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terça-feira, 28 de março de 2023

JOÃO BEZERRA VISITA CANDEEIRO

Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=0icwoAf40t8&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Para participar da Expedição Rota do Cangaço entre em contato pelo e-mail: narotadocangaco@gmail.com Seja membro deste canal e ganhe benefícios:    / @aderbalnogueirac...  

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LIVRO

 Por José Bezerra Lima Irmão

Diletos amigos estudiosos da saga do Cangaço.

Nos onze anos que passei pesquisando para escrever “Lampião – a Raposa das Caatingas” (que já está na 4ª edição), colhi muitas informações sobre a rica história do Nordeste. Concebi então a ideia de produzir uma trilogia que denominei NORDESTE – A TERRA DO ESPINHO.

Completando a trilogia, depois da “Raposa das Caatingas”, acabo de publicar duas obras: “Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste” e “Capítulos da História do Nordeste”.

Na segunda obra – Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste –, sistematizei, na ordem temporal dos fatos, as arrepiantes lutas de famílias, envolvendo Montes, Feitosas e Carcarás, da zona dos Inhamuns; Melos e Mourões, das faldas da Serra da Ibiapaba; Brilhantes e Limões, de Patu e Camucá; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas, da Serra do Teixeira; Pereiras e Carvalhos, do médio Pajeú; Arrudas e Paulinos, do Vale do Cariri; Souza Ferraz e Novaes, de Floresta do Navio; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques, os sanhudos de Arapiraca; Peixotos e Maltas, de Mata Grande; Omenas e Calheiros, de Maceió.

Reservei um capítulo para narrar a saga de Delmiro Gouveia, o coronel empreendedor, e seu enigmático assassinato.

Narro as proezas cruentas dos Mendes, de Palmeira dos Índios, e de Elísio Maia, o último coronel de Alagoas.

A obra contempla ainda outros episódios tenebrosos ocorridos em Alagoas, incluindo a morte do Beato Franciscano, a Chacina de Tapera, o misterioso assassinato de Paulo César Farias e a Chacina da Gruta, tendo como principal vítima a deputada Ceci Cunha.

Narra as dolorosas pendengas entre pessedistas e udenistas em Itabaiana, no agreste sergipano; as façanhas dos pistoleiros Floro Novaes, Valderedo, Chapéu de Couro e Pititó; a rocambolesca crônica de Floro Calheiros, o “Ricardo Alagoano”, misto de comerciante, agiota, pecuarista e agenciador de pistoleiros.

......................

Completo a trilogia com Capítulos da História do Nordeste, em que busco resgatar fatos que a história oficial não conta ou conta pela metade. O livro conta a história do Nordeste desde o “descobrimento” do Brasil; a conquista da terra pelo colonizador português; o Quilombo dos Palmares.

Faz um relato minucioso e profundo dos episódios ocorridos durante as duas Invasões Holandesas, praticamente dia a dia, mês a mês.

Trata dos movimentos nativistas: a Revolta dos Beckman; a Guerra dos Mascates; os Motins do Maneta; a Revolta dos Alfaiates; a Conspiração dos Suassunas.

Descreve em alentados capítulos a Revolução Pernambucana de 1817; as Guerras da Independência, que culminaram com o episódio do 2 de Julho, quando o Brasil de fato se tornou independente; a Confederação do Equador; a Revolução Praieira; o Ronco da Abelha; a Revolta dos Quebra-Quilos; a Sabinada; a Balaiada; a Revolta de Princesa (do coronel Zé Pereira),

Tem capítulo sobre o Padre Cícero, Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, o episódio da Pedra Bonita (Pedra do Reino), Caldeirão do Beato José Lourenço, o Massacre de Pau de Colher.

A Intentona Comunista. A Sedição de Porto Calvo.

As Revoltas Tenentistas.

Quem tiver interesse nesses trabalhos, por favor peça ao Professor Pereira – ZAP (83)9911-8286. Eu gosto de escrever, mas não sei vender meus livros. Se pudesse dava todos de graça aos amigos...

