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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

NOSSO AMIGO JOÃO DE SOUZA LIMA E O THIAGO MENESES ENTREVISTAM O IRMÃO DE DADÁ.

https://www.youtube.com/watch?v=yBoY83rRAHA&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0F_H4l432mJGfCSnJShNvt-6rOGE2K7BphITt7i-TYU1o-7x2OS8yDvfQ



O Odisseia Cangaço de hoje será um documento histórico com o depoimento do último irmão da cangaceira Dadá vivo, o senhor Manuel Ribeiro da Silva, com 110 anos de idade e uma lucidez invejável. Vamu que vamu! Se increva no canal e fique ligado no Odisseia Cangaço.

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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


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UM PERSONAGEM DA MINHA RUA

Clerisvaldo B. Chagas, 26/27 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.236

Ao ver na Internet o apelido nada agradável de certa pessoa da minha infância e adolescência colocada rudemente aos pés da sua filha, no Face, resolvi fazer essa crônica.

RUA ANTÔNIO TAVARES. (FOTO: B.CHAGAS/LIVRO 230).
Chamava-se João Barbosa Filho, era marceneiro, morava e trabalhava quatro casas após a de meus pais; entre o vizinho José Urbano e o soldado Joaquim Manoel. Seu João Barbosa era um homem alto e magro e poderia contar com mais de sessenta anos de idade. Sua casa pobre com oficina na entrada oferecia serviços de marcenaria a quem dela precisasse. Na época eram imprescindíveis profissionais como marceneiros, sapateiros, flandrileiros e tantos outros eiros. Portanto, as tendas ou oficinas estavam sempre lotadas de encomendas, principalmente em tempos de bons invernos.
Seu João, ali na Rua Antônio Tavares, era um ótimo profissional e homem trabalhador. Nunca se ouviu dizer que o cidadão fosse metido em encrencas. Sobre isso, tinha a sua própria filosofia. De vez em quando bebia, se muito ou pouco não sei não me lembro. Também não me recordo quanto tempo passava quando chegava à distração. Depois Seu João mudou-se para um ponto entre o antigo clube Sede dos Artistas e a atual clínica ortopédica no Bairro Monumento, hoje espaço murado. Ganhou o apelido de João Cachaça. Quando bebia fazia o trajeto de casa à oficina, sempre murmurando alguma coisa e, entre elas, a frase famosa da sua vida: “João Barbosa Filho, quanto mais bebo, mais respeito”. E de fato era muito respeitoso.
Todos da rua gostavam do marceneiro. Não estou bem seguro, mas devido à situação, sua filha (não sei se tinha mais de uma) foi adotada, estudou com dignidade, tornou-se professora e diretora de escola. Muito me orgulha em falar do seu sucesso, respeito e amizade. Honrou a todos com sua força, inclusive à Rua Antônio Tavares onde seu pai foi exemplo de homem de bem. Quanto à bebida, todos bebem diante de problemas da vida.  Chamar Seu João Barbosa Filho de João Cachaça, fora a intenção, não o desabona em nada. Agradecidos estão os milhares de alunos que passaram até agora pelas mãos da sua filha professora e a sociedade santanense. Orgulhe-se, mulher, de seus pais, assim como estou orgulhoso de você, minha colega de profissão.


