Seguidores

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

NOVOS LIVROS!

Por José Mendes Pereira



Os interessados poderão adquiri-los através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

“TÁ CÁ PESTE O QUÊ, HOME”

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.060
PREFEITO RUI PALMEIRA E DEFESA CIVIL. (FOTO: LUCAS ALCÂNTARA)
       Finalmente está marcada para sábado próximo, a evacuação populacional do Bairro Pinheiro, como simulação. Sofrimento, dor e desespero têm acompanhado os moradores do bairro, tanto os migrantes quanto os resistentes. Mesmo com todas as providências sobre possível tragédia na área, a apreensão e incerteza batem à porta de moradores e ex-moradores a cada segundo do dia ou da noite. Pela parte da Natureza existe um suspense compassado como se estivesse testando os nervos em frangalhos daquela população. Afunda ou não afunda o bairro que tem nome na Botânica? Depois de tantos afundamentos menores e centenas de estabelecimentos rachados, tornar-se até incoerente o que não acredita nas evidências. Para completar os maus presságios este ano estar sendo bom de chuva o que deverá contribuir para a realização do esperado fenômeno.
       Alguém já disse que o lugar virou bairro fantasma, mas não totalmente. Os trabalhadores no caso, os que ainda não evacuaram a área e os curiosos que se movimentam pelas ruas quase desérticas, impedem aquela denominação. Quanto investimento foi aplicado em imóveis de todos os tipos naquela área! É ali onde estão os apartamentos feitos para os funcionários públicos construídos e legalizados no governo Divaldo Suruagy; além das residências, valorosas casas comerciais e prestadoras de serviços e até mesmo a moderníssima igreja construída recentemente. Inúmeras pessoas investiram ali tudo o que possuíam e terão lamentavelmente, que iniciar a vida do zero. Mesmo que o bairro não afunde, a tragédia física, moral e social já contam suas vítimas.
       Por enquanto toda suspeita cai em cima da Braskem, mineradora do sal-gema ali por perto. A desconfiança é grande. Mas os estudos avançam e pelos menos a causa ou causas deverão ser apresentadas em breve. Teme-se também que depois da descoberta, haja desvio de informações com manobras para que a verdade não apareça. Será? Virou rotina no Brasil apontar apenas a fatalidade como causas das coisas ruins. Continuamos sendo o país da impunidade e da corrupção. Por quanto tempo? Vamos aguardar o laudo do Pinheiro.
Quando narramos a um amigo sertanejo os acontecimentos do bairro, ele com aquela natural rudeza regional, respondeu apenas:
       “TÁ CÁ PESTE O QUÊ, HOME!”


logdomendesemendes.blogspot.com

“EU NÃO SEI PARAR DE TE OLHAR, EU NÃO VOU PARAR DE TE OLHAR...”

*Rangel Alves da Costa


Sim, a canção de Ana Carolina e Seu Jorge. Alguém amado que segue, que passa adiante, e o olhar não para de olhar. Não para de avistar, de também seguir, de querer o outro.
Como o olhar que ama sabe buscar o ser amado. Não importa se ao longe ou ao perto. Não importa se na claridade ou na miragem. Não importa sem entre sóis ou tempos nublados. Ele quer, ele sempre deseja encontrar. E encontra.
O olhar que ama possui passos, direções, caminhos. O olhar que sabe o que quer não descansa enquanto não encontrar seu objeto de amor. Abre portas e janelas e segue. Incansável, sempre segue adiante levando uma flor à mão e um sorriso no coração.
Ou mesmo nas vagas do pensamento, nas janelas abertas da saudade, a imagem que chega e a pessoa não deseja dela se afastar. O que mais quer é continuar avistando a face, a feição, o lábio, a boca, o sorriso, tudo. O amor tem dessas coisas.
Não precisa estar ao outro ladeado para que o olhar sempre procure a presença. Olhar este que está na memória, na recordação, no desejo do coração. É como se o amor - mesmo não sendo mais o par - estivesse ali.


E que reencontro bom, que sensação maravilhosa na presença. O peito que aperta, o peito que pulsa, o olho que vibra, as mãos que entorpecem, a vontade que dá. O desejo, o desejo, o desejo de abraçar, de sentir, de beijar, de amar em todos os sentidos.
Eu mesmo, como exemplo, aqui da distância avisto o meu amor (e agora um inexistente amor). Lá fora só há silêncio, negrume e a lua, mas basta que olhe pra cima e veja o seu sorriso descendo como estrela. Basta que eu feche os olhos e a sinta toda mulher em mim.
Então o meu olhar interior a traz inteirinha para dentro de mim. Por isso que não vou parar de te olhar, eu não quero parar de te olhar. Ou, como diz a canção É isso aí: “Eu não sei parar de te olhar. Não sei parar de te olhar. Não vou parar de te olhar. Eu não me canso de olhar. Eu não vou parar... de te olhar. Eu não sei parar... de te olhar”.
Eu não sei nem quero parar de te olhar. Mesmo com olhar de saudade, com olhar sofrido e angustiado, eu não quero nunca parar de te olhar. Talvez a sua visão seja o próprio espelho de minha alma. Pois onde o amor espelho sempre há reflexo de luz maior.
Por isso que não. Não vou parar de te olhar. Eu não quero parar de te olhar...


