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terça-feira, 7 de outubro de 2025

SINHÔ PEREIRA

   Por Napoleão Tavares Neves

Vivia-se a segunda metade do ano de 1918. Obedientes ao Padre Cícero Romão Batista, Sinhô Pereira e Luiz Padre decidiram deixar o Nordeste para o norte de Goiás. Eram muito jovens e tinham toda a vida pela frente. Todos aconselhavam a viagem. Só assim a família Pereira poderia levantar a cabeça e recuperar o seu prestígio social, político e econômico seriamente abalado por tantas lutas e tanto sangue derramado em vão!


Manoel Pereira Lins, “Né da Carnaúba”, promoveu vários encontros de família em sua fazenda estruturando a saída dos primos do cenário nordestino conflagrado pelas lutas de famílias, sobretudo pelas lutas entre Pereiras e Carvalhos. Depois de marchas e contra-marchas, a viagem foi decidida. O roteiro foi traçado, segundo orientação do Padre Cícero Romão Batista que certa vez recebeu Luiz Padre e o aconselhou a abandonar a luta por uma vida de paz no Brasil Central onde ninguém soubesse da vida pregressa dos dois vingadores da família Pereira. Segundo foi planejado, os dois Pereiras deixariam o sertão, beirando o sopé da Chapada do Araripe, lados de Pernambuco, buscando o Piauí de onde deveriam demandar o norte de Goiás.

Atravessar os sertões de Pernambuco era uma temeridade para eles que seriam impiedosamente perseguidos. Naquele tempo cada polícia só perseguia cangaceiros até a fronteira do seu Estado! Atravessar os limites de um Estado para outro era considerado agressão! Assim, entrando no Piauí, seria mais fácil para Sinhô Pereira e Luiz Padre fazerem a difícil travessia sem obstáculos.

Por isto os dois primos deixaram o Nordeste com o seguinte roteiro: Fazenda do major Zé Inácio, no Barro, Ceará. Fazenda Olho d’Água do Araripe, lados de Pernambuco até o Piauí, pelos municípios de Serrita, Exu e Araripina. Simões, de Jaicós, no Piauí. Foi esta a primeira etapa da viagem feita por Sinhô Pereira e Luiz Padre, a cavalo e levando seis cabras de confiança escolhidos a dedo. Iam armados de revólveres e com as carabinas desmontadas nas pequenas malas. Em Simões, já distante do Pajeú, decidiram se separar para despistar possíveis perseguidores, marcando um reencontro no sul do Piauí, em Correntes, próximo à fronteira com Goiás. Luiz Padre, com dois cabras, tomou o rumo de Uruçu, mais para o centro do Piauí, pelo Vale do Gurguéia.

Napoleão Tavares ao lado de Severo e Paulo Brito
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Sinhô Pereira, com quatro cabras, seguiu na direção de Correntes por São Raimundo Nonato, em roteiro paralelo à fronteira de Pernambuco. Com ele iam os homens de confiança: Cacheado, Coqueiro, Raimundo Morais e Gato. O trajeto planejado evitava a travessia do Rio São Francisco que ainda não tinha pontes e a perseguição policial de Pernambuco. A meta de ambos era uma só: sul do Piauí e daí, norte de Goiás, por caminhos diferentes. Luiz Padre ia mais pela direita e Sinhô Pereira mais pela esquerda, não muito distante um do outro, de tal modo que não fosse tão difícil o reencontro planejado no sul do Piauí. Ambos levavam cartas de recomendação para famílias amigas do Piauí: família do Barão de Paranaguá, do Marquês de Santa Filomena e Marquês de Paraíso, já que Luiz Padre era neto do Barão do Pajeú, coronel Andrelino Pereira da Silva. Os barões sempre se entendiam muito bem. A viagem ia sendo feita com marcha de 6 a 10 léguas por dia, mais durante as noites para serem menos percebidos.

