o outro no antigo Bairro Floresta: Rabo da Gata, Cachimbo Eterno, Galo Assanhado e Alto dos Negros.
Rabo da Gata, rabeira, o que está por último na fila. Ficava na saída Santana – Olho d’Água da Flores. Uma fileira de casebres na boca da estrada que leva ao riacho João Gomes, margeando o sopé do serrote do Cruzeiro, ala à direita.
Cachimbo Eterno, vizinho ao Rabo da Gata, mais frontal as serrote. Teve origem com os constantes convites dos moradores ao pessoal do Comércio para tomar cachimbo, bebida com cachaça e mel de abelha oferecida quando nasce uma criança. Os convites visavam padrinhos para ajudar na criação. “Ali é um cachimbo eterno”, dissera alguém, batizando o lugar.
Galo Assanhado, também no sopé do serrote do Cruzeiro à esquerda do monte Apelido dado pelos moradores do Cachimbo, cujo desentendimento também os levaram ao apelido de Rabo da Gata.
Alto dos Negros, alguns metros abaixo do Hospital Regional Clodolfo Rodrigues de Melo, pela Rua Principal. Assim chamado por ser um terreno alto de barro vermelho, onde morava uma família de pretos, provavelmente originária do povoado Tapera do Jorge, município de Poço das Trincheiraste, descendentes quilombolas. Zacarias, o habitante mais conhecido, trabalhava no comércio como transportador de malas dos caixeiros-viajantes, dos hotéis para as casas comerciais e vice-versa.
Em Arapiraca, Escorrego do Catita veio de um moleque ligeiro igual a rato catita que escorregava pelo terreno acidentado ao ser acionado pelos seus perseguidores.
Brasil velho, morrendo e aprendendo.


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UM ARGUMENTO


Por Antônio Corrêa Sobrinho

Cangaceiros em Sergipe, logo nos remete à figura de Virgulino Lampião e seus comandados, a partir de março de 1929, quando, adentrando por Carira, fez do pequeno estado nordestino seu principal refúgio. Todavia, podemos dizer que a atuação de cangaceiros neste Estado, iniciou-se, pelo menos, em dois momentos, em 1906, quando da chamada "Revolta de Fausto Cardoso", e, ainda antes de Lampião, desta vez de forma mais efetiva, durante a Revolta de Augusto Maynard, em 1924. Em ambos os casos de forma mercenária.

Em 1906, cangaceiros foram contratados pelo movimento sedicioso liderado por Fausto Cardoso. O jornal situacionista "O Estado de Sergipe”, na ocasião da sublevação, declarou o seguinte: “Já muitos dias antes da revolta, os adversários desta cidade, mais tarde progressistas, anunciavam francamente a queda da situação. Os Aguiar rumorejavam que se faria, com assentimento do chefe da nação, a deposição do governo do Estado, logo que no solo sergipano pisasse o Dr. Fausto Cardoso. Não se guardava reserva.

As manifestações de força eram feitas às escancaras e as encomendas de cangaceiros para os municípios sertanejos faziam-se de maneira tal, tão francamente, que ninguém as ignorava.”

É de se registrar que o famoso militar Augusto Maynard, interventor federal em Sergipe por duas vezes, na ditadura getulista, anos depois, foi um dos liderados por Fausto Cardoso.

Não sabemos se cangaceiros participaram efetivamente da tomada do governo de Guilherme de Campos, na manhã de 10 de agosto de 1906, embora não haja dúvida de que civis pegaram em armas naquela ocasião. Os filhos do deputado Fausto Cardoso, por sinal, ao serem entrevistados, falando a respeito da morte do pai, chegaram a afirmar que o pai podia contar com 4.000 homens dispostos a tudo.

Em 1924, cangaceiros também atuaram contra os comandados de Augusto Maynard, os tenentes do Exército brasileiro em Sergipe, e a favor do governo Graccho Cardoso.

