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domingo, 17 de novembro de 2019

ANÉSIA CAUAÇU - A CANGACEIRA DO SERTÃO DE JEQUIÉ



ANTES DE MARIA BONITA SE TORNAR FAMOSA COMO A MULHER DE LAMPIÃO , O REI DO CANGAÇO, UMA OUTRA MULHER JÁ FAZIA HISTÓRIA NO INTERIOR DA BAHIA, BEM NO INÍCIO DO SÉCULO VINTE. ERA ANÉSIA CAUAÇU. Foi a primeira mulher no sertão baiano de Jequié a usar calças compridas. Foi a primeira mulher a montar de frente, já que naquele período as mulheres montavam de lado numa cela chamada cilhão. Era uma mulher branca que lutava capoeira naquela época.

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ZÉ BAIANO E LÍDIA: UMA HISTÓRIA DE AMOR SEM FINAL FELIZ



João de Sousa Lima, escritor e pesquisador do Cangaço, mostra o que restou da casa de Lídia, considerada uma das mais belas mulheres do movimento. Ela entrou para o Cangaço para seguir o violento bandoleiro Zé Baiano, por quem se apaixonou. Mas a história não teve um final feliz. A Rota do Cangaço - Caminhos da Reportagem - TV Brasil

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LAMPIÃO E MARIA BONITA - FILME COMPLETO.



Lampião e Maria Bonita é uma minissérie brasileira produzida pela Rede Globo, cuja exibição ocorreu entre 26 de abril e 5 de maio de 1982, em 8 capítulos. Escrita por Aguinaldo Silva e Doc Comparato, foi dirigida por Luís Antônio Piá e Paulo Afonso Grisolli. Nelson Xavier e Tânia Alves interpretaram os personagens principais, Lampião e Maria Bonita numa trama que narra os últimos meses de vida do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva. A trama narra os últimos meses de Lampião e Maria Bonita. A história começa quando o bando de Lampião sequestra o geólogo inglês Steve Chandler. Usando Joana Bezerra como intermediária, o grupo exige do Governo da Bahia, 40 mil contos de réis como pagamento. O Sargento Libório passa o bilhete com a informação para o Governador, porém depois cai nas mãos do jornalista Lindolfo Macedo, que descobre o plano do Governador de sequestrar Argemiro, irmão honesto de Lampião e sem relação com o cangaço, pretendendo explorar o fato. Junto com a Embaixada da Inglaterra, o Governo envia o Tenente Zé Rufino, tradicional perseguidor de Lampião. Em determinado momento da trama, Maria Bonita desaparece, para fazer um aborto e, quando retorna doente, fica aos cuidados do geólogo que se apaixona pela moça. Após a recusa da Embaixada de pagar o resgate, a volante do Tenente Zé Batista encontra o casal, que ao amanhecer do dia 28 de julho de 1938, é metralhado sem qualquer condição de defesa.

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O CANGACEIRO (1958)



O Cangaceiro, filme realizado em 1953, foi um dos maiores sucessos do cinema brasileiro de todos os tempos. Escrito e dirigido por Lima Barreto, com diálogos criados por Rachel de Queiroz, O cangaceiro foi o primeiro filme brasileiro a conquistar as telas do mundo. Considerado até hoje o melhor filme produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, sua história se inspirava na lendária figura de Lampião. Sinopse: O bando de cangaceiros do capitão Gaudino (Milton Ribeiro) semeia o terror pela caatinga nordestina. É neste contexto que a professora Maria Clódia (Vanja Orico), raptada durante um assalto do grupo, se apaixona pelo pacífico Teodoro (Alberto Ruschel). O forte amor entre os dois gera grande conflito no bando. Ficha Técnica: Direção: Lima Barreto Roteiro: Lima Barreto, Rachel de Queiroz (diálogos) Gênero: Aventura/Drama/Romance Origem: Brasil Duração: 105 minutos Tipo: Longa-metragem Elenco: Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro, Vanja Orico, Adoniran Barbosa, Antonio V. Almeida, Hector Bernabó, Lima Barreto, Horácio Camargo, Ricardo Campos, Antônio Coelho, Cid Leite da Silva, Oswaldo Dias, Zé do Norte.

