Seguidores

segunda-feira, 25 de março de 2019

NOVO BISPO NAS ALAGOAS

NOVO BISPO NAS ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.078

A cidade de Palmeira dos Índios no agreste alagoano, comemorou com euforia grande festa cristã. Sua Diocese deu ênfase com a revista, edição especial de março/2019, sobre o novo

(FOTO: REVISTA: IGREJA EM AÇÃO).

Bispo que veio dirigir os destinos da igreja na região. Diz um trecho do seu edital: “No auge dos seus cinquenta e seis anos de criação, a Diocese de Palmeira dos Índios abre seus braços e seu coração para acolher seu quinto Bispo Diocesano Dom Manoel Soares Filho. Num abraço que se esboça generoso, vemos, nesse momento marcante da nossa história, a dimensão da catolicidade da Igreja de Cristo, a dinamicidade do apostolado e a graça sempre eficaz de Deus, soprando sempre sobre a Igreja o suave hálito do Espírito Santo que nos impulsiona para frente”.
Diz outro trecho da citada revista sobre sua biografia: “Dom Manoel de Oliveira Soares Filho nasceu em 25 de setembro de 1965, no município paraense de São Domingos do Capim. É o quarto dos dez filhos do Sr, Manoel Ferreira Soares e da Sra. Dolores de Oliveira Soares. Seu pai era agricultor, inclusive, trabalhou na roça com ele até antes de ingressar no seminário. Como não havia igreja nas proximidades da sua casa, ouvia a Missa pelo Rádio e rezava o terço em família.
Quando surgiram as comunidades, engajou-se tanto na Igreja que a Ir. Raimunda Dorilene o convidou para ingressar no seminário Menor Santo Alexandre Sauli, em Bragança – Pará. Cursou Filosofia no Seminário Arquidiocesano São Pio X e Teologia no Instituto Pastoral Regional, ambos em Belém – PA”.
Ainda a Revista especial da Diocese: “A solene posse canônica, em Palmeira dos Índios, realizou-se em 10 de março de 2019. A partir desta, abriu-se, no livro de sua história, uma página completamente nova, que passará a ser escrita em terras distantes das de sua origem, com um povo de cultura e costumes típicos, porém, profundamente marcado pela fé e pela esperança, forte e destemido, simples e acolhedor. Enfim, inicia-se um novo caminho para o pastor que, vindo do Norte, deve nortear o seu rebanho a Cristo”.
 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NO PASSAR DAS ÁGUAS

