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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

NOVA DIRETORIA DO IHGP-INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PAJEÚ


Nova diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú - IHGP 
para o triênio 2019 a 2022.
 Presidente Augusto Martins ; 
Vice Presidente Louro Teles, 
Primeira Secretária Cecília Sousa, 
segunda secretária Zenóbia tesoureiro Danilo.

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VALDIR NOGUEIRA OU A GRATIDÃO PELA AMIZADE POR:RANGEL ALVES DA COSTA


Valdir José Nogueira, talvez somente Ariano Suassuna para descrevê-lo assim de relepada, quando o mestre armorialista diria: “Olhe no homem a pedra em seu estado de pedra, no silêncio e na mansidão do tempo, no seu estado de sol e de chuva, e no seu lodo encobrindo segredos. Mas tente se aproximar da pedra, falar com a pedra, aprender com a pedra. E terá uma pedra que é um reino de humildade, de simplicidade, de conhecimento e de sabedoria. Assim é Valdir, o belmontense, o guardião da Pedra do Reino, dos segredos do Castelo Armorial, o olhar dos casarões antigos e avivados na cor, o jardineiro das pedras portuguesas e o estandarte da cavalaria, dos bacamarteiros e de toda a cultura brotada em seu imenso Pajeú”.

O prazeroso destino me fez chegar a Valdir Nogueira durante o Cariri Cangaço Belmonte, em outubro do ano passado. O evento parecia somente ele. A voz do evento parecia somente a dele. Tudo se fazia perante sua presença, orientação e guia. Homem de estatura mediana, de gestos despreocupados e ao mesmo tempo atentos a tudo ao redor, de calmaria em mar bravio, de palavras profundas e desapressadas, numa ser de simplicidade difícil de ser encontrada. Um chapéu na cabeça, óculos moldurando um olhar de águia. Acessível, de mão estendida e sorriso estampado e, de repente, um amigo. Um grande amigo.

Augusto Martins, Manoel Severo e Valdir Nogueira

Algumas ligeiras informações. Valdir Nogueira, filho de Pedro Andrelino Nogueira e Aliete Moura Nogueira, é escritor, historiador, professor, palestrante, com profunda atuação na Secretaria Municipal de Turismo de Belmonte, membro da Associação Cultural Pedra do Reino, Conselheiro Cariri Cangaço, dentre outras atividades. Enquanto historiador apresentou estudos sobre os coronéis belmontenses, sobre a saga dos Pereira e dos Carvalho, a valentia de Quelé do Pajeú, sobre a Lendária Casa de Pedra, acerca do Capitão Luiz Mariano da Cruz, sobre o Movimento Sebastianista, sobre as Memórias do Antigo Casarão e a Morte do Coronel Gonzaga, sobre a História de São José do Belmonte, e muito mais.

Desde aquele Cariri Cangaço que Valdir Nogueira começou a despertar minha atenção e curiosidade. Ora, seu conhecimento histórico e cultural poderia levá-lo ao pedestal daqueles que se acham diferenciados pelo saber. Mas quem avista e dialoga com Valdir encontra um conhecido de soleira da porta ou de pé de balcão. O contexto cultural no qual está envolvido, num emaranhado de ricas e preciosas informações, bem que poderia torná-lo como aquele indivíduo que só tem tempo para o acúmulo do que interessa. Mas Valdir procurar compartilhar, de forma sucinta e inteligível, toda informação recolhida nas suas andanças, nos seus olhares, no seu sentimento de historiador do singelo e do grandioso.

 Jorge Figueiredo, da cidade Baiana de Entre Rios, Valdir Nogueira, da cidade pernambucana de São José de Belmonte, João Tavares Calixto Junior, da cidade cearense de Juazeiro do Norte, Manoel Belarmino, da cidade sergipana de Poço Redondo; , Quirino Silva, da cidade paraibana de João Pessoa e , empossados como Conselheiros Cariri Cangaço na noite de abertura da festa de 10 anos, 24 de julho de 2019 em Crato

Dificilmente alguém vai se preocupar com as pedras portuguesas antigas cimentadas nos belos casarões belmontenses. Dificilmente alguém se orgulha tanto com o que convive como Valdir. Peça-lhe para falar sobre Ariano Suassuna, sobre a Pedra do Reino encravada em Belmonte, sobre João Antônio, João Ferreira e demais personagens daquela saga de fanatismo, loucura e sangue. Valdir é sebastianista, é armorialista, é um livro de Ariano. Valdir é o guardião dos mistérios e segredos da Serra do Catolé. Creio que Valdir seja o próprio Quaderna narrando a epopeia de seu povo e de sua terra.