Vejam aí as capas dos três livros:


https://www.facebook.com/profile.php?id=100005229734351

Adquira-os através deste endereço:

franpelima@bol.com.br

Ou com o autor através deste:


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FAZENDA INGAZEIRA E SÍTIO PASSAGEM DAS PEDRAS

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=0RkMd2SL41Y&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

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SOU FILHO DE UMA MULHER!

Por José G. Diniz

Sou filho de uma mulher
E sou casado com uma
Minhas irmãs muito soma
Por não ser um qualquer
Faça o que você quiser
Não chega aos pés dela
É meiga, amorosa e bela
Igual não encontrei ainda
Mulher a fêmea mais linda
E feita de uma só costela
Minha mãe foi carinhosa
Sustentáculo na minha vida
Por mim jamais esquecida
Mulher firme e corajosa
Minha lembrança saudosa
Sempre dedico mais a ela
Sinto bastante a falta dela
E ciente que não tem vinda
Mulher a fêmea mais linda
E feita de uma só costela
Toda mulher é para mim
Um símbolo de segurança
Que seja brava ou mansa
Eu vou gostar mesmo assim
Vou cuidar do seu jardim
Vou temperar sua panela
Vou zelar bem sua cadela
Com champanhe ela brinda
Mulher a fêmea mais linda
E feita de uma só costela. 

https://www.facebook.com/josegomesd

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DEUS SOL

Por Hélio Xaxá


Estendo minha alma
Ao deus Sol...
Capto seus raios com
Meu corpo lunar...
Absorvo sua energia
Mãe de toda natureza...
Cura para os ossos
Do esqueleto universal.
Reverencio o Sol...
Adoro o Sol...
Deus de fogo
Eterno no cosmos...
Amo o Sol.
Sou parte do sol
Fagulha desse carvão
Eterno no céu.

https://www.facebook.com/photo/?fbid=1653595195089751&set=a.140271556422130

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DESAFIO DE POETAS - JOSÉ DI ROSA MARIA & RAIMUNDO LIRA

 Por José Di Rosa Maria


Letra: José Di Rosa Maria Voz: José Di Rosa Maria & Raimundo Lira Viola: Francisco Ferreira & José Di Rosa Maria & Raimundo Lira

https://www.youtube.com/watch?v=d6KXxJlyjIs&ab_channel=Jos%C3%A9DiRosaMaria

•Todos os direitos reservado ao autor•

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VILA BELA EM CHAMAS ORIGEM DAS QUESTÕES ENTRE PEREIRAS E CARVALHOS

 Por Luiz Lorena



No início do ano de 1904, assumiu a paróquia de Vila Bela, Monsenhor Afonso Antero Pequeno, culto e bravo sacerdote, filho do Cariri cearense.

Desde o ano de 1901, o sul do Ceará vivia um período de inquietação política, que durou por duas décadas.

Naquele mundo de canaviais, os coronéis alimentados pela rapadura, fizeram valer a força do bacamarte.

Vindo daquele mundo, mais precisamente do Crato, logo que chegou à Vila Bela, monsenhor Afonso Antero Pequeno, pediu às lideranças políticas locais armas, munição e jagunços para ajudar ao primo, o coronel Antônio Luiz Alves Pequeno na luta pela deposição do coronel José Belém de Figueiredo, que na época ocupava o cargo de vice-presidente (vice-governador) do Estado.



O coronel Antônio Pereira, líder da família Pereira, negou-se categoricamente a participar dessa bravata. A família Carvalho concordou com o Monsenhor em tudo e decidiu mandar Antônio Clementino de Carvalho (Antônio Quelé) com um grande contingente armado, tendo à frente o próprio sacerdote.


Iniciado o tiroteio no mês de junho de 1904, só após 55 horas de combate o coronel Belém recuou e fugiu.

O Monsenhor voltou a Vila Bela, trazendo a ideia fixa de derrotar a família Pereira, na eleição municipal do período seguinte. Mais uma vez o Monsenhor foi vitorioso, participou da eleição municipal, elegendo-se prefeito.