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NOSSOS PRECONCEITOS

*Rangel Alves da Costa

É no próprio contexto da definição de preconceito onde se encontram as provas de sua disseminação por todo lugar, perante as pessoas e meios. Tem-se, assim, que o preconceito expõe-se e expande-se abertamente, através de palavras, gestos e atitudes, mas principalmente através de sutilezas e múltiplos disfarces.
Por definição, preconceito é qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. É o sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio. É um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. É ainda uma ideia formada antecipadamente e que não tem fundamento crítico ou lógico.
Muitos outros conceitos, definições e significados, poderiam ser dados com relação a preconceito. Mas em todos, invariavelmente, sempre a noção de repulsa, de não aceitação, de negação do outro. Então, o que sempre se tem é uma crítica pessoal acerca do outro, seja na sua roupa, na sua opção sexual, na sua cor, na sua religião, no seu jeito de ser e conviver. Basta que alguém confronte uma idealização ou uma concepção, então já se terá o preconceito.
Diz-se muito do preconceito de raça e de credo. O evangélico tem aversão ao católico, o católico sente repulsa ao umbandista, o ateu execra todas as religiões, apenas para servir de exemplo. O negro é evitado pelo branco, o branco é negado pelo negro. Alongando a exemplificação, não raro que rico não goste de pobre, moradores de áreas nobres não gostem de favelados, vaidosos e egoístas não gostem da humildade e da simplicidade. E mais um rol infinito de situações onde o preconceito é percebido, ainda que não totalmente visível.
Contudo, o que dizer do preconceito no olhar, na palavra dissimulada, no forçado convívio social? O que dizer da ação supostamente despretensiosa, mas que carrega em si forte dose de desfazimento do outro? O que dizer das relações que se dão entre forças superiores e inferiores, onde os níveis ou classes sociais pontuam as formas de tratamento? O que dizer das amizades baseadas na pretensão de um sobre outro, onde o menos favorecido economicamente é visto como servil?


Ademais, não adianta dizer que respeita o outro que seja desta ou daquela religião, que possua esta ou aquela cor, que tenha esta ou aquela origem. Nada disso tem valia se no íntimo da pessoa existe uma concepção bem diferenciada de tudo isso. Ora, existem pessoas que não dizem – ou juram de morte que não são assim -, mas que não suportam sequer ter uma mão de um “dito” inferior estendida em sua direção. Relatos existem de políticos que simplesmente levam álcool nos seus veículos para a limpeza das mãos após o contato com seus eleitores empobrecidos.
As pessoas não dizem, sempre se negam a dizer ou demonstrar, mas no fundo da alma há muito mais preconceito do que imagina qualquer vã filosofia. O que se vê é um monte de demagogos, de interesseiros e ambiciosos, que forjam sentimentos para tirar proveito de pessoas e situações. Ama o eleitor, adora o eleitor, sente saudade do eleitor, procura o eleitor, mas somente nas proximidades das eleições. Passado o pleito e por muito tempo, o adeus, o esquecimento. Por que assim acontece? Ora, a política não gosta de povo além daquilo que este, enquanto votante, possa servir a seus propósitos de poder e mando.
Outro exemplo claro do preconceito disfarçado, e desta vez de humanitarismo, está presente nos hospitais, nos postos de atendimentos, nos prontos-socorros. Relatos existem de tratamentos desumanos e até bestiais de enfermeiros e médicos contra pacientes indefesos e seus familiares aflitos. Aqueles que deveriam cuidar da vida, prestar socorro com paciência e zelo, de repente se transformam em algozes, em bárbaros, onde pessoas entre a vida e morte são tratadas como bichos de tanto faz. Um preconceito contra a doença, o doente, o necessitado, como se aquela vítima ou paciente fosse um estorvo, um fardo que não mereça um olhar verdadeiramente humano.
No meio social, dificilmente se encontra aquele que tem o outro como verdadeiro irmão, que o trata com carinho puro, com o afeto mais profundo que possa existir. Não é fácil avistar aquele que abraça o pobre como se tivesse abraçando a um pai ou a um filho, aquele que se revela amigo com suas feições mais positivas. Basta ter como exemplo a seguinte situação. Mesmo perante velhos e bons amigos de infância, quantos não os tornam como que esquecidos e vão atrás de estender a mão a poderosos desconhecidos? Juntos, o preconceito e a desonestidade moral.
Diga-se, por fim, que a cachorrinha de raça da madama não pode sequer passar perto de mendigo de calçada. A Luluzinha pode pegar doença de pobre: infecção, sujeira, imundície, pobreza mesmo. Mas a madama é a mesma que tudo faz para fingir seu arraigado preconceito. Faz parte de uma liga qualquer de assistência aos desvalidos e empobrecidos.

