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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

CORONEL PEDRO ALVES DA LUZ - Quando este foi acusado de ser protetor de Lampião

 Por Valdir José Nogueira de Moura

Em meados do mês de julho do ano de 1927, um indivíduo por nome Francisco Ramos, cuja alcunha “Mormaço”, depois de uma farra em um samba, no lugar Baixio dos Ramos, no município de Araripe (CE), feriu com um tiro um seu tio, sendo em seguida preso e conduzido à cadeia da cidade do Crato, onde prestou seu depoimento. O referido preso tratava-se de um dos mais célebres bandidos de Lampião, que havia há bem poucos dias abandonado o grupo do famoso cangaceiro, na sua triunfal excursão, quando este, deixando o Ceará, seguiu para Pernambuco.

 Francisco Ramos de Almeida  - vulgo "Mormaço"

O cangaceiro “Mormaço” fez a polícia do Crato, minuciosa descrição de sua vida, e de par com ela, trouxe abundantes elementos para a história do combate ao banditismo no Nordeste. O seu depoimento é impressionante. Porém, serão verdadeiras as informações do bandido? Ninguém mais pode assegurar. Em todo caso, o seu longo relato foi publicado em jornais da época. O “Jornal do Recife” publicou o curioso depoimento em duas edições seguidas.

A edição desse jornal de nº 211 de 13 de setembro 1927, publicou a primeira parte do depoimento, Clique aqui e confira sendo que em um dos trechos, o bandido desassombrado contou: “que o coronel Pedro da Luz, morador na fazenda Barrinha, município de Belém de Cabrobó, e próximo a Serra do Umã, cerca de uma légua, muito protege Lampião, fornecendo munição e ocultando o grupo na mesma serra, em lugar dele conhecido, desviando por todos os meios a pista do grupo; que o mesmo coronel recebe de Lampião dinheiro a título de gratificação pelos serviços prestados...”

 Coronel Pedro Alves da Luz

Diante dessa tremenda acusação, e em decorrência também de outros boatos maldosos contra o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, prefeito do Município de Belém de Cabrobó, [1922 a 1926,] que diziam ser o mesmo mais um protetor e coiteiro de Lampião, em 1928, o Conselho Municipal daquela cidade votou uma honrosa moção de solidariedade ao dito coronel e que foi publicada no jornal “A Província (PE)”, Ed. 128, do sábado, 2 de junho de 1928:

“Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e vinte e oito, às 10 horas da manhã, no Paço do Conselho Municipal desta cidade de Belém de Cabrobó em sessão extraordinária, sob a presidência do tenente-coronel Jerônimo Pires de Carvalho, compareceram os cidadãos Inácio de Sá Araújo, Odilon Alves de Carvalho, Licínio Lustosa de Carvalho Pires e Aristides Alves de Carvalho Barros, conselheiros municipais, e sendo primeiro exposto o motivo da presente sessão que é apresentar ao Sr. Prefeito deste município o tenente-coronel Pedro Alves da Luz uma moção da mais inteira solidariedade erguendo assim o mais cabal protesto contra as infâmias e baixas calúnias que em torno do seu honrado nome se tem levantado ao foro de Vila Bela onde segundo consta, se lhe tem dado como coiteiro e protetor de Lampião, e por isto este Conselho não podendo e nem devendo absolutamente calar-se diante de tão torpe e revoltante injustiça feita ao Digno Chefe do Poder Executivo Municipal, apressa-se em vir por todos os seus membros, abaixo assinados, e satisfeitas as formalidades do estilo, dar o necessário e conveniente desmentido a tão aviltantes e injustas calúnias, obra sem dúvida de algum ou alguns mesquinhos desafetos do digno prefeito.

Para quem conhece de perto o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, não há necessidade de dizer quem ele o seja, pois as suas maneiras de fino trato e relevantes serviços prestados a sociedade em geral, o tem sempre desde muito, revelado como um dos cidadãos mais digno, respeitável e útil deste município que muito lhe deve; umas como em outras localidades onde não é ele ainda conhecido, pequenos e injustos desafetos se lhe tem feito caluniosas acusações, cumpre para melhor desmentido a tais acusações que se põem em relevo o seu proceder, relacionando em síntese ao menos uma pequena parte dos seus serviços que tão abnegadamente pelo bem geral tem prestado à causa pública, fazendo para isso referência dos mais recentes, afim de que as pessoas de bem possam julgar como merece, assim verificar que se trata de um cidadão prestimoso e não um coiteiro e protetor de bandidos, vem pois o Conselho Municipal pela voz de seus membros, apresentar a presente moção para assim repelir as baixas calúnias que lhe tem injustamente assacado, se sente também no dever sagrado de reunir a esta, embora em resumo alguns traços da vida de tão conspícuo cidadão.

