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terça-feira, 21 de maio de 2019

CONFIRA RESULTADO DO CONCURSO DE REDAÇÃO PROMOVIDO PELA FUNDAÇÃO CANUDOS, AQUILETRAS E CARIRI CANGAÇO

Por Manoel Severo

A Fundação Canudos juntamente com AQUILetras e o Cariri Cangaço divulgam o resultado do concurso de redação que promoveram, com o tema "Antônio Conselheiro e as lutas de Canudos nos dias atuais". O concurso era aberto para todos estudantes do ensino médio da rede pública e privada do município de Quixeramobim. 

Os vencedores e seus professores orientadores foram: 1° Yarley de Sousa Leitão, do Colégio Senso, e sua professora Nataly de Oliveira Rufino; 2ª Vitória Barros, E.E.E.P Dr. José Alves da Silveira e sua professora Ana Virginia Domingos de Oliveira; 3ª Jayane Carneiro Andrade, E.E.M.T.I Assis Bezerra e sua professora Mayara Albuquerque.



Devido a ótima qualidade dos trabalhos, além dos três primeiros colocados, do quarto ao décimo serão condecorados com menção honrosa e prêmios diversos. São eles: 4ª Ana Luiza Almeida Sampaio do Colégio Nossa Senhora do Rosário – Professora: Vanessa Fernandes Lemos Severo; 5° Lucas Medeiros da E.E.M.T.I Cel. Humberto Bezerra - Professora: Paula Heveline; 6ª Gabrielly Pereira da E.E.E.P Dr. José Alves da Silveira - Professora: Ana Virginia Domingos de Oliveira; 7ª Vitória de Sousa Silva da E.E.M. Guilherme Correia – Professor: Francilino Barbosa da Silva; 8ª Vitória Holanda de Andrade do Liceu Alfredo Almeida Machado – Professora: Natalyanne Alves de Souza.; 9°  Johelen Amâncio da E.E.M. Dr. Andrade Furtado II – Professora: Cândida Lima; 10ª Andressa de Sousa Nogueira do Colégio Nossa Senhora do Rosário – Professora: Vanessa Fernandes Lemos Severo.

A premiação, que inclui um tablet para o primeiro colocado, cem reais para a segunda e cinquenta reais para a terceira, além de medalhas para alunos e professores, será entregue no dia 24 de Maio de 2019 durante as ações do Cariri Cangaço - Quixeramobim, no Memorial Antônio Conselheiro, a partir das 17 horas. 

"O que mais nos impressionou foi a pronta adesão de alunos e professores orientadores, uma participação sensacional, só para termos uma ideia, temos nove escolas distintas entre os dez ganhadores, isso mostra o tamanho do envolvimento e do compromisso de nossa comunidade escolar com a memória e historia de nossa Quixeramobim" Confessa Manoel Severo Barbosa, curador do Cariri Cangaço. A Comissão Organizadora do Concurso teve a frente o advogado Pedro Igor Azevedo e o escritor Bruno Paulino.

SERVIÇO
Abertura Cariri Cangaço
Dia 24 de Maio de 2019 - 17 Horas
Memorial Antônio Conselheiro
Quixeramobim, Ceará

CORONEL DELMIRO GOUVEIA (GERALDO SARNO, 1979)


Publicado a 01/04/2014

Em fins do século passado, Delmiro Gouveia, rico comerciante e exportador do Recife, capital do Estado de Pernambuco, Brasil, sofre perseguições políticas. Seu estilo arrojado e aventureiro lança contra ele muitos inimigos, inclusive o Governador do Estado que manda incendiar o grande mercado Derby, recém - construído por Delmiro Gouveia. 

Falido e perseguido pela polícia do Governador, Delmiro refugia-se no sertão, sob a proteção do Coronel Ulisses, levando consigo uma enteada do Governador. No sertão, ele recomeça sua atividade de exportador de couros e monta uma fábrica de linhas de costura, aproveitando a energia elétrica de uma usina que constrói na cachoeira de Paulo Afonso e o algodão herbáceo nativo da região. 

A Grande Guerra de 1914, impedindo a chegada dos produtos ingleses à América do Sul, garante a Delmiro a conquista desse mercado, sobretudo brasileiro. Os ingleses da Machine Cottons, ex-senhores absolutos do mercado, enviam emissários para negociar a situação assim criada. Delmiro nega-se a vender ou associar-se. É assassinado em 10 de outubro de 1917.

Alguns anos mais tarde, 1929, a fábrica é adquirida pelos ingleses, destruída e lançada nas águas da Cachoeira Paulo Afonso. (Press-release) Prêmios Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora no Festival de Brasília, 11, 1978, Brasília - DF. Grande Prêmio Coral no Festival de Havana, 1979 - CU. Prêmio São Saruê - Federação de Cineclubes do Estado do Rio de Janeiro, 1979. 