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LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO | EDUARDO BUENO



É lampa, é lampa é Lampião! Escute o chamado selvagem e venha viver a vida louca no Sertão com o bandido mais amado do Brasil. Lampião e Maria Bonita esperam por você em mais um episódio do Não Vai Cair no ENEM. Gostou deste vídeo? Deixe o seu like e comentário! Inscreva-se no canal para não perder nenhuma novidade! Não deixe de ativar as notificações! Vídeos novos toda quarta, às 11 da manhã. Buenas Ideias no Facebook http://www.facebook.com/buenasideias/ Buenas Ideias no Instagram http://www.instagram.com/buenasideias/ Deixe sua sugestão de tema no grupo Buenas Ideias https://www.facebook.com/groups/buena... __ Roteiro: Eduardo Bueno Produção: Letícia Pacheco Som: Juny Santana Edição: Lais Dantas e Nathália Silva Pesquisa iconográfica e Direção de Conteúdo: Eduardo Bueno Direção de Cena: Juny Santana e Paulo Pessanha Produção Executiva: www.flocks.tv __ Bibliografia: • Cangaceiros e fanáticos - Rui Facó • Lampião - O rei dos cangaceiros - Billy Jaynes Chandler‎ • Os Homens que Mataram o Facínora - A História dos Grandes Inimigos de Lampião - Assunção,Moacir • Estrelas de Couro - A Estética do Cangaço - Frederico Pernambucano • Brasil; Uma história - Eduardo Bueno
Autor de legendas (Inglês)
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LAMPIÃO E OS VOLANTES NAZARENOS

Por Raul Meneleu


Por volta de 1917, o professor Domingos Soriano Lopes Ferraz, preocupado com a insegurança dos moradores da região com a guerra sem fim entre os Pereira e os Carvalho, os assaltos dos Pequenos, as incursões dos jagunços de Cassimiro Honório e dos desordeiros da Serra do Umã, resolveu formar um arraial em sua fazenda Algodões, na estrada dos romeiros, município de Floresta do Navio, na beira do Riacho da Ema. A notícia espalhou-se. Amigos e parentes de Soriano gostaram da ideia. O próprio Soriano riscou as linhas da pracinha, marcando onde seriam construídas as duas fileiras de casas, ficando a capela numa cabeceira e sua casa de morada na outra. O padre Antônio Zacarias de Paiva, entusiasmado com a ideia, batizou a futura povoação com o nome de Nazaré. LEIA MAIS EM http://cariricangaco.blogspot.com.br/...

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A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CANGACEIRO GALO BRANCO


Por Gilva Martins de Arruda Melo - Bisneta do Galo Branco

"Quero aqui abrir um espaço para escrever algo que fez parte da minha história, e que considero importante escrever."

João Martins de Souza conhecido como GALO BRANCO, não se sabe o porquê, mas, pelo fato de já ter chegado à ilha de Fernando de Noronha com este apelido, assim era chamado, onde foi preso aos 30 anos de idade no ano de 1921. Foi à ilha pra cumprir pena à justiça por fazer parte do cangaço, e que segundo ele teria derrubado 34 macacos como costumavam falar na época. Em sua prisão tinha liberdade de andar a vontade e trabalhar cuidando do gado e das plantações que pertenciam à ilha. Natural da Paraíba teve por sua mulher Flora Maria da Conceição que também chegou à ilha logo após sua prisão, vindo a falecer ainda muito jovem deixando seus 03 filhos ainda pequenos. Sendo o mais velho Manoel Martins de Souza, Severina e como caçula José Martins de Souza o “meu avô”. Muitos historiadores confundem-se quando se fala no bando do cangaço do qual ele fazia parte, pois na maioria das vezes se relata que ele teria passado 17 anos ao lado de Lampião quando na verdade nesta época este bando ainda não existia. Se realmente fez parte do cangaço como ele falava e, segundo a justiça, ele foi preso por grupo que buscava exterminar o cangaço, possivelmente deveria ter participado do grupo do cangaço de Antônio Silvino o famoso “Rifle de Ouro” que por sua vez também de Campina Grande – PB e deu início ao cangaço em 1896 juntamente com seu irmão Zeferino logo após a morte do pai. Galo Branco, mesmo não sendo citado por nenhum historiador, contava que entrou para o cangaço aos 13 anos também para se vingar da morte de seu pai, e assim como esta dentre outras, várias histórias foram contadas pelo cangaceiro de pele clara, olhos azuis e de longas barbas brancas. Ele tinha uma maneira estranha de viver, nunca residiu em casas como nós, morava em uma caverna de barro montanhosa, uma espécie de "Bunker" da época da guerra, usado como paiol, próxima ao único aeroporto da ilha e gostava muito de trabalhar na agricultura em enormes plantações de milhos. Andava a ilha toda a pés quando não encontrava caronas, era sagrado uma pinga(cachaça), uma lapada por dia, dizia que era seu remédio o famoso “Pá Bufi”. Andava com um enorme punhal inseparável que dizia ser "O SANTO JESUS VAI COMIGO"... Usava seu costumeiro chapéu de cangaceiro mesmo quando trabalhava na agricultura. Em suas histórias ele contava:

“Eu estava em uma igreja na cerimônia de um casamento quando a polícia em uma emboscada me prendeu e outros também. Foi assim que vim parar neste lugar, fui preso.”


Não se sabe como ele teve novamente a posse de uma caixinha de ferro onde guardava orelhas que dizia ser de gente e que em suas matanças costumava guardar e mostrava ao contar suas histórias. Tornou-se um mito de Fernando de Noronha e todos os moradores e visitantes da ilha conheceram sua história. A história do Galo Branco o famoso João Pá Bufi. Se a justiça diz ter capturado do grupo do cangaço não se sabe ao certo de que grupo ele veio?... Qual crime cometera?... Mas... Foi assim que morou na ilha por 65 anos, vindo a falecer em 01 de maio de 1986 no Recife-PE após ter sido internado por três dias entrou em óbito na residência de seu filho José Martins de Souza, o meu avô, foi enterrado no cemitério da Muribeca – Jaboatão dos Guararapes-PE. Deixou ainda por descendência seu filho José Martins de Souza com sua esposa Dulce Bezerra de Souza, 08 filhos sendo 07 mulheres e 01 homem, netos e bisnetos.

Gilva Martins de Arruda Melo - Bisneta Primogênita do Galo Branco - Natural de Fernando de Noronha graduada em Pedagogia pela FJN/PE - Faculdade Joaquim Nabuco- Recife, com habilitações em Magistério, Orientação Educacional e Pós Graduada em DGaloocência no Ensino Superior. Atualmente trabalho na Educação.



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JARARACAS NO CANGAÇO

Por: Francisco Pereira Lima

A História do Cangaço está recheada de mistérios, segredos, injustiças, violências, equívocos e tantos outros adjetivos que representam esse fenômeno.
          
Uma família, no município de Cajazeiras (PB), vivenciou um equívoco, que durou 66 anos, envolvendo o atroz cangaceiro Jararaca. Vamos aos fatos:

Nas minhas andanças e entrevistas atrás de novidades sobre o Cangaço, fui informado que aqui em Cajazeiras (PB) existia uma família, parenta próxima do cangaceiro Jararaca. Procurei localizá-la e cheguei, em dezembro de 2005, à Dona Maria Pedro da Silva, 81 anos, viúva, residente no Bairro Vila Nova em Cajazeiras.

Depois dos cumprimentos de praxe, perguntei a mesma sobre o seu parentesco com Jararaca e ela me respondeu: "Sou neta de Jararaca, que ficou ferido e depois morreu em Mossoró, quando Lampião tentou invadir aquela cidade". Em seguida, perguntei à Dona Maria, o que ela sabia sobre a pessoa e a história do seu avô Jararaca e a mesma, com uma lucidez impressionante, foi relatando:

- "O meu avô se chamava Patrício Pedro da Silva, era natural de São José de Lagoa Tapada (PB). A minha avó dizia que o mesmo era moreno, de cabelo bom e muito corajoso. Pai de cinco filhos: José, Hanorina que era a minha mãe, Antônia, Severino e Raimundo".

