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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

40 ANOS DE UMA TRAGÉDIA QUE POMBAL JAMAIS ESQUECERÁ:

Por José Tavares de Araújo Neto

Há exatamente quarenta anos, em 06 de agosto de 1977, um acidente automobilístico abalou a cidade de Pombal, no qual foram vítimas fatais os jovens Baú, Tiaozinho e Vigó, e que também envolveu Nininha, Negão de Iaiá e os irmãos Jailson e Mosquito, sendo que último, estudante de direito e um dos melhores jogadores de futebol da história da cidade, ficou com sequelas irreversíveis

Saudades dos meus amigos que partiram tão cedo, principalmente de Vigó, com o qual eu tinha um relacionamento mais do que de um amigo, mas de verdadeiro irmão.

José Tavares de Araújo Neto



Lembro demais desse dia, mesmo ainda muito pequena (4 anos). Minha avó até hoje chora a morte do filho caçula e muito especial. Era um tio carinhoso e muito presente. Tiãozinho estava em casa montando um som que tinha comprado quando os amigos o chamaram para brincar (como era costume) e estava muito feliz com o seu emprego no Banco do Brasil, que há poucos meses havia assumido. Lembro de muitos detalhes desse fatídico dia. 


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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FATOS SEM FIGURÕES

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2017são
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.709

        Sem querer elogiar político nenhum, por ser independente e por motivos óbvios, algumas coisas em Alagoas, são dignas de notas. Os fatos representam progresso para a terra e não reconhecê-los é ser cascão. A obra federal que estar sendo realizada entre o povoado e entroncamento Carié – Inajá, além dos grandes benefícios para a integração de Alagoas, registra mais desenvolvimento para o Nordeste, uma vez que se vão interligando trechos importantes interestaduais de rodovias. Isso representa a vez dos interiores que procuram vias competentes entre si e entre si e o litoral. E ainda segundo informações abalizadas, Carié – Inajá é o único trecho do Brasil com 50 quilômetros, sem asfalto.

Foto: (Agência Alagoas).

Já o viaduto da Polícia Rodoviária que vai ser iniciado é altamente relevante para Maceió que procura alternativas ao número crescente de seus veículos. Como o trecho – há cinquenta anos prometido – Carié – Inajá, foi iniciado, diminui bastante a desconfiança de que a obra não seja realizada. Pressão de capital não é igual a parafuso de interior.
Quanto a duplicação da Rodovia BR-101, não ficou muito clara a explicação das autoridades. A BR-101 corta Alagoas norte-sul ligando o nosso estado a Pernambuco pelo município de Novo Lino e, a Sergipe pelo município de Porto Real de Colégio. São, portanto, cerca de 239 quilômetros de extensão. Nesse caso a propaganda é falsa, pois na verdade só serão duplicados 46 quilômetros, pelo que se entende após divulgação. O trecho nos parece que vai de Rio Largo ao entroncamento com a BR-104. Mas os políticos no geral bota logo a boca larga para diminuí-la nos retalhos: “Vamos duplicar a BR-101”. Depois de impressionar o público, a duplicação será apenas de 46 quilômetros. Essas manobras são típicas dos demagogos que acham facilidade em viver de política. Mesmo assim a trecho que será duplicado é relevante, pelo tráfego intenso da região.
Estamos aguardando também a realidade do asfalto no trecho sertanejo Batalha – Belo Monte, para retirar este último município do isolamento e da pobreza ora existente.
É lá onde se encontra a foz do rio Ipanema.