Quanto à participação de cangaceiros nas hostes dos revoltosos, os tenentes de Maynard, é de se supor que, dentro de uma lógica, sim. O cangaceiro Corisco, que em 1924 andou servindo por aqui, esteve de um lado ou do outro, ou seja, da legalidade ou da ilegalidade; é de se saber.

Vale mencionar que, do lado do governo Graccho Cardoso esteve Eronides de Carvalho, que também foi interventor em Sergipe, no tempo de Getúlio.

Sobre a participação do "batalhão" de Porfírio Brito, de Propriá, assim declarou o governador Graccho Cardoso, após vencida a revolta: “Porfírio Brito e os seus destemerosos companheiros encarnaram o primeiro protesto armado em Sergipe. Permitam os fados que não se perca dos nossos anais a beleza republicana desse exemplo” (“Tenentismo em Sergipe”, de Ibarê Dantas).

Os nomes dos destacados homens públicos sergipanos, Augusto Maynard e Eronides de Carvalho, neste meu argumento, meu objetivo foi mostrar que ambos, em momentos da história, contaram com a ajuda de homens proscritos, marginalizados, foras da lei, criminosos, cangaceiros.

Talvez esteja aí uma das razões do cangaço lampiônico em Sergipe ter sido tão tolerado, afagado quase, por estes dois governantes.


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SÍLVIO BULHÕES

Por Aderbal Nogueira
Sílvio Bulhões filho de Corisco e Dadá, narra um fato ocorrido entre Corisco e o cangaceiro Volta Seca.

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AALA LANÇA CONCURSO "100 ANOS DE ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE AURORA"


Do acervo do Manoel Severo

A Academia Aurorense de Letras e Artes - AALA lançou neste mês de julho o Concurso "100 Anos de Estação Ferroviária de Aurora" contemplando;poesia, crônica histórica, curta-metragem, composição musical e ilustração. A AALA estabeleceu premiações do 1º ao 3º lugar como também certificados de participação. Confira o edital no link abaixo:


A Academia Aurorense de Letras e Artes, fundada por meio de sessão virtual em 11 de junho de 2020, com sede e foro na Cidade de Aurora, Estado do Ceará, é uma instituição civil, sem fins lucrativos, com duração indeterminada e reger-se-á por um Estatuto e um Regimento, constituídos em conformidade com o Código Civil Brasileiro. A Academia Aurorense de Letras e Artes, que tem por finalidade preservar, cultivar e promover o desenvolvimento da literatura, artes e dos valores patrimoniais, culturais, educacionais e históricos do Município de Aurora, é constituída por quarenta e cinco (45) cadeiras, das quais todas serão ocupadas por sócios acadêmicos no ato solene de instalação; todos dotados de reconhecida idoneidade moral e cultural no trânsito das tradições, dos valores e da cultura do Município de Aurora, Ceará.


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ATENÇÃO CAMBADA! VERA MANDA AVISAR QUE EM BRANCO NÃO VAI PASSAR!


Por Kiko Monteiro

“XXIII Missa do Cangaço” será realizada no Museu da gente Sergipana em Aracaju, com transmissão ao vivo pelo Instagram e YouTube.

Maiores informações no cartaz acima!


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CORONEL PEDRO ALVES DA LUZ - Quando este foi acusado de ser protetor de Lampião

Por Valdir José Nogueira de Moura

Em meados do mês de julho do ano de 1927, um indivíduo por nome Francisco Ramos, cuja alcunha “Mormaço”, depois de uma farra em um samba, no lugar Baixio dos Ramos, no município de Araripe (CE), feriu com um tiro um seu tio, sendo em seguida preso e conduzido à cadeia da cidade do Crato, onde prestou seu depoimento. O referido preso tratava-se de um dos mais célebres bandidos de Lampião, que havia há bem poucos dias abandonado o grupo do famoso cangaceiro, na sua triunfal excursão, quando este, deixando o Ceará, seguiu para Pernambuco.


