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segunda-feira, 8 de abril de 2019

SEM TERRA

Por Rangel Alves da Costa

Difícil romantizar uma saga tão brutal e sangrenta. Nada fácil tornar em ficção a veia aberta e o grito de dor, ainda hoje espargindo sofrimento e ecoando o temor e a aflição. Ao escritor, apenas imaginar como tudo poderia ser no mundo real. E por isso mesmo relato aqui uma das possíveis feições para que o homem, escorraçado da terra, começasse a lutar pelo direito a terra.
Eustáquio preferiu sair da cozinha pela porta dos fundos, indo em direção ao quintal aberto. Não conseguiria passar pela sala e avistar os meninos já famintos àquela hora do dia e sem nada na panela que causasse a ilusão de comida.
Creuzina, sua esposa, havia puxado o pano da cabeça e agora o utilizava como lenço, e já completamente molhado de lágrimas. Nada podia fazer senão despejar o restinho de farinha de mandioca numa panela, jogar um pouco de água por cima e depois mexer até aprontar uma papa d’água.
Tiziu comeu do que lhe foi colocado no prato. Assim também com Pedro e Zefinha, a mais nova da família. Já Eustáquio, o pai, e Creuzina, a mãe, beberam do fel salivento da dor, da agonia e do sofrimento. Continuaram famintos, porém satisfeitos. Os filhos haviam tido a ilusão do alimento. E depois, e mais tarde, quando a fome dos filhos novamente despertasse?
Adiante do barraco o mundo da desolação. A estiagem havia deixado a terra em pó. Não havia verdor nem seiva de vida numa só planta. A ossada do bicho parecia uma assombração esbranquiçada. Mandacarus ressequidos, facheiros murchos, jurubebas mortas pelos beirais pedregosos das estradas. Mas o pior estava por acontecer.
Quando o portentoso alazão riscou defronte a morada, então Eustáquio logo imaginou o chão se abrindo a seus pés. A notícia já era esperada e seria o fim do mundo. E ela havia chegado. Já acreditava nisso, porém não acreditava que tão cedo pudesse acontecer. O recado foi tão breve quanto arrogante: “O patrão avisou que junte as coisas e abandone a casa”.
Já na manhã seguinte e mais parecia um quadro de Portinari. A pequena família em retirada e sem ter aonde ir. Não eram retirantes das secas, e sim retirantes do teto e da guarida de sobrevivência. Retirantes do pedaço de chão aonde se mantinham feito bicho entocados sem ter outra saída. Retirantes da esteira ao chão, do estrado da cama, do pote e do candeeiro.


Mas a família foi seguindo adiante levando toda a riqueza em saco e cuia. Molambos, restos, pedaços. Já ao longe, antes de tomar uma curva para o deus dará, Eustáquio parou um instante, olhou para trás e estremeceu de ódio. Avermelhou ainda mais a pele já tostada de sol, afogueou por dentro feito vulcão irrompendo todas as fúrias da vida. Quanta indignação, quanto rancor, quanto ódio!
E um ódio tão animalesco que só os feridos no espírito, corpo e alma podem sentir. Aquela paisagem sem fim, aquele meio mundo de terra e chão, aquela vastidão sem limites, e tudo de um só dono, tudo de quem sequer sabia a quantidade de terra que possuía nem a serventia de toda aquela riqueza. E ele, caminhante pelo mundo dos outros, não tendo sequer um palmo de chão.
Quis voltar. Fez menção de retornar e ir diretamente até a porta daquele senhor dono do mundo, daquela víbora recoberta de gente, daquele imprestável que se abancava na cadeira da varanda, mirando sem ter o que fazer com as suas léguas e mais léguas de terra, mas sem ceder a ninguém um só quadrado de chão. E sem deixar que o pobre fizesse vingar sobre a terra um pé de milho e de feijão, uma abóbora, uma melancia.
Quis voltar. Fez menção de retornar, mas de repente novamente voltou-se adiante e avistou sua pequena família a lhe esperar. Também sabia que não voltaria com vida acaso fosse pedir satisfação ao ex-patrão. Ele mesmo sabia das cruzes espalhadas por aqueles carrascais, das tocaias feitas e das emboscadas mortais. Um mundo de urubus, de carcarás e gaviões, de vidas definhadas ao sol pela sangria das injustiças.
A família virou a curva da estrada e seguiu adiante. Talvez Tiziu estivesse com sede. Talvez Pedro estivesse com sede. Talvez Zefinha estivesse doente. Mas tinham que seguir adiante. E para trás os imensos descampados, as catingueiras e as umburanas num canto e noutro. Pouco bicho para tanta terra e quase nenhum plantio que alimentasse a vida. Um mundo do tamanho da ganância, da injustiça e da soberba.
Um mundo grande demais para quem não merecia. E nenhum pedaço de chão àqueles que seguiam em frente na incerteza do instante seguinte e do amanhã. Porém, na mente já menos raivosa de Eustáquio um pensamento que mais tarde se tornaria ação: “Nem que sangre de morte, nem que seja ferido pelo açoite da bala, mas ainda lutarei com toda força que tiver para transformar esse chão num chão de todos. Para repartir essa terra com quem dela precisa para trabalhar e sobreviver”.
E foram seguindo adiante. E pela certeza da luta. A luta pela terra. Foi assim que muito da saga da reforma agrária se iniciou. E muito vingou e muito frutificou.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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OS LIVROS DE HISTÓRIA DEVEM SER ANALISADOS E SÃO FONTES DE PESQUISA.