Em uma visita que lhe fizera, na cidade de Vila Bela, Antônio Quelé assassinou em praça pública o delegado de polícia Manoel Pereira Maranhão. No júri de Quelé, além do advogado que contratou, o Monsenhor participou pessoalmente da tribuna de defesa.

Os crimes políticos tanto em Vila Bela como no Crato, tornaram-se mais frequentes e mais bárbaros.

Em Vila Bela, seus correligionários mandaram matar de emboscada um patriarca dos Pereira, o ex-prefeito Manoel Pereira da Silva Jacobina, (Foto abaixo).


A frustração perturbava o Monsenhor de tal maneira que renunciou ao mandato de prefeito, entregando o município ao vice, o fazendeiro José Alves da Silveira Lima, com recomendação de proceder com serenidade. Logo depois se transferiu para cidade de Garanhuns, onde faleceu.

Antes, porém, plantou no solo fértil de Vila Bela, a semente do banditismo, a qual resultou na formação de grupos de cangaceiros como os de Sinhô Pereira e Lampião. Daí diz-se que, com monsenhor Afonso, começou a época do obscurantismo no sertão do Pajeú, vigente até 1930.

Do Livro: Serra Talhada 250 Anos de História, 150 Anos de Emancipação Política.
De: Luiz Lorena

Transcrito por José João Souza - Grupo Lampião, Cangaço e Nordeste (Facebook)

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Coronel%20Ant%C3%B4nio%20Luiz%20Alves%20Pequeno

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CRÔNICA FEIRA DE CABEÇAS

 De Aurélio Buarque de Holanda (*)

A Carlos Domingos

Aurélio Buarque de Holanda
IN: http://majellablog.blogspot.com.br/2010/05/mestre-aurelio-na-sua-biblioteca.html

De latas de querosene mãos negras de um soldado retiram cabeças humanas. O espetáculo é de arrepiar. Mas a multidão, inquieta, sôfrega, num delírio paredes-meias com a inconsciência, procura apenas alimento à curiosidade. O indivíduo se anula. Um desejo único, um único pensamento, impulsa o bando autômato. Não há lugar para a reflexão. Naquele meio deve de haver almas sensíveis, espíritos profundamente religiosos, que a ânsia de contemplar a cena macabra leva, entretanto, a esquecer que essas cabeças de gente repousam, deformadas e fétidas, nos degraus da calçada de uma igreja.

Cinco e meia da tarde. Baixa um crepúsculo temporão sobre Santana do Ipanema, e a lua crescente, acompanhada da primeira estrela, surge, como espectador das torrinhas, para testemunhar o episódio: a ruidosa agitação de massas que se comprimem, se espremem, quase se trituram, ofegando, suando, praguejando, para obter localidade cômica, próximo do palco.

Desenrola-se o drama. O trágico de confunde com o grotesco. Quase nos espanta que não haja palmas. Em todo caso, a satisfação da assistência traduz-se por alguns risos mal abafados e comentários algo picantes, em face do grotesco. O trágico, porém não arranca lágrimas. Os lenços são levados ao nariz: nenhum aos olhos. A multidão agita-se, freme, sofre, goza, delira. E as cabeças vão saindo, fétidas, deformadas, das latas de querosene - as urnas funerárias -, onde o álcool e o sal as conservam, e conservam mal. Saem suspensas pelos cabelos, que, de enormes, nem sempre permitem, ao primeiro relance, distinguir bem os sexos. Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luiz Pedro, Quinta-Feira, Cajarana, Diferente, Caixa-de-Fósforo, Elétrico, Mergulhão...

Observem à esquerda, a cabeça de Lampião ainda em cima do caminhão.
Fonte: Livro " Iconografia do cangaço " Ricardo Albuquerque.
Adendo Kydelmir Dantas
O escritor Alcino Alves Costa no seu livro: "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistério de Angico" cita os mortos na chacina de Angico, sendo: Lampião, Quinta-feira, Maria Bonita, Luiz Pedro, Mergulhão, Alecrim, Enedina, Moeda, Elétrico, Colchete e Macela. Segundo vários escritores afirmam que a lista dos mortos na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, a mais correta é a do escritor Alcino Alves Costa.
 