Francisco Ramos de Almeida vulgo "Mormaço"

O cangaceiro “Mormaço” fez a polícia do Crato, minuciosa descrição de sua vida, e de par com ela, trouxe abundantes elementos para a história do combate ao banditismo no Nordeste. O seu depoimento é impressionante. Porém, serão verdadeiras as informações do bandido? Ninguém mais pode assegurar. Em todo caso, o seu longo relato foi publicado em jornais da época. O “Jornal do Recife” publicou o curioso depoimento em duas edições seguidas.

A edição desse jornal de nº 211 de 13 de setembro 1927, publicou a primeira parte do depoimento, Clique aqui e confira sendo que em um dos trechos, o bandido desassombrado contou: “que o coronel Pedro da Luz, morador na fazenda Barrinha, município de Belém de Cabrobó, e próximo a Serra do Umã, cerca de uma légua, muito protege Lampião, fornecendo munição e ocultando o grupo na mesma serra, em lugar dele conhecido, desviando por todos os meios a pista do grupo; que o mesmo coronel recebe de Lampião dinheiro a título de gratificação pelos serviços prestados...”

  Coronel Pedro Alves da Luz

Diante dessa tremenda acusação, e em decorrência também de outros boatos maldosos contra o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, prefeito do Município de Belém de Cabrobó, [1922 a 1926,] que diziam ser o mesmo mais um protetor e coiteiro de Lampião, em 1928, o Conselho Municipal daquela cidade votou uma honrosa moção de solidariedade ao dito coronel e que foi publicada no jornal “A Província (PE)”, Ed. 128, do sábado, 2 de junho de 1928:

“Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e vinte e oito, às 10 horas da manhã, no Paço do Conselho Municipal desta cidade de Belém de Cabrobó em sessão extraordinária, sob a presidência do tenente-coronel Jerônimo Pires de Carvalho, compareceram os cidadãos Inácio de Sá Araújo, Odilon Alves de Carvalho, Licínio Lustosa de Carvalho Pires e Aristides Alves de Carvalho Barros, conselheiros municipais, e sendo primeiro exposto o motivo da presente sessão que é apresentar ao Sr. Prefeito deste município o tenente-coronel Pedro Alves da Luz uma moção da mais inteira solidariedade erguendo assim o mais cabal protesto contra as infâmias e baixas calúnias que em torno do seu honrado nome se tem levantado ao foro de Vila Bela onde segundo consta, se lhe tem dado como coiteiro e protetor de Lampião, e por isto este Conselho não podendo e nem devendo absolutamente calar-se diante de tão torpe e revoltante injustiça feita ao Digno Chefe do Poder Executivo Municipal, apressa-se em vir por todos os seus membros, abaixo assinados, e satisfeitas as formalidades do estilo, dar o necessário e conveniente desmentido a tão aviltantes e injustas calúnias, obra sem dúvida de algum ou alguns mesquinhos desafetos do digno prefeito.

Para quem conhece de perto o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, não há necessidade de dizer quem ele o seja, pois as suas maneiras de fino trato e relevantes serviços prestados a sociedade em geral, o tem sempre desde muito, revelado como um dos cidadãos mais digno, respeitável e útil deste município que muito lhe deve; umas como em outras localidades onde não é ele ainda conhecido, pequenos e injustos desafetos se lhe tem feito caluniosas acusações, cumpre para melhor desmentido a tais acusações que se põem em relevo o seu proceder, relacionando em síntese ao menos uma pequena parte dos seus serviços que tão abnegadamente pelo bem geral tem prestado à causa pública, fazendo para isso referência dos mais recentes, afim de que as pessoas de bem possam julgar como merece, assim verificar que se trata de um cidadão prestimoso e não um coiteiro e protetor de bandidos, vem pois o Conselho Municipal pela voz de seus membros, apresentar a presente moção para assim repelir as baixas calúnias que lhe tem injustamente assacado, se sente também no dever sagrado de reunir a esta, embora em resumo alguns traços da vida de tão conspícuo cidadão.