Por Cristiano Ferraz

Os livros de história devem ser analisados e são fontes de pesquisa. No caso do recente livro de Frederico Pernambucano de Mello encontramos várias afirmações que deixam espaço para questionamentos. Um deles é a data da chacina da Tapera. Pra mim o autor errou quando citou o dia 26/08/1926. O dia correto foi 28/08/1926, a madrugada de um sábado. 

Quanto ao tiro dado pelo soldado Sandes (um verdadeiro "furo jornalístico 80 anos após o fato") seria até possível ser verídico pois este poderia estar no grupo de soldados que acompanharam o Aspirante Ferreira de Melo atravessando o riacho e se aproximando do coito pelas barrancas do Alto das Umburanas. Seria possível que por ali ele tivesse realmente conseguido se aproximar a ponto de conseguir alvejar Lampião durante o tiroteio. E com certeza partiram tiros dali também naquele dia. 

Mas eu, sinceramente, não acredito nessa hipótese pois o autor narra que Sandes estaria amarrado ao coiteiro no momento do disparo. Essa afirmação pra mim já seria suficiente para colocar por terra a hipótese inteira. Eu não acredito que nenhum soldado cometesse tal asneira, principalmente num combate contra quase quarenta cangaceiros. Isso seria suicídio. Se aproximar-se de um grupo de cangaceiros era uma tarefa arriscada, o que dizer de uma tentativa à noite, no escuro, em terreno acidentado, para lutar contra Lampião e ainda amarrado a um homem desarmado? 

Outra coisa: Como eles foram amarrados e durante 80 anos nenhum volante, cangaceiro ou o próprio coiteiro citou esse detalhe? Com certeza esse pormenor teria sido citado. 

Como falei anteriormente, não tenho dúvidas de que houve disparos daquele lado do coito contra os cangaceiros, mas o primeiro tiro a atingir Lampião naquele dia, na minha humilde opinião continua envolto em mistério.


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"O TIRO QUE MATOU LAMPIÃO"


Por Manoel Severo

O Universo da pesquisa e estudos do Cangaço é algo extraordinário, quando pensamos que já não existem horizontes a serem descobertos ou debatidos, eis que surge: "O TIRO QUE MATOU LAMPIÃO"... no livro de Frederico Pernambucano de Melo; para nos ajudar a entender as curvas da estrada da historia; uma Mesa para lá de especial que contará com os pesquisadores, José Sabino Bassetti, Dr. Ivanildo Silveira, Dr Leandro Fernandes e Aderbal Nogueira, tudo isso e muito mais em: CARIRI CANGAÇO 10 ANOS... Ceará -Brasil -24 a 28 de Julho de 2019


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À FERRO E FOGO MARCAS E CICATRIZES DO CANGAÇO

Por Ivanildo Alves da Silveira

O fenômeno do cangaço vivenciado por Lampião e seus grupos de cangaceiros, deixou marcas profundas, em todos os recantos nordestinos percorridos, bem como, o sertanejo, vítima de crimes bárbaros. Some-se a isso, também as violências praticadas por alguns policiais das forças volantes.