Melhor Diretor - Troféu Golfinho de Ouro, 1979 - Governo do Estado do Rio de Janeiro Elenco: Falco, Rubens de (Coronel Delmiro Gouveia) Parente, Nildo (Lionello Lona) Soares, Jofre (Coronel Ulisses Luna) Berdichevsky, Sura (Eulina) Dumont, José (Zé Pó) Graça, Magalhães (Gal. Dantas Barreto) Sena, Conceição (Mulher de Zé Pó) Freire, Álvaro (Tenente Isidoro) Déda, Harildo (Coronel Zé Rodrigues) Adélia, Maria (Dona Augusta) Bourke, Denis (Mister Hallam) Alves, Maria (Jove) Almeida, Henrique (Oswaldo) Gama, João (Chefe da estação) Wilson, Carlos Ribeiro, Sue Guerra, Hélio (Sertanejo) Ficha completa da Cinemateca Brasileira: http://cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis...

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CORRE DARRAS QUE MATARAM LAMPIÃO!

Historiando Santana
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2013

Em 11.07.1934, houve a fundação, em Santana do Ipanema, Alagoas, do “Colégio Santanense” que funcionou no chamado “sobrado do meio da rua”. Foi o primeiro estabelecimento particular de ensino de grande porte, movimentando o primário, secundário e curso comercial. Depois este colégio passou a funcionar na Rua Nova (Benedito Melo) em sede própria, tendo sido o seu fundador, o professor Flávio Aquino Melo. Em algum momento, apertado com falta de mão de obra, Flávio recebeu ajuda de um jovem da cidade de Pão de Açúcar que passou a comandar a educação física e o social da escola. O jovem tinha nome incomum de Darras Noya e que passou a residir em Santana do Ipanema. Foi em 1938 que Darras entrou na história cangaceira.

Tenente Zé Lucena responsável pela morte do pai de Lampião José Ferreira dos Santos

Em 1938, mataram Lampião. Era o dia 28 de julho de 1938 e um novo interventor estaria tomando posse em Santana. Na hora do almoço chega um telegrama do sargento Aniceto para o comandante das volantes, Coronel Lucena. Os rapazes José Marques e Darras Noya estavam nos Correios aprendendo Código Morse, quando receberam de Piranhas via-Pão de Açúcar o telegrama. Veja o que Darras disse depois aos amigos:

“Saímos correndo os dois, eufóricos, em busca da casa do coronel. Fomos encontra-lo à mesa numa refeição com Pedro Gaia que naquele dia iria ser empossado em Santana como prefeito. Gritamos: ‘tem um telegrama para o senhor: Mataram Lampião’. O coronel pareceu não acreditar em nós. A sala ficou em silêncio de repente. Ele fechou os olhos, levantou-se, olhou um quadro sobre Jesus que estava na parede e chorou emocionado, bem de leve, dando graças a Deus pelo acontecido”.

Conheci Darras Noya quando eu era estudante do Ginásio Santana. Trabalhava nos Correios e era casado com a Professora Marynita Peixoto Noya.  Gostava de uma cervejinha. Andava sempre com fotografias antigas no bolso e vez em quando surpreendia a companhia com uma delas. Mania de confiar às pontas do bigode fino e criticar com humor os títulos de lojas do comércio. Ao falecer, Darras Noya passou a ser denominação do museu local.

Fontes: O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema (inédito) e Lampião em Alagoas, 2012. 

CORONEL LUCENA. (FOTO: LIVRO: LAMPIÃO EM ALAGOAS).

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POÇO REDONDO COITEIRO E CANGACEIRO

