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domingo, 6 de outubro de 2019

POR ONDE ANDA OS NETOS DO CANGACEIRO VOLTA SECA?

Por José Mendes Pereira

Já se passaram alguns anos que uma neta de Antonio dos Santos o cangaceiro Volta Seca fez contato comigo. 

Ela me disse todos os nomes dos filhos de Volta Seca que aparecem nesta foto, além do nome desta senhora que era esposa dele e ela a chamava de tia. 

Disse-me também que voltaria depois para informar mais algumas coisas sobre o seu avô Volta Seca. 

Eu pensando que ela retornaria não fiz nenhuma anotação.  Mas nunca mais ela me falou nada.

Eu não tenho muita certeza, mas me parece que ela era de Leopoldina no Estado de Minas Gerais. Se existe outra cidade com este nome em outro Estado do Brasil eu não sei.

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VINTE E CINCO E ZÉ RUFINO

Por Aderbal Nogueira

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LAMPIÃO EM RIBEIRA DO POMBAL -BA. INÍCIO DA MANHÃ, EM PAZ.



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OS DESEJOS INSATISFEITOS EM VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, VULGO LAMPIÃO.

Por Verluce Ferraz

As exigências da vida levam algumas reservas energéticas e não sucumbem totalmente ao princípio da inércia. A mente é obrigada a transformar as atividades de tais energias para obter satisfações, nem sempre adequadas a obtenção dessas, podendo assim, serem conduzidas às alucinações para obter suas satisfações. E a alucinação é considerada, segundo os melhores estudiosos do assunto, o caminho mais curto para a realização do desejo, sendo considerado esse uma atividade primária. 


Na vida de Virgulino, o emprego da força psíquica estava de acordo com a exigência de sua vida. Era imperativo de seu pensamento tecer um mundo interior e realizar o seu percurso no mundo exterior. Cabe aqui clarear essas funções, substituir o desejo alucinatório interior e obter o resultado que apresentasse relação à monção (1) do seu desejo: vingança. Mas, vingar o que? O que desejava vingar Virgulino? De onde vinham essas atividades alucinatórias para o matador vingador? Ao buscar repetir a percepção ligada à vivência de satisfação, o aparelho psíquico produz o fenômeno da alucinação indicando a tendência do aparelho à repetição dos estados de desejo. Virgulino não suportava o aumento de suas tensões, daí entrar em cena o deslocamento da quantidade de energia para entrar em ação o seu ‘estatuto’: o prazer de matar e ver sangue. Mas ainda não respondemos de onde provinha tal desejo. Ao que tudo indica, é a produção da atividade alucinatória como fruto da regressão da excitação, e a porta da entrada foi o registro psíquico da consciência, que possui canal direto com a percepção, denominado consciência-percepção. 


Segundo David-Ménard (2000), o sistema ω (2) registra não quantidades de energia, mas sim diferenças relativas de frequência ou duração, aproxima da noção freudiana de período e daquilo que se denomina sinal da consciência. Lembranças anteriores podem desencadear grande quantidade de energias e o organismo interior que transitam em forma de alucinação; mecanismos das memórias. Lampião sempre afirmou que não gostava de ouvir choro de crianças, associando ao berro de cabritos. Essa informação é recebida como sendo uma recordação gravada na memória dos tempos em que sua avó fazia partos... Virgulino foi incapaz de se livrar daquelas lembranças... Em Virgulino os desejos eram combustível para suas atividades criminosas. 


Isso exigia memória, é claro que também condições deveriam também de estar presente ao mesmo tempo. As condições ele foi buscar na própria exclusão social, ao viver de forma anormal atuando sempre dentro de grupos dominados por ele. Embora não se comprove nenhuma experiência de como ele compartilhava suas exigências no tocante a sua ‘double conscience’; sabe-se que supria suas necessidades biofisiológicas capacitando-se no modo de atacar, feito lobos que vivem isolados dentro da caatinga, suportando a própria natureza; usava da força para saciar seus desejos de possuir vantagens, que, alguns, tomam por inteligência e, mora aí, a falta de uma análise mais profunda que há de mostrar alguns exageros. Virgulino não possuía as características da inteligência emocional, não tinha capacidade de controlar impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, praticar gratidão e motivar as pessoas para o bem, além de outras qualidades que poderiam ajudar a encorajar indivíduos; não sabia seguir em frente diante de suas frustrações e desilusões. E, assim, durante a vida, Virgulino transitou em ‘atitudes passionnelles’ (fase alucionatória) que acabou no dia 28 de julho de 1938. E com ele, os seus seguidores.