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI NA FESTA DOS 10 ANOS DE CARIRI CANGAÇO

Por Manoel Severo


Atenção

O Conselho editorial da Revista Itaytera estará recebendo os artigos dos sócios até o dia 16 de março de 2019, quando tal prazo restará esgotado! Quem tiver interesse em publicar algo, deve seguir as seguintes exigências:

1- O texto deverá ser em fonte 12, times new roman, Word Windows 2010;
2- Espaçamento entre as linhas: 1,5;
3- O texto deverá vir corrigido pelo autor; 
4- Nesta edição, em decorrência das comemorações dos 10 anos do Cariri Cangaço, os temas relacionados ao banditismo social (lato sensu) terão predileção, bem como aqueles que façam menção ao Cariri cearense (mesorregião, conforme preconiza o Estatuto) ou as suas imediações;
5- O número máximo de laudas, para cada artigo, será de 5 a 7, mas, a depender da relevância do assunto (fato inédito, descoberta científica, etc.), o Conselho Editorial poderá abrir exceção, aceitando um número maior de laudas;
6- Os custos da publicação correrão por conta do Instituto;
7- Caso o número de artigos exceda o permitido (aproximadamente, 200 páginas), estes serão selecionados, seguindo alguns critérios (a importância do tema, a situação do sócio perante o ICC- anuidade-, a primazia do envio, bem como a observância dos outros requisitos acima citados);
8- As fotos que ilustram o texto deverão ser enviadas tanto dentro do artigo (word) quanto em arquivo separado. Neste último caso, em jpeg;
9- Os artigos deverão ser enviados para Heitor Feitosa Macêdo, através do email: heitorfeitosa82@hotmail.com;
10- Os sócios terão preferência na compra de páginas para propaganda comercial, etc.;
11- Os autores dos textos que não forem publicados receberão a justificativa fundamentada por parte do Conselho Editorial, no prazo de 15 dias após o término do recebimento.

Heitor Feitosa Macêdo
Presidente do ICC- Instituto Cultural do Cariri


Cariri Cangaço
10 Anos
24 a 28 de Julho de 2019

http://cariricangaco.blogspot.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O ROMANCE ENTRE JOÃO MARIA DE CARVALHO E MARIA DÉA, A FUTURA MARIA BONITA

Por Rangel Alves da Costa


Conforme conhecimento geral, o chefe do clã dos Carvalho da Serra Negra, filho de Pedro Alexandre de Carvalho e Dona Guilhermina Maria da Conceição, o depois temido e reverenciado tenente João Maria de Carvalho (coronel por força do poder e da patente concedida pelos méritos da força e do mando), sempre se sobressaiu vitoriosamente aonde sua mão e seu passo puderam alcançar.
Agraciado pela família de nomeada por toda a Serra Negra e arredores, cada um dos filhos de Pedro Alexandre logo procurou tecer seu próprio destino. E eram muitos, nada menos que quatorze, sendo a metade de homens. Nas lidas da terra, na compra e venda de rebanhos, nos estudos, no tino da troca e da venda de mercadorias, no contexto local de poder, cada um foi garantindo seu lugar ao sol. E João Maria, antes de todo o poder alcançado, antes de se tornar tenente e coronel nordestino, antes de ser dono e rei de um mundo, foi um inquieto e irrequieto lutador. E, na luta, os muitos ofícios, desde o tangimento de gado ao comércio.
João Maria de Carvalho


Do seu tino de comerciante, eis que um dia, lá pelos fins dos anos 20, fincou pé nas bandas de Santa Brígida, não distante de sua Serra Negra, onde passou a comercializar, principalmente nos dias de feira, tecidos, chinelos e outros produtos de uso pessoal e do lar. E foi neste local que o moço garboso, já passado dos trinta anos e ostentando o poder da sedução, lançou o olhar sobre uma mulher que lhe pareceu de atração diferenciada. Naqueles sertões de mulheres tímidas e recatadas, um olhar mais penetrante logo despertava verdadeiro desejo.

Aquela que encontrou era como que uma flor dengosa, feminina demais em cada olhar e gesto, uma atriz de cinema naquele mundo carrasquento e embrutecido. Logo se encantou. No seu livro “Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico, no capítulo “Maria Bonita, Rainha e Deusa do Cangaço”, Alcino Alves Costa narra como se deu tal episódio amoroso, e diz:

“Faz feira, com um comércio de tecidos, em Santa Brígida, um dos descendentes da tradicional família Carvalho, de Serra Negra. É ele um jovem moço que anos depois veio a se tornar no famoso e temido tenente João Maria de Carvalho."

A futura rainha do cangaço inicia um romance com o prestimoso lojista que seria depois o grande patriarca daqueles sertões. Romance ardoroso. Altamente sigiloso. Tão sigiloso que ainda hoje é negado por seus familiares. 