Por tudo isso - e muito mais - eu aprendi a devotar admiração especial por Valdir Nogueira. Meu leitor em alguns textos que publico, igualmente sabedor de minha escrita engajada com a cultura e a história sertaneja, ele bem sabe que muito nos aproximamos na apreciação das singelezas da vida. Então de repente faz surgir de sua boca uma nostalgia encantadora: “Hein Rangel, vai fumar um cigarrinho em deforete?”. Para depois lembrar que deforete é um termo interiorano para indicar descanso ou folga. Mais adiante se volta pra mim e diz: “Viu Rangel, aquele senhor na madorna no sombreado da igreja?”. E repliquei: “Só você Valdir, para aparecer agora com essa madorna!”.
E de sua boca vão saindo pérolas e preciosidades já fora do alcance e do entendimento moderno. E de sua presença aquele sopro de vento bom e de sombreado debaixo de frondosa árvore. Abraço-te, amigo Valdir!

Rangel Alves da Costa, Pesquisador, Poeta e Escritor 
Conselheiro Cariri Cangaço ; Poço Redondo, Sergipe
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MONTADO NA HISTÓRIA SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.189
SERROTE DO CRUZEIRO. (FOTO: B. CHAGAS).

Santana do Ipanema, Alagoas, tem como principal bairro o do Monumento. O Bairro do Monumento ganhou o título, após a inauguração da igrejinha/monumento, construída pelo padre Capitulino para marcar a passagem do século XIX para o século XX. Tempos depois, o seu altar recebeu a imagem de Nossa Senhora da Assunção, vinda de Portugal. Os seus degraus ganharam notoriedade quando serviram para expor as cabeças de onze cangaceiros, inclusive, a de Lampião e de Maria Bonita, em 1938. Quanto ao padre Capitulino, era filho de Piaçabuçu, município do baixo São Francisco. Foi prefeito de Santana, chegando a substituir interinamente o governador Fernandes Lima. Nesse cargo, elevou à cidade a vila de Santana.
Mas, mesmo sendo uma igrejinha, muitas vezes era esquecida como tal por turmas de desocupados. Os marmanjos sentavam-se nos seus degraus, escorados com as costas na porta da igreja, abriam as páginas das fofocas e da pornofonia e mulher nenhuma que passasse por ali estaria livre das maledicências. Por isso mesmo, certo padre resolveu extirpar os desavisados daqueles degraus, colocando em torno dos batentes, grade de proteção. Tempos depois, as grades foram retiradas, mas retornaram. Nem sabemos atualmente, se a igrejinha/monumento está com grades ou sem grades. A pintura do prédio está sempre em dia com suas paredes limpas acompanhando a evolução da Praça Adelson Isaac de Miranda, antes Praça da Bandeira, onde se acha encravada.
Outro marco, porém, de passagem de século (XIX – XX) foi erguido na cidade. Um cruzeiro de madeira que foi fincado no antigo morro da Goiabeira, monte que circunda a urbe na parte sul. Logo depois, o morro da Goiabeira passou a ser denominado serrote do Cruzeiro. Aproximadamente, nos anos sessenta, o cruzeiro de pau foi substituído por outro semelhante e pintado de azul.
No final do século XX, novo marco de passagem de século foi construído e desta feita, na entrada do Bairro São Vicente. Trata-se do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, erguido pelo pároco Delorizano.
Achamos que os três marcos deveriam ser tratados como pontos turísticos.
Sei lá.