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O CASARÃO DE BONSUCESSO

*Rangel Alves da Costa

Defronte ao agora magro caudal do São Francisco, num alto vistoso, logo se avista a exemplar arquitetura e imponência de um casarão que remonta os tempos imperiais, desde que o caminho pelas águas era o único para se adentrar e desbravar os sertões. Seu construtor, como um soberano erguendo um forte para ter diante de si toda a visão panorâmica desde a primeira curva do rio, ali fez surgir uma história que se mantém tão viva como intrigante.
Construído pelos idos de 1887, a arquitetura antiga sempre se mostra mais imponente que as atuais formas arquitetônicas, ainda que o tempo tudo faça para fragilizar suas estruturas. Os materiais utilizados, em muitas situações, são tão resistentes que permanecem como inalterados. Assim, mesmo que a fachada e paredes externas tenham de ser constantemente reparadas, as estruturas continuam tão firmes quanto aqueles tempos primeiros.
Assim acontece com o Casarão da povoação ribeirinha de Bonsucesso, no Sertão Sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sempre denominado de casarão pela sua grandiosa construção e pela imponência que se destaca em meio às paisagens ribeirinhas das beiradas do Velho Chico, entre as margens de vegetação rasteira e as matas e caatingas sertanejas. Contudo, o que mais chama a atenção é a engenharia levada a efeito na sua construção, pois tudo fruto de grandes e penosos sacrifícios humanos.


Em Poço Redondo, somente a Gruta do Angico possui maior importância histórica que o Casarão do Bonsucesso. Este, fincado desde os primórdios da colonização ribeirinha defronte ao Velho Chico, numa parte mais elevada e de onde se avistam as águas nas suas distâncias, foi erguido num misto de poder e mando e de submissão escravista. E assim por que o Casarão, construído na pedra batida entre paredes largas, ainda hoje chora, sangra, agoniza a dor escrava entre suas paredes e seus arredores.
Como pode ser ainda observado em antigas fotografias (e recentemente chegou-me às mãos uma verdadeira relíquia fotográfica através da amiga Quitéria Gomes), ao lado do imenso e imponente Casarão havia outras construções para a criadagem serviçal, a senzala. Com efeito, no período de construção do sobrado, a escravidão imperava por todos os lugares, e muitos escravos foram trazidos para a região ribeirinha do São Francisco e gestaram muito do que ainda se tem como obra de quase eternidade.
Os negros foram trazidos para todos os tipos de trabalhos, desde a terra às construções. E foi assim com a grande moradia do senhor de então daquelas margens são-franciscanas. Ora, o poder e a riqueza têm que ser mostrar grandiosos, faustosos, imponentes, e tendo na mão escrava a cumprimento da ordem, tudo era feito para que a opulência também fosse mostrada através da residência senhorial. E assim foi ordenada a construção do sobrado com paredes de verdadeira fortaleza.
Que engenharia foi levada a efeito, com exigências verdadeiramente extravagantes. O senhor não desejava apenas a fortaleza para morar, mas também nos cercados e muralhas circundando a residência. Então ordenou também a construção de cercas (ou muros) de pedras. E pedra sobre pedra, numa junção arquitetônica ao modo da exatidão no encaixe das antigas civilizações. E não trabalho para durar meses ou anos, mas séculos, como depois se confirmaria.
Assim, não só nas paredes do casarão (de cerca de um metro de largura) como nas antigas cercas de pedras que corriam aos fundos e nas laterais, tudo erguido pela mão negra, pela mão escrava, tendo como a ordem o açoite e a obediência pelo lanho de sangue jorrando pelos lombos e pelas mãos. E há de se imaginar aquelas mãos em tão árduo ofício e de repente ainda tendo de suportar chibatadas em busca da perfeição.


Daí se dizer que as paredes e as cercas do Casarão, ainda que na pedra talhada, foram todas cimentadas pelo sangue negro. E por isso também a eterna presença escrava nesta indescritível riqueza histórica: o Casarão de Bonsucesso. Hoje ainda tão belo e suntuoso, mas ainda hoje também de tão triste memória pela sua dolorosa história. E uma história para também ser sentida na alma de hoje.
E ainda lá a imponência do belo Casarão. À sua frente as águas do Velho Chico, pelos arredores as paisagens sertanejas. E todo um sertão em suas mais diversas feições. Há que se dizer, contudo, das dificuldades de acesso e visitação de todos aqueles que desejem adentrar na histórica construção. Sob ordens do atual proprietário, os cuidadores não permitem visitas públicas. Lamentável que assim aconteça, vez que uma história para ser vivenciada e compartilhada e não apenas avistada.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima. - franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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CONVOCAÇÃO ASSEMBLEIA - 10 DE AGOSTO DE 2017 ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA


C O N V O C A Ç Ã O

A Diretoria da Associação dos Docentes da UERN – ADUERN/Seção Sindical do ANDES/SN, no uso de suas atribuições legais e regimentais, CONVOCA todos os professores da UERN para participarem da Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará na Área de Lazer Prof. FRANCISCO MORAIS FILHO, no dia10 de agosto de 2017, quinta-feira, em primeira convocação, com 20% do número de sindicalizados, às 9h:30min; em segunda convocação com 10% do número de sindicalizados, às 9h:45min; ou, em terceira e última convocação, com qualquer quórum, às 10:00h, oportunidade em que será apreciado o seguinte ponto de pauta:

1.  REFORMA DA PREVIDÊNCIA;
2.  CONSELHO CURADOR;
3.  AUTONOMIA FINANCEIRA.

         Mossoró (RN), 07 de agosto de 2017

                             Prof. Lemuel Rodrigues da Silva
                                            Presidente
Jornalista
Cláudio Palheta Jr. 

Telefones Pessoais :
(84) 96147935

(84) 88703982 (preferencial) 
Telefones da ADUERN: 

ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidente da ADUERN
Lemuel Rodrigues


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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AS ARTES NA CIVILIZAÇÃO A SECA


Livro do professor, escritor, pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

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AMANHÃ. TERÇA-FEIRA REUNIÃO DO GRUPO DE ESTUDOS DO CANGAÇO DO CEARÁ

Por Ângelo Ormiro Barreto

Amanhã, terça-feira, às 19 horas, reunião do GECC (Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará). Palestra com o escritor João de Sousa Lima sobre as mulheres no cangaço. Local : sede da ABO, rua Gonçalves Ledo, 1630 no bairro Joaquim Távora. Na ocasião será lançado seu último livro: "Mulheres Cangaceiros".

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1659197327423817&set=a.1111603532183202.1073741830.100000006988523&type=3&theater

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FORRÓ E CANGAÇO

Por Sérgio Lucas - FORRÓ É MPB

O fenômeno do cangaço, que assolou o Brasil na primeira metade do século XX e cujo desfecho se dera em 1938, com a morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove integrantes do Bando, na Grota do Angico, então município de Porto da Folha/SE, atualmente Poço Redondo, do mesmo Estado, deixou suas marcas, também na cultura musical.

Gonzagão montado a cavalo, trajando a vestimenta de vaqueiro. Foto: Divulgação - http://ativarsentidos.com.br/audicao/luiz-gonzaga-o-matuto-que-virou-rei

Os menos iniciados imaginam ora que a indumentária do pioneiro Luiz Gonzaga é a veste típica do vaqueiro, ora que seja a vestimenta do cangaceiro. Na verdade é uma junção: o gibão, espécie de casaco de couro, é roupa de proteção daquele que lida com o gado. Já o chapéu é obra da engenhosidade de estilista e costureiro de Lampião.

Lampião - Fonte da foto: - https://tokdehistoria.com.br/tag/lampiao/

Fácil diferenciar: seria impossível percorrer grandes marchas – rotina dos cangaceiros – com um pesado casaco que serve para proteger os vaqueiros dos espinhos da caatinga quando em perseguição às reses. De outro lado, aquele chapéu enfeitado e grande seria inútil para os lidadores com gado, porquanto se enganchariam nos mesmos espinhos e galhos retorcidos da vegetação.

A vestimenta dos bandoleiros é a inspiração para as quadrilhas juninas do nordeste.

https://www.youtube.com/watch?v=eIoctvjhVHY

Bem, mas voltemos à música: o xaxado "Mulher Rendeira" e a marchinha "Acorda Maria Bonita" são umbilicalmente ligados ao cangaço. Ambas foram gravadas por Antonio dos Santos, o cangaceiro de alcunha Volta Seca, em 1957, no disco Cantigas de Lampião.