O tenente-coronel Pedro Alves da Luz, desde sua mocidade prestou relevantes serviços não só de natureza material como moral, a sociedade, quer aqui quer em outros municípios onde anteriormente residiu, sendo porém suficiente relembrar dentre os méritos que tem prestado a este município como simples cidadão ou como homem público, em cujo caráter se acha atualmente investido, e nesta qualidade tem sido a sua administração uma das mais fecundas e prósperas conforme se ver dos diversos melhoramentos do município, o que não vem a caso enumerar. Quando há anos veio fixar sua residência neste município, vindo de Triunfo, onde exerceu com brilho o cargo de delegado de polícia, procurou a zona que mais se prestasse a agricultura e ai, conseguiu com um trabalho assíduo e inteligente converter as suas terras em fontes de riquezas para o Estado e o Município.

Dizer-se então que o tenente-coronel Pedro Alves da Luz protege a Lampião é uma calúnia, pois muito pelo contrário ele procurou auxiliar sempre a ação do governo contra o tão terrível grupo, como prova disto se deduz de muitos fatos, como por exemplo, do seguinte: Somente depois que Lampião aumentou o seu grupo foi que teve que entrar 3 vezes neste município, passando por duas vezes na Barrinha, residência do tenente-coronel Pedro Alves da Luz, isto porém ligeiramente, sendo que da primeira vez por ali passara no caráter de capitão de um “Batalhão Patriota do Ceará” e em tal caráter chegou a 3 léguas de distância desta cidade, de onde mandou passar telegrama.

E da segunda vez, tendo as suas ordens 89 bandidos, e então por isso o tenente-coronel Pedro Alves da Luz para não se expor às iras de tão temível facínora, uma vez que em coisa alguma se achava disposto a compactuar com ele, e por sua vez, não tendo elementos para reagir contra numeroso grupo, imediatamente retirou-se para esta cidade, de onde transportou-se para o povoado de Abaré do Estado da Bahia, só voltando a sua fazenda depois que passou o Estado de Pernambuco a ser governado pelo exmo. Sr. Dr. Estácio Coimbra, quando começou também mais ativa a perseguição ao banditismo.

E desde então o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, decidiu-se com mais ânimo, a auxiliar neste sentido a ação do governo, e uma das provas disto, está nos meios que facilitou ao volante Domingos Nogueira, para com outras pessoas de Riacho Pequeno, dar combate a Lampião se este com seu grupo tentassem atacar aquele povoado como sucedeu, e de que então resultou a morte de dois bandidos devido a tática e coragem do mesmo Domingos Nogueira, que neste tempo ainda não estava incorporado como praça, e os recursos de que dispunha para a luta lhe era fornecido pelo mesmo tenente-coronel Pedro Alves da Luz.

Quando após a chacina de Favela em Floresta, Lampião fingindo-se subir para atravessar neste município, voltou na direção do norte passando em Conceição das Crioulas, e indo abater gados no Olho d’Água, no pé da Serra do Umã, município de Floresta.

Foi o tenente-coronel Pedro da Luz quem logo ao saber da sua estada naquele local, veio a auto avisar ao delegado de polícia, tendo além disso posto a disposição seu carro ao cabo Manoel Ribeiro para este ir ao encontro do cabo Manoel Neto, comunicar o paradeiro do mesmo Lampião, e como este, muitos outros fatos poderíamos citar.

Nada mais se precisa adiantar para a demonstração cabal da completa falta de fundamento de espíritos perversos ou irrefletidos, tem injustamente assacado contra a reconhecida reputação do prefeito deste município, tanto mais quanto a sua honra, está a cavalheiro, de qualquer infâmia de que se lhe atenta atirar.

E depois de ser lida e datada, conforme, foi por todos assinada. Para constar eu José Carvalho de Sá Roriz, secretário o escrevi.”

Da tradicional e numerosa família Carvalho, o tenente-coronel Pedro Alves da Luz foi nascido no município de São José do Belmonte, na fazenda Gameleira, sendo o primogênito do casal major Antônio Alves da Luz e dona Maria Francisca de Barros, esta irmã do Padre José Pires dos Santos Barros.