Escritor
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LANÇADO: FLORESTA - UMA TERRA UM POVO

 Por Leonardo Ferraz Gominho
Marina, Cristiano Ferraz, Nivaldo Cavalho, Leonardo Gominho e Luiz Ferraz

Aconteceu no último dia 25 de dezembro, noite de natal, na querida  e tradicional cidade de Floresta; no Sertão de Pernambuco; o lançamento da mais nova edição do segundo volume da obra “Floresta – Uma terra, um povo”; do pesquisador e escritor Leonardo Ferraz Gominho.

Leonardo Ferraz Gominho
Leonardo Ferraz Gominho e Amelia Araujo 

Leonardo Ferraz Gominho, Nivaldo e Denis Carvalho, Ricardo Ferraz

O autor, um das maiores autoridades em historia florestana, autor de várias obras de relevo e fôlego, conferencista em duas edições de nosso Cariri Cangaço, dá continuidade à exuberante e forte história de sua cidade, da sua gente, da saga desses sertanejos fortes que se estabeleceram na terras dos tamarindos. O Cariri Cangaço esteve representado pelo escritor Cristiano Ferraz e por Amelia Araujo.

O lançamento do livro aconteceu nos salões do Espaço Cultural João Boiadeiros e contou com a presença de um público qualificado entre autoridades, escritores e . A obra recebeu o número 15 da Coleção Tempo Municipal, do Centro de Estudos de História Municipal.

Espaço João Boiadeiro, Floresta-PE 25/12/2019


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O CASTELO E O MARCO SERTANEJO...

Recorte por Valdir Nogueira

"Tudo o que eu vinha pensando na minha doce embriaguez se juntou então, num sonho só. Eu terminara minha Epopeia, minha Obra de pedra e cal, edificando, no centro do Reino, o Castelo e Marco sertanejo que tinha sido o sonho de toda a minha vida. O reino do Sertão se estendia, agora, sob Sol de chumbo e orlada de fogo, um Sol que dourava as pedras e muralhas do Chapadão pedregoso, áspero e solitário, formigante de Peões, bispos, Rainhas, Reis, torres, cavalos e Cavaleiros – rudes Cavaleiros vestidos com armaduras de couro medalhadas, gibões, guara-peito e chapéus de couro estrelados, e acompanhados pelas belas Damas de copas e espadas que os amavam" (SUASSUNA, 2010, p.739-740)

Recorte por Valdir Nogueira
Conselheiro Cariri Cangaço


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MADRE FEITOSA


Por Antonio Morais

Lamento informar o falecimento de Madre Feitosa, "um diamante que Nossa Senhora da Paz mandou dos Inhamuns para o Crato".

Deus a tenha na sua glória. Votos de pesar aos parentes e amigos.


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LAMPIÃO EM PAULO AFONSO

Por João de Sousa Lima

Lampião em Paulo Afonso, uma fantástica odisseia em nossas terras. Quer conhecer essa história?

Você encontra aqui: Supermercado Suprave, hotéis Belvedere e San Marino ou direto com o autor: 75988074138.


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ATÉ LAMPIÃO É SUSPEITO DA MORTE DE BENJAMIN ABRAHÃO

Por Sálvio Siqueira

Como tantos outros mistérios envoltos na historiografia cangaceira, principalmente em face do cangaço lampiônico, 1918/19 a 1938, a morte de Benjamin Abrahão Calliu Botto, o árabe que teve a façanha de registrar um bando de cangaceiros chefiados por Lampião em plena caatinga, também é um mistério. Ninguém, nenhum pesquisador, trouxe-nos até o momento, e nessa altura do tempo o certo é que jamais saberemos o nome da pessoa que assassinou o sírio nem tão pouco o mandante, coisa mais provável que possa ter ocorrido.