*Rangel Alves da Costa

Não há que duvidar: Poço Redondo é coiteiro e cangaceiro. Que isso cause orgulho ou não, que isso seja motivo de regozijo ou de acanhamento, mas o que não se pode negar é que ainda hoje grande parte da população traz na veia, no sangue, no parentesco ou no sobrenome, resquícios daquele cangaço que teve vida vistosa nos seus quadrantes.
Ainda hoje, pelas ruas e esquinas, pelas avenidas e calçadas, nos portais ou nos umbrais de janelas, a presença é constante de filhos e parentes de coiteiros do quilate de Mané Félix, de Adauto Félix, de Messias Caduda e tantos outros sertanejos que no passado serviram como emissários entre cangaceiros e o mundo exterior, além do coito ou dos escondidos das matas.
Sim, o coiteiro agia assim. Como o bando cangaceiro não podia se expor pelas cidades, como os cangaceiros não podiam ir atrás de apetrechos e mantimentos, como a cabroeira não podia levar bilhetes aos coronéis e endinheirados nem devia providenciar carregamentos de armas e munições, então todo esse trabalho era feito pelo coiteiro. Daí o nome: aquele que serve ao coito. E coito sendo o local onde o bando ficava arranchado.
A carne de bode era levada pelo coiteiro, o queijo fresco era levado pelo coiteiro, a máquina de costurar e a linha, bem como o pano e tudo o mais que se precisasse, tudo era missão do coiteiro. Leal amigo do cangaceiro, a ele era confiada a própria vida do bando, pois sabedor de cada passo e de cada local onde a cangaceirama estava. Por isso mesmo que era sempre perseguido e ameaçado pela volante. Muito coiteiro morreu torturado sem nada revelar.
Mas Poço Redondo é essencialmente cangaceiro. Muito mais que coiteiro, é cangaceiro de monta e de multidão. E assim continua, pois por todo lugar é possível encontrar uma raiz daqueles destemidos sertanejos de antigamente. Filhos de Adília, como Nicinha e Paulo. Filhos de Cajazeira (Zé de Julião), como Elício e Inácio. Sobrinhos dos irmãos cangaceiros Sila, Novo Tempo, Mergulhão e Marinheiro, como Mazé de Abdias, Gilaene, Veinho, Silvestre e todos aqueles da família Braz São Mateus, bem como a maioria dos moradores do Alto de João Paulo.
Também por todo lugar é possível encontrar e prosear com parentes do cangaceiro Delicado (irmão de Adília), que são todos aqueles da família Mulatinho, do Alto de João Paulo e da cidade. Muitos são os parentes, principalmente sobrinhos do cangaceiro Zabelê, a exemplo de Tânia Maria, Vera de Emeliana, Vandinha, Bastião de Timbé e Dedé de Rosinha, dentre muitos outros. A família Soares de Poço Redondo, principalmente aquele tronco originário da região do Maranduba, possui parentesco forte com as cangaceiras Adelaide, Rosinha e Áurea. Seu João Capoeira, já na altura de seus mais de cem anos, é irmão da cangaceira Enedina.
Apenas alguns exemplos foram citados, vez que muito mais sangue cangaceiro ainda corre nas veias dos filhos de Poço Redondo. E não há como fugir desse parentesco nem negar as raízes fincadas na história. Ademais, não somente parentes de coiteiros e cangaceiros como de todos aqueles personagens que deram forma e vida ao cangaço na região. Mesmo não fazendo parte do bando ou servindo como emissário de coito, a verdade é que naquele período quase todos os filhos de Poço Redondo se envolveram na dura trama de vida e morte.
Teotônio Alves China, o China do Poço, por exemplo, teve participação destacada na história do cangaço, pois foi na sua residência que houve o célebre encontro entre Lampião e o padre Arthur Passos, entre a cruz e o mosquetão. Tonho Bioto, os da família Joaquim, Zé Cirilo, Zé Vicente, os Lameu, e muito mais, todos tiveram alguma participação perante o cangaço nestes rincões. Assim, não seria demasiado dizer que, mesmo hoje, todo aquele natural de Poço Redondo traz consigo alguma reminiscência, algum vestígio de parentagem, do coiteiro, do cangaceiro e demais personagens que fizeram parte do enredo e trama. Coiteiros que serviram ao cangaço foram mais de dez. Cangaceiros foram trinta e quatro. E toda a povoação servindo, de modo ou outro, ao cangaço. Mas eis a lista dos filhos de Poço Redondo que seguiram os passos do Capitão.
Os homens, num total de vinte e cinco, segundo seus apelidos e nomes: Sabiá (João Preto), Canário (Rocha), Diferente (Nascimento), Zabelê (Manoel Marques da Silva), Delicado (João Mulatinho), Demudado (Zé Neco), Coidado (Augusto), Cajazeira (José Francisco do Nascimento – Zé de Julião), Novo Tempo (Du), Mergulhão (Gumercindo), Marinheiro (Antonio), Elétrico, Penedinho (Teodomiro), Bom de Vera (Luis Caibreiro), Beija Flor (Alfredo Quirino), Moeda (João), Alecrim (Zé Rosa), Sabonete (Manoel), Borboleta (João Rosa), Quina-Quina (Jonas), Ponto Fino (José da Guia), Zumbi (Angelino), Cravo Roxo (Serapião), Cajarana (Francisco Inácio dos Santos – Chico Inácio) e Azulão (Luis Maurício da Silva).
Por sua vez, as mulheres, num total de sete, foram: Sila (mulher de Zé Sereno e irmã de Novo Tempo, Mergulhão e Marinheiro), Adília (mulher de Canário e irmã de Delicado), Enedina (mulher de Cajazeira, o Zé de Julião), Dinda (mulher de Delicado), Rosinha (mulher de Mariano), Áurea (mulher de Mané Moreno) e Adelaide (mulher de Criança, irmã de Rosinha e prima de Áurea).

Escritor
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A TRAJETÓRIA DE JOÃO DE SOUSA LIMA: UM DOS MAIS NOTÁVEIS ESCRITORES DO TEMA CANGAÇO

João de Sousa Lima e Antonio Amaury entrevistam Olindina Café


No rastro do cangaço
Reportagem especial conta a trajetória de João de Sousa Lima, um dos maiores pesquisadores do cangaço

Por José Augusto Araújo
Colaboração de Dorisvan Lira

Teatro José de Alencar, junho de 2011, lançamento do filme “Os Últimos Cangaceiros”. Filme sobre a trajetória e fim do cangaço, inspirado no livro Moreno e Durvinha, escrito por João de Sousa Lima. Olhares atentos à telona, João assiste o filme acompanhado de Aristéia Soares, ex-cangaceira, Damarys Soares, nora da ex-cangaceira, Dinho, Nely, Inacinho e João Souto (todos filhos de Moreno e Durvinha).

