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terça-feira, 26 de junho de 2018

RIACHO IPIRANGA/RIACHO DE OSCAR

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.929

O riacho Ipiranga – queremos dizer: o riacho em cujas margens foi proclamada a independência do Brasil – fica em São Paulo. Dar nome ao bairro em que se situa. O riacho Ipiranga é relativamente pequeno, possuindo apenas 9 km de extensão. Suas nascentes estão situadas no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, reserva natural de mata atlântica (floresta tropical), encravada em plena zona sul da cidade. Elas estão distribuídas nas instituições: Jardim Botânico de São Paulo, Zoológico de São Paulo e no Parque Cien Tec. Sua foz se encontra na margem esquerda do rio Tamanduateí. Se formos saber o seu topônimo, ele vem do tupi que significa: rio vermelho; é a junção dos termos‘y (rio) e pirang (vermelho). Com a Independência o simples riacho ficou famoso a partir de 7 de setembro de 1822.

RIACHO IPIRANGA. (FOTO: DIVULGAÇÃO).

O nosso município não tem nenhum córrego denominado Ipiranga. Conhecemos o mais famoso deles que é o Camoxinga porque corta a cidade e originou o nome do bairro maior. E para quem ainda não sabe, Camoxinga significa em língua indígena: montanha que chora. Mas temos ainda o Salobinho, o Salgadinho, o Gravatá e o João Gomes, além de outros.  Referindo-se ao lugar em que nasceu, o escritor santanense Oscar Silva anotou que foi ali às margens do riacho João Gomes, desconhecido para todos os geógrafos do Brasil. Silva tinha razão na época.
O nosso projeto, aqui divulgado, sobre o resgate e apresentações dos mais de 130 sítios de Santana, inclui também o resgate de serras, serrotes, lagoas e riachos, caracterizando-se assim uma Geografia Física completa da nossa zona rural. Tendo apoio tudo se concretiza, sem apoio o projeto fica difícil.
 E se nós não temos o riacho Ipiranga de D. Pedro I, poderemos, quem sabe, “descobrir” o riacho João Gomes do escritor Oscar Silva e entregá-lo à sociedade.
RIACHO IPIRANGA. (FOTO: DIVULGAÇÃO).
                                                                                                                                     