*Rangel Alves da Costa

Este texto está sendo iniciado exatamente às 17h10min deste domingo de tempo entre o ensolarado e o nublado em Poço Redondo, Sertão Sergipano do São Francisco. E está sendo escrito em local mais que inusitado, pois bem defronte ao Riacho Jacaré, afluente do São Francisco que passa ao redor da cidade. Daqui de onde estou, passos de apenas cinco metros já bastam para alcançar as margens molhadas.
A verdade é que recentemente construíram um bar quase dentro do riacho. Somente hoje de manhã, assim que aqui me dirigi para avistar as águas muitas que chegaram com as chuvaradas nas cabeceiras, é que me deparei com tal construção. Tudo bem. E é numa de suas mesas que estou agora para descrever, com o olhar dividido entre o teclado e as águas que passam. Aqui retornei exatamente para comparar o volume de água do amanhecer e de agora, já depois das cinco da tarde.
Pois bem, hoje de manhã, um pouco acima das oito horas, e assim que eu soube das águas muitas que haviam chegado, logo para cá me dirigi. Momento único e encantador, novamente poder avistar o Jacaré largo, grande, despontando como veia molhada em pleno sertão. E também quase um espanto, principalmente ante a situação lamentável que ele apresenta no seu dia a dia. Um rio muito diferente daquela feição antiga, de pedras grandes, de poços fundos, de águas limpas ao banho logo depois das primeiras cheias. E agora apenas um leito seco, sujo, cheio de focos de enfermidades que se acumulam nos empoçamentos.
Mas a natureza é dadivosa, e também surpreendente. De repente, quando menos se espera e as águas começam a surgir em profusão, fortes, afoitas, vindas das distâncias de suas nascentes. E que espetáculo maravilhoso então se faz. As águas muitas tomam os limites do leito, levam restos apodrecidos acumulados, passam por cima de cercas, destroem arames, espalham os garranchos secos e as ossadas de animais, e vão seguindo adiante, como se dissessem que ali, ali no leito do rio, as correntezas é que ainda comandam a vida, ainda que apenas de forma passageira. E assim por que, acaso novas chuvaradas não caiam nas cabeceiras, em menos de uma semana já estará completamente seco.
As águas, sendo novas e de primeira enchente, ainda estão sujas, enegrecidas, barrentas. Somente após a terceira enchente é que se tornam limpas e prontas ao banho, acaso o sertanejo ainda faça como antigamente, quando o banho no riachinho era verdadeira festa desde o alvorecer. Contudo, mesmo barrentas e sujas, as águas passando, escorrendo, seguindo seu rumo, tornam-se verdadeiro encantamento ao olhar. E não somente a visão de momento, mas também a nostalgia que chega, a memória que começa a chamar retratos antigos do mesmo riachinho. Tais recordações, numa junção de passado e presente, acabam trazendo alegrias e tristezas.
Hoje cedo o riacho estava mais forte e volumoso, mais ondulado e até de perigosa passagem. Agora, já se aproximando das seis horas da noite, o volume é menor e de maior mansidão, mas ainda assim com água muita ante o ontem e os dias passados. Com a noite se aproximando, o que agora se avista é uma paisagem de sentimentalismo ao olhar sertanejo. Quem conheceu o riacho noutros tempos, quem também conheceu seus dias de magreza e sofrimento, a visão de agora serve não só de lento e esperança, mas principalmente de certeza que este sertão continua dadivoso sem igual.
Instantes já passaram e já saí de lá. Agora estou aqui imaginando aquela paisagem. E nela o reencontro de talvez amanhã.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CYRA BRITTO.....( ESPOSA DO CEL . JOÃO BEZERRA ) ... 100 ANOS - CYRA BRITTO BEZERRA (MINHA AVÓ)..EM.12-3-2015


Por Benner Britto

Nasceu no interior de Alagoas, no município de Piranhas, às margens do rio São Francisco, em 12 de março de 1915. Filha de Francisco Correa de Britto e de Emiliana Gomes de Britto prósperos fazendeiros e, também neta do chefe político da região dos dois lados do rio São Francisco: Piranhas (Alagoas) e Canindé do São Francisco (Sergipe), o Cel. Antonio José Correa de Britto (conhecido como "Antonio Menino" ou "Pai-Nosso") e de Prima Gomes de Britto ("Mãe-Nossa"). 

De família numerosa, dividia com seus 14 irmãos: Carlos, Célia, Ciro, Claudemiro, Clodovil, Cordélia, Guiomar, João, José, Maria José, Nair, Noélia, Raimundo e Yolanda, as brincadeiras entre a Fazenda Jerimum (no lado sergipano) e a casa grande em Piranhas.

Tenente João Bezerra

Casou-se com o então Ten. João Bezerra (Militar responsável pela morte de Lampião) em 1935 de quem já diziam ser prometida, por "Pai-Nosso", desde tenra idade. Representou nos seus quase noventa anos de existência, um exemplo de coragem, tenacidade e companheirismo da mulher nordestina e brasileira.