Já havia três anos que Durvalina havia falecido e apenas um ano que Moreno seguiu sua eterna companheira também nesse caminho. Seus filhos reviam seus pais com imensa saudade, as lágrimas foram inevitáveis. Quatro anos antes fora mostrado no Jornal Nacional o reencontro entre Moreno, Durvinha, Aristéia, todos ex-cangaceiros e os dois ex soldados de volantes, Antonio Vieira (presente no dia da morte de Lampião) e Teófilo Pires do Nascimento...

Foi essa a primeira vez que o nome de João de Sousa Lima apareceu na imprensa nacional, e marcou sua trajetória. Nesta reportagem especial contamos detalhes da carreira de um dos maiores pesquisadores do cangaço na atualidade, confira.

Biografia (BOX?)

Ao norte do estado de Pernambuco se encontra a mesorregião do sertão Pernambucano, onde a vegetação é composta pela caatinga, o clima da região é o clima semiárido, onde predomina as altas temperaturas e baixos índices de umidade relativa do ar. Já mais próximo do litoral pernambucano se localiza a cidade de São José do Egito, que fica a apenas 404 km da capital deste estado. Era nesse município que morava o casal Raimundo José de Lima e Rosália de Sousa Lima juntos com seus quatro filhos José de Sousa Lima, Manuel José de Lima, Maria Bernadete Lima Santos e João de Sousa Lima.

Em meados de 1960 a economia pernambucana começava a se estruturar novamente, porém, a vida no sertão nunca é fácil e sempre cobra seu preço. Por esse motivo, pouco tempo depois do nascimento de seu quarto filho o casal decidiu mudar-se para no norte da Bahia, mas precisamente para a cidade de Paulo Afonso, que havia pouco tempo havia sido fundada e tombada como município. Esse quarto filho foi batizado de João de Sousa Lima.

Chegando ao novo município a família se alocou na “Rua da Frente”, próximo a Baixa Funda, todos os irmãos de João eram mais velhos e dessa forma ele dividia seus dias entre o estudo, na escola Casa da Criança I e na rua com seus primos que também se mudaram para Paulo Afonso acompanhando os seus pais. Nesta época João não imaginava que se tornaria um historiador, quanto mais o historiador renomado que é hoje em dia.

Nasce o pesquisador

João de Sousa Lima é antes de tudo entusiasta pelo cangaço, entusiasmo que contagia qualquer um que o conheça. A fala segura, o cuidado com as palavras, ele é o ideal de pesquisador, pois sempre reforça seu compromisso na busca e no relato dos fatos. “O historiador tem compromisso com os fatos, não com as versões”, comenta.

São cerca de 20 anos pesquisando sobre o Cangaço, luta caracterizada como revolucionária, em que grupos armados desafiavam a autoridade do estado e teve como principal líder Lampião (Virgolino Ferreira da Silva), ex-capitão da Guarda Nacional. Episódio segundo ele ainda pouco explorado e cheio de distorções tendo encontrado inúmeros absurdos.

O interesse pelo tema começou em 1994, quando o amigo e professor Edson Barreto o incentivou a pesquisar na região as inúmeras histórias de pessoas que viveram a época do Cangaço. “Depois desse dia, quando travei contato com as pessoas que haviam vivido a saga do cangaço, nunca mais consegui parar de pesquisar”, conta João.

Praticamente um Indiana Jones do Cangaço, no seu trabalho pioneiro sobre Lampião percorreu mais de 12 mil km em uma moto CG (Honda) 125 cc, durante quatro longos anos através das terras áridas do Raso da Catarina, reserva ecológica com 105 hectares. A experiência rendeu o livro “Lampião em Paulo Afonso”.

O que muitas pessoas não sabem é que essa ligação de João pelo Cangaço também tem raízes de sangue. Isso mesmo, ele é descendente de Antônio Silvino, chamado Rifle de Ouro, cangaceiro conhecido por sua boa índole, que não roubava famílias nem incomodava inocentes, só ia atrás de seus desafetos para cobrar as ofensas que recebeu. Tanto conhecido pela boa índole que quando saiu da vida de cangaceiro assumiu o cargo de feitor na construção de uma estrada, emprego dado pelo presidente Getúlio Vargas.

O seu trabalho já rendeu a publicação de 13 livros. O último deles se chama “LAMPIÃO, O CANGACEIRO! Sua ligação com os coronéis baianos, Raso da Catarina e outras histórias”, e foi lançado em outubro. De suas andanças pelo sertão João diz o que lhe dá mais prazer:

“Poder conhecer as pessoas da época, colher a história oral e real, conviver com ex-cangaceiros, coiteiros, soldados volantes, foram momentos marcantes. Com vários deles fiz grandes amizades, me tornei confidente. Muitos ainda estão vivos, mesmo que beirando os 100 anos de vida. Essa é a parte mais gratificante de tudo”, relatou o pesquisador.