Foi frequente, o saque de casas comerciais, fazendas incendiadas, corte de orelhas, sequestro, extorsão, castração, violação de mulheres, surra á palmatória e chicote, mulheres ferradas como animais, no púbis, nas coxas, nos rostos, além de corpos "pipinados" a punhal etc.

Algumas destas vítimas de ambos os lados da história se deixaram fotografar pela imprensa, testemunhas oculares e pesquisadores anos depois do fato.

Pedro José dos Santos (Pedro Batatinha) - vítima de castração pelo grupo de Lampião, 
em 17/10/1930,  no município de Nossa Senhora das Dores-SE.

Em 06 de janeiro de 1932, Lampião e seu grupo invadiram Canindé do São Francisco/SE. De imediato, o Rei do cangaço mandou pegar algumas mulheres ( Maria Marques, irmã do soldado Vicente Marques; Izaura, casada com o soldado Bilrinho; Anizia, conhecida por Zininha, além de outras).

O cangaceiro Zé Baiano ( o qual havia sido traído pela bela Lídia ), esquentou seu "ferro" o qual tinha as iniciais "JB", deixando-o em brasa, e ato continuo, seguindo ordem do chefe, ferrou, em pleno rosto, a Sra. Maria Marques, além de outras (Vide foto abaixo).
 Maria Marques, ferrada com as iniciais "JB" - 
em 06/01/1932

Outra vítima de Lampião e Zé Baiano

 José Custódio de Oliveira ( Zé do Papel ), 
teve a "orelha" mutilada, por cangaceiros em Aquidabã/SE .


Abaixo, foto da Cangaceira "Dadá" - Companheira de "Corisco", a qual foi metralhada pela volante do Cel. Zé Rufino, no dia em 25/maio/1940, na Faz. Pulgas/BA, tendo, posteriormente, sido amputada a perna direita da mesma, na altura da coxa. Ela, ainda, sofreu cinco cirurgias na aludida perna. .

Abaixo, foto do ex cangaceiro " Candeeiro " - o qual, no combate de "Angicos"/SE (28.07.1938), foi baleado no braço direito, ficando com uma grande sequela . Nesse combate, morreram Lampião e mais 10 companheiros.
Obs: Candeeiro ainda é vivo, e mora na cidade de Buíque/PE.

Cabo Antonio Isidoro", da volante do Cel. Zé Rufino, que em combate com Lampião, recebeu um balaço na mão, ficando a mesma inutilizada.

Ferimentos sofridos por Lampião

1921 - Ferimento à bala no ombro e na virilha, no município de Conceição do Piancó-PB.
1922 - Ferimento na cabeça. “Só por um milagre escapei”, disse Lampião em entrevista ao Dr. Otacílio Macedo.
1924 - Ferimento à bala no dorso do pé direito, em Serra do Catolé, distrito de Belmonte-PE.
1926 - Ferimento leve à bala, na omoplata, em Itacuruba, distrito de Floresta-PE.
1930 - Ferimento leve à bala, no quadril, no município de Pinhão-SE

Um abraço a todos, analisem a matéria e façam seus comentários.
 
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN
 
Açude: Besta Fubana


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CANGACEIRO ESPERANÇA SUA PRISÃO E SUA HERANÇA

Por João de Sousa Lima

A fazenda Quirino, no povoado São Francisco, Macururé, Bahia, era um  dos coitos do bando de Lampião e principalmente reduto dos cangaceiros nascidos entre Macururé, Brejo do Burgo, Santo Antonio da Glória  e Chorrochó. Entre eles Gavião, Azulão, Esperança, Cocada, Zé Sereno, Zé Baiano e Gato. No povoado São Francisco a mãe de Esperança, dona Andressa, tinha terras por lá, porém ela residia na Várzea da Ema.


Cangaceiro "Esperança" ao centro.

O comandante de volante que destacava na Várzea da Ema era Antonio Justiniano e dois dos soldados que ele comandava eram irmãos de Esperança: Vicente, apelidado de Medalha e Ananias. A fazenda pertencia a Ludugero, tio do cangaceiro Esperança.
Ludugero, tio de Esperança, dono da fazenda Quirino.

João e Jovelina Barbosa, irmã do cangaceiro Azulão, 
povoado São Francisco.

Esperança, Cocada, Pancada e Gavião, encontravam-se acoitados próximo ao sítio Quirino. Dentro de um cercado os cangaceiros catavam imbu quando chegou o dono do terreno e Cocada o prendeu e depois o soltou. O sertanejo correu e foi avisar policia do encontro que teve com os cangaceiros.
    