DIÁRIO DE UM BAJULADOR

*Rangel Alves da Costa

Vou escrever com prudência, com o máximo de cautela, pois com esse povo é preciso muito cuidado. Mas que povo é esse que merece tanta atenção e vigilância? Logicamente aquele cujo diário, mais adiante transcrito, é tema destes rabiscos: o bajulador, aqueles mesmo tão conhecido puxa-saco, adulador, sabujo, baba-ovo, o mais rele dos serviçais. Muito cuidado porque tudo o que aqui estiver escrito, logo ele vai soprar no ouvido daquele que lhe sustenta com cusparada na cara. E para o seu máximo prazer.
O bajulador não é flor que se cheire, já dizia o jardineiro que perdeu o emprego por causa de um puxa-saco. Correu para dizer à esposa do prefeito que o cuidador de flores dizia ter a flor mais bela que o seu jardim. Não deu outra. No dia seguinte estava desempregado. Mas voltando ao cuidado, isso é verdade. Falar sobre bajulador corre-se até o risco de ele ir rastejando até o seu bajulado e segredar que o assunto destas linhas é falando mal dele. Triste ofício, o da bajulação.
Tal é o contentamento da bajulação que tudo faz sem pensar noutro proveito senão o de agradar o bajulado. Falar mal de um chefinho a um adulador é comprar briga feia. Uma das principais características do puxa-saquismo é esquecer-se de si mesmo para viver em função do outro. Na defesa, no ataque, na mentira, na falsidade, seja de que modo for, o que importa ao puxa-saco é revestir-se de um escudo para que nada atinja seu protegido. Nem que para tal exponha sua pouca vergonha, seu descaramento, sua desonra e seu mau-caratismo. O pior, contudo, é que o bajulador – tão cego que é no seu desavergonhado ofício, nunca se arrepende do que faz. E que fazer sempre mais, de modo a ser olhado pelo bajulado.


Mas um se arrependeu. Isso mesmo, e coisa dificílima de acontecer, mas um bajulador se arrependeu de tanto afagar e defender imprestáveis pela vida afora. Um dia, depois de tanto levar segredos e mentiras, de tanto ajeitar colarinhos e braguilhas, de tanto abrir portas e limpar sapatos com as mãos, de tanto arrastar cadeiras e colocar docinhos em bocas podres, resolveu abdicar de disso tudo. E fez mais, pois, num rompante jamais esperado num ser de tão desonrado percurso de vida, começou a escrever um diário narrando seu lixo existencial. Coisas assim:
“Somente hoje, depois de tanto me submeter aos poderosos, aos políticos e a todo aquele que estivesse acima de mim, é que passei a ter a amarga compreensão do que sejam termos como lambe-botas, subserviente, escova-botas, baba-ovo, cachorro de aluguel, leva-e-traz, gabador, sabujo, e tantos outros indignos de um ser humano que minimamente se respeita. Contudo, é a certeza de já ter sido qualificado como puxa-saco, que é a designação mais conhecida de todas, que ainda me deixa assim como um verme sendo pisado por solados imundos. Agora me sinto arrependido, mas no passado certamente até me glorificando por tão desprezíveis atitudes.
Lembro-me bem, comecei a bajular ainda meninote, enquanto brincava de bola na rua com outros meninos. Havia um filho de um rico que chutava a bola bem pra longe já sabendo que eu ia correndo buscar. Às vezes, chutava a bola no meu rosto só para me ver sorrindo de alegria e contentamento. Quando o pai desse menino chegava com seu carrão, então lá ia eu tirar minha camisa para afastar todo o pó que houvesse. Os outros meninos de minha idade começaram a me chamar de mariazinha, de adulador, mas eu nem sabia ainda o seu real significado.
Fui crescendo e não mudei. Não podia ver alguém importante, rico, todo bem vestido, que eu me aproximava para agradar. Dava os parabéns por nada, tecia elogios sem motivo algum, passava a mão pela roupa como se estivesse fazendo alguma limpeza. Mas foi numa campanha política que essa minha má atitude passou a tomar contornos de safadeza mesmo. Como se tratava de disputa, eu tudo fazia para ouvir e saber o que se passava do outro lado e em seguida correr para contar. Pensava que ele colocaria a mão no bolso para retribuir as informações, mas nada disso acontecer. O que eu ouvia eram promessas: Se eu ganhar não vou me esquecer de você!


O candidato ganhou, mas eu nunca fui lembrado. Então, raivoso, passei a ser puxa-saco da oposição. É triste dizer isso, mas estar lambendo botas de um num dia e no outro já estar ajeitando o colarinho de outro, não é fácil. Mas eu me submetia a isso como se fosse um destino meu: viver para bajular. Um dia, enfim, meu candidato foi eleito e me vi esfuziante. Pobre de mim! Não fui contratado, mas recebendo ‘por fora’ uma mixaria para o exercício do lastimoso ofício. Defendia o meu prefeito muito mais que meu pai e minha mãe. Quando ouvia alguém falando mal de sua administração, eu não só corria para dizer como rebatia na hora. Peguei brigas feias dizendo que nem gente ele era, mas um santificado.
Arrependi-me de tudo isso. Nunca ganhei nada com a bajulice, apenas inimizades. Um dia, já cansado de tudo, procurei saber se existia algum centro de Bajuladores Anônimos. Ora, eu tinha certeza que a adulação desmedida, compulsiva, era uma doença e que precisava ser tratada. Mas não encontrei. De vez em quando, é verdade, me dá uma vontade danada de ir novamente adular alguém. Mas tudo faço para evitar mais esse gole”.