Vovó Cyra faleceu na cidade do Recife/PE, em 30 de março de 2003, aos 88 anos de idade! Porém, JAMAIS ESQUECEREI O SEU SORRISO!!!!! — 


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ÂNGELO OSMIRO COM DURVAL ROSA

Por Ângelo Osmiro Barreto

Memórias do Cangaço. Ano 2000. Na companhia de Durval Rosa. Juntamente com seu irmão Pedro de Cândido levou a volante alagoana à grota de Angico, quando se deu a morte de Lampião e parte de seu bando.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO (VIRGULINO FERREIRA DA SILVA)


https://www.youtube.com/watch?v=zSFjlCOY21g

Cangaceiro pernambucano

O terceiro filho do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva e de sua mulher Maria Lopes recebeu o nome de Virgulino Ferreira da Silva e iria inscrevê-lo a ferro e fogo na história do Nordeste e do Brasil. Antes disso, porém, teve uma infância e uma adolescência comum a todos os meninos de uma baixa classe média sertaneja: aprendeu a ler e a escrever, mas logo foi ajudar o pai, pastoreando seu gado.

Imagem: Família de Lampião (desenho de Lauro Villares utilizando-se de antigos retratos) - Infelizmente eu perdi a fonte desta foto.

Frequentava as feiras das cidades próximas às terras da família, onde ouvia os violeiros e os poetas de cordel narrarem as aventuras dos cangaceiros, que povoavam o imaginário popular nordestino, sendo simultaneamente heróis e bandidos. Aliás, para as crianças da região brincar de cangaceiro e polícia era uma variante local do atual "mocinho e bandido".

As rixas entre famílias eram frequentes no sertão, em especial quando envolviam questões acerca dos limites das propriedades e uma dessas rixas envolveu a família de José Ferreira da Silva com seu vizinho José Saturnino. Além de alguns tiroteios, o conflito terminou com a decisão de um coronel local em favor de Saturnino.

Revoltado, Virgulino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira, em busca de vingança. Corria o ano de 1920 e - devido a sua capacidade de disparar consecutivamente, iluminando a noite - Virgulino ganhou o apelido de Lampião. Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e matou seu pai a tiros. Resultado: Lampião e os dois irmãos entraram definitivamente para o cangaço.

Em 1922, Sinhô Pereira deixou o cangaço. Lampião assumiu a liderança do bando que praticou ações de banditismo nos quatro anos seguintes, atuando nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Em 1926, refugiou-se no Ceará e recebeu uma intimação do padre Cícero. Compareceu a sua presença, recebeu um sermão por seus crimes e ainda a proposta de combater a Coluna Prestes que, naquela época, se encontrava pelo Nordeste.

Em troca, Lampião receberia anistia e a patente de capitão dos Batalhões Patrióticos, como se chamavam as tropas recrutadas para combater os revolucionários. O capitão Virgulino e seu bando partiram à caça de Prestes, mas ao chegar a Pernambuco, foi perseguido pela polícia e descobriu que nem a anistia nem a patente tinham valor oficial. Voltou, então, ao banditismo.

Em 1927, encorajado pela própria fama, tentou invadir uma cidade maior do que as habituais: Mossoró, no Rio Grande do Norte. A população, porém, se uniu e rechaçou os cangaceiros. No ano seguinte, Lampião incluiu a Bahia nos locais onde praticava seus crimes.

Em fins de 1930 ou começo de 1931, escondido na fazenda de um coiteiro - nome dado a quem acolhia os cangaceiros - conheceu Maria Déia Nenén, a mulher de um sapateiro, que se apaixonou por ele e com ele fugiu, ingressando no bando. A mulher de Lampião ficou conhecida como Maria Bonita e, a partir daí, várias outras mulheres se integraram ao bando.

Um pouco pela ambiguidade da vida dos cangaceiros - que às vezes atuavam como justiceiros, auxiliando os pobres, um pouco por contarem com o auxílio de coronéis a quem prestavam serviços, um pouco pela incompetência das autoridades locais, bem como pelo descaso do Governo federal, a vida de crimes do bando de Lampião prosseguiu por mais seis anos.

Afinal, o bando foi cercado na fazenda de Angicos, no atual município de Poço Redondo, em Sergipe, onde estavam acampados. Foram pegos de surpresa e muitos não conseguiram escapar. Entre eles Lampião e Maria Bonita. Os cangaceiros foram decapitados e suas cabeças ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, até 1968.

Fonte: "Lampião", Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, 2003
Comunicar erro
O conteúdo foi útil para você?


