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domingo, 20 de janeiro de 2019

CANGACEIRO ANTÔNIO SILVINO - O RIFLE DE OURO


Publicado em 17 de abr de 2018

Entrevista com Natalício Ramos de Souza residente no Sítio Curral Velho dos Ramos no município de Afogados da Ingazeira no estado de Pernambuco, membro da família Ramos e sobrinho de Desidério Ramos inimigo pessoal e principal articulador do assassinato de Pedro Baptista Rufino de Almeida o afamado valentão conhecido como "Batistão" pai do célebre cangaceiro Antônio Silvino. Na entrevista a seguir o senhor Natalício Ramos de Souza fala sobre o surgimento e o desenrolar das questões envolvendo seus familiares e o afamado cangaceiro Antônio Silvino o “Rifle de Ouro”.

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https://www.youtube.com/watch?v=3XKFmg3jDbE

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FAMÍLIA PEREIRA DO PAJEÚ DAS FLORES.



Os parentes recepcionando Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira) cinquenta anos depois de deixar a sua Vila Bela (Serra Talhada-Pe) largando o cangaço e indo morar na região Centro Oeste do Brasil. Sinhô Pereira foi chefe do cangaceiro Lampião e dos seus irmãos, Antônio Ferreira e Livino Ferreira. 

À direita da foto, José Cassiano Pereira, meu tio avô, irmão da minha avó, Ana Pereira de Sá. 

Foto extraída do livro O Patriarca, do nobre parente Venício Feitosa Neves.


Adquira este livro com o professor Pereira lá de Cajazeiras no Estado da Paraíba, através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

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A CASINHA DE BARRO QUE GANHEI

*Rangel Alves da Costa

Não faz muito tempo, durante a participação num evento histórico e cultural realizado na Escola Estadual Professor Justiniano de Melo e Silva, na cidade de Poço Redondo, no sertão sergipano, fui surpreendido quando uma das coordenadoras do evento, a professora Sandra Félix Cruz, anunciou que uma turma de alunos iria me presentear. Restou-me esperar o que aconteceria daí em diante. Mas logo imaginei o que poderia ser quando ela se aproximou de um objeto em cima de uma mesinha mais adiante.
Em cima da mesinha uma casinha de barro, ou de taipa, como se costuma dizer no sertão. Contudo, uma réplica tão perfeita daquelas moradias sertanejas erguida no cipó e barro, daqueles casebres levantados na lama do poço e na ripa da catingueira, que mais parecia a presença vida daquele mundo-sertão. Toda a estrutura é a mesma das casas originais, no barro e no telhado de palha, na junção da massa visguenta em meio à madeira. Tudo igual.
Logo me encantei. Cuido do Memorial Alcino Alves Costa, também em Poço Redondo, e aquela casinha teria uma serventia sem igual para contar a história do mundo sertanejo. Ao lado de objetos antigos, relíquias, fotografias e outros objetos que traduzem o passado desse tão belo e tão esquecido, aquela construção teria papel fundamental no resgate desse passado, embora ainda existente pelos arredores da cidade e mais adiante.
Estar diante dessa casinha de barro é realmente estar perante uma autêntica moradia sertaneja. Ora, pelos sertões sempre abundaram estes tipos de moradias. Pelas distâncias matutas ainda são costumeiras nas beiras das estradas, depois das cancelas, nos escondidos dos matos. Moradias empobrecidas e de pessoas empobrecidas. Sua humildade é avistada na própria aparência. Uma porta e uma janela, poucas dependências, o bastante apenas para a proteção e a subsistência no que a vida oferecer.