Antonio dos Santos o Volta Seca

Mulher Rendeira, embora registrada no ECAD por Alfredo Ricardo do Nascimento, o Zé do Norte, tem a sua autoria atribuída por pesquisadores ao próprio Lampião. 

Poeta Zé do Norte - http://culturablogg.blogspot.com.br/2010/07/ze-do-norte-um-icone-da-musica.html

Seria uma homenagem à sua avó materna, dona Jacosa. (Sorte de quem registrou que ele não estava vivo para reivindicar os seus direitos!).

Dona Jacosa avó de Lampião -  http://portaldocangaco.blogspot.com.br/2012/02/fotos-ineditas-de-dona-jacosa-vieira-do.html

Essa música era cantada pelos cangaceiros até mesmo durante as suas investidas e combates, como, segundo reza a história, teria ocorrido quando da tentativa frustrada de invadir Mossoró/RN, em 1927.

https://www.youtube.com/watch?v=qAntbFRYkms

Acorda Maria Bonita teria sido composta nos inícios dos anos trinta, logo após o ingresso de Volta Seca no grupo cangaceiro. É uma marchinha carnavalesca. Contudo, diversas são as suas versões para o forró.

Sérgio Lucas, sergipano,
Juiz de Direito, Compositor, Poeta, Cantador e Escritor.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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24 ANOS DE SAUDADES: HOJE, 07/08/2017, COMPLETA EXATAMENTE 24 ANOS DO FALECIMENTO DO MEU IRMÃO JANSER NÓBREGA DE ARAÚJO.

Por José Tavares de Araújo Neto

Janser era estudante da UFPB, matriculado no curso de Economia, faleceu em virtude de um acidente automobilístico em João Pessoa, na véspera do dia dos pais. Nosso pai tinha ido a João Pessoa para passar o dia ao seu lado, já que ele não poderia vir à Pombal. 


Também em sua homenagem, dei seu nome a um dos meus filhos.

Ativista dos movimentos estudantis, componente da Diretoria da Associação dos Estudantes Universitários de Pombal, militante do PT, hoje é homenageado com o nome do Centro Acadêmico de Economia da UFPB e também dá nomes a ruas em Pombal e em João Pessoa, sendo a última por propositura do então vereador Rodrigo Soares.

Nesta foto ele estava no Rio de Janeiro, onde foi participar de uma palestra proferida pelo economista pombalense Celso Furtado, com quem conversou e tirou fotos.

José Tavares de Araújo Neto

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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VISITA AO MUSEU DO SERTÃO

https://www.youtube.com/watch?v=v3O_pfImfL4

O diretor e proprietário do Museu do Sertão de Mossoró Benedito Vasconcelos Mendes comunica aos diretores, professores e estudantes das universidades e colégios, que a próxima visita ao Museu do Sertão será no dia 25 de agosto próximo, sexta-feira, de 7:00 às 12 horas.

Desde já ele agradece a sua honrada visita ao Museu do Sertão de Mossoró, que está de braços abertos para recebê-lo na Fazenda Rancho Verde, na estrada de Alagoinha, 4 km da cidade de Mossoró. 

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TIROTEIO NO SERROTE DO CAPIM


Naqueles idos tempos do cangaço, onde o uso da espingarda e a lâmina aço triangular do punhal eram uma constante entre as serras, montes, vilas, povoados, pequenas cidades nas pradarias do sertão nordestino, quem mais se lascava era o agricultor, o pequeno lavrador que tentava de todas as maneiras manter-se vivo para poder sustentar sua família.

Ela, em sua choupana, casebre, casa de taipa ou mesmo de alvenaria, foram constantemente vítimas dos cangaceiros e dos soldados das volantes que os perseguiam.