Ao atingir Nova Lapa, município piauiense de Gilbués, Luiz Padre soubera que Sinhô Pereira fora cercado pela polícia do Piauí nas proximidades da cidade de Caracol. É que as autoridades do Piauí receberam precatória contra os dois e o tenente Zeca Rubens ia no encalço de Sinhô Pereira com 20 homens, sendo três soldados e os demais civis, jagunços a serviço da polícia! A casa em que Sinhô Pereira e seus homens dormiam foi cercada pelo pessoal do tenente Zeca Rubens. As carabinas de Sinhô Pereira estavam desmontadas, mas depois de um tiroteio de uma hora, Sinhô Pereira e o seu pessoal fugiram, deixando dois soldados feridos levemente e carregando Cacheado quase nos braços, gravemente ferido. Sinhô Pereira nunca abandonou cabra ferido, sendo muito solidário a seus homens!

Sinhô Pereira ficou visivelmente irritado com a perseguição. Seus inimigos do Pajeú não queriam que ele encontrasse a paz em Goiás e o perseguiam tenazmente! Luiz Padre resolveu prosseguir a viagem e perdeu por completo o contato com Sinhô Pereira que ficou por quatro dias na Fazenda Mulungú, com Cacheado muito ferido, até que o tenente Zeca Rubens, através de um seu irmão mandou lhe dizer que não o perseguiria enquanto ele tivesse tratando do cabra ferido! Foi um gesto muito nobre, indiscutivelmente.

Cangaceiro - Aquarela por,  CARYBÉ, Hector (1911 - 1997)
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Somente em março de 1919 Luiz Padre chegou no Duro. Sinhô Pereira ficou por 57 dias, quase dois meses, tratando de Cacheado para além de Caracol. Não abandonaria o ferido, custasse o que custasse, disse ele, de viva voz, ao escritor Nertan Macedo e ao pesquisador Luíz Lorena, de Serra Talhada, seu primo. Cacheado não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu. Sinhô Pereira reiniciou a viagem, mas em Jurema, encontrou o cabra que ferira Cacheado, João de Bola, que foi morto por um dos seus homens. A partir deste episódio a perseguição policial recrudesceu, com o tenente Zeca Rubens à frente de 40 soldados seguindo as pegadas de Sinhô Pereira que ia trocando de animais cansados substituindo por animais tomados ao longo das fazendas percorridas. Novamente cercado pela polícia quando dormia 40 léguas para além de Caracol, Sinhô Pereira e seus homens conseguiram furar o cerco policial, mais uma vez, depois de meia hora de tiroteio, morrendo um soldado e saindo ferido um rapaz da casa onde estavam arranchados. Em Tocoatiara Paulista, perderam os animais: um cavalo e três burros. Em Sete Lagoas tomaram novos animais que foram trocados novamente em Barra de São Pedro. Foi aí que Sinhô Pereira decidiu voltar ao Pajeú e lutar com os seus inimigos até um dia, já que não o deixaram buscar a paz e o esquecimento em terras distantes, como era o seu desejo.

Foi uma decisão nervosa, mais em oito dias Sinhô Pereira estava novamente nas barrancas do Pajeú até 1922 quando conseguiu deixar o Nordeste, desta vez em definitivo, saindo da Fazenda Preá, Serrita propriedade do coronel Napoleão Franco da Cruz Neves, casado com Ana Pereira Neves, prima de Sinhô Pereira e Luiz Padre, além de madrinha de batismo deste último.Com a volta de Sinhô Pereira, de Caracol (PI), foi que Lampião, passou a integrar o seu bando. Por outro lado, a segunda e definitiva viagem de Sinhô Pereira para Goiás, será objeto de outro trabalho oportunamente. Só em março de 1922 foi que ele pôde chegar ao Duro!

Napoleão Tavares Neves
Médico, escritor,sócio da SBEC. 
FONTE: lentescangaceiras.blogspot.com

https://cariricangaco.blogspot.com/2011/03/sinho-pereira-pornapoleao-tavares-neves.html

NOVO LANÇAMENTO

  Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.272.