Benjamin, ao longo de sua vida aventureira, tapeação e mentiras, isso só referindo o pós 1934, depois da morte do Padre Cícero, criou uma ruma de inimigos de ‘grande porte’ tais como o comandante José Lucena, o ‘coronel’ Audálio Tenório, Lampião o “Rei do Cangaço” e outras várias pessoas que também se tornaram inimigas ferrenhas dele.

Botto, para conseguir o consentimento de Lampião para filmar e fotografar sua ‘cabroeira’ em seu habitat, logicamente que fizera determinado acordo sobre a divulgação e data desses registros. Virgolino Ferreira era vaidoso, isso é fato, porém, também era inteligente e sabia que uma divulgação fora de época e em massa, faria com que as autoridades ficassem mais ativas quanto a sua perseguição. Em 1936/37, o cangaço já estava mais do que encurralado e, após as filmagens feitas pelo sírio do bando de cangaceiros, produção cinematográfica que balançou os pilares do Palácio do Catete, na ocasião exibido em seção única em um cinema na Capital cearense, pois em seguida é apreendido pela censura federal, na época, o arrocho tornou-se maior ainda. No entanto, a imprensa, através do jornal Diário de Pernambuco, já havia feito divulgação de determinadas fotografias referentes aos bandidos em escala nacional e internacional. Na Europa, especificamente na França, e isso foi o fiel da balança que deixou o governo federal mal visto diante da população. Determinado a exterminar de uma vez por todas com aquela ‘epidemia’ no sertão nordestino, o banditismo rural, Vargas dá a ordem direta para que acabasse com Lampião, chefe cangaceiro de maior renome dentro do Fenômeno Social Cangaço, custasse o que custasse, doesse em quem doesse. A ordem foi sendo repassada de ‘cima para baixo’ na cadeia de comando e as reponsabilidades, logicamente, idem.


O sírio, segundo o escritor Pernambucano de Mello, era um empreendedor dono de uma “empresa” na Juazeiro do Norte, CE, ‘Benjamin Abrahão & Cia’, depois de estar prestando serviços para a Aba-Film, essa última sendo quem forneceu o material cinematográfico e fotográfico. O árabe toma emprestado a algumas pessoas na cidade cearense de Juazeiro do Norte, para gastar na viagem e nas suas noitadas nos cabarés e jogatinas, alguns mil réis, os quais pagaria com o que ganhasse com a divulgação e venda da produção.

Com a apreensão da fita cinematográfica, o tiro saiu pela culatra e o sírio fica devendo muito. Ele tem uma nova ideia ao saber de uma ocorrência interessante no sertão pernambucano: Um coiteiro ‘arrependido’ resolve emboscar alguns cangaceiros e mata-los. Após as mortes, os participantes do embate são encorajados por um fotógrafo amador a registrarem o fato: “Em dias de 1935, o prefeito de Mata Grande, José Campos Uchoa, fotógrafo amador, cedera a um amigo a chapa com que registrara o massacre de quatro cangaceiros importantes do bando de Lampião, na fazenda Aroeira, lá mesmo do município, a 19 de setembro, em cilada bem urdida por certo Antônio Manuel Filho, o Antônio de Amélia. Um coiteiro que se declara arrependido, mãos tintas de sangue, e pede o amparo do governo em decorrência dos riscos em que incorrera, findando por ser alistado na polícia de Pernambuco como sargento. Atraído pelo lado moral da história de regeneração de alguém que se transforma em martelo contra seus antigos benfeitores, o amigo do prefeito monta uma cena fotográfica em que figuram em corpo inteiro, além de Amélia já metido na farda, os cadáveres horrendamente golpeados dos cabras Medalha, Suspeita, Fortaleza e Limoeiro, eis os vulgos das vítimas, disso resultando a impressão de um cartão-postal que foi vendido como banana entre Alagoas e Pernambuco.” (MELLO, pg 263, 2012).