Dona Andressa sempre que precisava ir ver suas criações no São Francisco tinha que pedir autorização ao comandante do destacamento e foi em uma dessas viagens que ela travou diálogo com o contratado Reginaldo que lhe sugeriu pedir para que Esperança se entregasse que nada lhe aconteceria, de preferência que ele trouxesse a cabeça de um companheiro que sua vida tava garantida. Andressa levou o recado ao filho que mesmo relutante acabou cedendo aos apelos da querida mãe. Reginaldo mandou roupas novas de mescla azul para Esperança. O cangaceiro ainda relutante disse a mãe que não tinha coragem de se entregar e a mãe saiu triste.
    
Era março de 1933, no coito encontrava-se Esperança, Cocada, Gavião e Pancada.  Esperança chamou Cocada para irem pegar água em um caldeirão ali próximo. Os dois seguiram na direção do caldeirão. Diante quando chegaram ao caldeirão sentaram-se e ficaram conversando. Cocada limpou sua arma e depois pediu a arma do amigo para ele limpar e Cocada entregou seu mosquetão. Esperança limpou, colocou uma bala na agulha e detonou. O cangaceiro com o impacto do tiro caiu uns dois metros de distância e sem saber de onde tinha partido o disparo pediu socorro:
- Me acode Esperança, não deixe os “MACACOS” me matar!
Esperança pegou o facão da marca jacaré, partiu na direção do moribundo e o degolou ainda com vida. Pegou os bornais, armas, a cabeça do cangaceiro e foi se entregar a policia.
 Cabeça do Cangaceiro Cocada,
morto pelo "colega" Esperança

Na Várzea da Ema ele se entregou  as autoridades, contou detalhes da morte que fez, denunciou os coitos dos cangaceiros na região. Com dez dias  depois  foi encaminhado para a cidade de Uauá, onde o capitão Manoel Campos de Menezes que o livrou da prisão e o incorporou na volante policial do tenente Santinho como contratado . Ficou sendo o corneteiro do grupo. Trabalhou em Jeremoabo e faleceu tempos depois na cidade de Juazeiro, Bahia.

Ainda na prisão em Várzea da Ema.

O cangaceiro Esperança quando preso, já atendendo agora por Mamede, seu nome real, encontrou o com o jovem sobrinho José  Gonçalves Varjão, apelidado de Pororô e lhe confidenciou que na frondosa árvore lateral a casa de sua família, enterrado próximo ao seu tronco, tinha um material guardado e que ele tirasse e entregasse a seu pai. Pororô procurou ao redor da árvore mais diante da pouca idade não encontrou forças para continuar a empreitada de escavação no duro chão de cascalhos.

O tempo passou, Pororô cresceu e retornando certo dia de uma caçada, quando se aproximava de sua velha residência, viu quando seu cachorro passou acuando um preá, o cachorro parou próximo a antiga e frondosa árvore, Pororô se aproximou e viu o cão rosnando e olhando para um pé de macambira, Pororô tirou a cactácea e avistou uma lajota cobrindo um buraco, tirou a pedra, o preá correu com o cachorro latindo atrás, Pororô puxou um tecido em farrapos que cobriam algumas peças, entre elas: Uma colher de prata, 160 cartuchos de fuzil, um punhal, uma espora e algumas moedas.
 Colher de prata de Esperança 
presenteada ao escritor João de Sousa Lima pelo sobrinho do cangaceiro.

Era esse o tesouro de Esperança que ele havia pedido para o sobrinho guardar. Pororô vendeu os cartuchos a um dos prefeitos de Macururé. A colher de prata, algumas moedas, o punhal e uma das esporas ele me presenteou. Na colher encontramos as letras: MA. Talvez o cangaceiro tenha tentado escrever seu verdadeiro nome: MAMEDE. No punhal tem um “NA” ou “NH”.
Detalhe do cabo do punhal de Esperança

Pororô ainda reside e seu irmão Izidoro ainda residem no São Francisco e os Quirino é herança que ficou com a família. Aquele longínquo pedaço de chão ainda guarda as histórias do cangaço vivido em suas terras, memórias ainda latentes de um tempo que teima em não ser esquecido e nem deve....
João de Sousa Lima ladeado por Izidoro e José Pororô
Sobrinhos de Esperança.