Escritor
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FAMÍLIAS NA POLÍTICA ALAGOANA DO SÉCULO XX – (8) TORRES

Casa do Barão de Água Branca


Por Ticianele em partidos Personalidades

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Barão de Água Branca e sua família
A participação da família Torres na política alagoana se dá inicialmente a partir do município de Água Branca, no sertão alagoano.
A sesmaria que deu origem ao local pertencia ao coronel Faustino Vieira Sandes, que nasceu em 1680 e faleceu em 1760 na cidade que ajudou a criar e onde constituiu família.
Nos primeiros anos do século XVIII chegou para morar em Água Branca o jovem Theotônio Vitoriano de Siqueira Torres. Nascido no ano de 1784 em Cimbres, Pernambuco, logo casou-se com uma das netas do coronel Faustino Vieira Sandes.
Gertrudes Maria da Trindade Vieira Sandes era filha de Faustino Vieira Sandes (filho) e Maria da Conceição. Tiveram dez filhos, entre eles Joaquim Antônio de Siqueira Torres, que viria a ser o Barão de Água Branca.
Theotônio chegou a capitão da Guarda Nacional e faleceu aos 51 anos de idade em 12 de janeiro de 1835. Gertrudes viveu até o dia 2 de janeiro de 1860.

O Barão

Barão de Água Branca
Joaquim Antônio de Siqueira Torres nasceu no dia 8 de dezembro de 1808 e faleceu no dia 29 de janeiro de 1888. Fez-se um próspero empresário atuando na agropecuária e no comércio, o que lhe rendeu a projeção para ser indicado como chefe político do Partido Liberal e assumir o comando da Guarda Nacional no município, ocupando o posto de capitão e depois de tenente-coronel.
O seu primeiro casamento foi com Joaquina Vieira Sandes. Tiveram três filhos: Severino Pompeu de Siqueira Torres, Minervina de Siqueira Torres e Joana de Siqueira Torres. Joaquina faleceu precocemente.
Quando viúvo, e antes de casar-se novamente, foi pai do padre Joaquim Antônio de Siqueira Torres, o Padre Quincas, que cursou o seminário em Minas Gerais e voltou para Pernambuco. Faleceu aos 76 anos em Recife no dia 13 de julho de 1918.
No segundo casamento, com sua cunhada Joana Vieira Sandes — irmã mais nova de Joaquina —, tiveram os seguintes filhos: Misseno de Siqueira Torres; padre Cícero Joaquim de Siqueira Torres; juiz de direito Miguel Arcanjo de Siqueira Torres; Manuel Vieira de Siqueira Torres; engenheiro geografo, deputado e senador estadual Antônio Vieira de Siqueira Torres; capitão da guarda nacional Alexandre Vieira de Siqueira Torres; engenheiro Luiz Vieira de Siqueira Torres, que também foi senador federal e vice-governador do estado de Alagoas; Brandina Vieira de Siqueira Torres; Manoel Antônio Firmino de Godoy e Cecilia Dourado.
Joana Vieira Sandes nasceu em Água Branca no dia 30 de dezembro de 1830 e morreu no dia 27 de dezembro de 1923, com 93 anos de idade.
Um dos maiores feitos de Joaquim Antônio de Siqueira Torres foi a construção da Igreja Matriz de Água Branca. Avalia-se que gastou parte considerável de sua fortuna para erguer um dos mais belos templos do país.
Esse desprendimento foi reconhecido pelo imperador D. Pedro II, que lhe concedeu, pelo Decreto Imperial de 15 de novembro de 1879, o título de barão, e do Papa Leão XIII recebeu a comenda da Ordem de São Gregório Magno.

