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quarta-feira, 8 de julho de 2020

COVA DOS CANGACEIROS SOFREU, MARIQUINHA E PÉ DE PEBA

Pesquisa: Escritor João De Sousa Lima.

Covas dos cangaceiros SOFREU, MARIQUINHA e PÉ DE PEBA, mortos pela volante do Sgto. Odilon Flor.



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" AS DIMENSÕES HUMANAS DE UM MAU CIDADÃO ".



Na página 179 do livro "Dossiê", das escritoras Generosa Alencar e Fátima Menezes, com a correspondência inédita e privada do Padre Cícero, há um telegrama calunioso, que dá a exata dimensão moral do tenente Bezerra, tão conhecido da crônica do Cariri nas décadas de 20 e 30 do século XX.

Eis os termos do supracitado despacho.

Telegrafico.
"Brejo Santo - Capitão Firmino Jô.

Passando sítio Guaribas perseguição Lampião ali fui brutalmente atacado, travando-se tiroteio vinte e quatro horas, perdendo um corneteiro, saindo ferido aspensada, morrendo Chico Chicote e dez bandoleiros, dando-se mais feridos.

Saudações tenente Bezerra."

Pois bem, os que sabem a verdadeira versão do sangreto episódio, tão bem descrito para a posteridades na obra histórica do Capitão Otacílio Anselmo, com certeza, estão estarrecidos com os termos malévolos deste telegrama, que distorce a realidade do lamentável episódio de Guaribas.

O tenente Bezerra atacou e diz que foi atacado, foi a Guaribas intencionalmente para eliminar Chico Chicote e diz que andava perseguindo Lampião, jogou a Polícia contra um fazendeiro, quando sua finalidade era combater Lampião, saqueou Guaribas e destroçou uma família, por interesses escusos, de ordem pessoal.

Naquele dia de fevereiro de 1927, Lampião estava em cima da chapada do Araripe ouvindo o tiroteio e sequer foi molestado. Quem conhece a verdadeira história de Guaribas sabe que tudo ali foi adredemente preparado, planejado, arquitetado, premeditado, para eliminar Chico Chicote e tudo ficar nas costas largas do Governo que, lamentavelmente, quedou-se impassível diante de um crime inominável, que merecia um rigoroso inquérito e até indenização oficial, com punição dos culpados.

Portanto, na monstruosidade deste telegrama está implícita toda a personalidade do tenente Bezerra que, posteriormente, foi assassinado em 1937, pelos sequazes do beato Zé Lourenço, no Caldeirão. Mais uma vez, tal vida tal morte, pois quem com ferro fere, com ele será ferido.

CASA DA CULTURA.
APOIO. Prefeitura Municipal de Jati-Ce.
(JATI em Boas Mãos).
ADM. Maria de Jesus Diniz Nogueira
(Neta).
DIRETOR DE CULTURA
Luís Bento de Sousa.
Luís Carolino.


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O PATRIARCA

Por Sálvio Siqueira

No dia 3 de setembro de 2016 será lançado, em Serra Talhada - Pe, mais uma obra prima da literatura sertaneja, intitulado 'O PATRIARCA', o livro nos traz a notória história do cidadão "Crispim Pereira de Araújo", que na história ficou conhecido como "Ioiô Maroto", contada pela 'pena' do ilustre amigo venicio feitosa neves

Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto) 

Sendo parente de Sinhô Pereira, chefe de grupo cangaceiro e comandante dos irmãos Ferreira, conta-nos o livro, a história que "Ioiô Maroto" foi vítima de invejas e fuxico. Após sua casa ter sido invadida por uma volante comandada pelo tenente Peregrino Montenegro, da força cearense.

Sinhô Pereira

Sinhô Pereira deixa o cangaço, não sem antes fazer um pedido para o novo chefe do bando, Virgolino Ferreira da Silva o Lampião e o mesmo cumpre o prometido.


Além da excelente narração escrita pelo autor, teremos o prazer e satisfação de vislumbrar rica e inédita iconografia.

Não deixem de ter em sua coleção particular, mais essa obra prima literária.

Adquira-o com o professor Pereira através deste e-mailo:

franpelima@bol.com.br

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/675945445902908/?notif_t=group_activity&notif_id=1471274094349578

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LIVRO ZÉ BAIANO

Autor Robério Santos

Adquira esta obra antes que os colecionadores comprem em quantidades. Não devemos dá chance a eles porque quando os livros sobre o cangaço são lançados eles querem logo nas suas estantes e compram em quantidades. 