Nos sertões, as casinhas de barro afeiçoam-se à própria carência sertaneja. Lá dentro não há nenhum luxo, nenhum conforto, nenhum prazer senão de se estar protegido do sol e da chuva e de outras surpresas da natureza. Lá dentro a cama de vara, a esteira, a cozinha esfumaçada, a panela agastada, o pote, a moringa, a mesa tosca, o tamborete. Dificilmente mais que isso. Talvez uma rede, um rádio de pilha, um jarro com flores de plástico, um prato de estanho e uma caneca de alumínio e só.
Sim, uma feição de medonha pobreza, mas tão real como ainda de fácil comprovação. Muitas casinhas assim, de cipó e barro, ainda estão espalhadas pelas vastidões sertanejas. Mas é nelas, em meio ao barro e à cobertura de palha ou de telha, que o sertanejo encontra a sua felicidade de viver e a elas se devotam com o prazer da gratidão. Ora, não precisa de luxo algum, de grandeza alguma, apenas a riqueza de ter o seu cantinho para chamar de lar e nele criar os seus. E tantas vezes assim permanecer durante toda a existência.
E agora, na sua imensa expressividade e significação, ela faz parte do acervo do Memorial. E lá está numa mesinha, tendo ao lado um carro-de-bois, bem ao modo daquelas outras que estão pelos arredores. E quem adentra aos espaços logo reconhece e, de certa forma, também se reencontra com suas raízes. Recorda-se sempre das tantas casinhas de barro que conheceu, e até que no passado seus familiares já tiveram como moradia uma residência, singelamente empobrecida, mas tão sertaneja como nenhuma outra.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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FEIRA DE MANGAIO - CLARA NUNES E SIVUCA - ÁUDIO E VIDEO

https://www.youtube.com/watch?v=f8LASJNy4Zs

Publicado em 1 de jul de 2017

Curtam a nossa página no Facebook:https://www.facebook.com/ClaraNunesGu... 

Composição de Sivuca e Maria Gadelha em 1979. Fumo de rolo, arreio de cangaia, Eu vim pra vender, quem quer comprar? Bolo de milho, broa e cocada, Eu vim pra vender, quem quer comprar? Pé de moleque, alecrim, canela, Moleque sai daqui, me deixa eu trabalhar, Zé saiu correndo pra feira dos pássaros E foi passo voando pra todo lugar. Tinha uma vendinha no canto da rua Onde o mangaieiro ia se animar, Tomá uma bicada com lambú assado E olhar pra Maria do Juá. Tinha uma vendinha no canto da rua Onde o mangaieiro ia se animar, Tomá uma bicada com lambú assado E olhar pra Maria do Juá... Cabresto de cavalo e rabichola, Eu vim pra vender, quem quer comprar? Farinha, rapadura e graviola, Eu vim pra vender, quem quer comprar? Pavio de candeeiro, panela de barro, Menino eu vou me embora, eu tenho que voltar, Xaxa o meu roçado que nem boi de carro Alparcatas de arrasto não quer me levar. Tem um sanfoneiro no canto da rua Fazendo floreio pra gente dançar, Tem o Zefa de Porcina fazendo renda E o ronco do fole sem parar... Tem um sanfoneiro no canto da rua Fazendo floreio pra gente dançar, Tem o Zefa de Porcina fazendo renda E o ronco do fole sem parar...
Música
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Música neste vídeo
Música
Artista
Clara Nunes
Álbum
Guerreira
Licenciado para o YouTube por
UMG (em nome de Universal Music); UBEM, UMPI, UMPG Publishing, ASCAP e 7 associações de direitos musicais

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MARIA BONITA COM FERIMENTO NA BOCA


Maria Bonita no meio do mato com possível ferimento na boca. Pode ter sido causado por uma queda decorrente de correria das volantes ou um dente inchado, o que vcs acham?

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LAMPIÃO DÓI


Por Vanessa Campos

A história se repete. A ideia vem desde 1991, quando houve um plebiscito em Serra Talhada para ouvir os moradores da cidade a respeito de uma estátua de Lampião que seria erguida em praça pública. A ideia foi de Tarcísio Rodrigues, então presidente da Casa de Cultura, por sua vez, inspirada no projeto do então vereador Expedito Eliodoro. Rodrigues comandou a votação no dia 7 de setembro, uma data emblemática quando 78% disseram sim, à estátua do filho famoso da cidade.