(1) Monção (do árabe: موسم [mausim], estação) é a designação dada aos ventos sazonais, em geral associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que ocorrem em grandes áreas das regiões costeiras tropicais e subtropicais. A palavra tem a sua origem na monção do oceano Índico e sudeste da Ásia, onde o fenómeno é particularmente intenso. A palavra aqui citada no texto é para aproximar o estado psíquico em que transitava o pensamento do cangaceiro que volitava e estaria governado por monção. Em Virgulino os desejos eram combustíveis para suas atividades criminosas. Isso exigia memória,

(1) ω O que é Ômega:

O termo ômega possui o significado de “fim” quando utilizado associado à primeira letra do alfabeto grego “alfa”, por exemplo, na expressão “alfa e ômega”, que representa “princípio e fim”. Na Física, a representação gráfica da letra maiúscula Ω e da letra minúscula ω é utilizada em diferentes contextos.


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VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA

Por Verluce Ferraz


Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, além de costureiro, imitará a avó, fazendo partos de cangaceiras. Reviverá seus traumas não gostando de crianças e cometendo crimes bárbaros - ver sangue causará prazer no cangaceiro. Apreciará os bordados e serviços domésticos, criando também um estilo que estenderá a todos os cangaceiros - Vai abandonar a "Farda de Capitão" e assim criará o estilo UNIGÊNERO...

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ESTATUTOS DA SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.


A Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço foi fundada em 13 de junho de 1993, data aniversário que lembra a entrada de Lampião e seu bando na cidade de Mossoró (RN). É uma entidade sem fins lucrativos que coordena um maior entrosamento entre os pesquisadores, escritores e artistas brasileiros que estudam e divulgam o Nordeste. Assuntos como Cangaço, Coluna Prestes, Canudos, revoltas: Praieira, Balaiada, Cabanagem e Quebra-Quilos; Juazeiro, Padre Cícero, Delmiro Gouveia e o progresso do nordeste, Quilombos, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e a Música Popular Nordestina; a Cultura e a Arte nordestinas são prioridades nos estatutos da SBEC para debatermos e divulgá-los em eventos, no Brasil e no exterior.

Quem são os seus integrantes?

- Escritores, Pesquisadores, Poetas, intelectuais e alunos que se interessam pela pesquisa hitórico-sociológica do Nordeste e do Brasil.

Qual a abrangência desta entidade?

- Inúmeros segmentos da sociedade cultural, no âmbito das pesquisas em vários Estados do Brasil, com sócios espalhados por este País continental.

- O quê é necessário para se tornar sócio da SBEC?

Para ser sócio da entidade precisa ter trabalhos apresentados, artigos e/ou livros publicados, dentro dos diversos temas que permeiam a mesma. O pretendente deverá ser apresentado por um sócio efetivo e seu nome aprovado por, pelo menos, 5 outros sócios.

- Quem faz parte de sua Diretoria?

- A Diretoria está assim composta,

- Presidente,

- Vice Presidente,

- 1º secretário,

- 2º secretário,

- 1º tesoureiro, 

- 2º tesoureiro,
  
- Conselho Consultivo,

- Presidente do Conselho.

- Quem fundou esta sociedade?

- Ela foi fundada pelo professor,escritor e pesquisador do cangaço Paulo Medeiros Gastão de Triunfo, mas radicado em Mossoró. A SBEC tem seus grupos de Estudos sobre cangaço em todo Brasil.

- Onde é a sede da SBEC -  Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço?

-A SBEC tem sede em Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte - Brasil no Museu Histórico Lauro da Escóssia. 
- Endereço: Praça Antonio Gomes, s/n. 59610-150.
- Cidade: Mossoró (RN).
- Telefone (84) 3315-4778.
- Site Oficial da SBEC: http://www.sbec-br.org/


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MOVIMENTO DESASTROSO DE cANUDOS


Por Jair Som Jair Som

Em 5 de outubro de 1897, fim da Guerra de Canudos. O arraial resistiu até esse dia, quando morreram os quatro derradeiros defensores. O movimento durou de 7 de novembro de 1896 a 5 de outubro de 1897, então na comunidade de Canudos, no interior do Estado da Bahia.