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A BAGACEIRA


*Rangel Alves da Costa


Bem que eu poderia tratar do famoso “A Bagaceira”, obra-prima da literatura regionalista brasileira e escrita por José Américo de Almeida, publicada em 1928. Ou mesmo sobre “A Bagaçada”, cordel-primor da literatura popular nordestina, tão prometido e até declamado pelo seu autor, o Mestre Vitorino das Quixabeiras, mas que nunca foi transformado em livreto. E não, segundo ele, por que não haveria papel no mundo que desse para imprimir sua obra disputada por todos, e até no tapa.
Em “Bagaceira”, o José Américo de Almeida situa o engenho como o cosmos de uma realidade social brutal e apavorante, onde chama para o seu contexto não só o poderio senhorial como a pobreza e a miserabilidade dos brejeiros e sertanejos. E o termo bagaceira para identificar o local onde, nos engenhos, são juntados os bagaços, os restos da moagem. Tudo o que não presta mais se torna em bagaceira. No caso específico do romance enquanto crítica social, a bagaceira se traduz nos restos humanos e suas desvalias. Quanto ao conteúdo de “A Bagaçada”, é melhor deixar pra lá.
Talvez seja mesmo melhor deixar pra lá por que muita gente já colocou as tripas pra fora perante o descrito em “A Bagaçada”. Somente para dar uma noção, Vitorino das Quixabeiras, seu autor cordelista, certamente que exagerou no ponto ao transformar seu folhetim numa inversão da sociedade nordestina então predominante. Desqualificou totalmente o poderio coronelista, chafurdou a força política e o mando, e ergue no patamar social, como personagens de uma casta maior, os escravizados dos canaviais, os pés descalços pelas vielas, as prostitutas e as rampeiras do cais. Neste aspecto, o bagaço era refeito e valorizado em detrimento do sumo social poderoso.
Pois bem. Bagaço, termo que origina a bagaceira, é o nome que se dá aos restos depois de moídos e espremidos. Diz-se do resultado do processo de compressão da matéria-prima, onde o refugo serve como subproduto para reaproveitamento e novas utilidades. Por consequência, a bagaceira pode ser tida não só como o entulhamento do bagaço como aquilo que está em desordem, na baderna, na esculhambação. Ou ainda o que está abaixo de outros níveis na camada social, considerando-se a riqueza e a pobreza.
No sentido usado por José Américo de Almeida, a bagaceira possui o duplo sentido de ser o resto da cana depois de moída e também de ser a camada social submetida ao império do senhor do engenho e por este tratada como coisa que outra valia não tem senão à escravização ao trabalho, ao mando e ao poder. Astuto, Vitorino das Quixabeiras dizia ainda que a sua bagaçada servia para demonstrar como a sociedade se escraviza por conta própria, vez que em constante desordem e defendendo posições sempre discordantes ou contrastantes. Bastava valorizar mais quem realmente deveria ser valorizado e tudo estaria resolvido.
Contudo, a realidade atual demonstra que um novo engenho foi se formando e outra coisa não produz senão bagaceira. Não se fala mais no sumo da cana ou, no caso específico, naquilo que é de melhor produzido, mas tão somente nos seus entulhos. Engenho que bem poderia se chamar de política, de poder ou de governança, o mesmo que ao invés de produzir o melhor para a sociedade vai se achando no direito de apenas amontoar a bagaceira no povo. É este povo que vai chafurdando de tudo o que é ruim e que continuamente vai sendo lançado pela política e pelos políticos.
Ora, as máquinas do engenho continuam em pleno vapor, continuamente trabalhando perante os seus objetivos. Mas o que é construído senão bagaço, bagaceira, restos, entulhos? O sumo da cana, ou o que de melhor possam fruir e usufruir logo vai se tornando benesses de poucos. Mas a bagaçada é lançada ao povo, é jogada bem no seio social mais carente e necessitado. Ao invés de colher um pouco de sua luta, pois no povo o sacrifício para alimentar as riquezas, o que se tem é uma sociedade alienada dos frutos por ela mesma produzida. A esta somente o bagaço, tudo o que não preste e não possui uma digna serventia.
No engenho do poder e do mando, a bagaceira, pois, não é outra senão o povo. Não somente visto como imprestável, o povo ainda tem que receber sobre si todo o fardo do que é contra si produzido pelas governanças e pela política. Servindo como verdadeiro lixão, a sociedade tem de acolher os amontoados de dores e sacrifícios lançados daquele voraz e impiedoso engenho. Vive na bagaceira, é a bagaceira, é sempre tratado como bagaço. Não importa que ali esteja o homem, o trabalhador, pois ao poder importa somente que ele vive amontoado em seus próprios restos.
Quem possui mais valia em meio à bagaceira, será o homem ou será um bicho de lixo qualquer? Tanto faz, segundo diz aquele do pedestal. E afirma ainda que o homem convive com segurança, com educação, com saúde, com qualidade de vida. Esquece apenas que tudo isso, no Brasil, também não passa de bagaceira.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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HISTORIADOR É ASSIM!


Por André carneiro de Albuquerque

Historiador é assim. Quando sabe que livro e arquivo não resolve, pesquisa até encontrar resposta. Pois bem, essa semana, acompanhado do amigo e produtor Pedro Zanré, peguei a estrada de madruga com destino a cidade de Pesqueira (interior de Pernambuco), onde tive a honra e alegria de conhecer e entrevistar o senhor Andrelino, de 104 anos - O ÚLTIMO DOS CAPITÃES DO FIM DO MUNDO. Policial Militar que integrou as tropas volantes do lendário Manoel Neto e que combateu o cangaço entre os anos de 1936 e 1940. Durante horas conversamos a respeito de diversos assuntos ligados as Tropas Volantes. Não tenho como descrever a emoção de conhecer um integrante de uma tropa forjada para uma "guerra acangaceirada" e que dediquei anos de pesquisa. Entregar um exemplar do livro CAPITÃES DO FIM MUNDO para o velho guerreiro e seus familiares foi algo que fez valer todo o esforço de pesquisa e escrita.