Rangel Alves da Costa

Tempos aqueles em que uma mulher casada era uma preciosidade que só poderia ser alcançado dentro do maior segredo e debaixo de sete chaves.
Maria Déa se atira aos braços do amante. João Maria é exatamente o inverso do marido. É explosivo, ardente, carinhoso e arrojado, deixa a moça na mais completa felicidade.

O ardor dos encontros proibidos faz com que Maria cada vez mais se afaste do sapateiro. Já não partilhavam à mesma cama. As brigas a cada dia se multiplicavam. Impossível continuar vivendo aquela fracassada união. Só existia uma solução: a separação definitiva. Corre o ano de 1930.

Lampião reina absoluto por aquelas bandas baianas. É o nome que se fala, que se comenta. Eis que o grande bandoleiro aparece na Malhada da Caiçara.É carinhosamente recebido. Faz amizades. As visitas se tornam constantes. Todos comenta, o romance de Maria com o famoso rei dos cangaceiros.

Maria Bonita em foto do final da década de vinte (acervo de João de Sousa Lima)

Em uma manhã de fevereiro de 1931, Lampião a leva para sua companhia. A bela flor de Santa Brígida, que há anos vinha murchando na taperinha de Zé de Neném, ia, agora, florir a vida seca e encrespada de Virgulino Ferreira da Silva, passando a ser a deusa e rainha do cangaço”.

Tal história, ainda recentemente me foi asseverada por Orlando da Serra Negra, sobrinho-neto de João Maria, segundo o qual sempre ouviu histórias dando conta de que a relação entre o comerciante e a jovem esposa do sapateiro ia muito além da amizade. Costumeiramente, João Maria mandava entregar a Maria Déa cortes de panos, sandálias e perfumes. Entregar e nada cobrar, pois presentes especiais para uma pessoa de afinidade. Desse modo, difícil negar que antes dos braços do Capitão Lampião, a futura Maria Bonita lançou-se aos braços de um embrionário coronel sertanejo.

Que sina a desta mulher, a desta Maria. Saindo daquele mundo que não lhe cabia, por ela mesma rejeitar, e enveredando pelos caminhos onde um ex-amante era amigo e dava guarida ao seu capitão. De um lado o coronel, de outro o cangaceiro, e a beleza feminina a todos envolvendo e enfeitiçando. Que se diga, contudo, que a página de João Maria na vida de Maria, foi simplesmente rasgada após ela se tornar cangaceira e dona de Lampião. Ainda viviam no mesmo mundo, mas era como se aquele mundo não vivesse mais neles.


Rangel Alves da Costa. Pesquisador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


OS VAGA-LUMES DE MARIA BONITA

Por Raul Meneleu

Na história do Cangaço precisamos ter cuidados em fazermos afirmativas, pois as contradições que muitas vezes, senão em maioria, nunca foram propositais. Destaco o depoimento da cangaceira Sila, quando, contando que na noite anterior do fatídico dia da morte de Lampião e Maria Bonita, junto com mais nove cangaceiros, estava sentada em uma pedra, conversando com Maria e que viu lampejos que ela achava que poderiam ser fachos de lanternas, mas que fora dissuadida por Maria Bonita, que lhe dissera que eram apenas luzes dos vagalumes. Ela então talvez convencida naquela ocasião, que realmente eram lâmpadas de vagalumes, não ficou preocupada e nem disse isso ao seu companheiro Zé Sereno quando chegou em sua barraca. No depoimento ela diz que após o acontecido,  lembrando dessa conversa, esta lhe marcou a mente, que eram soldados fazendo o cerco ao Angico. Mas pergunto: que hora era  aquela da conversa, se o ataque se deu cedinho pela manhã e temos testemunhos de soldados, que disseram que às 3 horas da manhã, não tinham ainda atravessado o Rio São Francisco?

A mente humana pode ser convencida por algum fato lembrado, mas que necessariamente tal fato não se deu. Boa parte das lembranças do ser humano é falsa. Jamais aconteceu. Não passa de mentiras inventadas pelo cérebro, dizem os psicólogos. Parte das lembranças é pura imaginação. Isso porque a memória não é um registro da realidade – é uma interpretação construída pela mente. O nosso cérebro inventa o mundo, das cores que a gente vê às experiências que a gente vive. E edita essas informações antes de gravá-las.

Adília e Sila

Boa parte das lembranças é falsa. Jamais aconteceu. Não passa de mentiras inventadas pelo cérebro. Lembrar é imaginar, e imaginar é distorcer. Em uma reportagem de Gisela Blanco e Bruno Garattoni publicado na revista Super Interessante de julho de 2018, reportando sobre isso, mostra que essas lembranças sempre afloravam no consultório de algum psicólogo, depois de sessões de terapia com técnicas de hipnose e regressão e se descobriu muitos casos de falsas memórias, que haviam sido acidentalmente induzidas por psicólogos durante sessões de hipnose. É aquela história que de tanto se falar se acredita.