Por várias oportunidades foram tachados de coiteiros sem serem. A coisa não era moleza. Se, em algum dia quente daqueles um bando de cangaceiros chega-se em sua morada e pedisse água, após beberem e irem embora, vinda a volantes seguindo seus rastros, aquela família era considerada coiteira. Aí meu irmão, o cacete comia. Vejam a situação dessa família: que danado, naqueles tempos, morando nas quebradas do sertão, negaria água, ou mesmo outra coisa, a Lampião e seus ‘cabras’? Ninguém, pois se assim procedesse corria risco de morrer, ser morto, ou pior, seria testemunha de aberrações praticadas em suas filhas e/ou mulheres.

Lampião, após a derrota em Mossoró, RN, no primeiro semestre de 1927, quando a coisa apertou bastante para seu lado, devido à perseguição, as prisões, mortes e deserções de muitos de seus homens, devido sua prisão ou morte ter-se tornado prioridade, numa constante dia e noite, resolve passar vários meses escondido, procurando viver em locais altos, onde teria uma ampla visão da redondeza em que estava para evitar ser colhido de surpresa.

Certa feita, em meados da segunda metade daquele ano, estando ele e sua caterva acoitada na Serra do Capim, nas proximidades de Triunfo, São Serafim e Flores, local alto, isolado, porém, de um cume plano e cheio de fortificações naturais, tendo no pé da serra uma fonte d’água cristalina, seria o lugar ideal para deixar baixar a poeira, além de estar cercado por fazendas e sítios de inúmeros acoitadores que poderiam dar o alarma sempre que aparecesse uma patrulha, descia a serra com seus homens a noite. Primeiro para encherem suas cabaças, potes e moringas com água, depois para visitarem algum colaborador a fim de comerem. Estando numa constante vigília, não tinham como fazerem fogo brando para cozinhar, no alto da serra, a fumaça seria vista de longe, então comiam uma vez por dia, na noite, em alguma propriedade anteriormente informada.


Dessa vez vinham toda noite para as terras dos coiteiros Manoel Vicente e major Luca Donato. A causa das visitas noturnas nessas propriedades, além das citadas acima, era por naqueles dias, outubro de 1927, ser o tempo das moagens. E cá pra nós, que somos sertanejos da gema, uma das grandes festas é o tempo de moagem. E não há sertanejo que não queira estar em uma delas. Tem-se as rodas das conversas, as moças, os rapazes, a fartura da garapa, do mel, alfenim, da rapadura e da batida. 


Virgolino, como qualquer outro sertanejo, gostava e curtia as moagens. Muitas fazendas faziam suas moagens para alto sustentação, outras, vendia parte e o restante guardava para o consumo. No sertão, naqueles tempos, o açúcar usado, na maioria das vezes, era a rapadura, raspada ou mesmo partida em pequenos pedaços, para o café, o doce e etc...


Numa dessas descidas e subidas no Serrote do Capim, Lampião é informado de que Zé Flor, José Florentino de Lima, casado com a filha do ex cangaceiro do bando de Lampião alcunhado de “Tamanduá Vermelho”, Clementino José Furtado, ou simplesmente Clementino Quelé, seu inimigo, está nas redondezas, e arma uma ‘arapuca’, emboscada, para o antigo desafeto. Estando sempre de olho em quem vinha ou em quem ia pelas estradas ou veredas da caatinga, nota a aproximação de dois homens. Param estes e os inquirem de onde vem e para onde vão. Após responderem, Virgolino faz uma ameaça para que não digam a ninguém sobre aquele encontro. Um dos que foram abordados pelos cangaceiros era o cidadão alcunhado de Dunga da Barra, Manoel Belarmino de Souza, que tinha como companheiro de viagem seu irmão, apelidado de Didi, e que fora com quem o chefe cangaceiro falou.


“(...) Próximo ao Serrote do Capim foi cercado pelos cangaceiros, enquanto um pegou em seu pé, os outros tomaram a frente do caminho e Lampião começou a lhe perguntar:

- Quem é você, cabra?

- Eu sou daqui da Barra, sou filho de Belo Souza!