Mas o monumento de três metros de altura não foi erguido devido a uma corrente política contrária à homenagem e até ameaça houve de derrubar o trabalho do artesão Karoba a tiros. Mas a  ideia não morreu, ficou latente, adormecida durante 27 anos para renascer neste 2018, 27 anos depois, E agora, lá está a estátua de Virgolino, imponente, no Pátio da Fundação Cultural Cabras de Lampião, medindo 1,85 e confeccionada pelo artesão Zaldo Mendes. A “novidade” vem chamando atenção e movimentando o comércio, o turismo na cidade, que, aliás, deve muito ao Cangaço.

Reação houve, mas pequena em comparação com a de 1991. Porque o mundo gira, os fatos acontecem, se repetem e mito não morre. Ressuscita.

Os diretores da Fundação Cabras de Lampião pretendem colocar no mesmo espaço, a estátua de Maria Bonita para completar o cenário. Afinal, o território é deles.

Por isso é que um cangaceiro
Será sempre anjo e capeta, bandido e herói
Deu-se notícia do fim do cangaço
E a notícia foi o estardalhaço que foi
Passaram-se os anos, eis que um plebiscito
Ressuscita o mito que não se destrói
Oi, Lampião sim, Lampião não, Lampião talvez
Lampião faz bem, Lampião dói

(Trecho da música Fim da História de Gilberto Gil)

http://www.mulheresdocangaco.com.br/project/lampiao-doi/

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OURO COBIÇADO


Por Vanessa Campos

Ouro e vaidade andavam de mãos dadas no Cangaço, entre homens e mulheres. As joias eram expostas, numa demonstração de riqueza, poder aquisitivo. 


Quanto mais ouro nas mulheres, mais rico era o companheiro. Esse tesouro foi cobiçado pelas volantes que, após o massacre em Angico, tudo foi levado e sumiu depois.

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DUAS OBRAS ILUMINAM O MITO DE LAMPIÃO E MARIA BONITA, COM OLHARES ORIGINAIS SOBRE O CANGAÇO NO NORDESTE



A Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, faltava o olho direito, e ele mancava da perna direita. O cantor Orlando Silva não tinha alguns dedos do pé esquerdo. Os músicos Ray Charles e Stevie Wonder conviveram desde cedo com a cegueira em ambos os olhos. Menino, Roberto Carlos perdeu parte da perna direita. A Luiz Inácio da Silva o Lula, falta um dedo da mão esquerda.

A mitologia da deficiência física produziu figuras públicas tão diversas quanto cruciais a seus tempos, algumas das quais voltam feito bumerangues em momentos graves. No Brasil truculento de 2019, é vez de o bando cangaceiro liderado pelo pernambucano Lampião e pela baiana Maria Bonita voltarem à baila, em parte sob o pretexto dos 80 anos da dizimação dos bandoleiros, na Grota do Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938.

Dois livros de peso revisitam o mito por enfoques de alguma maneira opostos. Em Apagando o Lampião ‒ Vida e Morte do Rei do Cangaço, o historiador e jurista Frederico Pernambucano de Mello reconstitui a fibra masculina da história, enquanto a jornalista paulistana Adriana Negreiros cuida de dar luz inédita à contrafação feminina, em Maria Bonita ‒ Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço.

Conterrâneo de Lampião, Frederico conta que o sertanejo Virgulino automedicou o glaucoma no olho direito, desde a infância, aplicando-lhe claras de ovo. À falta de luz para todos e todas no sertão nordestino de um século atrás, combateu a escuridão do olho, da Caatinga e da Grota do Angico com rajadas de balas e com o codinome Lampião, secundado por cangaceiros de apelidos luminares como Corisco, Labareda, Candeeiro, Elétrico e Caixa de Fósforos.