Reconhecimento

Sua carreira é nacionalmente reconhecida. Um dos episódios que remonta a construção dessa trajetória foi contado no início dessa reportagem, quando um de seus livros, “Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço”, teve adaptação para o cinema.

Nas mãos do cineasta cearense Wolney Oliveira, que transformou a história desses dois membros do bando de Lampião no filme “Os últimos cangaceiros”. A película recebeu inúmeros prêmios no país e no exterior, entre eles o de Menção Especial do Júri no 8° Amazonas International Film Festival (2011) e no México ganhou como Melhor Longa-metragem Ibero-americano em 2012.

Na ocasião ainda da obra sobre Moreno e Durvinha surgiu a oportunidade de realizar o reencontro entre três ex-cangaceiros e dois ex-policiais da volante, o encontro tornou-se reportagem para o Jornal Nacional e impulsionou ainda mais a divulgação do seu trabalho.

Para ele, outro trabalho lançado em 2011 lhe deu igual prazer. O livro “A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço” marcou seu trabalho.

“Eu escrevi a biografia dela, colhendo informações desde sua infância até a morte, foi o primeiro trabalho especifico só sobre sua vida e hoje esse trabalho é uma referência para quem estuda as mulheres e o cangaço, também foi um dos livros que mais me deu prazer em concluir”, contou João.

Sobre a personagem ele a descreve como “uma mulher que rompeu parâmetros de uma época machista, andou a margem da lei, se apaixonou por Lampião e nas veredas infinitas do sertão viveu sua mais interessante paixão”.

Historiador, Escritor, Pesquisador, autor de 13 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, onde ocupa a cadeira número 06 e da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Fomentador da cultura

Além de escritor e pesquisador, João de Sousa Lima é no momento Diretor de Cultura do Município de Paulo Afonso. A frente dessa responsabilidade ele busca promover a cultura local. Uma das primeiras inovações que trouxe foi transformar o Espaço Cultural Raso da Catarina, outrora biblioteca em um espaço para exposições artísticas e culturais.

"Quero realizar alguns projetos com os artistas que vivem sua cultura que chamamos de cultura marginalizada; dar apoio aos que nunca puderam publicar ou realizar seus projetos por falta de apoio. Para isso, vamos buscar os Fundos Culturais Federais e do Estado, para que possa continuar o processo de crescimento", falou em uma entrevista o historiador.

Desenvolve entre outros projetos o trabalho “Cultura e Arte” que levará a história para os alunos e comunidades da Zona Rural, ministrando palestras em escolas públicas.

Apóia o grupo “Os Cangaceiros” que há 56 anos reencena confrontos entre a volante e o bando de Lampião. Ministra palestras em universidades, seminários e encontros voltados para a educação e a cultura popular nordestina.

Uma de suas ações mais notáveis ações para o resgate da história do cangaço foi o projeto que recuperou e transformou em museu a casa onde Maria Bonita nasceu. A residência localizada na área rural de Paulo Afonso hoje se chama Museu Casa de Maria Bonita.

Instituições que participa

·         João de Sousa Lima participa de algumas instituições dedicadas a pesquisa e ao resgate e preservação da cultura, conheça algumas delas.
·         É imortal e criador da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso e ocupa a cadeira número 06.
·         Sócio permanente da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
·         Membro e secretário da UNEHS – União Nacional de Estudos Históricos e Sociais, com sede em São Paulo.
·         Membro fundador do IGH – MSPA - Instituto Geográfico e Histórico da Microrregião do Sertão de Paulo Afonso.
·         Membro do CECA/NECTAS – Centro de Estudos da Memória do Cangaço – UNEB CAMPUS VIII.

O tesouro

Em sua casa João guarda um verdadeiro tesouro, em suas prateleiras tem desde gramofones que ainda tocam, até o facão que decepou a cabeça de Lampião, possui espadas que foram usadas na batalha de Canudos, o punhal perdido por Maria Bonita em uma situação que ela se viu ferida em meio a um combate e teve que ser carregada para segurança.

Mas segundo o próprio João o item mais valioso de sua coleção é o Punhal que pertenceu a Lampião, que o presenteou a Militão Teixeira Lima, do povoado Olho D’água do Souza. Militão repassou o punhal para seu filho, Irineu. João passou 14 anos tentando comprar o punhal de Lampião até que um dia, para surpresa do historiador, Irineu lhe presenteou com o punhal. Hoje João o guarda como um tesouro inestimável.

João de Sousa Lima é um expoente da pesquisa da história brasileira, especialmente de um capítulo ainda negligenciado em nossos livros e escolas. Andarilho do sertão, A marca que Lampião deixou em nossa terra fica evidente até os dias de hoje e como a lenda de Lampião é imortal, também será imortal o trabalho de João, responsável pela desmistificação do Capitão Virgolino Ferreira da Silva, estudando os seus passos e quebrando as mentiras e lendas contadas acerca de seus atos.