A Guerra de Canudos foi resultado de uma grave crise econômica e social que atingiu diversas regiões do Brasil, principalmente a região Nordeste. Com uma grande presença de grandes propriedades agrícolas, a seca que afetou a região trouxe consigo uma série de problemas como o desemprego, pobreza, entre outras questões. Que solução? Só um milagre seria capaz de impedir a miséria e a exclusão social que a população vivenciava.

Com a implantação do regime republicano, os habitantes de Canudos, que não contestavam os métodos que o governo implantava, começaram a se movimentar contra a cobrança de impostos. E as manifestações começaram incomodando imprensa e os latifundiários, pois estavam atraindo muita gente. E houve um reforço com a chegada e apoio de Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, que se intitulava peregrino que iria salvar a população daquela miséria. Aí construiu-se a imagem de que Conselheiro e os seguidores que conseguiu eram perigosos monarquistas. Então o governo entra em ação, solicitando ajuda aos militares para banir a comunidade e seus moradores. Foram três as tentativas, e o militares foram vencidos pelo povo de Canudos, deixando os governantes em pavorosa. Preparou-se o grande massacre. AS casas todas foram queimadas, milhares de pessoas foram mortas sem piedade, entre elas crianças, mulheres e idosos, o mesmo que fizeram nos tempos do Brasil Império no Paraguai. Acredita-se que essa guerra resultou na morte de cerca de 20 mil sertanejos e 5 mil militares.

Foi durante o massacre que Antonio Conselheiro foi morto pelos militares do Exército. Há quem diga que na verdade ele morreu em decorrência de uma disenteria e que fora enterrado por seguidores e que seu cadáver foi exumado e sua cabeça decepada a faca. Afinal, alguém precisava mostrar que abateram o "perigoso monarquista". Na foto, terra arrasada.


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LAMPIÃO E MARIA BONITA - CONVERSA COM BIAL

https://www.youtube.com/watch?v=V5geMOQ_wkc&feature=share&fbclid=IwAR0rhRP_9sp4gmrS90wzNJbpSowhaN6YQGMbnfP7mNtx4WSgSHHkfeLcDC4

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PERSEGUIDORES


Por Volta Seca

ENTRE OS PERSEGUIDORES DE LAMPIÃO E SEU BANDO, DESTACARAM-SE, OS POLICIAIS DA FAMÍLIA NAZARENA (oriundos do pequeno distrito de Nazaré do Pico-PE, dai, o nome ).

Acima, uma foto de dois policiais Nazarenos.
Cortesia: Família Flôr.

VISUALIZE A IMAGEM E, TENTE IDENTIFICÁ-LOS !!


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SÉRGIA RIBEIRO DA sILVA


Por Gigi Bezerra

É preciso que saibamos e reconheçamos que Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida no Cangaço como Dadá, não foi pura e simplesmente a companheira de um cangaceiro, assim como a maioria das mulheres que integraram os bandos.

A fiel e leal companheira e mãe dos sete filhos de Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto), foi uma mulher atuante e combatente, tendo preponderante participação durante os enfrentamentos travados nas perseguições empreendidas pelas forças volantes.

Além disso, sua vida após o Cangaço somente confirmou sua capacidade de resistência ao ter que enfrentar o julgamento da sociedade e refazer sua vida em meio a tantas dificuldades, sem perder a honradez e a dignidade.

Gigi Bezerra


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COISAS DO SER HUMANO MESMO

Por José Mendes Pereira

Geralmente quando a gente começa estudar o tema cangaço e começa a gostar já se acha o dono da verdade, que já conhece muito sobre os feitos de cangaceiros, de coiteiros, de vítimas que passaram pelas mãos vingativas daqueles perversos delinquentes, mas na verdade, quase nada nós, estudantes do tema sabemos ainda, apenas temos impresso nas nossas mentes que já somos doutores no assunto, verdadeiros cobras, mas é aí que a gente se engana.

Sabemos muito pouco sobre o assunto “Cangaço” e quem sabe mesmo são os pesquisadores e escritores que pesquisaram no campo, aqueles que foram buscar os fatos com os cangaceiros. E outros que são conhecedores  são os colecionadores, porque além das fotos em suas mãos, têm também um pouco da biografia de cada um cangaceiro.