Maria Bonita, segundo Adriana, jamais foi chamada assim em vida (a invenção midiática surgiria com sua morte). Nascida Maria Gomes de Oliveira, era Maria de Déa, filha de dona Déa, ou Maria do Capitão, depois de integrada ao cangaço. Mais moça que Virgulino 13 anos e tombada morta aos 28, xingava o companheiro de “cego velho” e “canela de veado” nas horas de desavença.

Enfrentado com displicência pelo Brasil das revoluções de 1930 (na tomada do poder por Getúlio Vargas, por meio de golpe) e 1932 (na malograda reação paulista da Revolução Constitucionalista), o casal sobreviveria menos de um ano à instauração do Estado Novo, o golpe dentro do golpe de Getúlio em 1937.

Antes, Lampião ajudou a República Velha a combater a Coluna Prestes, por convocação de seu padrinho informal cearense, o igualmente mítico Padre Cícero Romão Batista (1844-1934), num encontro sobrenatural (mas nem tão raro) entre política, religião, Justiça e cangaço.

Em meio às revoluções, foi disputado pela direita e pela esquerda do espectro político e encampado pela Intentona Comunista (1935) de Luiz Carlos Prestes, numa tentativa, segundo Frederico, de “canalizar” cangaceiros “para outra função, para que se pudesse com eles levar a cabo uma revolução social”, décadas antes do advento bem menos violento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra.

Ambas as obras avançam como que complementares. Na distribuição desigual de quase tudo entre os sexos, Pernambucano cuida da guerra e das grandes narrativas, enquanto Negreiros mergulha a fundo na crônica do cotidiano, do comportamento, das sexualidades das personagens. A cultura do estupro, vigente em 1938 como em 2019, ocupa parte importante de seu livro. Embora sem conotação explicitamente sexual, o estupro do Nordeste pelo resto do País é o mote glosado por Frederico.

Autor de livros sobre o cangaço e a Guerra de Canudos, o pesquisador dedicou grande parte da vida adulta ao estudo de Lampião. Guardava até a edição do livro de depoimentos de testemunhas oculares da história, alguns mantidos inéditos desde até 1970. As revelações históricas remontam a 1917, quando Virgulino, nascido em 1898, selou sua entrada na ilegalidade e no banditismo.

Elemento importante de Apagando o Lampião é a compreensão da instrumentalização do cangaço com fins políticos, tanto pelos coronéis nordestinos como pelos “civilizados” do Sudeste brasileiro. “Para o Brasil, o banditismo e a seca são males necessários”, ele afirma, sob a assinatura do conterrâneo Manoel Bastos Tigre, em artigo datado de agosto de 1938. “Como esses mendigos de porta de igreja, que ‘cultivam’ a chaga da perna para que não feche, assim deve o sertão cultivar a seca e alimentar discretamente o cangaço”, apunhala o Tigre de 1938.

Embora discorra com valentia sobre o racismo expressado pelo afrodescendente/indígena/cigano Virgulino, Frederico planifica o sadismo cangaceiro entre homens e a violência de bandoleiros e soldados contra mulheres, evitando descer a detalhes desses dois assuntos que são um só. A naturalização masculina da violência, dominante desde sempre e, em particular, a partir da megaexposição chocante das cabeças decepadas dos cangaceiros, encontra combate inédito na obra da escritora estreante Adriana Negreiros.

Casada com o escritor Lira Neto (autor de biografias de Padre Cícero, Getúlio Vargas e Maysa), ela complexifica o quebra-cabeças ao documentar as minúcias do sadismo vigente no Brasil sertanejo dos anos 1920 e 1930.

As mulheres, esquadrinha Adriana, chegavam ao cangaço através da violência, do sequestro e do estupro, a maioria em idades que recuavam a até 11 anos.