O tenente-coronel Pedro Alves da Luz, desde sua mocidade prestou relevantes serviços não só de natureza material como moral, a sociedade, quer aqui quer em outros municípios onde anteriormente residiu, sendo porém suficiente relembrar dentre os méritos que tem prestado a este município como simples cidadão ou como homem público, em cujo caráter se acha atualmente investido, e nesta qualidade tem sido a sua administração uma das mais fecundas e prósperas conforme se ver dos diversos melhoramentos do município, o que não vem a caso enumerar. Quando há anos veio fixar sua residência neste município, vindo de Triunfo, onde exerceu com brilho o cargo de delegado de polícia, procurou a zona que mais se prestasse a agricultura e ai, conseguiu com um trabalho assíduo e inteligente converter as suas terras em fontes de riquezas para o Estado e o Município.

Dizer-se então que o tenente-coronel Pedro Alves da Luz protege a Lampião é uma calúnia, pois muito pelo contrário ele procurou auxiliar sempre a ação do governo contra o tão terrível grupo, como prova disto se deduz de muitos fatos, como por exemplo, do seguinte: Somente depois que Lampião aumentou o seu grupo foi que teve que entrar 3 vezes neste município, passando por duas vezes na Barrinha, residência do tenente-coronel Pedro Alves da Luz, isto porém ligeiramente, sendo que da primeira vez por ali passara no caráter de capitão de um “Batalhão Patriota do Ceará” e em tal caráter chegou a 3 léguas de distância desta cidade, de onde mandou passar telegrama.

E da segunda vez, tendo as suas ordens 89 bandidos, e então por isso o tenente-coronel Pedro Alves da Luz para não se expor às iras de tão temível facínora, uma vez que em coisa alguma se achava disposto a compactuar com ele, e por sua vez, não tendo elementos para reagir contra numeroso grupo, imediatamente retirou-se para esta cidade, de onde transportou-se para o povoado de Abaré do Estado da Bahia, só voltando a sua fazenda depois que passou o Estado de Pernambuco a ser governado pelo exmo. Sr. Dr. Estácio Coimbra, quando começou também mais ativa a perseguição ao banditismo.

E desde então o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, decidiu-se com mais ânimo, a auxiliar neste sentido a ação do governo, e uma das provas disto, está nos meios que facilitou ao volante Domingos Nogueira, para com outras pessoas de Riacho Pequeno, dar combate a Lampião se este com seu grupo tentassem atacar aquele povoado como sucedeu, e de que então resultou a morte de dois bandidos devido a tática e coragem do mesmo Domingos Nogueira, que neste tempo ainda não estava incorporado como praça, e os recursos de que dispunha para a luta lhe era fornecido pelo mesmo tenente-coronel Pedro Alves da Luz.

Quando após a chacina de Favela em Floresta, Lampião fingindo-se subir para atravessar neste município, voltou na direção do norte passando em Conceição das Crioulas, e indo abater gados no Olho d’Água, no pé da Serra do Umã, município de Floresta.

Foi o tenente-coronel Pedro da Luz quem logo ao saber da sua estada naquele local, veio a auto avisar ao delegado de polícia, tendo além disso posto a disposição seu carro ao cabo Manoel Ribeiro para este ir ao encontro do cabo Manoel Neto, comunicar o paradeiro do mesmo Lampião, e como este, muitos outros fatos poderíamos citar.

Nada mais se precisa adiantar para a demonstração cabal da completa falta de fundamento de espíritos perversos ou irrefletidos, tem injustamente assacado contra a reconhecida reputação do prefeito deste município, tanto mais quanto a sua honra, está a cavalheiro, de qualquer infâmia de que se lhe atenta atirar.

E depois de ser lida e datada, conforme, foi por todos assinada. Para constar eu José Carvalho de Sá Roriz, secretário o escrevi.”

Da tradicional e numerosa família Carvalho, o tenente-coronel Pedro Alves da Luz foi nascido no município de São José do Belmonte, na fazenda Gameleira, sendo o primogênito do casal major Antônio Alves da Luz e dona Maria Francisca de Barros, esta irmã do Padre José Pires dos Santos Barros.