A quantidade de fatos cangaceiros que aconteceu nos idos de 20, 30 do século passado (XX) quando foi extinto este desastroso movimento social de cangaceiros, e que foram escritos por bons profissionais no que diz respeito ao cangaço, é impressionante o monte de histórias sobre estes perversos humanos, principalmente aqueles que foram subordinados ao proprietário da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia" Virgolino Ferreira da Silva o Lampião.

Desde de 2008 que vivo engajado neste fantástico estudo que é “cangaço” paralelo ao pesquisador Antonio José de Oliveira lá de Serrinha no Estado da Bahia, mas eu tenho plena certeza que eu ainda não cheguei a alcançar 10% (dez por cento) de conhecimentos dessa literatura que eu tenho lido; a história é longa e muito interessante. Os perseguidos cangaceiros de modo geral fizeram uma história até então desconhecida.

Se fosse só sobre cangaceiros talvez sim, mas é sobre Cangaço, Coluna Prestes, Canudos, Volantes, Padres, Fazendeiros, Coiteiros, Coronéis, Agricultores, Traidores, Traidoras, Assassinatos de Cangaceiras feitos pelos seus companheiros, Perseguidores, Perseguidos, Mortes de Cangaceiros, de Policiais, Sequestros, Estupros, Vinganças, Roubos, Invasões à Fazendas, Sítios, e Vilarejos, Armadilhas, Acordos..., além do mais Revoltas: Praieira, Balaiada, Cabanagem, Quebra-Quilos; Juazeiro, Padre Cícero, Delmiro Gouveia, Quilombos, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro... 

É uma literatura que nos faz ler com bastante interesse, e quem tenta conhecer bem este tema nunca mais quer abandonar o estudo, porque é fantástico estudá-lo.



Clique no link abaixo para você tomar conhecimento quem pode ser um sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.


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MEMÓRIA DO CANGAÇO EM ADUSTINA, BA ZÉ PEQUENO CAÇADOR... COITEIRO DE CANGACEIROS

 Por Kiko Monteiro

Com mais uma preciosa informação colhida pelo amigo professor Salomão o Cariri Cangaço foi levemente esticado para mim e para o confrade Narciso Dias, presidente do Grupo Paraibano de estudos do Cangaço – (GPEC).

No último dia 2 de agosto rumamos novamente para Adustina, logo alí no sertão baiano fronteiriço com Sergipe para conhecer mais uma das testemunhas oculares da saga 'lampiônica' naquela área que era considerada na época um “corredor de cangaceiro”.

Em breve reunião com nosso anfitrião resolvemos de supetão esticar até o município vizinho de Coronel João Sá, pra visitar as cruzes dos cangaceiros Mariquinha, Sofrê e Pé-de-Peba, mas por conta da distância que restava e horário incompatível com compromissos dele concordamos em adiar para uma próxima “incursão”.

No caminho da volta paramos no terreiro do seu José Dantas de Oliveira, exímio atirador que ficou conhecido como “Zé Pequeno Caçador”. 

104 anos de idade, espanta tanto pela aparência quanto pelo ritmo e disposição, só se queixa de uma "dor nas juntas". Apesar do seu documento indicar Paripiranga ele afirma ter nascido no Arraial da Mãe D’Água de Cipó, (hoje Cipó), também no sertão Baiano. Mudou-se  para o Bonfim do Coité, atual Adustina, quando ficou órfão de pai e mãe ainda menino e foi morar com parentes no sítio Algodão que já tinha este mesmo nome desde a época do cangaço.


Seu Zé, de memória ainda acesa nos relatou que assim como Seu Atanásio ele também foi coiteiro ou faz-tudo dos cabras de Lampião naquelas bandas. 

Essa história ele mesmo conta.
“Conheci Corisco, Boa Vista, Balão, “Anjo” Roque, o Saracura que era daqui e sabendo que eu atirava bem o próprio Virgolino pelejou que eu entrasse no meio deles.
Eu disse – “não, capitão, no que eu puder servir eu sirvo, trago caça, peixe, aponto caminhos, mas virar cangaceiro, quero não”.
Também fui amigos dos ‘macacos’, arrumei muita caça para Odilon “Fulô”, comandante da volante que perseguia os cabras por aqui. Mas eles jamais souberam que eu era amigo dos cangaceiros, nem Lampião soube que eu me dava com os soldados.
"Deus o líve”, os soldados faziam muita malvadeza quando pegava um coiteiro que soubesse o rancho dos cabras e não entregasse pra eles.
Seu Zé ainda contou que chegou a ficar por quinze dias acoitado com os cangaceiros. Ele diz que não presenciou nenhum fogo, ou morte isolada. Mas viu os cangaceiros Mariquinha, Sofrê e Pé-de–Peba, mortos no Curral do Saco pela Volante de Odilon.