Estudiosos de época minimizaram os estupros coletivos como “peraltices insignificantes”, segundo registra. Ela conta dos hábitos do cangaceiro José Baiano: “Depois de esquentar o objeto (um ferro de marcar gado) no fogo em brasa, pressionava-o contra a face, a genitália, a nádega ou a panturrilha de suas vítimas, todas do sexo feminino”.

Morto o companheiro em combate, restava às cangaceiras ser tomadas por outro bandoleiro ou morrer assassinadas. Sila, esposa do cangaceiro Luiz Pedro, foi estuprada pelos soldados depois de morta. As cangaceiras, inclusive Maria Bonita, eram forçadas a dar os filhos em adoção assim que nascidos. A narrativa evidencia a tensão constante entre tradição e inovação no cangaço.

..., de branco Sila e Zé Sereno - http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com/2016/01/a-morte-de-nenem-de-luiz-pedro_17.html

Adendo: José Mendes Pereira 
Corrigir o parágrafo acima. 

Sila era companheira do cangaceiro Zé Sereno. A companheira de Luiz Pedro era Neném do Ouro.

O cangaceiro Luiz Pedro e sua companheira Neném do Ouro

Reconhece o pioneirismo da admissão de mulheres no bando, a partir do apaixonamento de Virgulino por Maria, em 1929, mas também a conservação de costumes na Caatinga impregnada por um sadismo contemporâneo aos adventos do fascismo e do nazismo na Europa.

“O (corpo) de Maria seria abandonado com as pernas abertas e um pedaço de madeira enfiado na vagina”, escreve Adriana, que em posfácio não se furta a expressar espanto diante do descrédito lançado por estudiosos sobre a brutalidade feminicida no microcosmo do cangaço.

Tabu entre tabus, a violência sexual entre homens aparece de resvalo em Maria Bonita, quando um cangaceiro penetra um subdelegado com uma vela posteriormente acesa e queimada até o fim ‒ até aí o clarão se diz presente no sertão sem luz. A violência não sexual entre homens é documentada por Adriana, em atos como os de Corisco, que “arrancara a cabeça do homem, bem como seus braços e pernas, e cortara o tronco em postas”.

No contrafluxo, Frederico resiste a reconhecer a autoridade de Maria Bonita e atribui a Dadá a derrocada de Corisco, morto dois anos depois do chefe, segundo o autor por conta da cachaça e do “autoritarismo” da companheira Dadá, “que intervém nas questões do bando a cada passo”, qual uma Yoko Ono caso Corisco fosse John Lennon. Adriana diverge:

“A impetuosidade e a coragem que, em Corisco, inspiravam os rapazes, na esposa eram tomadas como autoritarismo e agressividade”.

Ambos os autores abordam com entusiasmo a força estética do cangaço. Na tensão-contradição entre brutalidade e ternura, Adriana aponta que Maria Bonita brincava de boneca em campo e foi tida como uma Greta Garbo da Caatinga, e ambos notam que Lampião era exímio costureiro à máquina Singer ‒ Frederico afoba-se a esclarecer que, no sertão dos 1930, isso não indicava traço de “efeminação”.

O merchandising de primeira hora é lembrado por Adriana, na narrativa das filmagens do bando pelo sírio Benjamin Abrahão, em 1936, sob patrocínio da farmacêutica Bayer (explicitado por folheto de propaganda exibido nas imagens em movimento) e da fabricante de óculos Zeiss.

O episódio seria estetizado no filme manguebit Baile Perfumado (1998). Embora citem o disco de xaxados gravado pelo ex-cangaceiro júnior Volta Seca (Cantigas de Lampeão, 1957), nenhum dos autores aponta a importância de Virgulino na gestação do mito do conterrâneo pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989), consolidado a partir de baiões como Asa Branca (1947) e a canção de passarinho cego dos olhos Assum Preto (1950).

Detalhista ao extremo, Apagando o Lampião cobiça algo da metodologia d’Os Sertões de Euclides da Cunha, e chega a exasperar quando entra no labirinto de nomes de personagens secundários. No campo das interpretações originais, expõe que, ao ser mortos imersos em crise pós-Estado Novo, Lampião e Maria Bonita preparavam uma mudança para o Sudeste, “para roubar em Minas Gerais”, segundo Virgulino.