Endereços: 
Diretamente com o autor - Compras no número de 

WhatsApp 79 99969-5819. 

Ou com Francisco Pereira Lima o professor Pereira lá em Cajazeiras no Estado da Paraíba. Pediu chegou:

franpelima@bol.com.br

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O COMBATE DA FAZENDA XIQUE-XIQUE E A MORTE DO NAZARENO ILDEFONSO FLOR.

Por Geraldo Antônio De Souza Júnior - Criador e administrador do canal.

Ocorrida no dia 14 de novembro de 1925 na ocasião de um combate travado entre os "Nazarenos" e Lampião e bando na Fazenda xique-xique na região de Vila Bela em Pernambuco a atual Serra Talhada.

O texto narrado nesse vídeo dispensa maiores apresentações.

Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. Inscrevam-se no canal e não esqueçam de ativar o sino para receber todas as nossas publicações e atualizações.


Forte abraço... Cabroeira!

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LAMPIÃO MATA JOVENTINO

Por João de Sousa Lima*
O autor defronte a antiga casa de Antonio de Zezé.

Crime traçado nas terras de Água Branca

Água Branca em Alagoas foi uma das cidades que sofreu a fúria do cangaço. em 1922, Lampião realizou o famoso saque a Baronesa de Água Branca, a senhora Joana Vieira. Os povoados Tingui e Alto dos Coelhos era reduto de cangaceiros e viu também as ações violentas do cangaço, onde várias pessoas foram mortas.
   
Um dos capítulos de morte nessas terras aconteceu na Fazenda Riacho Seco, de propriedade de Abel Torres, filho da Baronesa de Água Branca.

O crime aconteceu por consequência de uma fofoca. Um rapaz chegou em Água Branca procurando emprego como vaqueiro e falaram que pra trabalhar como vaqueiro estava difícil, pois os cangaceiros estavam espalhados por toda região.

O rapaz respondeu que para Lampião tinha era um "Parabellum" pra atirar nele. falou isso em um movimentado dia de feira, onde coiteiros andavam vasculhando informações. No mesmo dia Lampião ficou sabendo da afronta do jovem Joventino.

Joventino conseguiu trabalho nas terras de Abel Torres e foi morar na fazenda Riacho Seco, próximo a divisa de Água Branca com Olho D´água do Casado. Nessa fazenda tinha duas casas, residindo em uma delas o senhor Antônio Zezé e em outra morava Joaquim Gomes.

Joventino ficou na casa que morava Joaquim Gomes. Lampião ficou sabendo do paradeiro de Joventino e foi com "Pitombeira" (Zacarias Bode), Luiz Pedro e mais dois companheiros. Os cinco cangaceiros se aproximaram da casa onde estava Joventino.

Lampião já no terreiro gritou:

- Joventino cadê o Parabellum que você tem pra atirar neu?

Joventino saiu da casa e quando chegou no alpendre os cangaceiros o pegaram e o rapaz negou o recado desaforado que tinha mandado pra Lampião.

- Isso é mentira!!!!
 
Lampião sem contar conversa atirou no rapaz que já caiu morto. Com o corpo do rapaz ensanguentado no chão os cangaceiros entraram na casa, o cangaceiro Pitombeira encontrou o senhor Antônio Laurentino (Lorentino). Este era vaqueiro que tinha os pés aleijados. Pitombeira tinha uma antiga rixa com Antônio Lorentino e viu nesse momento a oportunidade de se vingar.

A intriga entre os dois começou por causa de uma cerca que Pitombeira estava fazendo e invadindo um pedaço do terreno do patrão de Lorentino, na fazenda do Talhado. O proprietário Abel Torres empatou de Pitombeira fazer a cerca e aí criou-se uma intriga entre o futuro cangaceiro e o vaqueiro.

Pitombeira e outros cangaceiros seguraram Antônio  Lorentino para matar e nesse momento outro vaqueiro, chamado Mané Egídio atravessou na frente de Pitombeira e falou:

- Esse daqui você não mata não!!!

Lampião olhando a cena, sentenciou:

- Aqui não se mata ninguém, esse daqui fica pra ir a visar ao patrão pra ele vir enterrar o defunto!