A multidão se acotovela pra ver de perto o espetáculo bizarro
 Fonte: Livro "Iconografia do cangaço" Ricardo Albuquerque.
- As cabeças!

- Quero ver as cabeças!
Há uma desnorteante espontaneidade nessas manifestações.
- As cabeças. Não falam de outra coisa. Nada mais interessa. As cabeças.

- Quem é Lampião?
Virgulino ocupa um degrau, ao lado de Maria Bonita. Sempre juntos, os dois.
- Aquela é que é Maria Bonita? Não vejo beleza...
O soldado exibe as cabeças, todas, apresenta-as ao público insaciável, por vezes uma em cada mão. Incrível expressão de indiferença nessa fisionomia parada. Os heróis de tantas sinistras façanhas agora desempenham, sem protesto, o papel de S. João Batista...

Sujeitos mais afastados reclamam:
- Suspende mais! Não estou vendo, não!

- Tire esse chapéu, meu senhor! - grita irritada uma mulher.
O homem atende.
- Agora, sim.
A pálpebra direita de Lampião é levantada, e o olho cego aparece, como elemento de prova. Velhos conhecidos do cangaceiro fitam-lhe na cabeça olhos arregalados, num esforço de comprovação de quem quer ver para crer.
- É ele mesmo. Só acredito porque estou vendo.
Houve-se de vez em quando:
- Mataram Lampião... Parece mentira!
Virgulino Ferreira, o rei do cangaço, o "interventor do sertão", o chefe supremo dos fora-da-lei, o cabra invencível, de corpo fechado, conhecedor de orações fortes, vitorioso em tantos reencontros, -Virgulino Ferreira, o Capitão Lampião, não pode morrer.

E irrompe de várias bocas:
- Parece Mentira!
No entanto é Lampião que se acha ali, ao lado de Maria Bonita, junto de companheiros seus, unidos todos, numa solidariedade que ultrapassou as fronteiras da vida. É Lampião, microcéfalo, barba rala, e semblante quase doce, que parece haver se transformado para uma reconciliação póstuma com as populações que vivo flagelara.

Fragmentos de ramos, caídos pelas estradas, durante a viagem, a caminhão, entre Piranhas e Santana do Ipanema, enfeitam melancolicamente os cabelos de alguns desses atores mudos. Modestas coroas mortuárias oferecidas pela natureza àqueles cuja existência decorreu quase toda em contato com os vegetais - escondendo-se nas moitas, varando caatingas, repousando à sombra dos juazeiros, matando a sede nos frutos rubros dos mandacarus.

Fotógrafos - profissionais e amadores - batem chapas, apressados, do povo, e dos pedaços humanos expostos na feira horrenda. Feira que , por sinal, começou ao terminar a outra, onde havia a carne-de-sol, o requeijão de três mil-réis o quilo, com o leite revendo, a boa manteiga de quatro mil reis, as pinhas doces, abrindo-se de maduras, a dois mil-réis o cento, e as alpercatas sertanejas, de vários tipos e vários preços.

Ao olho frio das codaques interessa menos a multidão viva do que os restos mortais em exposição. E, entre estes, os do casal Lampião e Maria Bonita são os mais insistentemente forçados. Sobretudo o primeiro.

O espetáculo é inédito: cumpre eternizá-lo, em flagrantes expressivos. Um dos repórteres posa espetacularmente para o retratista, segurando pelas melenas desgrenhadas os restos de Lampião. Original.

Um furo para "A Noite Ilustrada".

Cabeças dos cangaceiros expostas em Santana do Ipanema/AL
Fonte: Livro " Lampião e as Cabeças Cortadas, pg. 204, Antonio Amaury e Luiz Ruben.