Em comum com Maria Bonita, guarda o laço de não arriscar maiores interpretações sobre os porquês profundos da existência do bando de Lampião. O que, afinal de contas, teria permitido a explosão de violência no Brasil sertanejo dos anos 1920 e 1930?

Que vínculos teria o fenômeno do cangaço com expressões anteriores, da época pré-abolição da escravização institucional, e posteriores, da marginalização que nas metrópoles do Sudeste viria acompanhada não mais pelo xaxado, mas pelo rap, pelo funk, pelo Movimento dos Sem-Teto?

O Brasil desalumiado segue a tremular em 2019, entre a deficiência visual e os fósforos riscados de Lampião e a luz para todos e todas que nunca se consolida, do medievo à era (des)iluminada pelo WhatsApp.

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NÃO FIZ MONTAGEM DAS FOTOS

Por Wasterland Ferreira

Grande Jose Mendes Pereira Mendes, dileto amigo, bom dia!

Mendes, se eu o entendi não há mistério aqui pois particularmente não fiz montagem fotográfica alguma. O próprio sistema aqui o que fez? Pôs a foto do meu perfil no Facebook sobre a foto da capa do perfil, onde ambas foram realizadas quando da minha recente visita a histórica cidade de Piranhas, Alagoas, há apenas duas semanas. 

A fotografia da capa foi feita a partir da ampla varanda da casa de Celso Rodrigues, meu amigo e filho do saudoso, bravo e histórico Chiquinho Rodrigues, que foi o principal defensor de Piranhas quando da invasão e ataque "dos cangaceiros, os cabras de Lampião". 

Foi a junção, como nós pesquisadores sabemos, dos subgrupos de Gato, Corisco e Virgínio, o Moderno, que atacaram a referida cidade em 28 de setembro de 1936 com o intuito de raptar a esposa do então sargento PMAL João Bezerra da Silva, que horas antes havia conseguido prender a mulher de Gato (Santílio Barros), após baleá-la numa das pernas e isso durante um fogo com o subgrupo do seu marido. 

Vale ressaltar que durante a saga alucinante e desesperada de Gato até Piranhas ele assassinou covardemente a 11 pessoas.

Palácio Dom Pedro II

Já a outra fotografia foi feita em frente o Palácio Dom Pedro II, que serviu para hospedar o Imperador quando o monarca visitou Piranhas em 9 de outubro de 1859.

Posicionei-me frente a porta de entrada da histórica edificação que hoje é a sede da Prefeitura Municipal de Piranhas e que, já como tal, recebeu exatamente onde estou na foto as cabeças dos cangaceiros mortos pela polícia em Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938, onde as cabeças de Lampião, Maria Bonita e dos outros 9 bandidos mortos foram cuidadosamente dispostas na escadaria frontal existente à época (lamentavelmente demolida) e devidamente fotografadas.

Como se vê atualmente, a escadaria de acesso ao prédio da prefeitura é lateral, isso após a fachada ter sofrido ao longo do tempo algumas modificações no que concerne à sua arquitetura.
É isso. 


Não fiz montagem das fotos salvo as fotografias dispostas uma sobre a outra, porém assim organizadas pelo próprio Facebook. 

Um forte e fraterno abraço meu amigo Mendes, a quem estou a dever uma visita quando eu tiver a grata satisfação de retornar a Mossoró, a famosa "Terra do Sal" e cuja população empreendeu e ofereceu a mais aguerrida resistência ao bando de Lampião, quando do malogrado ataque dos cangaceiros verificado em 13 de junho de 1927.

Até mais.


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SEM VERBAS PUBLICITÁRIAS DO GOVERNO FEDERAL, GLOBO ATACA FEROZMENTE O PRESIDENTE BOLSONARO.


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