Esse valente vaqueiro Mané Egídio que livrou o amigo da morte certa, mais tarde tornou-se o famoso cangaceiro "Barra Nova", um dos bravos homens do grupo de Lampião.

Em abril de 2019, eu, Aldiro Gomes, Thomaz Deyvid e Raul Sandes, estivemos nessa fazenda e nas duas casas conhecendo esses dois monumentos que viveram a história do cangaço. Uma saga vivida entre a razão e a violência onde homens pagavam com as vidas por uma simples palavra empenhada, muitas vezes simples palavras jogadas ao vento, sem intenção de se transformar em verdade. tempos difíceis e conturbados. Hoje escombros cobrem os sangues do passado e marcam os fatos vivenciados nessas terras...

Escombros da casa onde Lampião matou o jovem vaqueiro

*João de Sousa Lima é Historiador e Escritor.
Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira 06
Membro Presidente do IGH - Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro da SBEC-  Sociedade Brasileira de Estudos do cangaço.


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Antônio KYDELMIR DANTAS de Oliveira


Agrônomo, pesquisador e poeta de Nova Floresta - PB, filho do agricultor Manoel Batista de Oliveira e da professora Angelita Dantas de Oliveira. É pai de Joaquim Adelino e João Daniel. Namorido de Cecília Maria do Monte. Fez o Curso Primário em Nova Floresta (PB), continuando os estudos no Ginásio Agrícola de Currais Novos (RN) e no Colégio Agrícola de Jundiaí, em Macaíba (RN). Concluiu o curso de Agronomia na UFPB/CFT/Campus III – Areia (PB). Funcionário da PETROBRAS, desde abril de 1987, trabalhando em Mossoró - RN, onde reside. Publicou, além de artigos na imprensa nordestina: 

LIVROS: Filarmônica José Batista Dantas - 30 Anos de Glória (1995); Mossoró e o Cangaço (1997); Severino Ferreira - O Assum Preto da Viola (1997); Os Três Pilares da Música Popular Nordestina. (1998); Participação na VIII Antologia Literária Internacional. Editora Del’Secchi. Vassouras – RJ. 1999; Remendos -Poesia e prosa, (2001). 

PLAQUETES: O Cangaço na Literatura de Cordel (1997); Síntese Cronológica do Cangaço (1997); CAFÉ FILHO – Um Potiguar na Presidência da República (1999); Ginásio Agrícola de Currais Novos – Nossa Escola, Nosso Abrigo (2006); Ao Mestre RAIBRITO com carinho (2000); Mário Souto Maior – De como um Cabra da Peste entra nos 80 anos montado no Folclore Brasileiro (2000); Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte (2002); Luiz Gonzaga e o Ceará (2004). 

CORDÉIS: Cangaceiro Atrapaiado – 1995; As Vaquinhas do Doutor – 1997; A festança da vitória lá na Família Feliz – 2002; O Milagre do Tributo (em parceria com Antônio Francisco); Luiz Gonzaga e a Paraíba – 2005; ABC de Zédantas – 2005; Como um cabra da peste apresenta sua Terra -2005; Deífilo Gurgel, um folclorista Potiguar - 2006; ABC da Petrobras – 2007; Vamos cuidar com carinho do nosso Corpo e da Mente (A Saúde Emocional) - 2007. A Peleja do Raio da Silibrina contra o Relampo da Palavra (2008). 

Sócio das seguintes entidades culturais: - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC; - Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN. - Poetas e Prosadores de Mossoró - POEMA. - União Nacional de Estudos Históricos e Sociais – UNEHS.