Segue em anexo a esse texto uma das cartas de interrogatórios realizados pela polícia e que mostra a importância desses lugares citados com a história do cangaço e a referência com pessoas da localidade. A carta vai transcrita na integra com os erros e incorreções:
“Aos três do mês de maio de 1932, no arraial de Várzea da Ema em casa de residência do segundo tenente Antonio Justiniano de Souza, sub delegado de policia, foi interrogado o bandido acima referido que disse:
   
“Em 1929, estando ele bandido, em seu rancho no lugar denominado São Francisco, foi surpreendido pelo grupo de Lampião que ali chegava a mando do Cel. Petronílio de Alcântara Reis, para que fosse as imediações do Icó e ali receber dinheiro enviado para Lampião, cuja importância era 20:000$000, mas só foram entregues 18:000$000 e que dois restantes Lampião disse que dava por recebido, quando lhe mandasse um cunheito de munição; o que não sabe-se se isso efetuou-se,  mais depois ouviu do bandido ferrugem a declaração de que teve referido Cel. Petronilio havia comprado munição. E que devido a esse encontrão foi ele depoente obrigado a refugiar-se nas Caatingas, pois as forças andavam a sua procura tendo por isso de quando em vez constantes encontros com os cangaceiros, merecendo do mesmo consideração a ponto de lhe ser entregue por “Lampião” um rifle com cem cartuchos, os quais conservou até a data de sua prisão, não tendo, porém feito uso da dita arma para a prática de crime.
 
 Sargento Otávio Farias, radiotelegrafista da policia baiana.
Serviu na Várzea da Ema, sempre enviava as mensagens contando os combates 
dos cangaceiros contra as volantes.
Que sempre foi seduzido por “Lampião”  para fazer parte do seu grupo, mas nunca aceitou, apesar de ter parente no grupo, como sejam: Azulão, Carrasco e Moita Brava. Que esses encontros se efetuavam no lugar denominado Quirino para Lagoa Grande, sendo os sinais convencionados para os referidos encontros, três  pancadas em um pau seco, ou então berrando como boi; que nunca recebeu dinheiro de “Lampião” a não ser algumas roupas dadas pelos cãibras.
   
Que nos últimos encontros que “Lampião” teve com as tropas. Ele respondendo notou que alguns companheiros estavam desgostosos por verem os sacrifícios da causa, que nessa data viajaram nos “cascalhos” das aroeiras com direção a Várzea pernoitando a três quilômetros de distância.
   
Que nessa mesma noite desligou-se do bando a meia noite com Manoel Sinhô de Aquileu, sem que fossem pressentidos pelos outros e vieram pairar nas “Canouas” onde foram informados por Pedro de Aquileu que havia garantia para todos aqueles que tinham ligações com cangaceiros, uma vez que procurassem as autoridades para se entregarem.
   
E baseado nisso em companhia de Pedro veio à procura do Tenente Justiniano em Várzea de Ema onde se acha. Disse mais que “Lampião” depois do combate do touro com o Tenente Arsênio cuja força foi emboscada e morreu quase toda, escapando o referido oficial, pois é um herói que enfrentou o grupo que era numeroso, com um fuzil metralhadora dando somente três rajadas conseguiu matar o irmão de Lampião, Ponto Fino e sendo forçado a abandonar a arma deixando-a inutilizada pelos bandidos.
    
 Tenente Arsênio Alves de Souza
Acervo Lampião Aceso
Que nessa ocasião encontrou Lampião cartas ao Cel. Petronilo acusando Lampião, por isso Lampião resolveu queimar algumas fazendas referido Cel. Petronilo.
   
Disse mais que ouviu de Lampião dizer que tinha mil tiros de fuzil enterrados em um ponto lá para baixo, não declarado ao certo o lugar e que ia também a Curaçá a procura de outros mil tiros que tinha para lá.
Quanto ao armazenamento sabe que Lampião tem alguns  rifles ensebados em ocos de pau (ensebados, para não darem o bicho próprio de madeira).
   
Perguntado quais são as pessoas que fornecem armas a Lampião respondeu que não conhece mais sabe que nas fazendas Juá, Várzea, e São José há “coitos” onde lhes prestam bastante serviços em abastecimentos.
   
E por nada mais dizer nem lhe ser perguntado deu-se por findo estas declarações ao presente auto que vae por todos assignados pelo tenente e testemunhas.