- Tá me conhecendo? (volta a perguntar o chefe cangaceiro)

- Não, senhor! (respondeu Dunga)

- Eu sou Lampião. Vá embora e não diga a ninguém que me viu aqui, pois se disser eu lhe pego e vou arrancar seu fígado pelas costas! (...).” (“A Maior Batalha de Lampião” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. 1ª Edição. Paulo Afonso, BA, 2017)


Quem olhasse para Dunga da Barra não dizia, nem de longe, o quanto aquele homem de atitudes calmas e jeito manso, era valente. Depois desse encontro desagradável com o ”Rei do Cangaço”, Dunga fica encucado achando que fora desmoralizado. Para muitos homens, no sertão do Nordeste brasileiro, é melhor estar morto do que ser desmoralizado. Em casa de seus pais, refere aos outros irmãos o que se passou e que queria ir dar uma brigada com Lampião. Lampião, na oportunidade contava com 16 cangaceiros sob seu comando. Juntando alguns amigos, Dunga e seus irmãos formam um grupo de, mais ou menos, 14 combatentes. Esses valentes sertanejos seguem rumo ao Serrote do Capim. Tendo nascido e sido criado nas imediações, Dunga conhecia o serrote como a palma da mão. Procura levar seus companheiros por uma passagem totalmente desconhecida por muitos, inclusive pelos cangaceiros, e os deixa vendo o acampamento e seus ocupantes.


Não conseguem atirar primeiro, pois tinha um vigia que, vendo o grupo se aproximando em posição de luta, abre fogo. O som do disparo do mosquetão ecoa por entre as paredes sólidas do serrote. A cabroeira mete dos pés e começa o tiroteio. De repente os atacados somem da visão dos atacantes. Pensando esses que a horda tinha dado costas, mesmo havendo uma baixa entre eles, fora baleado em um dos braços, adentra e vai até o acampamento cangaceiro onde percebem que, na pressa, foram deixadas várias coisas, inclusive uma máquina de costura de mão e outros pertences. Nesse momento, o grupo liderado por Dunga da Barra, se ver entre um fogo cerrado vindo de várias partes.


Os cangaceiros, ao recuarem um pouco, se dividem e retornam ao ataque em várias frentes. A coisa começa a ficar feia para o lado do grupo perseguidor. Não vendo outra saída, os, agora cercados, atacantes, resolvem furar o cerco para poderem escapar. Assim ocorre. Gritando e atirando, conseguem abrir uma brecha e escapam da morte.


Manoel Belarmino de Souza e seus irmãos eram cunhados do, então, major Optato Gueiros, que casara com sua irmã Lica. O major ordena ao tenente Miranda que, junto a uma volante, parta da cidade de Triunfo e vá dar suporte, ajuda, aos familiares da sua esposa, dando uma busca no Serrote do Capim e vizinhança. Chegando ao coito abandonado, os soldados volantes descobrem recipientes com mel e garapa azeda. O tenente desce o serrote e começa apertar os coiteiros dos sítios em volta. Prenderam os proprietários de engenhos Manoel Vicente e Manoel Conselheiro, assim como, todos os empregados desses. A lenha desceu nos empregados e patrões por vários dias, pois a volante montou acampamento nos engenhos. Enquanto estavam acampados, os soldados mataram, a tiros, todos os animais que tinha na propriedade. Alguns para servirem de alimento para a tropa, outros, simplesmente foram abatidos e deixados suas carcaças para as aves de rapina, além de destruírem parte da casa do engenho.


O coiteiro Mané Vicente fora preso. Um empregado seu, Nenê Gomes, foi ver como estavam as coisas no engenho, então foi levado preso da propriedade até a cidade de Triunfo, PE, apanhando durante todo o trajeto.


Depois de todos esses acontecimentos, Dunga da Barra vai sentar praça... e transforma-se em um dos grandes perseguidores de Lampião e seu bando nas quebradas do sertão do Pajeú das Flores.

Fonte/foto Ob. Ct.
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