"É uma interpretação construída pela mente. O nosso cérebro inventa o mundo, das cores que a gente vê às experiências que a gente vive. E edita essas informações antes de gravá-las, explica o psicólogo cognitivo Martin Conway, da Universidade de Leeds. Cientistas da Universidade Harvard pediram a voluntários que se lembrassem de uma festa em que tinham estado. Em seguida, eles deviam imaginar uma festa que ainda não havia acontecido. Os pesquisadores monitoraram as cobaias durante todo o experimento e descobriram que, nos dois exercícios, sua atividade cerebral foi praticamente a mesma. Ou seja: os mecanismos que usamos para acessar nossas memórias são os mesmos que usamos para imaginar as coisas. Uma pessoa pode ter lembranças erradas ao ler o que está gravado corretamente na sua memória,



Vocês podem até se lembrar do principal, mas todo o resto será distorcido – com direito a várias informações criadas pelo cérebro. Já que a memória e a imaginação usam os mesmos mecanismos, a mente não vê problema em dar uma inventadinha para completar as lacunas.

Essa tendência é tão forte que a Justiça possui artifícios para se defender disso, e ver se os relatos de testemunhas estão contaminados pela imaginação. Além de propor situações que não aconteceram (como no caso do americano Paul Ingram), os interrogadores evitam perguntas indutivas (“ele estava usando um boné, certo?”) ou que envolvam raciocínio negativo (“isso não está certo, né?”), pois elas acabam levando o cérebro a distorcer as memórias. Mas não há uma maneira de determinar, cientificamente, se uma lembrança é real. Nem mesmo o detector de mentiras consegue desmascarar falsas memórias, e por um motivo simples. Sabe aquela máxima que diz: uma coisa não é mentira quando você acredita nela? Pois é.

Apesar de tudo isso, é difícil imaginar uma sociedade que não acreditasse na memória das pessoas. Não existiria verdade nem realidade coletiva, pois cada indivíduo viveria isolado em seu próprio mundo de lembranças. “A crença na memória é fundamental para várias instituições da sociedade, como a Justiça e as escolas”, afirma Schacter. Ainda bem. Pois, no futuro, nossas memórias serão totalmente diferentes."
  

Sila ao lado de seu companheiro Zé Sereno e seu bando

Então amigos, não era porque Sila estava mentido. Ela e Maria Bonita realmente conversaram naquela pedra e a lembrança que Sila teve quando algum tempo depois, alguns dias depois ou talvez meses, quando ela lembrou ficou gravado em sua mente que aquelas luzes de lanternas eram dos Soldados. Mas não poderia ser pois, a que horas elas estavam conversando em cima daquelas pedras? Era 3 horas da manhã? Eu duvido que isso se deu nessas horas entre 3 e 4 da manhã! Provavelmente deveria ser, essa conversa, antes de 22h.

Mas aí já entra da minha parte essa interrogação. Mas sinceramente acho muito difícil que essa conversa tenha se dado as 3 horas ou 4 horas da manhã pois os soldados ainda estavam atravessando o rio.

Raul Meneleu, pesquisador, Conselheiro Cariri Cangaço
30 de novembro 2018
http://meneleu.blogspot.com/

http://cariricangaco.blogspot.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

BIBI FERREIRA MORRE AOS 96 ANOS NO RIO


Veterana morreu no início desta tarde em seu apartamento no Flamengo, na Zona Sul do Rio

Bibi Ferreira morreu na tarde desta quarta-feira em seu apartamento no Flamengo, na Zona Sul do Rio - Globo/Tata Barreto.


Rio - Bibi Ferreira, de 96 anos, morreu na tarde desta quarta-feira, em seu apartamento no Flamengo, na Zona Sul do Rio. Cantora, compositora, diretora e apresentadora, a veterana foi um dos maiores fenômenos artísticos do Brasil. 

Segundo informações de sua filha, Tina Ferreira, não sofreu. Ela acordou, pediu um copo d'água e a enfermeira percebeu que ela estava com os batimentos mais baixos. O médico foi chamado, mas não houve tempo de levá-la ao hospital. Ainda não há informações sobre o velório. 

Paixão pelo teatro

Abigail Izquierdo Ferreira, mais conhecida como Bibi Ferreira, nasceu em 1º de julho de 1922. Ela era filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo. Bibi Ferreira atuou em filmes, apresentou programas de televisão, gravou discos e dirigiu shows. Mas sua grande paixão sempre foi o teatro. 

https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2019/02/5619664-bibi-ferreira-morre-aos-96-anos-no-rio.html?utm_source=push&utm_medium=splash&utm_campaign=odia

http://blogdomendesemendews.blogspot.com

LAMPIÃO, O CANGAÇO

Por José Mendes Pereira
Escritor Júnior Almeida

O escritor Júnior Almeida lançou recentemente o seu mais novo trabalho sobre cangaço com o título "LAMPIÃO, O CANGAÇO E OUTROS FATOS NO AGRESTE PERNAMBUCANO".


O jornalista Roberto Almeida escreveu o seguinte sobre o autor e sobre o livro:

"Com poucos mais de 40 anos de idade Júnior Almeida lançou seu primeiro livro, “A Volta do Rei do Cangaço”, uma ficção com um toque de Quentin Tarantino, pois mostra Virgulino vivo nos tempos atuais, como vítima de uma espécie de maldição que o torna imortal e não o deixa envelhecer.