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

POESIA


Do acervo do escritor, poeta  e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas

Quando o sol ardente se põe no horizonte oeste...
Quando o vento das montanhas se acalma...
Quando o canto do sabiá-do-campo cessa...
Quando os gafanhotos do campo não crepitam...
Quando a espuma do mar descansa como uma donzela...
E o crepúsculo toca o contorno da terra... Volto para casa.
Por sombras azuis e florestas púrpuras... Volto para casa.
Volto ao lugar onde nasci.
À Mãe que me deu a luz e ao Pai que me ensinou... Há muito tempo.
Agora só. Perdido e sozinho num mundo distante e vasto.
Ainda assim, quando o sol ardente baixa...
Quando o vento se acalma e a espuma do mar dorme...
E o crepúsculo toca o contorno da terra.
Volto para casa. 


ANTONINUS, personagem do ator Tony Curtis, em SPARTACUS (1960).



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MARQUETEIRO NATO MENTIRAS QUE LAMPIÃO ‘SOLTAVA’

Por Sálvio Siqueira

O fenômeno cangaço brotou regado de sangue, suor, lágrimas e foi adubado com os corpos daqueles que tombavam nas terras semiáridas do sertão nordestino. Diante da arrogância, prepotência e imponência dos poderosos dominantes de uma região pobre e ‘esquecida’ pelos governantes, alguns nordestinos desviaram-se de sua conduta honrosa para tentar sobreviver ante o devastador mundo do poder.

Os flagelos causados por fenômenos naturais, segundos estudos de sociólogos, pesquisadores/historiadores renomados, por diversas vezes ao longo do tempo foi uma das principais causas do surgimento de grupos de homens errantes que passaram a aterrorizar as quebradas do sertão nordestino. Para sobreviverem, alguns dos chefes de bandoleiros faziam alianças com latifundiários, ‘coronéis’, políticos e comerciantes numa espécie de ‘favores’ trocados.

As grandes secas que assolavam a região do semiárido nordestino, que sem elas já era uma batalha para sobreviver, passa a aumentar em números alarmantes as dificuldades, sofrimentos, fome e sede de uma comunidade carente de ações políticas regionais. O sertanejo então, desde o seu nascer, é induzido a crenças que o fazem, em parte, aceitar seu sofrimento, flagelo e morte sem notar que a maior parte daquilo tudo é simplesmente a falta de atenção das pessoas que estavam com as rédeas do poder nas mãos.

Ao longo do tempo, governantes e religiosos sempre se destacaram com pactos quanto ao destino das pessoas. Os governantes por não fazerem, cumprirem com a responsabilidade de práticas e ações sociais para com o povo e, os religiosos fazendo com que as pessoas não notassem essa falta de responsabilidades daqueles por elas escolhidas para lhes governar, lavando seus cérebros, deixa a culpa toda para um Ser Supremo. Achando que todo seu sofrimento é determinação divina, morriam pelos caminhos e veredas empoeiradas do sertão pedindo perdão pelos pecados que jamais comentaram. O misticismo, a religiosidade, o sebastianismo, em fim... as crenças trazidas da Europa por nossos colonizadores, travou o desenvolvimento intelectual da maioria da população brasileira. É fato.

O sertão nordestino sempre pariu homens e mulheres fortes e destemidos. Pessoas que foram forjadas pelo calor calcinante de um sol que parece estar mais próximo, pela brisa leve e seca que ao bater na pele parece gumes de pequenas navalhas e por um bioma que se despe entrando em uma espécie de hibernação para sua própria proteção e sobrevivência. Essa última mostrando vida e morte, verde e cinza, numa contraste constante de renovação periódica, obrigando as pessoas a se adaptarem ou padecerem em suas entranhas.

No sertão, as pessoas, ainda hoje, têm a ‘palavra dada’ como um valor inestimável. A garantia ou a promessa oral, verbal, vale muito mais do que suas assinaturas abaixo de rascunhos numa folha de papel. Muitas delas consideram que palavra dada era igual ouro, um metal que não enferruja. Porém, como em tudo nessa vida tem exceções, essa regra também as teve. Palavras foram quebradas, mentiras foram soltas ao vento causando dores, lágrimas e mortes de inocentes.