Grande fazendeiro, o tenente-coronel Pedro da Luz, além da fazenda Barrinha onde residia, localizada entre os municípios de Belém do São Francisco e Salgueiro, era proprietário de muitas terras na região, onde mantinha avultada quantidade de rebanhos de gado bovino e de corte.

Era um homem muito rico, de grande prestígio, bom caráter e muito respeitado, possuindo também uma infinidade de compadres e comadres, em virtude da quantidade de crianças de que foi padrinho em toda aquela região, tendo algumas, adotado o seu sobrenome “Luz” como homenagem. Ainda no tempo que residiu em Triunfo, chegou a exercer naquela cidade os cargos de delegado de polícia e literário.

Como político, exerceu os cargos de conselheiro municipal e prefeito de Belém de Cabrobó. Foi casado com dona Afra Florisbela Pires Cantarelli. O casal não deixou filhos.

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NÃO PODE FALTAR EM SUA COLEÇÃO "VIDA E MORTE DE ISAÍAS ARRUDA - SANGUE DOS PAULINOS, ABRIGO DE LAMPIÃO"

 Resenha de Raul Meneleu

O livro é dividido em duas partes, sendo que a primeira, trata da vida de Isaías Arruda, a segunda, sobre a sua morte e o que se deu depois. Nesse livro o Confrade João Tavares Calixto Júnior, caririense de Aurora no Ceará, que em sua formação acadêmica no sentido profissional é Professor Doutor na Universidade Regional do Cariri - URCA e também é membro de diversas agremiações culturais onde recentemente foi convidado para a Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço – ABLAC. É autor de diversos livros, conforme relação em sua biografia.

Pois bem, em "Vida e morte de Isaías Arruda - Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião" Calixto alcança ações do Coronel Menino com uma pesquisa profunda, como faz em seus demais escritos, trazendo o mundo do cangaço no Cariri Cearense, com nomes e ações de cangaceiros, que a maioria dos estudiosos da saga desconhece. Mostra ações dos diversos grupos de cangaceiros, inclusive o de Lampião com o famoso ataque à cidade de Mossoró, trazendo informes sobre outras autoridades mossoroenses que tiveram importância na defesa da cidade.

Calixto também traz fotografias raras de cangaceiros e de influentes políticos da região caririense, não deixando de expor fotos da família do Coronel Isaías Arruda, como a de sua bonita esposa.

Lemos nessa magnífica obra, que não pode faltar na biblioteca dos pesquisadores, a vida curta, porém influente e repleta de casos, de um Coronel sertanejo que atuou na política cearense, com ecos nos jornais de todo o país e que conquistou a patente na força da valentia e armas.

Tomou a prefeitura à bala, foi o primeiro Prefeito Eleito de Missão Velha e ficou conhecido como grande empreendedor. Tratado como Coronel até aos 28 anos de idade, quando foi morto a balaços por dois membros da família Paulino.

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LAGOAS SERTANEJAS

 Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2786

As lagoas sertanejas acontecem quase sempre por motivo de uma depressão do terreno. Podem ser maiores de que um campo de futebol ou simplesmente do tamanho de uma quadra esportiva. O que não falta mesmo na zona rural sertaneja são nomes de lagoas em numerosos lugares, mesmo que muitas delas estejam extintas por negligência, porém, sítios, comunidades (vários sítios politicamente juntos) e até povoados tornaram-se amplamente conhecidos pelas suas lagoas. No Agreste, mesmo, existe a cidade satélite de Arapiraca, cujo nome é Lagoa da Canoa, já bastante conhecida e de progresso crescente. Não iremos comparar as pequenas lagoas sertanejas com as mais famosas que deram nome ao estado, mas sim, exaltar as suas serventias.

LAGOA SERTANEJA EM TEMPO BOM (CRÉDITO: PORTAL FÉRIAS).

Durante o inverno, as lagoas sertanejas recebem águas das chuvas, das enxurradas... Das torrentes. Funcionam ao natural como os barreiros que são artificiais. Acontece, porém, que são pobres em profundidade. O líquido acumulado mata a sede, principalmente dos rebanhos bovinos, equinos, muares, asininos, ovinos e caprinos. É uma diversão espetacular para gansos e patos das fazendas, marrecos e paturis selvagens. Aliás, todos os bichos não domésticos procuram saciar a sede nas lagoas. Pode acontecer nessas fontes de pouca duração também, um círculo curto em criatório de peixe miúdo. Alguns proprietários mais zelosos, limpam as lagoas antes da chegada das águas e assim também aproveitam o líquido para a bebida humana, tal qual o barreiro.