Procurei saber de Dona Maria o motivo do seu avô ter entrado no cangaço e ela me respondeu:

- "Meu avô largou minha avó e se juntou com outra mulher chamada Maria José, no ano de 1921. Com essa teve um filho e como moravam todos próximos na Beira do Rio, no município de Cajazeiras, a minha avó aproveitou que Maria José foi tomar banho frio, do final do resguardo, e lavar os panos do neném recém-nascido no rio e lhe aplicou uma grande surra. O meu avô ficou muito revoltado com a esposa e mandou lhe dizer que vinha acertar as contas com ela. Um irmão dele, chamado Manuel Pedro da Silva, tomou as dores da cunhada e mandou avisar ao irmão Patrício, que se fizesse algum mal a minha avó, morreria na hora. A família da mulher, vítima da surra, queria uma providência, então o meu avô ficou sem saída. Foi na casa da minha avó e disse a ela que ia para o Cangaço de Lampião, ia se chamar Jararaca e não voltaria nunca mais. Foi embora e até hoje".

Quis saber quando e como a família ficou sabendo da morte de Jararaca, em junho de 1927, na cidade de Mossoró, ela respondeu:

- "Os meus pais moravam no distrito de Boqueirão município de Cajazeiras em 1939, eu tinha 13 anos. Vizinho da gente morava seu Nezim Guarda, o qual tinha um irmão chamado Quinco que morava em Mossoró. O mesmo vindo passear em Boqueirão falou para minha mãe Hanorina, filha de Jararaca, que o mesmo tinha morrido em Mossoró, quando Lampião tentou invadir aquela cidade. Daí em diante, nós todos da família, passamos a acreditar na história contada por seu Quinco, como sendo a verdade sobre o fim de Patrício Pedro da Silva, o Jararaca".

Ouvi tudo atentamente e no final da conversa disse a Dona Maria que, com absoluta certeza, o Jararaca de Mossoró não era o seu avô Patrício Pedro da Silva e que se tratava de um equívoco, pois o cangaceiro com esse nome que morreu em Mossoró, foi José Leite de Santana, nascido em 1901, natural de Buíque (PE) e que entrou no Bando de Lampião em 1926. Dona Maria me agradeceu as informações, mas lamentou ter ficado tanto tempo acreditando numa história que não representava a verdade sobre seu avô.

Em 2006, Kydelmir Dantas e Paulo Gastão o último já falecido, Diretores da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço), fizeram uma visita a Dona Maria, aqui em Cajazeiras e ouviram essa história. A pergunta que fazemos e não temos a resposta exata, é a seguinte: seria Patrício Pedro da Silva, o Jararaca I, que foi morto em combate, entre abril e maio de 1922, na localidade Açude velho, Vila Bela, hoje Serra Talhada, pelas volantes comandadas pelos tenentes Manuel Benício, paraibano e Optado Gueiros, pernambucano?

Érico de Almeida, no seu livro "Lampião, sua história" (1998, p.27), faz referência a esse fato afirmando que foram mortos, nesse combate, os cangaceiros "... Coruja, Jararaca e Vereda...".

O pesquisador e escritor paraibano Bismarck Martins de Oliveira, no seu livro "O Cangaceirismo no Nordeste" (2002, p. 232-233), menciona a existência de três cangaceiros do Bando de Lampião com o nome Jararaca, em épocas diferentes. Sobre o Jararaca I, o autor não tem dados biográficos, apenas que foi morto em 1922, em Vila Bela; sobre o segundo, José Leite de Santana, o Jararaca de Mossoró, a sua história é contada em verso e prosa. Sobre o terceiro, era baiano e entrou no bando de Lampião, quando o mesmo passou a agir naquele Estado a partir de 1928. Com essas, linhas fica registrada mais uma das milhares de "Histórias do Cangaço".

O autor é Professor de Historia, Pesquisador do Cangaço, 
membro da União Nacional de Estudos Históricos e Sociais (UNEHS)
e sócio da SBEC.