OLHO: “O historiador tem compromisso com os fatos, não com as versões”

Livros publicados

Conheça alguns dos 19 títulos escritos por João de Sousa Lima:
·         Lampião em Paulo Afonso;
·         A Trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço;
·         Moreno e Durvinha: sangue, amor e fuga no Cangaço;
·         Maria Bonita: diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço;
·         100 Anos de Luiz Gonzaga;
·         100 Anos da Usina Angiquinho, O Rio São Francisco, Delmiro Gouveia e a CHESF;
·         Na Mala do Poeta I
·         Na Mala do Poeta II
·         No Silêncio do Ocaso.
·         As caatingas, debates sobre a ecorregião do Raso da Catarina.
·         Ecologias do São Francisco.
·         Ecologia de Homens e Mulheres do Semi-Árido
·         Lampião, o cangaceiro! Sua ligação com os coronéis baianos, Raso da Catarina e Outras histórias.

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Clique no link abaixo para você ver todas as fotos:


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MULHERES CANGACEIRAS


Adquria-o com o autor João de Sousa Lima através deste e-mail:

joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

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BENJAMIN ABRAHÃO - ENTRE ANJOS E CANGACEIROS.

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Adquira este livro com o professor Pereira através deste e-mail: 

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SINHÔ PEREIRA O COMANDANTE DE LAMPIÃO

Por José Mendes Pereira

Se você quiser saber sobre o comandante de Lampião que foi Sinhô Pereira, mais os Titãs do Pajeú, Família Carvalho, Família Barbosa Nogueira, Família Pereira, a Guerra de Vila Bela adquira com urgência o livro "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Irmão através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

Escritores José Bezerra Lima Irmão e João de Sousa Lima

Tudo isso você irá encontrar no livro "Lampião a Raposa das Caatingas" a partir da página 55 até a 65. O livro está completo sobre cangaço.

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LUIZ GONZAGA FERRAZ O MASSACRE DE SÃO JOSÉ DO BELMONTE

Por Sousa Neto
Manoel Severo e Sousa Neto


Ouvindo amiudadas vezes as gravações feitas pelo amigo Amaury Correa de Araújo com Sinhô Pereira e Cajueiro no final dos anos sessenta sobre esse episódio tão marcante na historia daquela cidade, fui algumas vezes averiguar “in loco” e extrair por mim mesmo determinadas conclusões.

Sinhô Pereira - foto do Dr. Antonio Amaury 

É certo que os homens ricos do inicio do século passado, na ausência de estruturas financeiras formais com suficiente segurança, tinham que guardar o seu dinheiro e objetos de valor em suas próprias residências, despertando assim o interesse de todos os ripários.

Por essa época grupos de cangaceiros e salteadores infestavam os sertões nordestino roubando, assaltando, extorquindo e muitas vezes até sequestrando. A ausência do estado e o diminuto contingente de agentes da lei favoreciam essas ações.



Luiz Gonzaga Gomes Ferraz havia se destacado na região do Pajeú como próspero comerciante. Era alheio a guerra travada entre as influentes famílias Pereira e Carvalho por questões políticas naquela e em outras províncias da região. Até comentavam o interesse de Gonzaga de ingressar na política por anseio de algumas outras famílias amigas, mas Gonzaga Ferraz era mesmo um grande empreendedor.

Em março de 1922 o principal protetor de Sebastião Pereira e Luiz Padre, “major” Zé Inácio do Barro devido à austera perseguição do Governador do Ceará Justiniano de Serpa, seguiu os mesmos passos de Luiz Padre rumo ao estado de Goiás onde se homiziaram. Ficara ainda Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) com os mesmos planos já frustrado uma vez.

Sem o auxilio do major Zé Inácio e do coronel Antônio Pereira em declínio financeiro, mantenedores do bando, Sinhô Pereira se obriga a pedir ajuda a outros parentes mais abastados, fazendeiros amigos e comerciantes afortunados. Manter um grupo armado naqueles tempos não era tarefa das mais fáceis.

No mês de maio daquele mesmo ano um comboio conduzindo mercadorias para Luiz Gonzaga foi interceptado pelo bando de Sinhô que saqueou todos os artigos. Sinhô Pereira já era avesso a Gonzaga por esse lhe negar ajuda financeira por varias vezes, inclusive recebeu certo dia como resposta da esposa de Gonzaga Dona Martina, “que se quisesse dinheiro, que fosse trabalhar como o seu esposo”.

Havia, entretanto um destacamento do Ceará sob o comando do Tenente Peregrino Montenegro, homem versado pelas barbáries cometidas em busca de arrancar qualquer informação a cerca do major Zé Inácio e seus asseclas, ultrapassando inclusive as fronteiras de seu estado para saciar o seu desejo e alcançar os seus intentos.

Nas cercanias do vilarejo de Belmonte havia a fazenda Cristóvão, pertencente a Crispim Pereira de Araújo, conhecido como Yoio Maroto, casado no seu primeiro matrimônio com Maria Océlia Pereira, irmã de Luiz Padre. Ao ficar viúvo casa-se com a prima da primeira esposa por nome Francisca Pereira Neves e por ocasião do falecimento de Francisca, casa-se pela terceira vez com a cunhada de nome Generosa.