Sabedor das crenças dos conterrâneos, Lampião, em sua grande sabedoria, passa a usar de artimanhas, mentiras, para conquistar a adesão, amizade e respeito, da população sertaneja. Primeiro por ser um dos grandes motivos para sua sobrevivência, segundo para se mostrar benfeitor ou mesmo o justiceiro que nunca o fora. Pois bem, como exemplo, contaremos um caso que ocorreu no município de Flores, PE, em junho de 1925, quando Lampião praticou duas grandes atrocidades a um cidadão do Pajeú das Flores.

Para começo de conversa, Lampião sempre referiu que nunca havia invadido a cidade de Flores, PE, devido à mesma ter como ‘Padroeira’ a Santa Nossa Senhora da Conceição. Ora, o povoado de São Serafim, hoje cidade de Calumbi, PE, bem próxima a Flores, também tem por padroeira a mesma santa, e nem por isso o “Rei Vesgo” deixou de invadir e pintar o escarcéu naquele lugarejo. Roubou, extorquiu e estuprou, só não matando devido algumas pessoas alvo, terem fugido para dentro da Mata Branca, muito antes da sua entrada no povoado.

Entre Triunfo e Calumbí, ambas no sertão do Pajeú das Flores, microrregião do interior pernambucano, existe uma serra por nome de Caititu. Nela, Lampião fez moradia temporária devido sua posição, e sua geografia permitir muito pouco alguém escalar. Sabedor das dificuldades naturais da serra, Lampião usa-os como aliado e, foi não foi, estava nela acoitado, principalmente por haver uma gruta bastante ampla chamada de ‘casa de pedra’.

A Serra do Caititu, ficando próximo aos limites do município de Flores, PE, Lampião envia um emissário para dois cidadãos, um que morava no Sítio Melancia e outro próximo ao sítio Saco dos Bois, propriedade d’um grande coiteiro de Virgolino, o major Ernesto. O emissário leva dois dos famosos bilhetes de extorsão que tanto o chefe mor do cangaço usou com suas vítimas. Eram dois, porém, tinham o mesmo conteúdo, pediam uma determinada quantia.

Segundo o pesquisador Louro Teles, em seu “A Maior Batalha de Lampião – Serra Grande e a Invasão de Calumbi”, os dois eram donos de engenhos de rapadura e eram envolvidos na política regional, dois fatores que conquistaram a cobiça do cangaceiro.

Um desses cidadãos chamava-se Matias Moreira. Esse, ao receber o pedido de dinheiro responde malcriadamente, dizendo:


“- Diga a ele que se ele quiser dinheiro, vã trabalhar como eu trabalhei! Eu não tenho dinheiro para bandido, não!” (LT, 2017)
O morador do sítio Melancia chamava-se José Calú, ou Calu. Que também negou o envio de alguns mil réis. As férias, quantia em dinheiro, prevista pelo “Rei do Cangaço” não deu certo. O ‘apurado’ foi por ‘água abaixo’ e isso sempre deixava o cangaceiro bastante zangado. Além disso, os dois teriam que servirem de exemplo para o restante da população da região perdendo suas vidas ou sendo bastante torturados.

Deixemos o caso de Matias Moreira para outra oportunidade.

Em vários e vários livros sobre esse fato, o caso de José Calu, vem em suas entrelinhas que Lampião ficando sabendo que o mesmo mantinha relações sexuais com suas filhas, resolveu castiga-lo. “Conversa vai, conversa vem, José Josino contou-lhe que um sujeito chamado José Calu, que era viúvo, matinha relações sexuais com as próprias filhas – um escândalo sem limites, o povo comentava isso como sendo o fim do mundo. Lampião também ficou horrorizado e resolveu dar uma lição de moral no miserável (...) Zé Calu estava se aprontando para ir à feira, quando Lampião chegou à fazenda com seus cabras. O cangaceiro pediu dinheiro.