Grande fazendeiro, o tenente-coronel Pedro da Luz, além da fazenda Barrinha onde residia, localizada entre os municípios de Belém do São Francisco e Salgueiro, era proprietário de muitas terras na região, onde mantinha avultada quantidade de rebanhos de gado bovino e de corte.

Era um homem muito rico, de grande prestígio, bom caráter e muito respeitado, possuindo também uma infinidade de compadres e comadres, em virtude da quantidade de crianças de que foi padrinho em toda aquela região, tendo algumas, adotado o seu sobrenome “Luz” como homenagem. Ainda no tempo que residiu em Triunfo, chegou a exercer naquela cidade os cargos de delegado de polícia e literário.

Como político, exerceu os cargos de conselheiro municipal e prefeito de Belém de Cabrobó. Foi casado com dona Afra Florisbela Pires Cantarelli. O casal não deixou filhos.


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QUARTA-FEIRA TEM CARIRI CANGAÇO EM LIVE NO INSTAGRAM !!!


Não se esqueça! É amanhã!


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TRIBUTO A DANIEL WALKER

Por:Renato Casimiro

Ontem reli um comentário de Célia Morais em sua página no Facebook, sobre algo em torno dos museus de Fortaleza, destacando o quanto eles nos remetem à constatação de que a arte e a cultura de Juazeiro do Norte estão presentes em sua cenografia, nos seus acervos, nos seus eventos, a partir de seus grandes mestres e suas obras.

Citando exemplos, ela terminava sua nota considerando o nosso retardo em não ter instalado novos museus na cidade, a despeito dos três existentes. Esse comentário de Célia Morais foi feito no dia 10.07.2019 - um dia antes do falecimento de Daniel Walker Almeida Marques. Relevo esta coincidência para prestar neste dia, ainda imerso em grande tristeza, um tributo a Daniel Walker pela visão esclarecida e privilegiada com que tratou deste assunto em sua grande cruzada, a ponto de ter formalizado um projeto, e sobre ele ter trabalhado insistentemente, para que o mesmo contemplasse satisfatoriamente a implantação de equipamentos desta natureza.

Era o tempo do IPESC, na URCA, aqui em Juazeiro, e isto o sensibilizara a ponto de reconhecer e formular propósitos para a montagem de diversas destas unidades, voltadas para um relevo a mais para a arte popular através das manifestações artísticas de xilogravura, de literatura de cordel, de cerâmica decorativa, do imaginário em madeira e outros materiais, da arte sacra incarnada, da ourivesaria das nossas tradições, da memória jornalística e do patrimônio entre imagem e som.

Neste sentido, ele foi um visionário que se angustiou, exatamente pelo difícil confronto com a realidade posta pela indiferença dos gestores públicos, habitualmente tidos como os inevitáveis financiadores destas empreitadas. Muito recentemente, nós tivemos um exemplo marcante, da mente e dos braços de Alemberg Quindins, que chegou a cometer a “inexplicável” façanha de instalar um museu, o do couro, em Nova Olinda, com pouco mais de 15 mil reais. Na contramão de tal iniciativa, até nos parece que a maior parte destes prefeitos e secretários, que vivem sonhando com milhões (claro – para suas grandes obras de ferro e cimento), a questão da cultura é um trato menor, inexpressivo para seus sonhos de desenvolvimento.

Nas contas de Daniel Walker, aparelhar esta terra de tantos milagres, de tantos hábeis e férteis mestres, o custo era inexpressivo – e ele estava certo, algo como o administrável com pouco esforço, sem qualquer sangria no erário público, confortável aos olhos inquietos de tantos visitantes nestes museus, entre romeiros e a gente da terra.