Ioiô Maroto era amigo e duas vezes compadre de Gonzaga
aonde o respeito era recíproco. - (Acervo Heitor Feitosa Macedo)

Por ocasião da passagem do tenente Montenegro a vila de Belmonte ficou sabendo por Gonzaga Ferraz das tropelias do bando de Sinhô Pereira naquela região e da amizade e parentesco entre o chefe cangaceiro e Yoio Maroto e rumou sem demora a fazenda Cristóvão. Ao chegar, ao finalzinho da tarde o perverso oficial já mostra a que veio e começa o seu interrogatório, como de costume a base de boas chicotadas nos criados da fazenda que acudiam pelo nome de Zé Maniçoba e Zé Preto. Foi uma noite de terror para a honrada família que ouviam palavrões dos mais alarmantes por parte da soldadesca embriagada que humilharam Yoio Maroto por algumas vezes. O ex- cangaceiro Cajueiro disse a Dr. Amaury que a sua mãe só não morreu por um milagre de Deus. 

Logo de manhã cedo sem as informações almejadas a volante cearense tratou de sair da fazenda Cristóvão e talvez pela falta de caráter que lhe era peculiar, Montenegro afirmou que estava ali por informação e solicitação de Luiz Gonzaga. Para alguns uma justificativa herética e totalmente sem crédito.

O fato é que dali por diante a semente da desavença foi cultivada, Luiz Gonzaga jurando inocência e Yoio Maroto fingindo acreditar.

Sedento de vingança sempre triste e acabrunhado Yoio Maroto mandou avisar a Sinhô Pereira o ultraje sofrido juntamente com a família. Sinhô já decidido a seguir para Goiás pede então a Lampião que resolvesse essa questão de Belmonte. Sinhô Pereira tinha enorme gratidão e apreço a Yoio, que além de ser seu primo era casado com Maria, irmã de Luiz Padre.

Luiz Gonzaga Gomes Ferraz avisado de um possível ataque por parte de cangaceiros parentes de seu compadre contratou um efetivo armado para lhe garantir proteção. Semanas após resolveu deixar Belmonte retirando-se para a Bahia e depois Sergipe buscando se estabelecer quando foi convencido a voltar ao Pernambuco com todas as garantias, inclusive do governo do estado. Esse fato provocou ainda mais a ira de Yoio Maroto que começou a ponderar ser Belmonte pequeno demais para os dois, vez por outra murmurava: aqui ou um ou outro!


Luiz Gonzaga Lopes Gomes Ferraz - (Acervo Valdir Nogueira)

Entra em cena Antônio Maroto, irmão de Yoio que para conseguir um empréstimo de três contos de reis, convenceu Gonzaga a não acreditar na boataria de uma possível vingança por parte de Yoio e que se empenharia no sentido de convencer o seu irmão de sua inocência. O avisa da saída de Sinhô Pereira do sertão nordestino o que deixa Gonzaga exultante, e em uma demonstração de placidez despensa a sua guarda pessoal recolhendo as armas e munições. Acreditou que tudo havia acabado. Mero engodo. Ainda alertado pelos habitantes de Belmonte para não dar crédito a Antônio Maroto, alguns amigos diziam: “Gonzaga em cangaceiro não se pode confiar, Yoio está preparando o bote"!

É certo que todos tinham razão. Yoio Maroto ia pouco a pouco arregimentando homens para o ataque. Entre outros contou com Tiburtino Inácio (Gavião), filho do major Zé Inácio do Barro que tinha uma irmã casada com um primo de Yoio. Depois Cícero Costa e mais alguns familiares.

Em recente entrevista que fiz com o Sr. Vilar Araújo, filho de Luiz Padre no estado de Tocantins, esse afirmou que José Terto (Cajueiro) já se encontrava na região central do país há mais de dois anos ao lado de seu pai, quando da chegada de Sinhô Pereira lhe ordenando a voltar ao sertão nordestino comandar essa ação. Vilar conta que o seu tio Quinzão (Cajueiro) quando tomava umas doses de aguardente, sempre narrava esse episódio.

É certo que a mãe de Cajueiro D. Antônia Pereira da Silva foi ultrajada pela força volante de Peregrino Montenegro como ele mesmo narra. O que me causou mais curiosidade foi o fato do cangaceiro tão distante ser enviado para comandar uma ação já designada a outro.

Questionei com o senhor Vilar essa motivação de Sinhô Pereira e Luiz Padre. A resposta veio sem pestanejar: “Tio Chico (Sinhô Pereira) acreditava que Lampião pudesse não atender ao seu pedido”.

Cajueiro chega e se integra ao pequeno grupo liderado por Lampião e principia os preparativos para o ataque.

Yoio Maroto escolheu o dia ideal para o ataque. Belmonte estava em festa, outubro era o mês dos festejos celebrados ao Sagrado Coração de Jesus. Dia 19 de outubro o “noitário” ou patrono da festa era justamente Luiz Gonzaga Gomes Ferraz e o ataque teria que ser no dia seguinte logo cedo, pois com certeza Gonzaga estaria em casa.