“Tarantino mudou a história matando Hitler num atentado, por que não posso ressuscitar Lampião? ”, explicou Júnior, ao comentar o romance, que teve boa acolhida na região e em outras partes do país, principalmente pelos intelectuais apaixonados pelo inesgotável tema do cangaço. Agora, o escritor volta ao tema, mas desta vez deixa de lado a ficção e nos apresenta um trabalho de uma minuciosa pesquisa de campo, livros, jornais antigos e documentários, mostrando como o cangaço esteve presente em algumas cidades do Agreste Meridional, na primeira metade do Século XX.

O livro registra as ligações de coiteiros, volantes e cangaceiros com o Agreste Meridional, nas cidades de Águas Belas, Garanhuns, Angelim, Capoeiras, São Bento do Una, Caetés, Canhotinho e Paranatama, e a passagem de Lampião e outros bandoleiros por algumas delas. Na sua pesquisa, Júnior descobriu fatos relacionados com os “fora da lei do Sertão”, nunca antes revelados e o que são agora, neste livro que representa uma contribuição para a História do Cangaço, do Agreste, de Pernambuco e do Brasil.

Um dos personagens que chama a atenção, no trabalho, é José Caetano, um dos maiores nomes no combate ao cangaço, militar que lutou contra as forças de Antônio Silvino, Sinhô Pereira e Lampião. O destemido volante morou em várias cidades de Pernambuco e terminou a vida em Angelim, a pouco mais de 20 km de Garanhuns, onde está sepultado. Dona Branca, de Paranatama, que viveu até os 103 anos de idade, foi entrevistada mais de uma vez pelo autor do livro e passou informações bem interessantes da passagem de Lampião por Paranatama, alguns anos antes do bandido ser assassinado pelas forças volantes, em 1938.

Capitão Virgulino Ferreira passou uma das maiores humilhações de sua vida no ataque a Paranatama, que à época se chamava Serrinha: sua companheira, Maria Bonita, levou um tiro na bunda e os cangaceiros tiveram de fugir pressas, levando a mulher nos braços. Lampião saiu cheio de ódio a Serrinha e prometeu voltar um dia para incendiar a vila e matar todo mundo que morava no lugar. Tudo isso e muito mais, num estilo seco, objetivo, você vai encontrar em “Lampião, o Cangaço e Outros Fatos no Agreste Pernambucano”. Vale a pena a leitura pelas informações inéditas, por esse novo olhar no fenômeno do cangaço e pela identificação do autor com a realidade de uma parte do Agreste de Pernambuco.

Júnior se interessou por História e está fazendo História, com seus livros que falam de bandoleiros conhecidos, que retratam a luta das forças do governo contra os pistoleiros da primeira metade do século passado, com violências praticadas pelos dois lados e o povo pobre sofrendo, vítima dos cangaceiros, dos coronéis do Agreste e Sertão, do próprio Governo, que ontem, como hoje, tende a servir aos poderosos. Roberto Almeida"

Eu já recebi o meu e agradeço de coração ao escritor pela dedicatória e pelo excelente trabalho que acabou de nos entregar. 

PARA ADQUIRI-LO ENTRE EM CONTATO COM O AUTOR ATRAVÉS DO FACEBOOK OU ZAP 

879 9824 4582

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A VIDA SEGUE... AGORA É ORAR PELOS QUE SE FORAM E OLHAR POR AQUELES QUE ESTÃO ENTRE NÓS.


Por Geraldo Júnior

Ontem (12//02/2019) fiz questão de fazer uma visita ao doutor Antônio Amaury Corrêa de Araújo, que se encontra atualmente com a saúde debilitada e sob cuidados médicos.

Um dos maiores e mais importantes estudiosos e escritores da temática cangaço e responsável pelo resgate de grande parte das informações sobre o assunto que hoje em dia temos conhecimento. Autor de diversos trabalhos importantes e uma das maiores referências/autoridades relacionadas ao assunto.

Ao mestre-cangaceiro desejo uma breve recuperação e espero que em um curto espaço de tempo esteja totalmente recuperado para que possamos voltar a debater e discutir o assunto em alto nível, como ele é um dos poucos capazes a fazer.

Sem esquecer que é justamente nos momentos mais difíceis de nossas vidas, que conseguimos descobrir quem são realmente nossos verdadeiros amigos e que precisamos de todo apoio possível por parte dos amigos e familiares.

Desejo melhoras da saúde.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1159148784249016&set=a.110305082466730&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PROTEÇÃO E OSTENTAÇÃO

Os punhais do cangaço
Conferência do colecionador e especialista Dênis Artur Carvalho, feita especialmente para o Cariri Cangaço Floresta 2016.

Os punhais nordestinos, juntamente ao chapéu de aba “quebrada”, sem sombra de dúvidas são os principais símbolos iconográficos do cangaço. Não podemos, contudo, falar das facas nordestinas sem que antes façamos uma explanação sobre os diferentes tipos de lâminas que foram fabricadas no Brasil.

 

De uma forma genérica, podemos afirmar que a cutelaria brasileira divide-se em cinco linhas de produção.