Daniel Walker, com quem convivi por quase sessenta anos, era destes que sonhavam com esta cena possível, para o resgate deste compromisso inadiável com a cultura popular. Incansável nos seus gestos, ele os aprimorou para que a mensagem não faltasse, na direção do que tinha de ser feito, do que tinha de ser escrito, do que tinha de ser dito, do que tinha de ser realizado, do que tinha de ser sonhado, sempre em grande estilo.

Ao lembrar-lhes, nesta amarga efeméride, a perda imensa que tivemos de suportar com sua morte prematura, ficou-nos, acima de tudo, esta marca indelével de sua ação cultural, da sua personalidade de escol, a não desistir jamais dos seus sonhos, daquilo que ele fomentou por atitudes inconfundíveis, entre o profissionalismo exemplar, desde e sempre, ao jornalismo de rádio, dos jornais de folhas e da rede mundial de computadores, ao fazer cultural entre a docência e a farta produção livresca.

Renato Dantas, Daniel Walker, Jonas Luis, Manoel Severo, Aderbal Nogueira e Renato Casimiro no Cariri Cangaço Juazeiro do Norte

Escreveu sobre coisas e gente amada, nunca foi fútil nem pretensioso. Presenteou-nos e permanece imortal em nossas prateleiras com seus livros fartos, a nos dizer de uma atualidade de seus temas, sempre preocupado com a memória histórica de seu chão tão amado, na ansiedade de esclarecimentos e do “conhecereis a verdade”.

Há um ano, por sua partida, somos uma gente endividada com esta continuidade dos seus traçados, aqueles que nos resgatam, de longa data, a sensação de um certo, e pouco explicável, complexo de inferioridade, sentido a partir desta vontade compulsiva para legar à sua terra o melhor esforço para o seu desenvolvimento, especialmente no educacional, no artístico e no cultural.

Neste dia de hoje, lembrar Daniel Walker a todos nós é manifestar-lhe num Tributo. Um tributo que se arrastará pelos anos na tristeza e na angustia do que sentimos em seu calvário. Morreu Daniel Walker há um ano, deixando-nos moralmente, seus amigos e sua gente, com a tarefa inadiável, o do compromisso pela resolução desta pauta inarredável, por um Juazeiro melhor, por um Cariri mais fraterno, diante do que pela arte e pela cultura, tudo isto é possível.

E que você, Daniel, saiba pelos tempos, que suas lições estarão sempre à nossa frente, guiando, orientando, fortalecendo, insistindo, entusiasmando – nunca desanimando. E disto lhe damos noticia, porque nada ficou mais fácil depois que você se foi. Isto é um bom sinal, daqueles que nos dizem que ainda vamos precisar muito de você por perto. Talvez você não imagine a falta que está fazendo a cada um dos que por aqui ficamos, até um dia qualquer, num tempo em que tudo pareça um domingo pela manhã ensolarada, entre nove e meio dia, num daqueles bancos da Praça Padre Cícero, no Juazeiro de todos os seus amores e de todas as suas lembranças.

Renato Casimiro
Juazeiro do Norte


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A PATENTE "CAPITÃO" DADA A LAMPIÃO NÃO FOI RESPEITADA PELOS MILITARES DE PERNAMBUCO.

Por José Mendes Pereira

Chegando Lampião e seus cabras em Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, no dia 04 de março de 1926, hospedaram-se no sobrado do poeta popular João Mendes Oliveira, localizado à Rua Boa Vista. Acredita-se que Lampião tenha sido um hóspede como qualquer figura importante, já que para ali, foi chamado para receber a patente de capitão do exército brasileiro. 


É certo que nem todos os cangaceiros se hospedaram nele, porque o futuro capitão precisava de ser protegido pelos seus comandados, vez que ele não iria aceitar ser vigiado por pessoas do lugar, e não tinha certeza que aquela convocação para receber a patente de capitão era de verdade. O futuro capitão tinha razão. Homem perseguido tem que ter guarda-costas, do contrário será morto.