Lembro-me então do comentário que ouço desde as primeiras horas deste sábado festivo: - "Agora todo o mundo quer ver Lampião, quer tirar retrato dele, quer pegar na cabeça...Agora..." Há, com efeito, indivíduos que desejam tocar, que quase cheiram a cabeça, como ansiosos de confirmação, por outros sentidos, da realidade oferecida pela vista.

Desce a noite, imperceptível. A afluência é cada vez maior. Pessoas do interior do município e de vários municípios próximos, de Alagoas e Pernambuco, esperavam desde sexta-feira esses momentos de vibração. Os dois hotéis da cidade, literalmente entupidos Cheias as residências particulares - do juiz de direito, do prefeito, do promotor, de amigos dessas autoridades. Para muitos, o meio da rua.

Entre a massa rumorosa e densa não consigo descobrir uma só fisionomia que se contraia de horror, boca donde saía uma expressão, ainda que vaga, de espanto. Nada. Mocinhas franzinas, romanescas, acostumadas talvez a ensopar lenços com as desgraças dos romances cor-de-rosas, assistem à cena com uma calma de cirurgião calejado no ofício. Crianças erguidas nos braços maternos espicham o pescoço  buscando romper a onda de cabeças vivas e deliciar os olhos castos na contemplação das cabeças mortas. E as mães apontam:
- É ali, meu filho. Está vendo?
Alguns trocam impressões;
- Eu pensava que ficasse nervoso. Mas é tolice. Não tem que ver uma porção de máscaras.

- É isso mesmo.
Os últimos foguetes estrugem nos ares. Há discursos. Falam militares, inclusive o chefe da tropa vitoriosa em Angico. Evoca-se a dura vida das caatingas, em rápidas e rudes pinceladas. O deserto. As noites ermas, escuras, que os soldados às vezes iluminam e povoam com as histórias de amor por eles sonhadas - apenas sonhadas... Os passos cautelosos, mal seguros sobre os garranchos, para evitar denunciadores estalidos, quando há perigo iminente. Marchas batidas sob o sol de estio, em meio da caatinga enfezada e resseca, e da outra vegetação, mais escassa, que não raro brota da pedra e forma ilhotas verdes no pardo reinante: o mandacaru, a coroa-de-frade, a macambira, a palma, o rabo-de-bugio, facheiro, com o seu estranho feitio de candelabro. A contínua expectativa de ataque tirando o sono, aguçando os sentidos.

O sino toca a ave-maria. Dilui-se-lhe a voz no sussurro espesso da multidão curiosa, nos acentos fortes do orador, que, terminando, refere a vitória contra Lampião, irrecusavelmente comprovada pelas cabeças ali expostas. Os braços da cruz da igrejinha recortam-se, negros, na claridade tíbia do luar; e na aragem que difunde as últimas vibrações morrediças do sino vem um cheiro mais ativo da decomposição dos restos humanos. Todos vivem agora, como desde o começo do dia, para o prazer do espetáculo. As cabeças!

A noite fecha-se. Em horas assim, seriam menos ferozes os pensamentos de Lampião. O seu olhar se voltaria enternecido para Maria Bonita.

Que será feito dos corpos dissociados dessas cabeças? O rosto de Maria Bonita, esbranquiçado a trechos por lhe haver caído a epiderme, está sinistro. Onde andará o corpo da amada de Lampião? A cara arrepiadora, que mal entrevejo à luz pobre do crescente, não me responde nada.

E Lampião? Sereno, grave, trágico. O olho cego, velado pela pálpebra, fita-me. (1938).

(*) Autor do mais importante dicionário da língua portuguesa publicado no Brasil neste século. Texto do livro esgotado "O chapéu de meu pai, editora Brasília, 1974.
Fonte:
Diário Oficial Estado de Pernambuco
Ano IX - Julho de 1995
Material cedido pelo escritor, poeta e pesquisador do cangaço: Kydelmir Dantas
Pescado no http://blogdomendesemendes.blogspot.com 
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Observação: As fotos  foram inseridas por Ivanildo Silveira para enriquecer ainda mais a excelente matéria.