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PROMESSA É DÍVIDA

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.340

RUA  PANCRÁCIO ROCHA - BR 316 (FOTO: GUILHERME CHAGAS).
SERRA DA CAMONGA (FOTO:GUILHERME CHAGAS): 
O Povo é como criança, o pai promete, o menino cobra. Foi publicado pela mídia local que o DENIT iria fazer em Santana do Ipanema, um longo desvio na BR-316, para melhorar a mobilização. Para quem vem da capital, ao chegar à entrada da cidade (Batalhão de Polícia) o desvio ali teria início indo em direção à serra da Camonga e, em semicírculo voltaria novamente à BR-316, após o Bairro Barragem, no outro estremo de quem vai para o alto Sertão. Logicamente cortaria o rio Ipanema muito acima da cidade com mais uma ponte, sim senhor. Essa informação, está com apenas alguns meses, inclusive, foi comentada neste espaço. Pois bem, depois disso ninguém mais tocou no assunto. Ora, se você dá a notícia, vá informando com certo espaço de tempo, com está o andamento da coisa. O santanense indaga se o projeto já morreu ou continua de pé.
Após as últimas cheias do rio Ipanema e riacho Camoxinga, foi notado problema numa ponte da BR-316, trecho urbano, no lugar denominado Aterro ou parte da Rua Pancrácio Rocha. O trecho chamado por nós, Via- Expressa, desafoga o trânsito por dentro da cidade propriamente dita. Agora o DNIT está consertando o problema na Pancrácio e a rodovia acha-se interditada. Todo movimento de automóveis acontece pelo centro de Santana. Carretas e outros bichos do seu tamanho são orientados com desvios por outras rodovias e não podem passar pelo comércio. Olhe aí gente, se as obras anunciadas lá atrás tivessem sido realizadas, tudo estaria dentro dos seus conformes.
Há tempos, chegou até a ser cogitada a continuidade da AL-120, vindo de Olho d’Água das Flores e, sem entrar na cidade, passar pelo Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo e sair muito na frente ligando-se a BR-316, rumo a Poço das Trincheiras. Quem conhece Santana sabe do que estamos falando. Mas isso não foi prometido, houve apenas sugestão política que morreu antes de qualquer trator.
No caso DNIT, seria mão na roda para o povoado São Félix. Cerca de um terço da sua estrada de terra de 12 quilômetros seria beneficiada com o asfalto. Continuemos aguardando notícias pela mídia. Obra federal é cheia de “protocolo”.
Mas como tudo tem seu dia... Amém.


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VIVA A FEIRA DO PADRE

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.339

       Foi o padre Francisco José Correia de Albuquerque quem instituiu a feira de Santana do Ipanema em dia de sábado. Assim o milagreiro sacerdote, um dos dois fundadores de Santana, livrava o encontro semanal aos domingos como estava sendo planejado. Natural de Penedo, Alagoas, o padre Francisco era muito respeitado pela sua oratória, previsões e milagres. Homem semelhante ao padre Cícero Romão Batista que até fora visto pairando sobre as águas. Chamado por todos de “Santo padre Francisquinho”, construiu a capela que deu origem a Matriz de Senhora Santana e a cidade de Santana do Ipanema, em 1787. Muito se tem a dizer sobre esse servo de Deus que não deixou pintura a óleo, nem fotografia.


     Mas voltemos à feira. Abençoada para o dia consagrado a Maria Santíssima, a feira teve início com êxito. Progrediu sempre semana a semana, formando verdadeiras multidões no centro da cidade, enquanto um mar de carros de boi aguardava seus donos nas areias encardidas do leito seco do Ipanema. Com os poucos automóveis ou nenhum, os carreiros tinham livre trânsito dentro da própria feira e pegando mercadorias diretamente nos armazéns: arame farpado, querosene, charque, ferramentas e mais. A feira se expandiu por becos, ruas e vielas, tornando-se até mesmo atração nacional no período da Festa do Feijão. Era a feira do sábado que funcionava como termômetro da economia regional.


Muitas coisas aconteceram e a feira do Riacho Grande (atual Senador Rui Palmeira) tornou-se concorrente em tamanho e negócios. Novamente o feijão foi protagonista do progresso dinâmico do semiárido. Devido a intensidade do trânsito e outros fatores, a feira foi encolhendo no seu todo e perdeu espaço nas praças centrais. Os tempos vão fazendo mudanças, mas não sabemos dizer sobre volumes de negócios, se houve diferença financeira com esses novos alocamentos.
Vamos mostrar três flagrantes que caracterizaram o passado uma vez que muito já mostramos do presente.
Vamos beliscar guloseimas na FEIRA DO PADRE?
Vem comigo.


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LAMPIÃO EM CUSTÓDIA PERNAMBUCO



Lampião e a morte de Pacífico Lopes de Siqueira Campos.
Faz. Umburana..Custódia/1925.
Indicação do vídeo: Jorge Remígio.