Zé Calu disse que não tinha. Lampião sabia que ele estava mentindo, pois Zé Calu era dono de engenho de rapadura, com certeza tinha dinheiro escondido em casa. Depois de determinar que pusessem piquetes na estrada para evitar que alguém fosse à cidade avisar as autoridades, lampião mandou que amarrassem Zé Calu pelos testículos e o pendurassem no gancho de um armador de rede. E isso foi só o começo. Zé Calu foi submetido a rigoroso interrogatório sobre as feias práticas que lhe eram imputadas. O homem negou tudo, jurou que era mentira do povo, mas ão teve jeito, os cangaceiros puxaram a corda fazendo-o subir e descer várias vezes, pendurado pelos tesyículos, urrando de dor, enquanto Lampião repetia:


- Isso é pra você aprendê a respeitá suas fia, seu disgraçado!” (BI, pg 180, 2014)

No dia 4 do mês de Santana de 1925, Lampião deixa o esconderijo da ‘casa de pedra’ na serra do Caititu, desceu a serra e foi procurar pelos donos de engenhos que lhe negaram o dinheiro. Matias, não estando em casa, se salva de uma morte certa pelo desaforo que mandou, e sua sentença foi adiada. Já o outro, José Calu, não tem a mesma sorte. Lampião distribuiu seus cabras pelos caminhos e veredas que levavam a cidade de Flores para, todo aquele que fosse para a feira, era um dia de sábado, ser pego e seu dinheiro tomado ficando os mesmos presos para não darem o alarma as autoridades. O restante dos homens, obedecendo às ordens do chefe, cerca a casa sede da fazenda Melancia e, estando seu dono aprontando-se para ir a Flores, é surpreendido por fortes pancadas na porta do terreiro da frente. Abrindo a porta, sua casa é invadida pela horda de cangaceiros que já vão mandando brasa nos móveis e no próprio José Calu.

Segundo o autor do livro seu “A Maior Batalha de Lampião – Serra Grande e a Invasão de Calumbi”, que mora na região onde ocorreu o fato e ainda hoje matem contatos com familiares de José Calu, a coisa não se deu como as outras obras literárias referiram. O castigo aplicado ao dono de engenho foi exclusivamente uma lição por não ter-lhe mando o dinheiro pedido. “Quando José Calu foi interrogado por que não tinha mandado o dinheiro ele disse que não tinha dinheiro, Lampião com raiva mandou os cangaceiros tirarem a roupa do coitado, amarraram os testículos do infeliz e pendurou José Calu, no brabo da casa o deixando pendurado e partiram sem rumo; como se não bastasse, Lampião ainda ameaçou matar quem o tirasse dali.” ( LT, pg 87, 2017)

Lampião era bastante esperto e sempre que possível, procurava fazer-se de vitima. Dentro da caatinga, dava inúmeras voltas em cima dos próprios rastros, subindo e descendo serras, indo e voltando para confundi seus perseguidores. Sempre mandava dizer que iria para uma localidade quando na verdade dirigia-se para outra em direção totalmente contrária. Para amenizar certas crueldades praticadas por ordem dele, ou mesmo pelo próprio, dizia que fora obrigado ou que fora enganado, ou ainda que estivesse fazendo justiça.

O próprio Lampião foi quem inventou a história do coito entre pai e filhas. Condenando o pai para o resto da vida por uma coisa que não cometeu.

 O pesquisador/historiador Louro Teles, na página 88 da O.C., nos relata: “(...) entrevistei dona Maria Vanusa Barbosa de Brito, neta de José Calu, entendi que era mais uma mentira de Lampião utilizada por ele apenas para justificar seus erros.”

Referindo sobre o que dissera dona Maria Vanusa, quando perguntada sobre José Calu manter relações com suas filhas, ele escreveu a seguinte resposta dela: “-Não! Ele queria apenas dinheiro. Quando Lampião invadiu a casa de Calu meu avô, minha tia Maria Barbosa conhecida por Maria calu, justamente a menina que diziam que o pai tinha abusado dela estava na sala e Lampião ao ver os brincos de ouro que estavam em suas orelhas tentou toma-los, mas como ela não quis entregar ele lhe rasgou as duas orelhas deixando nela esta marca por toda sua vida.”