Várzea da Ema, 7 de maio de 1932”
João de Sousa Lima,
Historiador e escritor, Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro do IGH- Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará- Fortaleza- CE.

Tá tudo lá, no www.joaodesousalima.com


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PENSAMENTOS E FRASES


Por José Di Rosa Maria

Toda flor que desabrocha dá um poema
e todo amor correspondido vira canção.

***
Não acredite nem desacredite
de tudo que dizem,
dê uma chance à dúvida.

***
O silêncio é um poema sem palavras
compreendido pelo pensamento dos poetas.

***
O encantamento é a única algema
que não envergonha o seu refém.
                 
***

O livro é um caminho que cabe nas mãos,
e a leitura é uma viagem que se faz sem passos.

***
A vantagem de ser mendigo
é não ser invejado pelos que não são.

***
O autor sempre está na obra,
mas nem sempre a obra está no autor.

***
O vencedor pela força é menos forte
que o perdedor pela razão.
                       
***
Aprender pra ensinar a quem deseja aprender
é saber compartilhar com quem precisa saber.
          
***
Àquele que morre para as regras, nasce para a liberdade.
        
***
Não há escravo maior do que um pai
responsável ou um marido dedicado.

***
O homem sábio vê a vida
como realidade de todos os sonhos.

***
O saber está nos livros, o futuro está no saber.

***
O homem pra ser feliz basta ter o que ama
e não o que precisa.

***
O mundo todo pertence a todo mundo,
mas todo mundo quer pra si o mundo todo.
    
***
O desejo da carne
é a miopia dos olhos do espírito.
                    
***
A corrupção dos ‘cabeças’ do meu país
destruiu o orgulho patriótico do seu povo.

***
Quando o saber deixar de ser virtude,
A burrice vira sabedoria!
             
***
A distância do meu desejo ao teu querer,
Não há de ser maior que à do pecado à salvação.
                      
***
Não idolatro meus pensamentos,
mas são eles que dão tamanhos
e cores aos meus sonhos.
                    
***
Nem tudo que os olhos desejam,
o coração merece.
              
***
Ninguém é criativo todo dia,
A menos que se finja ser.
                         
***
Não dê as costas para as oportunidades,
elas podem ser únicas como a vida.
                             
***
A vida sem ilusões
seria como uma planta sem viço!
                             
***
Encontre-se,
perdido ninguém é feliz!
             
***
O amor é um elo vicioso;
 poucos se Adaptam
á liberdade quando ficam sem.
                    
***
A cinza de uma palavra,
ainda merece um olhar.
             
***
Não acredite nem desacredite
de tudo que dizem, dê uma chance à dúvida.

Enviado polo autor: José Di Rosa Maria

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JOÃO SÓ - CANTOR BRASILEIRO



João Só, nome artístico de João Evangelista de Melo Fortes (Teresina3 de novembro de 1943 — Salvador20 de junho de 1992) foi um cantor e compositor brasileiro.[1]


Era o caçula entre os 12 filhos de Tito Fortes e de Irene Couto de Mello,[2] João aprendeu a tocar os primeiros acordes de cavaquinho quando ainda era criança, tendo começado a estudar vários instrumentos aos 15 anos, na época em que veio com a família de Teresina para Salvador. No final dos anos 60, trabalhava na TV Aratu quando adotou o apelido que o tornou famoso - o produtor David Raw perguntara qual era seu nome e o futuro cantor respondeu: "É João, só".

Em 1971 defendeu seu primeiro sucesso, Canção para Janaína, no sexto Festival Internacional da Canção. Em seguida gravou aquele que seria seu maior sucesso, Menina da Ladeira.[3][4][5][6]

Ainda do começo da década de 1970 datam seus outros êxitos: Ando na Velocidade e Copacabana.

A partir de 1978, João Só passou a se dedicar somente a shows, tendo se apresentado centenas de vezes por todo o Brasil, deixando gravados 15 discos e algumas fitas, contendo mais de 40 músicas de sua autoria, nos 20 anos de sua carreira. Entre elas, curiosamente, também compôs o primeiro hino oficial do time de futebol Londrina Esporte Clube, "Bandeira do Meu Coração", na sua campanha de 1977.[7][8]

Estava descansando na casa de familiares quando faleceu em decorrência de um infarto, aos 48 anos, já esquecido pelo grande público. Deixou apenas um filho, Richard Fortes.


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