A primeira delas é a chamada “faca sorocabana”. Era a faca usada pelos bandeirantes paulista e pelos tropeiros que transitavam entre as regiões sul e sudeste
 "A Sorocabana"

Um outro tipo de fabricação foi desenvolvida na região das Minas Gerais; a chamada “faca mineira”, com uma lâmina triangular, bastante semelhante às peças produzidas na cidade espanhola de Albacete.
 "Mineiras"

A “franqueira”, também desenvolvida na região centro oeste, era uma faca claramente voltada à defesa pessoal. Tinha quase sempre uma lâmina esguia e excelente trabalho de prataria no cabo. 
 A “franqueira”

Na região sul do país, devido á forte influência castelhana desde os primórdios da colonização e ao isolamento das demais capitanias, respeitando o tratado de Tordesilhas, que determinava ser aquela área possessão espanhola, temos um outro tipo de manufatura, a chamada “faca gaúcha” ou “faca dos pampas”, com design bastante fiel às suas ancestrais mediterrâneas.
"As Gaúchas"

Por fim, chegamos à ferrageria do nordeste; as ”facas nordestinas”, ou “facas do cangaço”; tema central da nossa conferência.

Esse tipo surgiu na extinta cidade de Pasmado, no litoral de Pernambuco, por volta do século XVIII, claramente inspirada nas antigas facas mediterrâneas e empunhadura que remete às antigas adagas árabes, introduzidas na Península Ibérica durante a invasão muçulmana.
 Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem do Pasmado

 
"Faca de Pasmado"

O cronista português Henry Koster narra que mesmo à certa distância de Pasmado, já era possível ouvir o intenso e marcante som do martelar na bigorna, tamanho era o número de ferreiros que ali existia.

Mas foi no sertão do Pajeú que o uso e fabricação desses instrumentos tomaram maior proporção. Talvez devido à cultura do sertanejo, voltada à valentia, aos paradoxos morais que faziam da vingança um legítimo direito do ofendido, abraçando a “teoria do escudo ético” proposta pelo eminente autor Frederico Pernambucano de Melo.

Era quase que um núcleo de produção voltada à fabricação e Lâminas, concentrado nas imediações da Serra da Baixa Verde, abrangendo cidades de Pernambuco, Paraíba e Ceará, comparável a região de Solingen na Alemanha, uma das primeiras concentrações ferrageiras da história.

Contudo, apesar da proximidade dos centros produtores, as facas guardam variações e peculiaridades próprias. No sertão, a faca geralmente era nomeada e acordo com a cidade onde fora produzida.

A “Pajeuzeira” era a faca produzida em Pajeú das Flores, hoje a cidade de Flores. Tinha lâmina larga, geralmente lisa, bastante primitiva.
 A “Pajeuzeira”

A Santa Luzia era feita na cidade de mesmo nome, no estado da Paraíba, com lâmina geralmente afilada nos dois dorsos, pelo qual também era chamada “lambedeira”.
 A "lambedeira"

A baixa Verde provinha de Triunfo, cidade que outrora chamou-se Baixa verde. Tinham lâminas estreitas, encavadas e dotadas de maior requinte.
 "Baixa Verde"

Um outro tipo de faca que cabe fazer menção é a “Parnaíba” ou “faca de arrasto”. Trata-se de uma variante da faca nordestina, mas com lâmina exageradamente longa; tão longa que levava um certo tempo para ser sacada ou “arrastada” a bainha, daí a sua designação: “faca de arrasto”. Uma outra versão para o nome é de que as facas eram tão longas que chegavam a arrastar a ponta no chão. 
 Faca "Parnaíba"

Da macrorregião da Baixa Verde, migraram artífices para diversas localidades do nordeste. 

Na região do Cariri, mais especificamente na cidade de Jardim, uma família de ferreiros que fizeram escola na região de Baixa Verde ficaram muito afamados. Era a “faca jardineira”, que despertou a paixão até mesmo de Lampião no ano de 1926.
 Faca "Jardineira"

Uma outra família conhecida por “Caroca” saiu de Santa Luzia para firmar tenda na cidade de Campina Grande na Paraíba. Lá, atingiram tamanha fama que suas facas e punhais eram encomendados para presentear políticos e pessoas de prestígio. 

Homens do coronel José Pereira, revolução de princesa usando facas “carocas” produzidas ainda na região de Santa Luzia

O auge da produção dos Carocas foi em meados da década de 40, onde até mesmo os americanos instalados na base aérea de Parnamirim dirigiam-se à Campina grande para adquirir a tão cobiçada “faca caroca”. 
 
Caroca "Bowie" feita por encomenda para algum militar americano instalado na base de Parnamirim, RN, ao estilo das facas norte-americanas.

As Lâminas do Cangaço


Os punhais, facas e facões estavam entre as mais caras possessões dos cangaceiros e este apreço por lâminas existia tanto por questões culturais da região Nordeste da época, onde a honra masculina determinava que as questões entre homens deveriam ser resolvidas na ponta e no corte de uma lâmina.

Eram sempre carregados de forma ostensiva, transversalmente ao abdome, que lhes servia de perfeita moldura, sustentados pelo cinturão de balas. 

