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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

O CEGO CARROCEIRO E ANTÔNIO CONSELHEIRO

 Por Contos do Cangaço

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PADRE ALENCAR PEIXOTO, SUA VIDA E O ENCONTRO COM LAMPIÃO.

Por Beto Rueda

A religiosidade e o banditismo no sertão nordestino sempre tiveram uma estreita relação. O sentimento religioso do sertanejo era especialmente voltado para a penitência e muitas vezes, ao fanatismo. A ligação entre padres e cangaceiros sempre foi muito forte, despertando em ambos respeito, admiração e ódio.


Joaquim de Alencar Peixoto nasceu na cidade do Crato, Ceará, em 26 de abril de 1871. Oriundo de tradicionais famílias do sertão cearense e pernambucano – Alencar e Peixoto. Seus pais foram Felismino de Alencar Peixoto e Hortulana de Alencar Peixoto. Seus avós paternos, Teodósio Marques de Abreu Peixoto (pernambucano) e Joaquina Xavier de Jesus (de Missão Velha, Ceará); os maternos foram Francisco Leão da França Alencar e Maria Leopoldina do Monte (de Exu, Pernambuco).

Iniciou os seus estudos primários com os professores Raymundo Duarte de Moura e Manoel da Penha de Carvalho Brito. No Colégio Venerável Ibiapina aprendeu português, francês, latim e grego com o padre Joaquim José Teles Marrocos.


Cursou os Seminários de São José do Crato a 17 de Março de 1891, Fortaleza, 1893, e no Estado da Paraíba em 1895. Ordenou-se padre em 1897.

Foi nomeado pároco das cidades de Saboeiros e Arneiroz, Ceará, em 1898. Exerceu importantes funções.

De volta a sua terra natal, fundou o "Ginásio Cratense", em 1903, e mais tarde o "Sul do Ceará".


Em 15 de agosto de 1907 mudou-se para Juazeiro, substituiu na capela de Nossa Senhora das Dores, o padre Agio Maia.

Em 1909 fundou o primeiro jornal juazeirense que tinha o título de “O Rebate”. As publicações davam-se aos domingos até o dia 03 de setembro de 1911, data de seu último exemplar.


Pelo forte e combativo envolvimento político não obteve permissão para confessar e foi suspenso de todas as ordens da igreja. A partir de então se inseriu na luta em prol da independência de Juazeiro e a criação do município, o que aconteceu em 22 de julho de 1911. Depois da vitória em Juazeiro, por divergências com o Dr. Floro Bartolomeu e o padre Cícero, deixou a cidade.

Foi pároco de Belmonte, Pernambuco, no período de 02 de janeiro de 1917 a 23 de novembro de 1919. Foi nomeado como Pároco Encomendado de Granito, Pernambuco, em 16 de dezembro de 1919.

Em setembro de 1926 Lampião entra em Granito acompanhado por mais de cem homens. A população em pânico procura a casa paroquial como refúgio. Padre Peixoto procura Lampião e chama o chefe dos cangaceiros para uma conversa. Depois do diálogo, os invasores vão embora da cidade em paz, inclusive pagando as contas das bodegas.

O comportamento crítico do padre Peixoto em relação às ações do padre Cícero e, distante das brigas enciumadas de intelectuais e do poder financeiro, fez com que ele se afastasse, como se fugindo de algo, morando pelo resto da vida em lugares diferentes; Sabe-se que esteve morando num lugar chamado Sena Madureira, no Acre, na Amazônia, em Mangas, Minas Gerais e em Rubiataba, Goiás.

Com o tempo adquiriu problemas renais dos quais se queixava muito. Em 1950 quando visitou Juazeiro do Norte era um homem pobre, velho e quase cego. Desiludido e por poucos reconhecido.

O padre Peixoto permaneceu lúcido até a madrugada de 24 de fevereiro de 1957 quando faleceu em Rubiataba, Goiás, aos 85 anos e dez meses. Atestada a causa mortis como “bronco pneumonia derivada de diversas causas”. Foi sepultado no Cemitério Público da mesma cidade.