Políticos

Baronesa de Água Branca
Mesmo exercendo forte liderança política na região, Joaquim Antônio de Siqueira Torres nunca exerceu mandato eletivo. Essa tarefa foi desempenhada por alguns dos seus filhos e posteriormente por seus descendentes.
O engenheiro Luiz Vieira de Siqueira Torres foi um dos filhos que alcançou maior projeção política. Nascido em Água Branca no dia 15 de maio de 1864, foi eleito deputado estadual nas legislaturas 1897-98; 99-1900; 1915-16 e 19-20. Depois foi eleito senador estadual, de 1921 a 1922.
Em abril de 1924 tomou posse como senador federal, ao mesmo tempo que era escolhido como o vice-governador do Estado na chapa vitoriosa de Costa Rego, que comandou Alagoas de 12 de junho de 1924 a 7 de junho de 1928.
Renunciou ao mandato de senador para assumir o cargo de vice-governador e foi substituído em 21 de outubro de 1924 por José Fernandes de Barros Lima. Faleceu no dia 10 de junho de 1928, três dias após concluir o mandato.
Antônio Vieira de Siqueira Torres também teve passagem pela política, sendo eleito senador estadual para o mandato de 1929 a 1930. Antes, em 1916, seu nome é citado como o presidente do conselho Municipal de Água Branca.

Os filhos de Fernandes Torres

José Fernandes Torres, neto do Barão de Água Branca
Miguel Arcanjo de Siqueira Torres, um dos filhos do Barão, casou-se com Stella de Lemos Fernandes Torres, oriunda de Penedo. Um dos filhos deste casal foi José Fernandes Torres, que contraiu matrimônio com Iracema Vilar Torres, nascida em Mata Grande e filha de Linduarte Batista Vilar, também uma forte liderança política na região.
Fernandes Torres foi eleito vereador e no início dos anos 50 se desentendeu politicamente com o sogro, também vereador, havendo enfrentamentos violentos entre os grupos, com tiroteios ocorrendo na feira livre da cidade.
Para não ser assassinado, deixou Água Branca e foi trabalhar como gerente da fábrica de tecidos de Rio Largo, levado por seu irmão Miguel Torres, que era casado com Hylza Paiva, irmã de Arnaldo Paiva, prefeito de Rio Largo.
Vítima das perseguições do governador Arnon de Melo ao prefeito Arnaldo Paiva — também um dos proprietários da fábrica de tecidos —, José Fernandes Torres, em abril de 1954, foi preso e acusado de latrocínio, ficando três dias detido na penitenciária de Maceió. Depois foi solto sem maiores explicações.
No Natal de 1955, já sabendo que o candidato de Arnon de Melo havia sido derrotado por Muniz Falcão, que assumiria o governo do Estado dias depois, Fernandes Torres resolveu voltar a morar em Água Branca, mesmo sendo aconselhado por Arnaldo Paiva a esperar a posse do novo governador e a nomeação de um delegado de polícia que garantisse a sua vida.
No mesmo dia que chegou à sua fazenda, quando ainda fazia a mudança da família, o local foi cercado por pistoleiros que disparavam contra os moradores. Houve revide e os agressores deixaram a fazenda. Acreditando que já não corria riscos, Fernandes Torres foi até a varanda da casa, quando foi alvejado mortalmente por um atirador que permaneceu escondido entre os arbustos.
O jornal Diário de Pernambuco de 28 de dezembro de 1955, ao noticiar o crime, insinuou o nome dos culpados: “Fala-se que são participantes do crime, Linduarte Vilar, sogro da vítima, e o delegado Batistinha, acompanhados de vários capangas. As famílias Torres e Vilar há muito tempo são inimigas”.
Entre os dez filhos de Fernandes Torres, alguns enveredaram pela política.
São eles:
Roberto Vilar Torres
Roberto Vilar Torres nasceu em Água Branca no dia 29 de agosto de 1938, filho de José Fernandes Torres e de Iracema Vilar Torres, e seu primeiro cargo eletivo foi o de prefeito de sua cidade natal em 1961, mandato que se estendeu até 1967. Voltou ao cargo quatro anos depois, já filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena).
Conquistou o primeiro mandato de deputado estadual nas eleições de 1978 e em seguida filiou-se Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena. Reeleito deputado estadual para a legislatura 1983-1987, chegou a presidente da Assembleia e por prerrogativa do cargo, assumiu o governo do Estado em diversas vezes.
Após romper com Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira, ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e foi eleito deputado federal constituinte no pleito de 1986, apoiando Fernando Collor para o governo.
Nas eleições de outubro de 1990 foi reeleito para mais um mandato na Câmara dos Deputados. Em 1994, voltou a ser deputado estadual para renunciar em 1996 e assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas (TCE), onde permaneceu até meados de 2008 para, em outubro, concorrer à prefeitura de Água Branca, sem êxito.
Fernando Torres
Fernando José Torres, nasceu em Rio Largo no dia 17 de janeiro de 1952. Formado em Ciências Contábeis pela UFAL, em 1975, teve atuação destacada na Associação de Fornecedores de Cana-de-Açúcar de Alagoas e como gerente-geral das Usinas Reunidas Seresta.
Foi líder do movimento que pleiteou a criação do município de Teotônio Vilela e sua emancipação, em 1986. Neste novo município se tornou prefeito em 1989, concorrendo pelo PMDB. Nas eleições de 1993 foi eleito vice-prefeito, mas teve seu mandato cassado pela Lei de Inelegibilidades. Dois anos depois conquistou o mandato de deputado federal para a legislatura 1995-99, na legenda do PSDB.
José Humberto Vilar Torres, Zeca Torres, nasceu em Água Branca foi eleito deputado estadual pela coligação PMDB-PTB-PC do B e PSC, em 1986, reeleito em 1990 pela coligação PDT/PTB/PMDB/PSC/PFL/PMN/PSDB/PT DO B. Tentou o mandato de deputado federal nas eleições de 1994, sem sucesso.
Mário Augusto Vilar Torres foi prefeito de Rio Largo de 1989 a 1992.