 Corisco ostentando punhal com cabo em marfim.

A vaidade de cada um se manifestava de diversas maneiras: pelo material com que era produzida sua lâmina, a composição de sua empunhadura e sua bainha, o cuteleiro que o confeccionou, seu comprimento e a habilidade que cada um possuía ao manejá-lo.

O material para as lâminas era quase sempre importado: espadas quebradas, ferramentas agrícolas e especialmente pedaços de trilhos de ferrovias. A forja e montagem desses punhais eram feitas em locais denominados tendas, que nada mais eram que rústicas cutelarias bastante disseminadas pelo Nordeste, em especial nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará, onde a movimentação de cangaceiros era intensa. 

A estética e características gerais de forma, tipo de cabo, comprimento de lâmina e material e modelo da bainha era função da criatividade do cuteleiro e dos recursos de quem encomendava o produto. De maneira geral, o punhal tinha forma bastante esguia, longa e fina. 
As bainhas também eram caprichosamente elaboradas, quase sempre por terceiros, podendo ser de couro ou metal. 

Quando metálicas, por vezes eram forradas de couro ou veludo e podiam possuir uma ou duas articulações, ao logo de seu comprimento, como delicadas dobradiças, de forma a facilitar o andar e o montar de quem as usasse.

O fato de Lampião e alguns outros integrantes de seu bando terem sido fotografados quase sempre portando punhais cujas lâminas tinham mais de 60 cm de comprimento, não significa que o uso de versões extremamente longas fosse uma constante absoluta por parte de todos os cangaceiros. 

Outras fotos de seu bando e também de integrantes das volantes (principalmente a de nazarenos) mostram que o tipo de punhal mais habitualmente portado tinha lâmina entre 30 e 40 cm de comprimento. 

O punhal de Maria Bonita, manufatura de José Pereira de Jardim, em ouro e marfim.


Pela cuidadosa análise de antigas fotos do bando de Lampião, é possível observar que – de maneira comprovada– somente outros dois líderes de seu grupo portavam habitualmente  punhais extremamente longos, os cangaceiros Juriti e Corisco.
 Corisco

É também especialmente digno de nota o fato de que numa das fotos em que figuram "Juriti"...
 O longo punhal parece ser idêntico àquele portado pelo primeiro numa outra imagem.

O cangaceiro Zé Baiano, provavelmente, demonstra ser a única exceção a essa regra. Seu punhal, de dimensões exageradas, superava em tamanho até mesmo aquele portado pelo seu chefe. 


Estas constatações levam à hipótese provável de que os punhais de lâminas extra longas também servissem como uma espécie de símbolo de “status” e de liderança dentro dos bandos, não sendo, entretanto os de maior uso, pois – do estrito ponto de vista da praticidade - portar uma lâmina co
m mais de 60 cm de comprimento não devia ser algo confortável nas andanças pela caatinga.

Contudo, parece não ter havido uma relação direta entre o tipo de punhal e faca utilizados e a hierarquia interna do grupo.  Tudo era exatamente uma questão de gosto, vaidade e dinheiro. 

Embora nem fosse de uso mais frequente, os punhais longos exerciam especial fascínio entre os cangaceiros, sendo curioso reproduzir aqui parte do “Inventário dos objetos apreendidos, pertencentes ao famigerado “Lampeão””, produzido pelo Regimento Policial Militar de Maceió, em 26 de novembro de 1938:

FACA: de folha de aço, com 67 cm de dimensão, com cabo e terço de níquel, adornado o cabo com três anéis de ouro, notando-se na lâmina, uma mossa produzida naturalmente por bala; bainha toda de níquel, com forro interno de couro, notando-se também na parte interna superior o estrago produzido por bala. 
Sabe-se pela literatura a respeito do tema que aos 67 cm de lâmina são acrescidos 15 cm de cabo, perfazendo um comprimento total de 82 cm.

O tamanho exagerado dos punhais do grupo não tinham nenhuma utilidade prática, exceto manifestar poder e vaidade. Muito embora este relato se refira aos despojos particulares de Lampião, outros membros do bando também possuíam punhais igualmente longos, o que é visível na famosa “foto das cabeças” e que viria reforçar a tese da inexistência de vínculo entre o comprimento dos punhais e a posição hierárquica do indivíduo no grupo.

Os famosos punhais de lâmina longa não eram uma prerrogativa conferida apenas aos bandos de cangaceiros. Há inúmeros registros de tropas volantes portando peças dotadas de lâminas extraordinariamente compridas. 
Volante baiana portando punhais longos. Foto de Benjamim Abraão (1936).

 Temos também registros de Manoel de Souza Neto, o “Mané Neto”...

 ... E até mesmo do Major Teóphanes Ferraz, portando longos punhais.

O Ritual de Sangria

Como sabemos, a maior parte das execuções sumárias feitas pelos cangaceiros se dava através da chamada “sangria”, a qual era a técnica de desferir um único golpe de punhal longo na clavícula esquerda (na região popularmente conhecida por “saboneteira”), que atingia coração e pulmão e causava morte lenta e agonizante.
O escritor Frederico Pernambucano em demonstração de sangria

Vale ressaltar que muito provavelmente existia um aspecto psicológico, mórbido e doentio quando se considera o significado que o sangramento tinha, e tem, para o homem rústico do sertão nordestino. 