Sacerdote, intelectual, político, grande orador, jornalista, poliglota, escritor de textos em prosa e poesia, escritor de livros dentre os quais: “Juazeiro do Cariri” e “À Margem de um Livro”. Destemido e polemista exaltado, fez história.

Mais uma figura importante que cruzou o caminho do Rei do Cangaço.

REFERÊNCIAS:
JUNIOR, José Peixoto. Padre Peixoto - intelectual, político, sacerdote. Brasília: Editora Ser, 2007.
CAVALCANTE, Francisco José Pereira. Padres do interior II - os padres da paróquia de nossa senhora do bom conselho de Granito. Petrolina: Diocese de Petrolina, 2010.
CRUZ, Maria do Rosário Lustosa da. Padre Joaquim de Alencar Peixoto: o baluarte da emancipação política de Juazeiro. Fortaleza: IMEPH, 2012.
BARRETO, Ângelo Osmiro. Misto de guerra e paz. Lampião Aceso, 02 nov. 2009. Disponível em:<http://lampiaoaceso.blogspot.com/…/padres-e-cangaceiros.htm…>. Acesso em: 25 mar.2020.
SEVERO, Manoel. Padre Cícero e Virgulino. Cariri Cangaço, dez.2015. Disponível em:<http://xn--cariricangao-udb.blogspot.com/…/padre-cicero-e-virgulin…

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=2631026377106290%2C2631024790439782%2C2631024320439829&notif_id=1736534237350798&notif_t=group_activity&ref=notif

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O CANGACEIRO QUE CHEGOU NO DIA DE NATAL

Por Beto Rueda

José Alves Matos nasceu no dia 08 de março de 1917 na fazenda Alagoinha, município de Patrocínio do Coité, hoje Paripiranga, Bahia.

Cresceu em uma zona pobre influenciada pelo cangaço, de uma família numerosa contando oito irmãos, seis irmãs e mais cinco homens e três mulheres de um casamento posterior de seu pai. Teve vários primos e sobrinhos no cangaço, tais como: Santa Cruz, Chumbinho II, Zepelin, Ventania, Pavão e Azulão III, entre outros.


Pela constante perseguição das volantes, entrou para o bando de Corisco aos 16 anos de idade, em 25 de dezembro de 1933, dia de Natal. Recebeu pela data, a alcunha de "Vinte e Cinco".

Com o passar do tempo, por desavenças com Dadá companheira do chefe, saiu e passou a acompanhar os grupos de Mariano e depois de Luiz Pedro e Lampião.

Após quatro anos e sete meses de batalhas nos sertões nordestinos, no dia 28 de julho de 1938, coito de Angico, local da morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, escapou da tragédia por sorte do destino: fora buscar munições e mantimentos longe do local de combate.


Depois da morte do Rei do Cangaço, Vinte e Cinco se manteve escondido até se entregar às autoridades com o grupo do cangaceiro Pancada, no dia 15 de outubro de 1938 no município de Porto da Folha, Sergipe. No dia 17 do mesmo mês foram escoltados a Piranhas, Alagoas. Mais tarde encaminhados a Santana do Ipanema e Maceió.

Vinte e Cinco se negou a colaborar no período da perseguição aos companheiros do tempo do cangaço que não tinham se entregado. Ficou preso por quatro anos em Maceió. Estudou dentro da cadeia, onde tinha certos privilégios. No dia 10 de fevereiro de 1943, recebeu o alvará de soltura. Por indicação de um amigo, conseguiu entrar no Estado como guarda civil. Mais a frente prestou concurso para o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas, foi aprovado e reconstruiu a sua vida até se aposentar.

Extrovertido, concedeu várias entrevistas contando pormenores da vida na caatinga, contribuindo para o enriquecimento da historiografia do cangaço.

Foi o último cangaceiro vivo do bando de Lampião antes de Dulce, companheira do cangaceiro Criança, que se foi no ano de 2022.

O servidor público morreu na manhã de domingo, aos 97 anos, no dia 15 de junho de 2014, na sua residência em Maceió, vítima de insuficiência respiratória. Deixou esposa Mariza da Silva Matos com quem foi casado por mais de 50 anos, sete filhos e 16 netos.