Autor:   Francisco Pereira Lima - lentescangaceiras.blogspot.com


"O FERRO DE ZÉ BAIANO"

Vídeo do Aderbal Nogueira

A origem do ferro, ferro de ferrar animais marcando-os com as letras iniciais do nome de seus donos, que o cangaceiro Zé Baiano usava para ferrar suas vítimas.

Dois ex-cangaceiros, os senhores José Alves de Matos e Manoel Dantas Loyola, "Vinte e Cinco" e "Candeeiro", respectivamente, contam sobre o objeto de torturas que o 'pantera negra' usou.

Mais uma produção Aderbal Nogueira


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O CHAPÉU DE CANDEEIRO


Por Junior Almeida

Manuel Dantas Loiola nasceu no Sítio Lagoa do Curral, nas imediações da Vila São Domingos, município de Buíque, Pernambuco, em 6 de outubro de 1914. Filho de José Bezerra Sampaio e de Eliza Dantas Badega, entrou no cangaço quase por acaso, no que poderíamos chamar de “acidente de trabalho”. Foi assim: Manoel saiu de sua terra para a cidade de Mata Grande em Alagoas, onde foi trabalhar na fazenda de um sujeito de nome Capitão Sinhô. Como empregado existia um vaqueiro, que depois Manoel soube, era coiteiro de cangaceiros.

Em 1936 o cangaceiro Moderno com seu bando foi à Mata Grande com a intenção de passar uns dias escondido por lá, só que foram descobertos por uma volante, precisando fugir pela caatinga. Por pura falta de sorte, o vaqueiro tinha apresentado o jovem Manoel a Virgínio e seus cabras, no seu primeiro contato com o cangaço, só que por estar junto com o bando de Moderno no momento da chegada da força, Manoel foi obrigado a fugir junto com os bandoleiros.

Na fuga encontrou seu patrão e, lhe disse que precisava ir até a fazenda para apanhar sua mala de roupas e ir embora, mas, o homem lhe informou que a casa estava cheia de volantes à sua procura. Manoel Dantas percebeu que naquele momento tinha caído em desgraça junto com mais quatro homens, dois coiteiros e seus dois irmãos, que para não apanharem da polícia, resolveram entrar no cangaço.

Já no mato, longe das volantes, Virgínio disse que Manoel parecia muito com o primeiro cangaceiro que usava o nome de guerra “Candeeiro”, e que por esse motivo, seu nome a partir daquele momento seria também CANDEEIRO. Pronto. Manoel havia sido “batizado” com um novo nome. Moderno entregou-lhe uma velha arma, que segundo ele não tinha nem vaqueta, e com tom de ironia recomendou que o recruta não fizesse como o primeiro cangaceiro com esse nome, que tinha morrido em pé. O novo Candeeiro pensou:

- Eu não tenho perna nem pra correr, que dirá morrer em pé.

No primeiro encontro com o Rei do Cangaço, nas barrancas do São Francisco, em Sergipe, Lampião perguntou a Candeeiro qual o seu lugar de origem tendo ele respondido ser de Pernambuco. Virgulino então lhe indagou de que lugar de Pernambuco, e Candeeiro disse ser de Buíque. Lampião disse a ele que Buíque já tinha lhe dado um cabra valente, tão valente que tinha morrido à míngua, o cangaceiro Jararaca.

No outro dia após o encontro, Candeeiro viajou para Pernambuco com o chefe. Com o passar do tempo Lampião se afeiçoou ao novo comandado e, chegou a lhe presentear com uma alpercata nova, munição e um novo fuzil, em substituição ao seu velho rifle. Na volta de Pernambuco, Lampião disse na frente dos cabras que daria a Candeeiro um novo jogo de bornais, e isso despertou inveja de Jararaca, que foi mandado

Candeeiro disse em entrevista que recordava ter participado de pelo menos dez combates com a força, sendo que logo no primeiro foi baleado na perna. Sobre esse batismo de fogo ex-cangaceiro disse que: Estava no mato, ferido, por volta do meio dia, uma hora, Jararaca, que tinha saído na madrugada anterior para buscar ajuda voltou pra onde eu tava, acompanhado de Português e mais três cabras. Eles trouxeram carne de bode, fizeram o fogo, e eu comi a carne assada. Português trouxe também uma xícara de pimenta, daquelas bem vermelhas, fumo de Arapiraca (de rolo) e farinha. Ele picou o fumo bem fininho, peneirou a farinha e botou água pra cozinhar com umas cascas de pau dentro, que é melhor do que água oxigenada. Português disse pra eu comer que era pra eu ficar forte.