Benjamin então manda imprimir milhares e milhares de fotografias que havia registrado dos cangaceiros do bando de Lampião. A Aba-Fim se encarrega da impressão e envia para o sírio no sertão pernambucano. Após receber a encomenda, Botto chama algumas pessoas e as mostra. Notando o grande impacto e admiração daquelas pessoas, contrata alguns empregados e os envia para o sertão alagoano, a fim dos mesmos venderem o ‘produto’. Ora, com o aperto que as autoridades estaduais vinham sofrendo do governo federal, ao ficarem sabendo de tais divulgações, se irritam e ordenam seu confisco. “Pelo meado de outubro, em maços ou isoladas, há fotografias de cangaceiros por todo o sertão, distribuídas por seis auxiliares escolhidos por Antônio Paranhos para o velho amigo Benjamin.” (MELLO, pg. 263, 2012).

O comandante do II Batalhão da PMAL, locado em Santana do Ipanema, AL, major José Lucena, na época, é o que mais se irrita e, imediatamente, ordena que seus comandados façam o confisco das mesmas, não só na cidade de Santana, mas nas circunvizinhas. Além das imagens dos cangaceiros, aquelas fotografias vinham dizer à população que não era tão difícil assim chegar aos bandoleiros como ditavam as autoridades já que um estrangeiro o fez. Lucena estava com a corda no pescoço devido Lampião estar agindo há muito tempo no território sob seu comando. O comandante geral da PMAL, na ocasião o coronel Teudureto, já o havia chamado em Maceió e dando-lhe um grande aperto, cobra-lhe resultados.

Benjamin ao saber que suas fotografias foram confiscadas a mando do major José Lucena, um frio lhe escorre pela ‘espinha’, ao saber que tinha feito mais um inimigo perigoso, pois sabia que se tratava de um homem que não era de brincadeiras e mandava matar, ou mesmo matava uma pessoa sem cerimonia alguma. Estando em terras pernambucanas, manda chamar os auxiliares e recolhendo o que sobrou, pega os pacotes que ainda estavam guardados tacando fogo em tudo. “Quem comprou, comprou; quem não comprou, não compra mais. Melhor a vida!” (MELLO,pg. 264, 2012).


O medo de Benjamin era tanto do comandante alagoano que ele corre à Capital pernambucana e, indo à sede do jornal Diário de Pernambuco, solicita do mesmo uma espécie de credencial referindo que estava naquela região, da Vila do Pau Ferro, município de Aguas Belas, PE, a serviço do mesmo. Logicamente, com tantos furos, através das fotografias, que o sírio cedeu ao jornal, seu pedido foi aceito e a autorização para usar o nome do jornal concedido.

Achando que esse problema estava resolvido, Benjamin retorna ao interior com a perspectiva de filmar, na fazenda do coronel Audálio Tenório, pela primeira vez, uma vaquejada. A visão do árabe, realmente, era muito boa, ele conseguia ver além do presente. O coronel determina que o evento ocorra em novembro daquele ano, 1937. Mandam avisar seus amigos, fazendeiros, familiares, vaqueiros e outras pessoas que ficam sabendo os quais chegam aquela data a pequena Vila do Pau Ferro, que estava totalmente ornamentada, a caráter, para aquela ‘Festa de Apartação’. Entre os convidados estavam figuras ilustres da força pública de Pernambuco e Alagoas, sendo do primeiro o coronel João Nunes e do segundo, o major José Lucena.