REFERÊNCIAS:
BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Fim do cangaço: as entregas. Paulo Afonso: Graftech, 2015.
OLIVEIRA, Bismarck Martins de. Cangaceiros de A a Z. 2.ed. João Pessoa. Mídia Gráfica e Editora, 2020.
LIMA, João de Sousa. Adeus a "Vinte e Cinco". <https://lampiaoaceso.blogspot.com/search?q=vinte+e+cinco> Acesso em 18 dez. 2019.

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CABRAS

 Acervo do Jaozin Jaaozinn

De fato, das tantas passagens de Virgolino em tantos estados diferentes do Nordeste, sempre há uma história diferente, um combate diferente. Há aqueles que o viram de longe, há outros que o viram de perto. E, claro, há sempre aquele que acompanhou o famigerado Ferreira por X motivos. De todas as paragens de Virgolino nesse mundão de Deus, sempre vinham homens, de origens diferentes, para engrossarem o grupo.

Dos nascidos de Pernambuco vieram Luiz Pedro, Meia Noite e Sabino das Abóboras; dos da Paraíba vieram Chico Pereira, Asa Branca e Passarinho; dos do Ceará vieram Bronzeado, Bom-de-Veras (por alguns momentos) e Mormaço; dos da Bahia vieram os primos Mané Moreno, Zé Baiano e Zé Sereno; dos de Alagoas vieram Gitirina e os irmãos Velocidade e Atividade. Como frutos, davam no pé e, antes de amadurecerem, já eram colhidos para satisfazer o paladar de quem agradasse. Vinham às vezes dois, três, quatro ou dez de um mesmo lugar, de um mesmo povoado.

Coisa grande, mas não chegava nem ao total de cangaceiros que Poço Redondo/SE cedeu ao afamado Lampião. Da sua passagem a Sergipe, as agressões e extorsão da polícia contra os sertanejos (por acharem que eram coiteiros) aumentaram muito, gerando indignação e raiva, eclodindo aí a sensação de revolta, os direcionando para o caminho das armas. Segundo os pesquisadores, foi a região que mais contribuiu, que mais "doou", que mais entregou seus filhos para as garras afiadas e mortíferas do cangaço. Mais de 30 bandoleiros; muitos deles sendo parentes, amigos ou conhecidos dos já integrantes do mesmo ou de outros bandos. Boa parte desses entraram no sub-grupo de Zé Sereno, já que este perambulava com mais frequência nos arredores. E não eram só homens, como também mulheres. Ou como podemos dizer, meninas moças, quase crianças, com seus 13 ou 14 anos.

E são:

Sabiá, Canário, Diferente, Zabelê (o último), Delicado, Demudado, Cuidado (ou Coidado), Cajazeiras, Novo Tempo, Mergulhão, Marinheiro, Elétrico, Penedinho, Bom de Vera (o último), Beija Flor, Moeda, Alecrim, Sabonete, Borboleta, Quina-Quina, Ponto Fino, Cravo Roxo, Zumbi, Santa Cruz, Cajarana e Azulão. As mulheres eram: Sila de Zé Sereno (irmã de Novo Tempo, Mergulhão e Marinheiro), Adília de Canário (irmã de Delicado e prima de Penedinho), Enedina de Cajazeiras, Dinda de Delicado, Rosinha de Mariano (segunda e última mulher do mesmo), Áurea de Mané Moreno e Adelaide de Criança (irmã de Rosinha e prima de Áurea), primeira mulher do bandoleiro. Como podemos ver, boa parte desses eram parentes uns dos outros, virando, assim, um grupo familiar.

Desses muitos cabras e cabroxas, somente 16 conseguiram sobreviver aos dias de calor, fome, aperreios e fortes chuvas - tanto aquelas de água quanto aquelas de fogo -.