Também não há dúvida que Virgolino Ferreira da Silva o Lampião temia que poderia ser uma espécie de covardia, e as autoridades vencê-lo juntamente com os seus homens, assim como posteriormente tentou envenená-lo o coronel de Aurora Isaías Arruda de Figueiredo, no ano de 1927, quando ele mesmo ofereceu um almoço para o bandoleiro e para toda a sua cabroeira. Mas o capitão Lampião não era nada de besta, e findou descobrindo a covardia feita pelo o coronel Isaias Arruda.

Sobrado que Lampião se hospedou no Juazeiro do Norte em março de 1926

Lampião entrou pela rua principal de Barbalha em direção a Juazeiro do Norte há 12,5 km que separavam as duas cidades; convocado para participar do “Batalhão Patriótico”, milícia criada pelo deputado federal Floro Bartolomeu para combater a Coluna Prestes, combate que nunca houve entre os cangaceiros e os revoltosos.

Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Ao lado do Padre Cícero está o baiano Floro Bartolomeu, nascido em Salvador e formado pela Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1908 Floro foi atraído pela mina de cobre de Coaxá, no município de Aurora, e posteriormente fez morada em Juazeiro do Norte, onde adquiriu uma farmácia e atendia a população como médico. Fez amizade com o  padre Cícero Romão Batista e passou a incentivá-lo a ingressar na política, porque o Vaticano havia suspendido  as ordens religiosas do padre. Nesse período Floro Batolomeu não conseguiu falar com Lampião no Juazeiro, porque ele estava internado no Rio de Janeiro, e veio a óbito no dia 8 de março deste mesmo ano, em consequência de uma doença chamada angina. Floro Bartolomeu faleceu solteiro, e mesmo sendo uma grande figura no meio político estava bastante paupérrimo. 

Rua principal de Barbalha, pode onde Lampião e seu bando passaram em 1926, em direção a Juazeiro do Norte, onde ele receberia a patente de capitão.

Alguns historiadores não acreditam que o Padre Cícero sabia deste engodo organizado pelo deputado Floro Bartolomeu, para que fosse entregue a Lampião e seus cabras armas, projéteis e fardamentos. Lampião foi a Juazeiro levando em sua companhia aproximadamente 50 homens confiante na promessa de receber a patente e ser anistiado seus crimes, em uma condição: combater à coluna dos tenentes. Mas a sua patente era sem valor.

O convite para ser entregue a Lampião chegou em Juazeiro do Norte, vindo de Campos Sales, em mãos do José Ferreira de Menezes. Lampião era muito sagaz e se, além da assinatura de Floro Bartolomeu o bilhete não tivesse a assinatura do Padre Cícero, ele jamais atenderia ao convite.


Como foi que Lampião tomou conhecimento deste bilhete: 

Um dos empregados de João Ferreira dos Santos (irmão de Lampião) que trabalhava em seus afazeres por nome Zé Dandão que na foto aparece sendo o número 9, e que este é do conhecimento de todos que estudam o cangaço, era como se fosse da família dos Ferreiras; assim que foi recebido o convite foi até à Fazenda Piçarra do seu Antonio Teixeira Leite em Macapá, hoje Jati, onde morava Sebastião Paulo este aparece na foto sendo o número 3 que era primo legítimo de Lampião, e juntos, com o convite em mãos, seguiram viagem para o Pernambuco, ver se localizavam o futuro capitão, e no dia 2 de março de 1926, Lampião entrou no Ceará. 

Há quem diga (não tenho a fonte paracomprovar no momento, mas tenho certeza que o leitor não irá pensar que eu estou criando informação sem credibilidade); que alguém presenciou, que quando soube que Lampião estava para chegar a Juazeiro do Norte, o padre Cícero Romão Batista teria dito em tom de repúdio: 


"- Agora vem este homem novamente para cá!". 

Com estas palavras ditas pelo o padre protestando a visita do cangaceiro e seus aliados eu entendo que ele segurava aquela amizade com o Floro Bartolomeu, mesmo o congressista querendo dar cobertura a Lampião, porque ele era deputado federal, e sem a sua pessoa, seria dfícil o padre adquirir verbas para continuar trabalhando em prol da sua cidade Juazeiro do Norte e do seu povo. 