O coronel Audálio Tenório era um homem com uma estatura de 1:80 metros, apresentando-se em cima de uma montaria de pelo branco, saúda a todos e dá as boas vindas aos vaqueiros que participarão da ‘apartação’. “... os oitenta vaqueiros ouvem a saudação de um coronel Audálio montado em quartau branco impecável, metido nos couros dos pés à cabeça, traje completo de campeador das caatingas. Quebrando no chapéu de couro rebatido, no guarda-peito, no gibão, nas perneiras, nas luvas, nas esporas de prata do finado coronel Chico, seu pai, nas botinas vermelhas de couro de veado e na ligeira, passada no punho a modo de peia-de-mão.” (MELLO, 2012)

A presença de Lucena deixa o árabe um pouco preocupo e apreensivo, no entanto, balança o dedo pra cima e registra momentos magníficos e eternos para a história, os quais saem em edições futuras do Diário de Pernambuco. Após esses registros, Benjamin fará novamente registros inéditos nas terras da fazenda Barra Nova, do coronel Audálio, e onde se realizou a festança de gado. Botto consegue filmar vaqueiros correndo atrás de ‘barbatões’ e novilhas na mata da Mata Branca. De volta à pequena Vila, onde os comes e bebes eram servidos durante quase toda a noite, Calliu marca mais um momento para posteridade, registra o coronel Audálio Tanório, um dos maiores acoitadores de Virgolino Ferreira, o cangaceiro Lampião, a desfilar de braços dados por entre as ‘ruas’ improvisadas pelas barracas com um de seus maiores inimigos em território alagoano, o major José Lucena, os quais, ainda estavam ladeados pelo coronel João Nunes e o fazendeiro Gerson Maranhão, esse último parente de Lucena.


Quem organizou as barraquinhas para venda de comidas e bebidas havia sido Benjamin Abrahão. O coronel Audálio havia fornecido a grana para que o árabe pudesse comprar a comida e as bebidas a serem vendidas na festa, além de ter emprestado dinheiro para a compra dos filmes e outras coisas. A festança é ótima para os participantes, porém, para Benjamin não o fora. O apurado não chega, nem de longe, com a quantia que tinha que pagar ao coronel. Pela quantidade de transeuntes, participantes, o árabe chega a desconfiar do pessoal que estava auxiliando ele. Num momento crítico, chama um deles de ladrão. Era um homem de cara dura e marcada com sequelas de bexiga que tinha vindo da região de Mariana e, acusando-o de ter-lhe roubado o apurado, ou parte deste, arranja mais um inimigo perigoso, pois era uma ofensa imperdoável nas quebradas do sertão nordestino. Pois bem, o patrono do evento festivo manda chamar o aventureiro árabe e cobra-lhe o que havia lhe emprestado. Sem ter saída, Botto pede alguns dias ao coronel para ir à Capital, Recife, levantar e trazer a quantia devida.


No Recife moravam vários parentes de Benjamin, no entanto, acreditamos por já terem levado calote, não emprestam nem um réis a ele. O sírio está mais do que apertado, pois havia determinado uma data para vir e prestar contas, pagar, ao coronel e resgatar as promissórias assinadas. Em vez disso, passa a adiar o pagamento referindo que arranjará emprestado com seus amigos em Juazeiro do Norte, CE. Nada feito, ninguém estava doido para emprestar dinheiro e perde-lo. Logicamente o coronel deu-lhe um ultimato, colocando sua vida em risco. Mais um grande inimigo que o aventureiro sírio acabava de arrumar, e esse de peso pesado.

Lampião, com a determinação de Getúlio Vargas, ver as portas se fecharem. Sem o apoio dos fornecedores nenhum grupo de bandoleiros sobreviveria por muito tempo.