𝑭𝑶𝑵𝑻𝑬𝑺: 𝑩𝒍𝒐𝒈 𝒅𝒐 𝑴𝒆𝒏𝒅𝒆𝒔; 𝒁𝒆 𝒅𝒆 𝑱𝒖𝒍𝒊𝒂𝒐, 𝒂 𝑺𝒂𝒈𝒂 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝑪𝒂𝒏𝒈𝒂𝒄𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝑳𝒂𝒎𝒑𝒊𝒂𝒐 - 𝑹𝒂𝒏𝒈𝒆𝒍 𝑨𝒍𝒗𝒆𝒔 𝒅𝒂 𝑪𝒐𝒔𝒕𝒂 𝒆 𝑴𝒂𝒏𝒐𝒆𝒍 𝑩𝒆𝒍𝒂𝒓𝒎𝒊𝒏𝒐; 𝑩𝒍𝒐𝒈 𝑪𝒂𝒓𝒊𝒓𝒊 𝑪𝒂𝒏𝒈𝒂𝒄̧𝒐; 𝑨𝒍𝒄𝒊𝒏𝒐 𝑨𝒍𝒗𝒆𝒔 𝒅𝒂 𝑪𝒐𝒔𝒕𝒂 (𝑖𝑛 𝑚𝑒𝑚𝑜𝑟𝑖𝑎𝑛).

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VOCÊ CONHECIA?

 Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.166

O meu Sertão alagoano possui um vasto vocabulário e expressões que nos motivam cada vez mais a escrever:

Almocreve – Tropeiro, condutor de tropas de burros.

Arataca – Armadilha de madeira, para caçar aves, pássaros e roedores

Bambão – Talo forte e interno da jaca que congrega os bagos.

Bacurinho – Porco muito novo.

Barra – Foz, lugar onde o rio despeja suas águas.

Barrão – Porco reprodutor.

Berilo – Grampo para cabelo feminino.

Bica – Calha, geralmente de zinco para escorrer águas pluviais.

Bizunga – Beija-flor, Colibri.

Bodega – Lugar modesto onde se vende coisas para o lar como tempero, açúcar, confeito, sal, etc.

Boró – Cigarro de fumo de corda, grosso e mal feito.

Borrego – Carneiro muito novo.

Bozó – dado, pequena peça de jogo de azar numeradas nas faces de 1 a 6.

Cambão – Peça de madeira que liga a parelha da frente à parelha de trás no carro de boi.

Catraia – Mulher feia, velha e desarrumada.

Colchete -  Armação de arame farpado e madeira, molenga, que serve de porteira, sustentado para abrir e fechar por arame liso na cabeça da madeira e de uma cerca fixa.

Divisão – Fronteira de municípios.

Enchiqueirar cabras – Prender os caprinos em curral específico ao cair da tarde.

Gamba, gandaia – Baixo meretrício.

Gamela – Objeto de madeira de forma comprida, Bacia, feita de madeira da árvore Gameleira ou Gameleiro.

Maturi – Caju novo, pequeno e ainda verde.

Mourão – estaca forte e gigante que serve para amarrar touros e reforçar cercas de estacas comuns.

Ribeira – Rio, riacho.

Tapera – Casa pequena e humilde.

Tangerino – Condutor de boiadas de um lugar para outro.

Toró – Chuva forte e rápida.

COLCHETE APOIADO NO MOURÃO



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NOTA DE FALECIMENTO...!

Por Jailson Rodrigues Souza

 É com muita dor no coração que noticio o falecimento do amigo CHICO DE LINA ocorrido hoje pela manhã.

Francisco de Assis da Silva
*10/07/1939
+09/01/2025
Meus sentimentos.

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THE SON OF THE BANDIT MANOEL DE CILILI

 Por Aderbal Nogueira
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O VINGATIVO LAMPIÃO

Por José Mendes Pereira

Em 1927, mesmo após sete anos da morte do seu pai, Lampião resolveu tirar a tranquilidade do Estado de Alagoas, fazendo invasões constantes, usando o seu poder de vingança, e eliminando sertanejos, alegando que era protestando contra Zé Lucena, por ter assassinado o seu patriarca, o José Ferreira da Silva, no momento em que debulhava grãos em sua residência. Dizia ele que o que haviam feito com o seu generoso pai, jamais ficaria impune ou no esquecimento, pois o velho não tinha nada a ver com os seus problemas de bandidagem. Se Zé Lucena o procurava para eliminá-lo do solo sertanejo, que tivesse enfrentado os cerrados, as caatingas por todos os recantos dos Estados do Nordeste, e não tivesse exterminado a vida de um homem honrado, amante da tranquilidade, da paz, amigo dos amigos, bom pai, invejado esposo, e considerado um grande homem no meio de toda vizinhança.