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VÍTIMAS - POLICIAS MILITARES MORTOS AO TEREM ENFRENTADO CANGACEIROS OU ASSASSINADOS APÓS CAPTURADOS

 

Por Rubens Antonio

Em um tempo em que há quem, na Bahia, pense em colocar nomes de cangaceiros em praça, cabe lembrar estes nomes:

Cabeça do ten PM Geminiano José dos Santos, 
morto e decapitado pelo bando de Lampeão.

1924

11 de outubro de 1924

tenente Joaquim Alves de Souza

1927

14 de fevereiro de 1927

soldado Paulo Sant’Anna

dezembro de 1927

inspetor Norberto Xavier Gomes

cabo desconhecido

soldado desconhecido

1928

6 de abril de 1928

3° sargento Antônio Anacleto de Oliveira

21 de agosto - Passagem de Lampeão à Bahia

21 de dezembro de 1928

3° sargento José Joaquim de Miranda

soldado Francellino Gonçalves Filho

soldado Juvenal Olavo da Silva

1929

7 de janeiro de 1929

soldado José Rodrigues da Silva

soldado Manoel Nascimento Souza

2 de fevereiro de 1929

anspeçada Francisco Estevam do Carmo

soldado Enedino Alves Ribeiro

soldado Francisco Nascimento dos Santos

soldado Lourival Ricardo da Conceição

27 de fevereiro de 1929

anspeçada desconhecido

soldado desconhecido

14 de maio de 1929

soldado Pedro Alves da Fonseca

4 de julho de 1929

cabo Antonio Militão da Silva

soldado Cecílio Benedicto Silva

soldado Leocadio Francisco Silva

soldado Manoel Luiz França

soldado Pedro Sant’Anna

20 de setembro de 1929

soldado Antonio Geraldo de Oliveira

24 de setembro de 1929

cabo João Soares da Silva

21 de outubro de 1929

soldado Olegário Correia da Silva

18 de dezembro de 1929

soldado João Felix de Souza

soldado Vitorino Baldoino Lopes

22 de dezembro de 1929

anspeçada Justino Nonato da Silva

soldado Antonio José da Silva

soldado Arestides Gabriel de Souza

soldado Ignacio Oliveira

soldado José Antonio Nascimento

soldado Olympio Bispo de Oliveira

soldado Pedro Antonio da Silva


Cadáveres de alguns soldados que foram vítimas de Lampião no dia 22 de dezembro de 1929 em Queimadas-BA.

1930

29 de março de 1930

soldado Calixto Eleutério

1 de agosto de 1930

2° tenente Geminiano José dos Santos

2° sargento José de Miranda Mattos

soldado Argemiro Francisco dos Reis

soldado Arnaldo Claudio de Souza

1931

30 de janeiro de 1931

soldado desconhecido

3 de fevereiro de 1931

soldado desconhecido

soldado desconhecido

5 de fevereiro de 1931

soldado desconhecido

24 de abril de 1931

2° sargento Leomelino Rocha

soldado Carlos Elias dos Santos

soldado Francisco dos Santos

soldado José Carlos de Souza

soldado José Gonçalves do Amarante

soldado Pedro Celestino Soares

soldado Saul Ferreira da Silva

9 de maio de 1931

soldado desconhecido

soldado desconhecido

soldado desconhecido

junho de 1931

soldado Antonio José da Silva

28 de agosto de 1931

soldado Francisco Cyriaco Sant'Anna

1932

2 de fevereiro de 1932

soldado Bôaventura Manoel da Silva

1933

20 de julho de 1933

cabo Pedro Luiz de Farias

soldado Antonio Fernandes de Lima

7 de setembro de 1933

soldado José Fernandes

soldado Manoel Bellarmino de Macedo

2 de outubro de 1933

soldado Pedro Emygdio de Oliveira

 

Soldado Pedro Emygdio de Oliveira.

1934

22 de abril de 1934

soldado João Pereira de Souza

1939

23 de maio de 1939

soldado desconhecido

Postado originalmente no Cangaço na Bahia

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