Durante a estiagem, algumas ainda duram algum tempo com água conforme o lençol freático, outras, logo secam. Então vem a outra face da lagoa. A umidade faz criar pasto para o rebanho, tanto no leito quanto nos arredores, fazendo um lugar privilegiado igual a uma várzea. Até as guinés ou galinhas d’angola aproveitam as pequenas formações de capoeiras para ali esconderem seus ovos. Podem representar lugar de banho e lazer para o homem, mas nunca notamos plantio nas lagoas sertanejas. Quando secam formam uma poeira cinza clara ou escura e feia e que ficam ocupadas por garranchos, gravetos, quando não são cuidadas.

As pequenas lagoas fazem parte da alma sertaneja.

Vida inteligente no Sertão alagoano.

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FAZENDA PITOMBEIRA: CENÁRIO CARIRI CANGAÇO SERRA TALHADA 2022

 Por Manoel Severo

Barão do Pajeú

O Cariri Cangaço Serra Talhada - Calumbi - Bom Nome , se aproxima. Uma agenda intensa de visitas técnicas que nos proporcionarão conhecer uma gênese importante do coronelismo e cangaço de nosso nordeste. A Fazenda Pitombeira será nossa primeira Visita Técnica; no dia 12 de novembro pela manhã ; sem dúvidas um dos cenários históricos mais emblemáticos de todo o Pajeú: A Fazenda Pitombeira, feudo do Coronel Andrelino Pereira da Silva, o famoso Barão do Pajeú. 

Luiz Ferraz Filho, presidente da Comissão do Cariri Cangaço Serra Talhada, esclarece: "A Pitombeira era propriedade do coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú, que daqui  comandava toda a política de Serra Talhada e região, na segunda metade do século XIX e início do século XX. Foi aqui que dentre outros importantes momentos, o Barão hospedou várias autoridades e personalidades sertanejas, tais como o Padre Cícero Romão Batista na viagem que fez para Roma-ITA e o juiz de direito paraibano, Augusto Santa Cruz."


Fazenda Pitombeira, sede do Barão do Pajeú; primeira visita técnica do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022


A Fazenda Pitombeira era um grande latifúndio de 12 mil hectares, que compreendia as Fazendas Caiçara, Ipueira, Cedro e Belém, essa última; herança que o Barão do Pajeú recebeu do seu pai, o comandante-superior Manoel Pereira da Silva, o mesmo, responsável pelo ataque aos fanáticos da Pedra do Reino em maio de 1838. 

Por ocasião da Visita Técnica do Cariri Cangaço 2022, que acontecerá na manhã do dia 12 de novembro, a caravana de pesquisadores será recebida pelo atual proprietário; Antônio Alves Filho, seu Antônio Caiçara; empresário serra-talhadense do  grupo Pajeú Nordeste ; ao lado de sua esposa dona Zélia Pereira, neta e herdeira do major Isidoro Conrado de Lorena e Sá; ex-prefeito de São José do Belmonte e que comprou a Fazenda Pitombeira em 1911 ao coronel Antônio Andrelino Pereira da Silva, filho do Barão do Pajeú. 

Cariri Cangaço em visita a Fazenda Pitombeira em dezembro de 2021

O Coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú, nasceu em 1823. Proprietário fundador da fazenda Pitombeira, em Serra Talhada, era filho do Comandante Superior Manuel   Pereira. A Fazenda Pitombeira foi destaque na história do Pajeú, aclamado Barão em dezembro de 1888, substituiu o pai no comando político local, foi primeiro Prefeito de Vila Bela, entre os anos de 1892 a 1895, faleceu no ano 1901.

Na oportunidade da agenda Cariri Cangaço em Serra Talhada, o Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço concederá à Fazenda Pitombeira a Comenda "Lugar de Memória Para Perpetuação das Tradições do Sertão". Quem explica é o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "neste Cariri Cangaço Serra Talhada inovamos e instituímos a concessão da Comenda "Lugar de Memória Para Perpetuação das Tradições do Sertão", relevando a decisiva importância de cenários preciosos e decisivos para a perpetuação da memória do sertão e a Fazenda Pitombeira será o primeiro cenário a receber esta comenda". 

Cenário de Serra Talhada, 19 de outubro de 2022

Redação Cariri Cangaço 

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