O outro motivo era denegrir a imagem de Zé Saturnino, que segundo ele, tinha sido o causador das declinações da família Ferreira, privando o direito dela ser feliz onde morava, obrigando-a a fugir do amado berço Pernambuco, e a empurrando para as desconhecidas terras alagoanas. Lá em Vila Bela - Pernambuco, ele e os seus familiares deixaram para trás, tudo que haviam adquirido com muito esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente sonhos, sonhos e muitos sonhos que pretendiam realizar.

Tenente José Lucena
                      
Já residindo em Alagoas, passaram por dois grandes desgostos invencíveis. O primeiro, foi quando eles viram a mãe, dona Maria Sulena da Purificação cair em depressão. Ela ainda se sentindo magoada e desgostosa com os desrespeitos do Zé Saturnino, por ter afetado o caráter do esposo José Ferreira da Silva, seu coração não aguentando as maldades, faleceu no ano de 1920, na Fazenda Engenho Velho, de propriedade de um senhor chamado Luiz Fragoso. O segundo e mais doloroso, foi quando eles viram o pai envolvido em um horroroso lençol de sangue, todo crivado de balas, pelas armas do tenente Zé Lucena.  Os desrespeitos que surgiram contra a sua família, alcançaram o topo do pico, deixando ele e seus irmãos sem rumo e sem decisões próprias, para enfrentarem as maldades dos poderosos perseguidores.

Dizia o rei no silêncio do seu “EU”, que não tinha dúvida, que o principal culpado das suas desventuras era o Zé Saturnino, por não ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem embrenhados às matas, escondendo-se de policiais que os perseguiam.

José Saturnino, primeiro inimigo de Virgulino

O rei ainda se lastimava que todos os seus antes amigos, viviam passeando pelas redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos divertimentos que o povoado oferecia, devido às perseguições das volantes. Infelizmente teriam que passar a vida inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras, dormindo no chão, misturados com caranguejas, lacraias, cobras e mais outros insetos venenosos, no meio de combates cerrados, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes, fome, fome, e muita fome, vivendo um horroroso sofrimento.Lampião assumia o seu feito, dizendo que antes da morte do seu patriarca, já havia praticado crimes. E em um desses, findou a vida de um sujeito que lhe roubara uma das suas cabras. Mas que todos que o julgavam como um bandido cruel entendessem o porquê da sua prática criminosa. Fizera simplesmente para defender o que lhe pertencia, e em prol de sua própria honra. Se ele não defendesse o que era seu, com o passar dos tempos, todos iriam querer pisá-lo como se ele nada valesse na vida.

Lampião enquanto descansava sobre o chão, ainda imaginava   que se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena, para assassinar o seu generoso pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um bandoleiro; e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer, ou outra coisa parecida. Ou ainda teria se casado e construído uma linda e maravilhosa família.E agora, depois das grandes decepções que passaram principalmente com a morte do pai, como os irmãos Ferreira se vingariam das maldades que fizeram contra eles?

Lampião e seus manos decepcionados e de cabisbaixa diante da vizinhança, e privados de tudo e de todos, já que não havia como assassinarem os causadores das suas declinações, decidiram que o mais propício para amenizarem as suas dores, seria fazerem invasões constantes no Estado de Alagoas, não importando com o tipo de atrocidade, vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, diante da vizinhança, uma desordem a mais não influenciava nada.  

E a partir de 11 de janeiro de 1927, organizaram-se e partiram para bagunçarem o Estado de Alagoas, onde destruíam tudo que viam pela frente, não dando tranquilidade aos moradores sertanejos, e geralmente rios de sangue ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam. 

Fonte de Pesquisa: Lampião Além da Versão - Alcino Costa 

http://cariricangaco.blogspot.com/2011/03/o-vingativo-lampiao-porjose-mendes.html

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