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NINGUÉM ARREDA -

Por José Romero Araújo Cardoso

RESISTÊNCIA DO POVO DE ALEXANDRIA AO BANDO DE LAMPIÃO 

Em dois momentos, quando da entrada do bando de Lampião no Estado do Rio Grande do Norte, o chefe quadrilheiro fez valer sua experiência como chefe de cangaço, evitando deliberadamente confrontar-se com a resistência que foi organizada.

Foto: Acervo de Sinô Maia

A passagem dos cangaceiros em Alexandria foi desviada propositalmente, a fim de evitar conseqüências funestas, como em Belém do Rio do Peixe, no mês de maio de 1927, o que atrasou a marcha em mais de um mês. A resistência em Alexandria, organizada pela briosa e destemida família Oliveira, assim como a efetivada em Mossoró, também perfaz referência brilhante à bravura potiguar, embora não tenha havido confronto em razão de Lampião ter ponderado sobre o que o espera em Alexandria.

O segundo desvio proposital dos cangaceiros foi em Caraúbas. O “rei do cangaço” conhecia a fama de quem havia estruturado a resistência. Tratava-se tão somente do “Coronel” Quincas Saldanha, o “gato vermelho” da expressão sisuda e respeitosa proferida pelo próprio Virgulino Lampião.

Atordoados com a fama perversa de Virgulino Ferreira da Silva e seus cabras, os jagunços do “Coronel” Quincas Saldanha iniciaram forte tiroteio, a esmo, cujo erro foi notado imediatamente pelo experiente sertanejo, observando que os disparos estavam sendo feitos apenas de um lado. Quincas Saldanha ordenou cessar fogo e notou que estava certo. Lampião tinha desviado a rota para Pedra da Abelha, onde aprisionaria o “Coronel” Antônio Gurgel. A esperteza do chefe dos cangaceiros era uma das razões para o “sucesso” que obteve em vinte e dois anos de lutas no cangaço.

Em Alexandria lembraram-se de eternizar a valentia daqueles que pegaram em armas para obstacular as ações ensandecidas dos cangaceiros. Uma fotografia rara e inédita, de propriedade do senhor José do Patrocínio de Oliveira Maia, natural de Catolé do Rocha (PB), residente no presente da cidade de Mossoró (RN), é a prova iconográfica do empenho valoroso que a família Oliveira efetivou, organizando frente de combate, a qual, conforme se pode verificar no importante registro iconográfico, estava decidida e irresoluta.

A necessidade de fomentar obstáculo a Lampião se dava em virtude da forma tresloucada como o bando vinha se comportando desde quando cruzou a fronteira com a Paraíba. Em Cantinho do Feijão (PB) (hoje município de Santa Helena), o bando cometeu verdadeiros atos de vandalismo.

O senhor José do Patrocínio, conhecido por todos por Sinô Maia, guardou a relíquia com todo zelo, principalmente em virtude de que na fotografia aparece o avô do dono da iconografia rara e inédita. O combatente chamava-se José Garcia, estando assinalado na fotografia, como forma do neto demonstrar carinho ao valente sertanejo. Sinô Maia residiu muito tempo na fazenda cachoeira, em Brejo do Cruz (PB), servindo ao Dr. Fábio Mariz, na profissão de vaqueiro, durante décadas.

Sinô Maia não soube informar os nomes dos outros combatentes, nem a autoria da fotografia. Apenas guarda de recordação há muitos anos. Na fotografia, conforme pode se notar na mesma, identifica-se a bandeira do Brasil como pano de fundo, envolvendo simbolicamente o grupo da resistência de Alexandria na legalidade.

No âmbito histórico-iconográfico considero que o registro fotográfico da resistência organizada em Alexandria tem a mesma importância que as fotografias perpetuadas por Raul Fernandes em seu clássico opúsculo por título “A marcha de Lampião – assalto a Mossoró”.

Nenhum documento sobre a arrogante invasão do bando de Lampião ao território potiguar pode ser desprezada. O valor de uma fotografia rara e inédita sobre o tema, é incomensurável, visto que temos de relatar de todas as formas possíveis às gerações presentes e futuras a grandeza da bravura do povo potiguar, sobretudo Mossoroense, que resistiu galhardamente a um dos mais absurdos atos de agressão a seres humanos, a maioria indefesa, à lei e à ordem no Rio Grande do Norte.