Naquela ocasião, o avô por parte da mãe de dona Maria Vanusa, Manoel Barbosa, era cangaceiro participante do bando do “cego”. José Calu teve três filhos, dois homens e uma mulher. Em muitas obras literárias são citadas que seriam duas mulheres e um homem. Um dos filhos de Calu, Manoel Barbosa do Nascimento, era o pai de dona Maria Vanusa Barbosa de Brito.

A historiografia do cangaço é contida de contos e contos sobre fatos que distorcem em todo ou em alguma parte. Nesse caso que acabamos de lhes contar, notamos que que quase toda a narração em uma obra, bate de igual com a outra, inclusive suas datas, localidade e maneira de agir dos cangaceiros. O que diferencia é a causa que levou o “Rei do Cangaço” a praticar mais uma das suas grandes atrocidades... nas quebradas do Sertão do Pajeú das Flores.

Fonte Os. Cs.
Foto Revista “O Malho”


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FIM DE CARREIRA CANGACEIROS APRISIONADOS


São três cangaceiros aprisionados: Bananeira, Alecrim e Relâmpago.

Alguns cangaceiros, ainda no auge do Cangaço, escaparam da quase certa morte nas mãos de policiais, jagunços e mesmo de populares.

Acima, fotografia obtida na Casa de Correção, em Salvador, Bahia, em 1933.

Coisa de Rubens Antonio e seu Cangaço na Bahia


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LIBERDADE PARA ALECRIM E BANANEIRA

Transcrito por: Urano Andrade


É o que menos se poderia acreditar, mas aconteceu. Quatro ex-cangaceiros que assolavam o sertão, espalhando o terror por toda parte foram soltos e enviados para Ilhéus e Itabuna, para trabalharem (honestamente, já se vê) nos campos do Sul...

Manoel Raymundo Correia, Sebastião Valentim dos Reis, Pedro Vieira da Silva (Alecrim), e Horácio Teixeira Junior (Bananeira)  chegaram já a Ilhéus. Os dois primeiros eram bandoleiros de um Virgilino, bandido de Ituassu, e os dois últimos do celebérrimo Virgolino Ferreira, o Lampião, condenado a morrer de velho...

Dois desses bandoleiros foram enviados a Itabuna, ficando os outros em Ilhéus sob a vigilância da polícia...

Ora, essa “bôa gente” estava aqui na Penitenciária há cerca de um anno, tendo agora essa liberdade “devido ao bol procedimento que tiveram naquele presidio, e atendendo a outras circinstancias que militam em seu favor...”

Quaes serão estas circunstancias favoráveis aos presos, e como teria sido essa rápida regeneração que durou só um anno, depois de ninguém sabe quantos crimes?


Pedro Vieira da Silva o "Alecrim"

Um criminoso comum pode, por um só crime, levar 30 annos na Penitenciaria; uns bandoleiros que foram o terror do sertão, de cujos crimes, ninguém sabe o numero certo se arrependem assim depressa, no espaço de um anno, e são postos em liberdade, embora vigiada!

Bandoleiros habituados a correr no matto denso trabalhando “vigiados” nas mattas do Sul!...

É curioso, mas parece também perigoso... E ninguém é capaz de atinar com a razão dessa concessão aos bandoleiros.






http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS FERREIRAS

Do acervo da pesquisadora do cangaço Verluce Ferraz

Aqui são os irmãos Ferreiras Lampião o Virgulino Ferreira da Silva, Antônio Ferreira da Silva, o Livino Ferreira da Silva, e outro parece que é o Mariano. Nessa foto mostra Lampião bem novinho. Já no Bando do Sebastião Pereira Sinhô Pereira em 1919. Aqui são os irmãos Ferreiras e abaixo é o bando todo.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com