A cangaceira Doninha
Um dos fatos mais interessantes narrados por ele foi o de quando encontrou a cangaceira 'Doninha'*, companheira do cangaceiro Boa Vista, perdida na mata. Ele não lembrou se ela estava tentando fugir do coito como outras assim tentaram.

O certo é que seu Zé pequeno cuidou da moça durante três meses, até que um dia estava caçando, topou com os cabras e perguntou se Boa Vista ainda era vivo, com resposta positiva pediu para informar a ele o paradeiro da companheira e precavido rogou:

“Diga a Boa Vista que a muié dele ta lá em minha casa, mas que fique certo que o que eu devo a ela eu devo a minha mãe, apesar de ser jovem e solteiro".

Na linguagem sertaneja ele não se relacionou com a moça.

De acordo com a literatura, Doninha voltou para o convívio com Boa Vista e permaneceu com ele até o período das entregas.   


Professor Salomão, Kiko Monteiro e Narciso Dias.

Antes de nos despedirmos perguntei a seu Zé, o que foi confirmado pela sua esposa, que essa foi a primeira visita de pesquisadores do cangaço que ele recebeu durante todos estes anos. Tanto eu quanto Narciso não identificamos nenhuma afirmação que destoasse da historiografia fiel do cangaço naquela região. Até onde sua memória lhe permitiu não citou nome de nenhum cabra fora do território de atuação de seu subgrupo na época em questão, nem fantasiou combates ou eventos que não tenha presenciado.

A convivência de seu Zé Pequeno com os cangaceiros só foi citada em 1980 no livro ‘A Serra dos dois meninos’ de autoria de Aristides Fraga Lima (1923-1996) que narra em um dos capítulos quando ele ajudou a encontrar os garotos que se perderam nas famosas matas de Paripiranga.

*A Doninha em questão era a "cabrocha" alagoana Laura Alves que a primeira vista chegou a escolher como companheiro o cabra Moita Brava, que a recusou. Ela findou se juntando com o Boa Vista. Consulta: ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: as Mulheres e o Cangaço, Editora Traço 2ª Edição, 2012. Pág. 279


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CAVALGADA DAS MULHERES DE POÇO REDONDO

*Rangel Alves da Costa

A Cavalgada das Mulheres de Poço Redondo, realizada neste sábado 05/10, já faz parte do calendário histórico-cultural do município, eis que a Cavalgada, ao lado da Vaquejada e do Cangaço, constitui-se em fenômeno fortemente enraizado no sertanejo e, a cada ano, alcançando novos adeptos.
Tanto assim que mesmo sendo denominada Cavalgada das Mulheres, centenas de vaqueiros fazem o mesmo percurso, prestigiando a veneração feminina pela vida vaqueira. Saindo de um ponto determinado, este ano da Fazenda de Zé Oreba, o tropel, como em procissão vaqueira, vai cortando as estradas até alcançar a cidade.
Nas ruas e avenidas, um verdadeiro desfile, sempre acompanhado de carro-de-som, cantores e aboiadores, até o momento da consagração: o hasteamento da bandeira da chegada. E à noite sempre uma festa dançante para fechar com chave de ouro a bela festança da mulherada sertaneja.
Lindo demais avistar as vaqueiras sertanejas, todas lindas e belas nos seus adornos vaqueiros, empunhando bandeiras, estandartes sertanejos e escudos dos criadores. Montados pelas mulheres, os cavalos chegam a parecer mais alegres, mais contentes com o tropel, mais satisfeitos com o percurso debaixo do sol.


E pelas ruas os ecos dos aboiadores e toadeiros confirmando a beleza da passagem:

A mulher é mais que flor
pois também bonita vaqueira
cavalga com delicadeza e amor
e da vida vaqueira é flor primeira

o tropel vai festejando
o amor vaqueiro da mulherada
a cada passa o sertanejo delirando
pela bela flor mais perfumada

são as vaqueiras do nosso sertão
Poço Redondo num jardim
amantes da pega-de-boi e do alazão
num embelezamento sem fim.


Mais uma bela festa das mulheres, mais uma demonstração que Poço Redondo também é da Cavalgada, e das mulheres vaqueiras!

Escritor
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