Mais Torres

Zeca Torres
Eustáquio Apolinário Rabelo Pereira Torres, advogado, mais conhecido como Coronel Apolinário Rabelo, nasceu em Viçosa em outubro de 1832 e faleceu em fevereiro de 1910. Foi deputado provincial nas legislaturas 1860-61 (3º círculo), 70-71 ( 1º distrito), 72-73; 74-75; 76-77; 78-79; 82-83; 84-85; 86-87 e 88-89.
Era dirigente do Partido Conservador. Foi ainda senador estadual nas legislaturas 1891-92; 93-94 e 95-96, e o primeiro intendente constitucional de Viçosa e coronel-comandante superior da Guarda Nacional.
Outro Torres de Viçosa com participação política foi José Evilásio Torres. Nasceu no dia 20 de setembro de 1908. Era filho de Sebastião Cardoso Torres e Laura Fragoso Torres.
Foi deputado federal e estadual, secretário de Estado, funcionário público, advogado, jornalista e professor. Prefeito  de Viçosa (1931-1934 e 1945). Deputado estadual nas legislaturas 1935-37 e 47-51. Como suplente de Deputado Federal, pelo PST, assumiu na legislatura 1951-55.
América Fernandes Torres, neta do Barão, filha de Miguel Arcanjo de Siqueira Torres e Stella Fernandes Torres, nasceu em Água Branca no dia 10 de novembro de 1905.
Destacou-se em seu município como professora primária e diretora do Grupo Escolar de Água Branca. Em 1965, escolhida para comandar sua terra, foi a primeira mulher eleita prefeita do Estado de Alagoas. Era filiada ao Partido Social Democrático (PSD). Faleceu em Água Branca no dia 12 de março de 1988.
Mário Fernandes Torres foi deputado estadual (PST) na legislatura 1951-55. Nas eleições seguinte tentou manter o mandato já no PSD, mas ficou como suplente.
Cícero Siqueira Torres conquistou dois mandatos de deputado estadual. Um na legislatura 1959-62, pelo PSP, e outro na legislatura 1963-66, pelo PL.
Miguel Torres Filho também foi deputado estadual por duas legislaturas, na de 1947-50 pelo PSD, e pela ARENA, na legislatura 1967-70.
Diney Soares Torres nasceu em São Miguel no ano de 1925 e faleceu no dia 5 de junho de 1999. Foi deputado estadual (MDB) na legislatura 1967-70. Foi reeleito, pelo PMDB, em 1982 e em 1986 pela Coligação PFL-PDC-PDS. Em 1990 concorreu a deputado federal, ficando na suplência.
Além destes, outros membros da família Torres tiveram mandatos de vereadores e prefeitos no Estado de Alagoas.
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