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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

O CANGACEIRO AZULÃO NASCEU AQUI.


 Por João de Sousa Lima


https://youtu.be/Pymh6QTLXVc?si=J-KjKvY9naIKpn6N

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NOTA DE FALECIMENTO!

 Por José Mendes Pereira

Elizeu Rodrigues - imagem do acervo de Jailson Rodrigues de Souza.

Comunicamos o falecimento de ELIZEU RODRIGUES GOMES, conhecido por todos por: (Elizeu Cambista). Faltavam poucos dias (menos de um mês),  para ele completar 100 anos.

*20/02/1925

+12/01/2025

Velório em sua residência!

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CANGAÇO: 93 ANOS DE "O FOGO DO MARANDUBA"

 Manoel Belarmino*

Neste dia 9 de janeiro de 2025, completa-se 93 anos do grande combate das volantes com o grupo de cangaceiros comandado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, no Morro das Pedras Brancas, na Fazenda Maranduba dos Soares, no atual Município de Poço Redondo. O evento ficou conhecido como "O Fogo do Maranduba". O Sítio, as Aroeiras e a Maranduba eram três fazendas que, no tempo do Cangaço, pertenciam aos Soares do Maranduba, meus antepassados.
"O Fogo do Maranduba", ocorrido naquele dia 9 de janeiro de 1932, foi um dos três maiores combates do Cangaço com as volantes. Assim como o combate da Serra Grande em Pernambuco e o combate do Serrote Preto em Alagoas.
Depois de invadir Canindé, quando aconteceu aquela tragédia da ferração das mulheres do Canindé Velho, Lampião estava no Morro das Pedras Brancas, depois de abastecer os vasilhames de água nas pias do Maranduba, com a sua cabroeira, provavelmente no rápido descanso do almoço. Ali foi cercado e atacado por duas tropas das volantes da polícia. Uma comandada pelo capitão Liberato de Carvalho da Serra Negra (que depois chegou à patente de general do Exército Brasileiro) e a outra comandada pelo nazareno de Nazaré do Pico, Manoel Neto.
Lampião reagiu com os seus cangaceiros. O tiroteio iniciou um pouco depois do meio dia e estendendo-se até por volta das cinco horas da tarde. Inicialmente, o tiroteio se deu como recepção às volantes, nas pedras brancas (quartzo leitoso) e culminando na tragédia das trincheiras dos umbuzeiros. Lampião saiu vencedor, mesmo com um número menor de cangaceiros. E Liberato e Manoel Neto fugiram. Sete soldados das volantes morreram ali entre os sete pés de umbuzeiros, no lado oeste das Pedras Brancas. Da tropa de Liberato da Serra Negra morreram Pedrinho de Paripiranga, Manoel Ventura, João de Anizia(João Cavalcante) e Elias Marques. Da tropa de Manoel Neto morreram mais três soldados das volantes: Hercílio Nogueira, Adalgiso Nogueira e Antônio Benedito da Silva. Apenas dois cangaceiros da parte de Lampião foram mortos no local do combate, Sabonete e Caatingueira. E o cangaceiro Quina-Quina ficou gravemente ferido, indo a óbito dias depois do evento "O Fogo do Maranduba".
A dimensão do combate "O Fogo do Maranduba" foi gigantesco.
Ali estavam envolvidos aproximadamente 150 homens entre volantes e cangaceiros. Além dos 7 volantes e 2 cangaceiros mortos no local, muitos feridos foram socorridos.
Uma área de caatinga de quase 150 metros ficou com marcas de balas. Como diz a minha mãe, nos "arredó do lugá do fogo" ficou tudo "queimado de bala", cacheiro, tronco de umbuzeiro, braúna... Ainda hoje, nessa área, cápsulas das balas da época podem ser encontradas.
Antônio Soares, filho de Maria da Invenção, neto da Matriarca do Maranduba Maria do Rosário, estava no local do tiroteio. Estava conduzindo um burro de carga com potes d'água e alimentos para os cangaceiros. Quando começou o tiroteio, as mulheres, que estavam um pouco afastadas dos umbuzeiros, gritaram para dizendo o nome: "corre Tonho Soares!". O mundo do Maranduba estremeceu. Tonho Soares desabou no oco do mundo. Atravessou o rio São Francisco e foi para no Juazeiro do Norte, na terra do Padre Cícero. Talvez trilhando desesperado o mesmo caminho ja feito por sua mãe Maria da Invenção, que a cada dois anos, deixava o Maranduba e o Curralinho e ia em romaria ao Juazeiro do Norte.
Depois da refrega do Maranduba, quando a noite caiu, ali estirados ficaram os mortos. E os feridos foram levados para Curralinho em busca de socorro pelo caminho das águas. Liberato e Mané Neto se instalaram na beira do rio, em Curralinho.
Ali, mandaram prender todos os filhos de Maria da Invenção e uma caçada ao coiteiro Tonho Soares, que, provavelmente, já estava do outro lado do rio, a caminho do Juazeiro. Três homens dos Soares foram presos, inclusive Lê Soares, o pai das cangaceiras Rosinha e Adelaide. Foram levados, presos, para o quartel de Canindé. Sendo soltos no dia seguinte, no dia 11 de janeiro, graças à influência de Maria da Invenção.
O Maranduba dos coiteiros e coiteiras, dos grandes vaqueiros e das cangaceiras Adelaide, Rosinha e Áurea. O Maranduba, Território de Maria do Rosário.
Vejo que atualmente ainda há uma pequena mancha de caatinga original ali no Maranduba. E vejo também o Morro das Pedras Brancas e os Sete Pés de Umbuzeiros, um próximo do outro, vivos ainda, resistindo no tempo, como testemunhas daquele grande combate. Os umbuzeiros, todos os sete, serviram de trincheiras para os cangaceiros.
Até recentemente, naquele local, próximo dos umbuzeiros, poucos metros depois do Morro das Pedras Brancas eram encontradas, e ainda podem ser encontradas, cápsulas de balas. E, ainda ali mais adiante, ao lado do caminho antigo que dava acesso ao cemitério antigo do Sítio dos Soares do Maranduba e das Pias, está a Cruz dos Nazarenos, local onde foram enterrados os volantes (grande parte naturais da Vila de Nazaré do Pico-PE) e, dizem algumas versões, que também estão sepultados os dois cangaceiros. E ainda nas imediações estão as pias (cavidades nas rochas) ainda armazenando quase 500 litros de água captados das chuvas.
Todos nós, os poço-redondenses, precisamos conhecer a nossa história, os nossos lugares históricos e de memória. Conhecer o Maranduba, em seus detalhes, in loco, como se deu o combate e as lendas que surgiram depois daquele combate, A Grota do Angico, a História do Quilombo Serra da Guia, as Pia das Panelas, o Riacho do Quatarvo, os nossos Sítios Paleontológicos, as pinturas rupestres do Morro da Letra e do Morro dos Mestres, as cachoeiras, os monolíticos da Pedrata, as furnas da Serra da Guia, os achados arqueológicos, é importante para o fortalecimento das nossas raízes e da nossa cultura sertaneja.
O Maranduba é um sítio histórico de grande importância na História do Nordeste Brasileiro.
O significado do topônimo Maranduba. Em tupi-guarani, Maranduba significa literalmente: notícia da guerra (do barulho) (¨marᨠ= guerra + ¨anduba ¨ = notícia).
*Manoel Belarmino dos Santos – escritor, cordelista e graduando em jornalismo pela Universidade Estácio.

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