Pra cuidar do meu ferimento, fizeram uma pince de marmeleiro e com ela tiraram o sangue da minha perna.

A bala entrou e saiu, deixando só o buraco. À medida que o sangue ia saindo, o ferimento era lavado com a água com os paus. Depois de limpo, no buraco da bala foi colocada uma mistura de farinha, pimenta malagueta e fumo. Essa mistura era empurrada pra dentro com o dedo. Depois do buraco cheio, amararam um pano e Português me disse que eu ia passar uns dois dias com aquele curativo. Pensei:

- Meu Deus, aonde eu vim cair?

Passou o tempo e Candeeiro passou por muitos lugares no Brasil. Bahia, Alagoas, Ceará e até pro Norte do país ele foi, ser soldado da borracha, voltando a Pernambuco, pra seu torrão natal, sua vila São Domingos, depois de pagar sua dívida com a sociedade. Em sua terra, longe das tropelias cangaceiras, Seu Né constituiu família e amizades. Aquele tempo desgraçado, como mesmo dizia, tinha ficado para trás. Eram apenas lembranças, que vez por outra eram compartilhadas com os amigos, repórteres e pesquisadores de cangaço.

Muitos do que o visitavam, davam-lhe lembranças, como livros de histórias, das quais fez parte, e fotografias. Em uma das fotos mais conhecidas de Candeeiro no tempo em que era cangaceiro, ou pelo menos recém saído do cangaço, ele usava um chapéu de couro diferente dos que se está acostumado a ver na cabeça dos guerreiros do sol. Geralmente os chapéus eram cheios de adereços como estrelas, símbolos de Salomão e moedas. O de Candeeiro não. Este, numa foto tirada na Bahia na época das entregas, era bem simples, adornado apenas com uma cruz, semelhante a que existe na bandeira de Pernambuco. Por muitos anos nunca se soube o motivo desse emblemático símbolo no chapéu de Candeeiro. Especulou-se, até, ser a cruz em seu chapéu uma demonstração de sua fé, mas nada de concreto.

Em abril de 2019, estivemos em São Domingos, terra de “Seu” Né, cidadão respeitado do lugar, falecido havia cinco anos, onde aproveitamos para conhecer a família do lendário Candeeiro. Muito bem recebido por uma de suas filhas, Elisabete, a Bete, e também pelo seu neto Fernando, que nos ciceroneou, fomos até o Sítio Lagoa do Curral, nas imediações da vila, conhecer a casa onde Seu Né tinha nascido e também ao campo santo do lugar, onde repousa o corpo do guerreiro que foi protagonista de uma importante parte da História do Brasil.

Conhecemos também (por fora) uma casa, ao lado do posto policial, que pertenceu a Vigário Dantas, o irmão de Seu Né, que o delatou, fazendo com que ele fosse preso ao chegar a São Domingos em 1943. Na residência de Candeeiro, conversando, evidentemente, sobre cangaço, tivemos a curiosidade de saber por que ele usava um chapéu de aba quebrada enfeitado com uma simples cruz, diferente dos demais cangaceiros e seus chapéus estrelados, e a resposta de seus familiares foi demasiadamente simples, porém, esclarecedora. Disse-nos sua filha:
-Nem o chapéu nem a roupa era dele, arrumaram lá, apenas pra ele tirar foto.

*Fotos de Candeeiro jovem, na época das entregas e já idoso em sua terra, e da casa onde nasceu, no Sítio Lagoa do curral, São Domingos, Buíque, Pernambuco.


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