A divulgação das imagens do bando feita por Benjamin havia agitado, e muito, as autoridades em cada Estado nordestino. Planos novos foram feitos e ações novas foram determinadas quanto aos colaboradores. Alguns correram e entraram no meio do mundo, outros foram presos, muitos mortos e uma boa parte muda de lado. A vida de cada um estava em jogo. E a grande e eficiente malha formada pelo “Rei do Cangaço” começa a se quebrar em vários pontos. O fim do cangaço estava se aproximando. Nos meses subsequentes, Virgolino, por medida de segurança e cautela, mantem-se mais no Estado sergipano. Certa feita, conversando com o cangaceiro Candeeiro, na ocasião um daqueles que fazia sua guarda pessoal, referindo-se a Benjamin, detona: “- Ele foi falso comigo, levando de mim para contar aos oficiais.” Virgolino acreditava que Botto o havia traído. Além dessas imagens na pequena Vila de Pau Ferro, no município de Aguas Belas, PE, onde aparece o major Lucena e da divulgação, através da venda, de suas imagens, ele consegue registros inéditos e históricos em Jeremoabo, BA, e outros lugares, de comandantes inimigos ferrenhos de Lampião, como a imagem do comandante Manuel Flor, o tenente Zé Rufino e outros.


Sabedor de que o retratista encontrava-se na vila de Pau de Ferro, Virgolino levanta acampamento em Sergipe e vai em direção a Pernambuco via Alagoas. No dia anterior ao do assassinato de Benjamin, Lampião encontrava-se acampado há mais ou menos 9 km, légua e meia, de onde se encontrava o árabe.

Segundo o sociólogo/pesquisador/professor e escritor Frederico Pernambucano de Mello, nas entrelinhas do livro “Benjamin Abrahão - Entre Anjos e Cangaceiros”, 1ª edição, o sírio teria feito, ou tentado fazer chantagem com algum coronel coiteiro de Lampião, o coronel Audálio por exemplo, devido a localidade em que se encontrava ou algum outro de seus colaboradores de renome na sociedade, por ter informações secretas sobre ele e o cangaceiro: “A pelo menos um amigo revelou não ter levantado sequer a metade do dinheiro que tinha de pagar, mas que estava pensando em cotar a peso de ouro o seu silêncio, depois das semanas de convívio no bando de Lampião em 1936. Em que se assenhoreara de informações tanto mais delicadas quando mais incômoda se mostrava para a elite sertaneja a situação de suspeita generalizada em que estava mergulhando o país.” O escritor refere-se ainda ao ‘aventureiro’ como “o colecionador de inimizade”.


Quando estava na Vila de Pau Ferro, Benjamin costuma se alojar numa pensão. Dessa vez dividia um quarto com o amigo Antônio Paranhos, aquele que arranjou os seis auxiliares para venda das imagens dos cangaceiros, que não sai do quarto. Benjamin troca de roupas e vai passear nas ruelas da Vila. Benjamin era um namorador nato. Citam alguns autores que ele estava apaixonado por uma mulher casada, por isso a insistência de permanecer num local tão perigoso para ele. Encontrando com alguns conhecidos, vão para um boteco tomar cervejas. O tempo passa e a noite cobre com seu manto negro aquela pequena povoação no interior pernambucano. Após o ocaso algumas luminárias são acesas através da força elétrica de um gerador. Algum tempo depois, Botto despede-se dos conhecidos e ruma no sentido da pensão. Após dobrar uma esquina, as luzes são apagadas, algum defeito no gerador? Talvez. Porém, para o que ocorreu em seguida, notadamente, o motor foi desligado. Estando o vilarejo em total escuridão na noite do dia 7 de maio de 1938, de repente alguém começa a gritar, pedindo socorro, por estar sendo esfaqueado. Na sequência, em fez de escutar-se pedidos de socorro, passasse a escutar gemidos de dores, os quais vão diminuindo até sumirem por completo. O amigo de Benjamin, Antônio Paranhos, logo após as luzes terem se apagado, passa a escutar alguém pedindo socorro. Reconhecendo o timbre da voz, tem certeza de que se trata do amigo sírio. Rapidamente deixa a pensão e vai ao sentido em que os gritos o levam, no entanto, antes de chegar perto, das sombras vem uma voz que lhe diz: “-Arreda, cabra, que é encrenca!” (MELLO, 2012)