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COLÉGIO FRANCISCO AGUIAR - MAIOR MÉDIA DENTRE OS COLÉGIOS DE SANTA RITA NO ENEM E MAIOR DO QUE A MÉDIA NACIONAL – MEC/ENEM – COMPROVE.:

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

Distinto amigo:

O COFRAG – COLÉGIO FRANCISCO AGUIAR - MAIOR MÉDIA  DENTRE OS COLÉGIOS DE SANTA RITA NO ENEM E MAIOR DO QUE A MÉDIA NACIONAL – MEC/ENEM


COMPROVE.:


Grato pela atenção,
Francisco Aguiar

Enviado pelo professor Francisco de Paula Melo Aguiar

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MARANDUBA CHEGA AO CARIRI CANGAÇO POÇO REDONDO 2018


"Nunca vi tanta bala como em Maranduba..." confessa um resignado Manoel Neto, o "Mané Fumaça", Nazareno dos mais ferrenhos combatentes ao bando de Lampião sobre o fenomenal "fogo da Maranduba". Eram perto das 16 horas quando a Programação do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018 nos trouxe a mais um espetacular cenário histórico dos tempos de cangaço. Em Maranduba um desfecho extremamente surpreendente novamente trazia à baila a suposta supremacia estratégica de Virgulino. 

Chegando a vila da fazenda Maranduba fomos recepcionados pela comunidade local e diante da igrejinha de Santa Luzia e sob um céu de azul anil tivemos o privilégio de acompanhar a apresentação do Grupo Cultural e de Teatro Raízes Nordestinas tendo a frente Rafaela Alves, mostrando o amor às tradições e raízes do sertão, numa performance cheia de significado e responsabilidade social. 

Grupo de Teatro Raízes Nordestina, da Maranduba
 
 
Rafaela Alves, Manoel Belarmino e Manoel Severo

Maranduba continua celebre entre os tres lendários combates no ciclo lampiônico, ao lado de Serra Grande e Serrote Preto. As circunstancias tanto anteriores, como o próprio fogo e suas consequências nos colocam mais uma vez diante de um dos mitos do cangaço: A genialidade de Virgulino Ferreira da Silva no combate nas selvas da caatinga. O "fogo da Maranduba" ; Maranduba normalmente nomenclaturada no feminino, é chamada pelos moradores do lugar de forma masculina, ali aconteceu o "fogo do Maranduba"...

A conferência sobre o Fogo da Maranduba ficou a cargo do colecionador e pesquisador do cangaço, Ivanildo Silveira, de Natal. O épico combate aconteceu quando Maranduba e Poço Redondo ainda eram município de Porto da Folha, emancipação dada em 1953. O mês era janeiro e o ano 1932;  dias antes havia acontecido o terrível episodio das “ferrações” por Zé Baiano na vizinha Canindé. O fato acirrou a sanha dos soldados sob o comando das duas volantes; a pernambucano de Mané Neto e a baiana de Liberato de Carvalho; o Tenente Manoel Neto, bravo Nazareno, viu tombarem sem vida muitos de seus valorosos homens nesse fogo da Maranduba e afirmou que nunca tinha visto tanta bala como viu ali, outra coisa que se comentava foi que no local em que aconteceu o fogo de Maranduba, durante vários anos, das árvores e dos matos rasteiros não ficaram folhas, tudo era preto, como se tivesse passado um grande fogo. As árvores ficaram completamente descascadas de cima abaixo, de balas.
Ivanildo Silveira e o Fogo da Maranduba...
Tenente Manoel Neto, líder em Maranduba
 
 
Caravana Cariri Cangaço e a conferencia "O Fogo da Maranduba" com Ivanildo Silveira

Passo a passo o pesquisador Ivanildo Silveira foi elucidando os principais pontos do intrigante e trágico combate, que se deu perto do meio dia e se estendeu até o sol se por. Os cangaceiros estavam se preparando para comer e as pias iriam fornecer a água necessária para os próximos caminhos, dispostos sob a sombra dos sete famosos umbuzeiros do lugar. As volantes cansadas da longa jornada se aproximaram pela caatinga da Maranduba tendo Mané Neto no comando de seus homens, para em seguida se aproximarem os baianos de Liberato de Carvalho. Ali cometeram os mesmos erros de combates anteriores e acabaram envolvidos por várias linhas de tiros, engenhosamente armada por Lampião e seus cangaceiros. Ao final, dentre os muitos que tombaram sem vida, constavam 4 homens de Nazaré: Hercílio de Souza Nogueira e seu irmão Adalgiso de Souza Nogueira (primos dos irmãos Flor), João Cavalcanti de Albuquerque (tio de Neco Gregório) e Antônio Benedito da Silva (irmão por parte de mãe de Lulu Nogueira, filho de Odilon Flor).