Ao usar sua arma esteticamente mais expressiva para esse fim, o indivíduo manifestava, a um só tempo, sua vaidade em relação ao punhal, e também um importante poder sobre a vítima, não apenas porque esta sempre se encontrava subjugada pelo grupo, mas também porque sangrar era, e é, ato de extrema ofensa para quem o sofria, extensiva a toda a família da vítima. Ou seja, para o sertanejo, o drama não estava em morrer, mas sim em ser sangrado. Ofensa inadmissível, sangrar era para porco, cabrito, boi – não para o homem.


OS Punhais de Lampião
Imagem retirada do filme de Benjamim Abraão, onde Lampião, segundo especialistas em leitura labial, em referência à seu punhal, diz: "Esse é pra furar todo mundo. Muitas pessoas. Fura até o chifrudo!".

É fato bem conhecido entre os estudiosos do cangaço que os integrantes do bando de Lampião (e o próprio) tinham especial predileção por lâminas produzidas pela família Pereira, da cidade de Jardim, no Ceará, que chegou a ficar conhecida, pelo menos regionalmente, como “os cuteleiros de Lampião”.

Estes punhais eram feitos pelo ferreiro José Pereira, (Foto abaixo) que residia na cidade de Jardim, ponto de passagem de viajantes de Pernambuco para o Cariri.
(Acervo do autor)

Foi ali, na localidade chamada de Barra do Jardim, que Lampião se arranchou com seus cangaceiros para comprar e encomendar os punhais feitos por Zé Pereira. 

De lá, Virgulino Ferreira, com cerca de 50 cangaceiros, seguiram para Juazeiro, de onde saiu com a patente de Capitão. De volta a Pernambuco, passaram por Jardim, onde receberam os punhais encomendados.” 
De fato, a mais icônica e pomposa fotografia de Lampião, tirada em Juazeiro, mostra ele portando um punhal com cabo prateado, com características de Baixa Verde.

Logo mais, podemos ver o facínora em fotografia tirada quando do retorno do bando, ainda dentro do estado do Ceará, ao lado do seu irmão Antônio Ferreira, portando uma faca longa e com o cabo de embuá, bastante característica da ferrageria de Jardim
https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2014/09/antonio-e-lampic3a3o.jpg



As criações atribuídas a José Pereira são de boa qualidade e embora não tenham acabamento superlativo, grande parte delas apresenta empunhaduras do clássico tipo “embuá”, por assemelhar-se ao inseto também conhecido como piolho de cobra. 

 

 

Entretanto, segundo o escritor e pesquisador do cangaço Frederico Pernambucano de Melo, a tenda que atingiu o “mais alto prodígio”, provendo o bando de Lampião por toda década de 30, inclusive na fase final do cangaço, foi a de João Jorge, em Itaíba-PE. 

A lâmina, de aço fino, de espada da velha Guarda Nacional, mede exatamente 67 cm, segundo relatório do Regimento Policial Militar de Maceió. 
 

No total, a peça contava com 82 cm de comprimento.

A bainha é de metal, articulada, forrada internamente com couro. A articulação seria, em tese, muito importante para o tamanho da peça, dando a esta uma maior flexibilidade e impedindo maiores danos à própria bainha. Possui desenhos requintados, feitos com buril, em toda sua extensão, revelando uma verdadeira jóia da cutelaria nordestina.
O cabo, medindo 15 centímetros, é adornado com três anéis de ouro: um no pomo, um no centro e outro na guarda. 


Dênis Carvalho e parte de sua coleção.
Com a morte de Lampião em 1938 e o consequente fim do cangaço, os punhais de lâminas muito longas foram perdendo sua aura de arma famosa e a demanda diminuiu muito. Especialistas acreditam que já na década de 1950 sua produção normal teria sido interrompida pela maioria dos artesãos.

E foi por meados da década de 60 que se iniciou a decadência da faca de ponta no nordeste. Sobreviveram algumas cutelarias, mas não mais fabricava, com o objetivo inicial (defesa/arma). Eram agora peças que visavam o turismo. Era a época do cinema brasileiro, filmes sobre o cangaço estava em destaque, eram compradas como lembrança do nordeste, “Souvenir”, peças para adorno. E com isso começou a cair a qualidade das peças.

A têmpera das peças fabricadas em Caruaru – PE e Juazeiro do Norte – CE eram péssimas, uma simples mudança de pressão era suficiente para entortar a lâmina. Os cabos também não tinham mais o requinte das antigas nordestinas. Era a moda do acrílico, do alumínio. Fatores que juntos foram responsáveis pela decadência e o quase esquecimento desse tipo.


Estão inteiramente liberadas para uso em publicações as postagens deste blog, devendo–se primeiramente realizar a formal gentileza de citá–lo como referência primária.


http://lampiaoaceso.blogspot.com/2016/07/protecao-e-ostentacao.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com