Billy Jaynes Chandler é um dos mais importantes escritores acerca do cangaço e coronelismo, fenômenos ligados entre si e característicos de uma certa época da história recente do Brasil. Suas obras Lampião, o Rei dos Cangaceiros, e Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, são canônicas, seminais, inigualáveis.

Mas o historiador Billy Jaynes Chandler diz que o convite para Lampião ir até a Juazeiro teria sido feito pelo próprio sacerdote. Mas outros afirmam que não. O Padre Cícero somente ficou sabendo do acordo alguns dias antes da chegada do bando a Juazeiro. 

De Barbalha a Juazeiro do Norte são 12,5 km. aproximadamente 19 minutos

Tem gente que não pensa nas consequências que poderão surgir após querer fazer os outros de bestas, malucos..., e se o perigo aparecer contra si, diz que é porque o sujeito é valente, perverso e desumano. Nada disso! Depois que o bicho está criado é muito difícil vencê-lo ou matá-lo.

Quando o capitão Lampião chegou em Pernambuco e tomou conhecimento do que fizeram com ele sobre a patente sem nenhuma filiação com o exército brasileiro, e tivesse se revoltado, em seguida, voltado ao Ceará para cobrar daqueles que em Juazeiro do Norte (a cidade não tinha nada a ver com isso), no meio da covardia das pessoas importantes de lá, mesmo sabendo que a patente de capitão do exército dada a Lampião não tinha nenhum valor, a surra e o seu punhal teriam trabalhados bastantes, obrigando "falsos nêgos" dançarem na peia mesmo sem saberem dançar.

Quem sabe, os pensamentos do compadre Lampião talvez confiante que, ao chegar à sua terra natal Pernambuco com a patente de capitão, que nem todos têm esse privilégio, receberia uma espécie de perdão pelos seus crimes e desordens, poderia até ser homenageado diante das autoridades militares como capitão. Mas  foi o contrário. O comandante da polícia civil daquele Estado não o reconheceu como capitão, e o que fez contra Lampião que já estava patenteado, foi severamente atacá-lo sem compaixão pelas forças volantes do governo de Pernambuco.

Eu que estudo cangaço e principalmente a era "lampiônica" não acredito que Lampião seria tão fácil para se mudar os seus ideais, porque ele mesmo patenteado, jamais abriria mão da sua vida cangaceira que há alguns anos vivia dela, mas quem sabe, se tivessem tentado reformar o capitão Lampião e o tratado como um cidadão, e ainda o respeitado a partir dali como capitão,  e como um novo homem da sociedade, seria possível que nascesse um ser humano honesto e até mesmo mais compreensivo. E quantas vidas teriam sido salvas, já que a raposa do sertão tinha deixado a vida de crimes? Mas o que fizeram? Prepararam uma patente sem filiação a nada. Novamente traíram o jovem rapaz que tinha apenas 28 anos de idade na época.

Para que o leitor entenda que esta foi uma grande invenção e humilhante contra Lampião, é que para ser capitão do exército brasileiro o sujeito primeiro tem que passar por estas "11" graduações: 

1 - soldado de 2ª. classe.
2 - soldado de 1ª. classe. 
3 - Cabo.
4 - 3º. sargento,
5 -  2º. Sargento. 
6 - 1º. Sargento.
7 - Suboficial.
8 -  Cadete.
9 -  Aspirante a oficial.
10 - 2°. Tenente 
11 - 1°. Tenente. 
12 - Capitão.

Todas estas 11 primeiras graduações no exército brasileiro são para poder o militar chegar a ser Capitão do Exército. Lampião foi direto para capitão.

Eu não entendo porque Lampião não percebeu que a esmola era grande para ele. Nunca foi nem soldado e pulou 11 patentes, passou logo para capitão do exército! Incrível!


O que escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica. 

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