A caminho do Marco Histórico da "Cruz dos Nazarenos"
 
 
Manoel Severo, Carlos Alberto e Robério Santos

Já passaram quase 90 anos e  Maranduba ainda mantem os velhos umbuzeiros, testemunhas mudas da grande batalha, do horror e da genialidade do rei Lampião, bem ali, perto da enigmática "Cruz dos Nazarenos"; onde foram sepultados 4 homens de Nazaré: Hercílio, Adalgiso , João Cavalcanti  e Antônio Benedito; foi construído pela prefeitura municipal de Poço Redondo o Marco Histórico da Cruz dos Nazarenos, inaugurado nesta mesma tarde pelo prefeito Junior Chagas, pelo curador do Cariri Cangaço Manoel Severo e vários pesquisadores de todo o Brasil, numa homenagem justa e oportuna aos verdadeiros heróis do sertão.

Prefeito Junior Chagas e Manoel Severo descerram a Placa do Marco 
Histórico da Cruz dos Nazarenos na Maranduba
 
Padre Agostinho; Capelão do Cariri Cangaço; ministra as bençãos ao campo santo onde repousam os bravos Nazarenos tombados na Maranduba, por ocasião da inauguração do Marco Histórico da Cruz dos Nazarenos.
Ao lado do Marco a Cruz que indica o local onde foram sepultados os Nazarenos.

Vamos oportunamente nos valer; ilustrando ainda mais esta postagem; ao depoimento de Labareda - cangaceiro Ângelo Roque que participou dessa batalha, prestado a Estácio Lima e publicado no livro O Mundo Estranho dos Cangaceiros, que descreve o que aconteceu naquele dia, no seu linguajar típico: 

“... Nóis cheguêmo na caatinga de Maranduba, pru vorta di maio dia, i tratemo di discansá i fazê fogo prôs dicumê, i nóis armoçá. Mas a gente num si descôidava um tico, i nóis sabia qui as volante andava pirigosa. Inquanto nóis discansava, botemo imboscada forte, di déiz cabra pra atacá us macaco qui si proximasse. Nóis cunhicia us terreno daqueles mundão, parmo a parmo. Us macaco num sabia tanto cuma nóis. Todos buraco, pedreguio, levação, pé di pau, pru perto, nóis sabia di ôio-fechado, i pudia tirá di pontaria sem sê vistado. Nisso, vem cheganou’a das maió macacada qui tivemos di infrentá. I us cumandante todo di dispusição prá daná: Manué Neto, qui us cangacêro tamém chamava Mané Fumaça, Odilon, Euclides, Arconso e Afonso Frô. Tamém um Noguêra. Nesse bucadão di macaco tava u Capitão ou Tenente Liberato, du izérto. Dizia us povo qui ele era duro di ruê. I era mesmo. Brigava cuma gente grande, i marvado cumo minino. Mas porém, valente cumo u capêta. Di nada sirvia a gente gostá i tratá com côidado um mano qui êle tinha na Serra Nêga. 

Ex-Cangaceiro Ângelo Roque, o Labareda

Essa Força toda dus macaco si pegô mais nóis na Maranduba. Nóis era trinta e dois cabra bom. U Capitão Virgulino tinha di junto, nessa brigada, us principá cangacêro: Virgino, Izequié, Zé Baiano, Luiz Pêdo, i seu criado Labareda. Dus maiorá só fartava mesmo Curisco sempre gostô di trabaiá sozinho, num grupo isculido dicangacêro, mais Dadá. Briguemo na Maranduba a tarde toda i nóis cum as vantage cumpreta das pusição, apôis us macaco num pudia vê nóis. A volante di Nazaré deve tê murrido quaji toda. Caiu, tamém, matado di ua vêis, um dus Frô, qui si bem mi alembro, foi u Afonso. Cumpade Lampião chegô pra di junto do finado i abriu di faca a capanga dêle, i achô um papé qui tinha iscrito um decreto dizeno qu ele já tinha dado vinte i quatro combate cum u cumpade Lampião. Veio morrê nu vinte i cinco. A valia qui tivemo nessa brigada foi us iscundirijo. Morrero, aí, trêiz cangacêro i trêiz ficô baliado. Us istrago qui fizemo nessa brigada foi danado ! Matemo macaco di horrô !”

Cariri Cangaço Poço Redondo
Fazenda Maranduba - Poço Redondo
15 de junho de 2018

Tendo a Lendária Maranduba por Testemunho
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Igreja de Santa Luzia em Maranduba...

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