Lápide do antigo túmulo de Luiz Gonzaga Ferraz  exposta na casa de Cultura de S. J. do Belmonte
Foto: Sousa Neto

Ao romper o dia 20 de outubro o casarão de Gonzaga estava completamente cercado. O povoado é acordado ao som de machadadas, pernadas e várias outras formas de conseguir arrebentarem as portas da residência. As pancadas pouco a pouco iam despertando os vizinhos e outros moradores que logo perceberam se tratar de um violento ataque a residência do homem mais prestigiado daquele vilarejo.

Segundo o cangaceiro Cajueiro na aludida entrevista, disse ser ele o primeiro a penetrar no interior da residência após escalar o muro do quintal. Ficou dando apoio enquanto os seus companheiros arrombavam um portão que dava para a rua dos fundos. Outro grupo tentava o arrombamento da porta da frente. Foi justamente nesse momento que Cajueiro assistiu a morte de Baliza, um dos que tentavam despedaçar o portão. A morte de Baliza ainda não está de tudo esclarecida, há mais razões para esse assassinato e em breves dias irei explanar. Isso é outra história.

Alguns moradores já acordados vieram em socorro de Gonzaga e assim começa o tiroteio.

Gonzaga que ao ouvir as pancadas e perceber que o bando sinistro havia penetrado na residência subiu a escadaria por um dos quartos que dava para o sótão da casa. Ainda segundo Cajueiro uma senhora apavorada pergunta quem é o chefe, ele responde: “nóis num tem chefe”, nesse momento um cangaceiro tenta contra uma jovem que parte em sua direção e lhe agarra dizendo: valha-me senhor pelo amor de Deus! Cajueiro manobra o rifle e diz: Agora você escolhe, ou solta à moça ou me mata ou morre. Então o seu companheiro a soltou e essa foi em direção a sua mãe que se encontrava na cozinha. Cajueiro então pergunta: - Cadê o “major” tá ai? Ela respondeu “tá ai dentro sim senhor”. Ato continuo Cajueiro tranca a família em um quarto e chama o cangaceiro Livino para nas palavras dele “dar uma busca na casa”.

Cajueiro dando boas risadas, confessa ao Dr. Amaury que Gonzaga havia caído do sótão e estava escondido atrás da porta. 

Estive recentemente observando o sótão da casa de Gonzaga e pude perceber que a parte que compreende a sala de estar, bem como todos os quartos do lado esquerdo do grande corredor estavam forrados. O lado direito da casa, o sótão estava em construção. O detalhe é que a parte acima dos quartos por onde tinha a escada de acesso, eram de tábuas fornidas e pregadas de cima para baixo, ambiente propicio para armazenar objetos, alimentos etc. A parte da sala de estar era toda forrada de madeira fina, toda ela pregada com pregos de baixo para cima, apenas para adornar ainda mais o bonito recinto.

Luiz Gonzaga aterrorizado tentando se ocultar naquele ambiente escuro, caminhou para o mais distante possível da escada e foi para a parte da sala de estar. Penso haver ele esquecido que aquele adorno não suportaria o seu peso. Foi ai que o assoalho cedeu, ele caiu e tentou se abrigar atrás da porta, mas a casa já estava infestada de bandidos que pensavam apenas em passar a mão nos objetos de valor. 

Ainda segundo Cajueiro Livino Ferreira foi quem fez o serviço, matou o “major” Gonzaga. Morreram nesse episódio o cangaceiro José Dedé “o Baliza”, Antônio da Cachoeira (sofreu um ataque cardíaco fulminante) e o soldado Heleno Tavares hoje homenageado com o nome da rua que combateu o bando nefasto. Saíram feridos do bando de Lampião, Yoio Maroto com um tiro no braço, o valente Zé Bizarria e Cícero Costa.


Essa é uma das primeiras imagens de Lampião.  - O Rei do Cangaço está sentado, é o segundo da esq. para a direita

Anos depois foi aberto um inquérito para apurar essa ocorrência e em 07 de outubro de 1929 todos os 42 implicados foram condenados. 

Yoio Maroto refugiou-se no Barro, debaixo da proteção de Justino Alves Feitosa que dias depois lhe deu carta de recomendação endereçada ao Coronel Leandro da Barra, homem influente na região dos Inhamuns que o acolheu. Yoio passou a viver usando o nome fictício de Coronel Antônio Alves. Com muito esforço e trabalho adquiriu a fazenda Malhada Vermelha aonde veio a falecer em 19 de maio de 1953.

Fontes Pesquisadas:

ARAÚJO, Vilar (Entrevista em julho 2013) 
FERRAZ, Marilourdes – O Canto do Acauã
MOURA, Valdir José Nogueira (HISTORIADOR E ESCRITOR)
CORRÊA, Antônio Amaury – LAMPIÃO Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço.
REVISTA - A Província – O universo pelo Regional – Fevereiro de 1998.


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