Qualquer documentação inédita que tenha ligação com o cangaço deve ser valorizada, principalmente em razão de que a importância do fenômeno social ocorrido nas caatingas nordestinas traduz a essência da busca pela compreensão da dimensão regional de uma forma holística.

Fonte: Alma do beco


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131 ANOS DE ROMARIA EM JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO

Por José Carlos Santos
Padre Cícero Romão Batista

No primeiro domingo do dia 07 de julho de 1889, a igreja celebrava a solenidade do Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo. No amanhecer daquele dia, há exatos 131 anos, aconteceu a primeira romaria ao pequeno lugarejo do Joaseiro. Uma multidão de 3 mil pessoas caminhou nas veredas rumo ao vilarejo. A peregrinação foi organizada pelo Monsenhor Francisco Rodrigues Monteiro, reitor do Seminário de Crato. Pe. Cícero acolheu o seu irmão no sacerdócio e seus contemporâneos cratenses. Inesperadamente, o reitor do seminário do alto do púlpito, no meio daquela multidão, em voz alta no seu sermão explicou minuciosamente os acontecimentos do propenso milagre do derramamento de sangue na boca da beata Maria de Araújo. Na firmeza de sua convicção dos fatos ocorridos na capelinha da Mãe das Dores, ele tirou uma das toalhas manchadas de sangue e apresentou ao povo. Não titubeou em afirmar que era o sangue de Jesus Cristo, promovendo momento de júbilo, exaltação e lágrimas nos rostos dos presentes naquela celebração. O fato gerou preocupação, contrariedade e angústia no padre Cícero como revelou numa carta ao senhor bispo do Ceará: “Quando eu soube disto, fiquei para morrer de vexame; desejei sumir-me pelo chão adentro, de angustiado”.

O que significa e representa esse acontecimento na vida do Padre Cícero e na história de Juazeiro? Primeiramente, a quebra do silêncio dos fatos extraordinários ocorridos naquele 01 de março de 1889 do fenômeno da hóstia sagrada. O anúncio público não foi feito pelos protagonistas dos fatos milagrosos do Joaseiro, mas por uma autoridade eclesiástica de reconhecida qualificação e portador de profundos conhecimentos teológicos. Afinal, era o reitor do Seminário de uma sólida formação filosófica e teológica.


A proclamação dos fatos precede de uma romaria da cidade de Crato à vila do Joaseiro. A romaria é um fenômeno universal e presente em todas as religiões. É a experiência de deixar sua terra em busca do “lugar santo”. Os devotos que vieram testemunhar os fatos miraculosos de Juazeiro realizaram um ato de ascese, purificação e penitência. Os peregrinos daquele dia, como os romeiros de hoje, percorriam nesta estrada cheia de pedras e areias, aproximando-se do sagrado, meditando o corpo e a mente e realizando gestos de oração que fortalecem o sentido da vida nos espaços do mundo.

A experiência original da romaria de Juazeiro naquele julho de 1889, constitui o início de um novo tempo na vila que começa a receber centenas de pessoas, tornando o lugar mais populoso dos sertões. A casa do Padre Cícero era o abrigo dos pobres necessitados que ali vinham em busca de alimento, ajuda financeira e trabalho para fixar moradia em Juazeiro. A figura do padre Cícero com o espirito de acolhimento, atitude de conselheiro e guia espiritual vai arrebanhando uma legião de nordestinos que recorre ao Juazeiro, projetando o valor tão esperado de redenção de suas condições injustas e desumanas de vida e o sonho da salvação eterna.


Nestes 131 anos celebrados hoje das romarias a Juazeiro, resgatemos na nossa memória histórica esse acontecimento como uma semente plantada que hoje produz bons frutos de desenvolvimento socioeconômico, valores culturais e rica simbologia de fé e religiosidade popular. Se chegamos até aqui na história de Juazeiro do Norte, não esqueçamos da nossa história que foi protagonizada por muitos homens e mulheres que com sua teimosia, resistência, utopia e sonhos escolheram Juazeiro como o espaço sagrado e o Padre Cícero como seu padrinho e conselheiro do sertão.

Juazeiro do Norte, 07 de julho de 2020
José Carlos dos Santos
Professor de Filosofia da Universidade Regional do Cariri(URCA) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará(IFCE).


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