Imediatamente Antônio, sabidamente, retorna para o quarto da pensão e fica a esperar ouvir ou saber de alguma coisa. A noite é longa. As horas não passam e a ansiedade aumenta. Só quando o dia amanheceu é que se começa a escutar um zom zom danado vindo de algum local na vila. Havia um paraplégico, José Rodrigo Lins, conhecido pela alcunha de Zé de Rita, que morava ali perto. Os moradores se dirigiam para a casa desse paraplégico, pois lá, dentro da casa, encontrava-se um corpo inerte, de barriga para cima, com 42 punhaladas no corpo, era o aventureiro árabe que um dia foi secretário do Padre Cícero. O deficiente físico era casado com dona Alaíde Rodrigues de Siqueira, e foi por ela que o sírio havia se apaixonado. Segundo autores, essa paixão jamais foi correspondida.

Além de ter um defeito físico, vemos, notamos que Zé de Rita aparentava ter outro problema de saúde, alguma coisa não batia bem em seu cérebro, ao lermos a cena descrita pelo pesquisador Pernambucano de Mello: “A um canto, sobre um tamborete, Zé de Rita se mantém impassível, pernas encolhidas, pés sobre o tampo, comendo o tutano que retira lentamente de um osso grande, lambendo dedo a dedo, parecendo fora de si. “Mais vida tivesse, eu matava”, repete sem cessar.” Com certeza não era só de defeito físico que o coitado Zé de Rita sofria. Agora o mais incrível, é que esse cidadão, paraplégico e com problemas mentais, é considerado o matador de um homem forte, novo, saudável e de um porte físico acima de mediano.

“A 17 de maio, passados somente dez dias da ocorrência, o delegado corre a se livrar da batata quente: fecha o inquérito policial no segundo distrito de Águas Belas, apontando nominalmente o casal como responsável único pelo homicídio, segundo noticia o Diário de Pernambuco de 19, renovando o lamento pela perda do “nosso colaborador especial” que fizera constar do registro de morte, saído na edição de 10, com direito a fotografia.

O delegado joga o jogo das aparências forjadas. Que mais lhe restava fazer ante um assassinato de desvendamento impossível nas circunstâncias, a unir em sorte comum o policial de ontem ao historiador de hoje?

No sétimo dia da tragédia, absolutamente só, o padre Nelson de Barros Carvalho reza a missa pela alma da vítima. Ele e Deus. Nem o coroinha dá as caras na capela.” (MELLO, pg.272 a 273, 2012)

Evidentemente que, sabedores do possível mandante do crime, a população não se arriscou para ir, pelo menos rezar, por aquele aventureiro de outras terras... nas quebradas do sertão pernambucano.
Fonte/foto “Benjamin Abrahão – Entre Anjos e Cangaceiros” – MELLO, Frederico Pernambucano de. 1ª Edição, São Paulo, 2012

cariricangaco.com
O Canto do Acauã – FERRAZ, Marilourdes. 4ª Edição Revisada e Atualizada. Recife, 2012.


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"CANGAÇO CAMPINA GRANDE 2019"


Por Aderbal Nogueira

Palestrante Jairo Oliveira
Mais uma produção Aderbal Nogueira


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DEPOIMENTO DE SILA RIBEIRO

Por Aderbal Nogueira

DEPOIMENTO: Ilda Ribeiro de Souza, a ex cangaceira "Sila".

O verdadeiro nome da cangaceira "Sila", aquele de registro, era: Hermecília Brás São Mateus.

Participação: Daniel Lins - Professor da Universidade Federal do Ceará
Assuntos abordados: "Entrada no cangaço - Zé Sereno, Luis Pedro e Neném - Primeiro tiroteio e morte de Neném - A revolta de Luis Pedro - Encontro com Lampião - Como era Lampião - Reencontro com Adília - Rio São Francisco - Combate em Angico"

Mais uma produção Aderbal Nogueira Laser/vídeos.

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