LAJEIRO GRANDE

O “Bairro Lajeiro Grande”, em Santana do Ipanema, é um dos mais altos e maiores da cidade. Foi originário de um milagre do padre Cícero Romão Batista. Tendo alcançado o milagre, o devoto chamado Hilário, construiu em agradecimentos ao vigário do Juazeiro, uma igrejinha no topo de um lajeiro enorme, em suas terras. O desdobrar dessa história formou o hoje Bairro Lajeiro Grande e a igrejinha passou por algumas reformas. Uma imagem do padre Cícero chegou defronte à igrejinha, vinda do antigo serrote Pelado (Alto da Fé), colocada na gestão do prefeito Isnaldo Bulhões e, até hoje ali permanece. Será esse o cenário de lançamento do livro “PADRE CÍCERO – 100 MILAGRES NORDESTINOS, no dia 20 de novembro.

Por questões que nem vale à pena citar, resolvemos fazer o lançamento do livro no Lajeiro Grande e não mais na Pedra do Padre Cícero, em Dois Riachos. O livro será distribuído gratuitamente entre os devotos e romeiros que testemunharam seus milagres para o citado livro e que estão devidamente numerados, titulados e textualizados individualmente. Os romeiros e devotos registrados ou seus familiares, receberão um livro cada e serão convidados através de uma rádio da cidade e de boca a boca. Faremos todos os esforços para haver missa, homenagem, música típica e fogos. No primeiro momento não haverá distribuição de livros para devotos e romeiros outros que não sejam os dos testemunhos do livro. Entretanto todos poderão participar do evento.

Estamos tentando fazer uma programação de lançamento, simples, mas muito significativa. O livro que será lançado tem depoimentos de romeiros de Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, Ouro Branco, Cajazeiras e João Pessoa, Paraíba. Aliás, pessoas de Cajazeiras estarão presentes no dia do evento.   O livro já se encontra no prelo, istó é, na gráfica para impressão. E ainda este mês, os livros estarão prontos. Entre a solenidade simples que está sendo preparada, vai haver entre as homenagens, a entrega de título a um devoto ou devota com o reconhecimento dos seus esforços em prol do padre Cícero: MINISTRA (OU MINISTRO) DOS ROMEIROS.

Assim começamos o aviso a todos. prepare-se, então para comparecer no dia 20 de novembro ao Lajeiro Grande, para juntos homenagearmos o meu compadre e amiguinho padre Cícero.

https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2025/07/novo-lancamento-clerisvaldo-b.html

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O CANGACEIRO BALÃO E OS MORTOS DO ANGICO | CNL | 1427.

 Por O Cangaço na Literatura - Robério Santos.


https://www.youtube.com/watch?v=7Y4tp0PC24U&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura

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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"

Por José bezerra Lima Irmão

  

Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

Peça através destes e-mails:

franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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LIVROS SOBRE CANGAÇO PEÇA AO PROFESSOR PEREIRA.

 Por José Mendes Pereira

Se está procurando livros sobre cangaço adquira-os com Francisco Pereira Lima, lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

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O CANGACEIRO BALÃO NÃO USOU FIRMEZA NAS SUAS RESPOSTAS AOS PESQUISADORES, ESCRITORES E CINEASTAS.

    Por José Mendes Pereira

O saudoso escritor Alcino Alves Costa tinha razão, quando insistia em dizer que, o que aconteceu na madrugada de 28 de julho de 1938,  na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, a maior parte do que contaram os depoentes, tanto os policiais como os remanescentes de Lampião, criaram fatos que por lá não aconteceram. 

Professor Pereira, Manoel Severo e Alcino Alves Costa

Lendo o texto do Alcino Alves Costa, sobre o que disse o policial Panta de Godoy, descobri que, agora ninguém sabe quem mais fantasiou o que aconteceu com Maria Bonita, no momento em que ela estava morrendo.

Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antônio.

Panta de Godoy um dos volantes que fazia parte das volantes policiais de Alagoas, comandadas pelo então tenente João Bezerra da Silva, disse aos repórteres, pesquisadores e escritores, que foi ele quem matou a cangaceira Maria Bonita, com um tiro. 

O amigo Guilherme Alves, que no cangaço recebeu a alcunha de Balão, afirmou em 1973, à "Revista Realidade", que a rainha Maria Bonita correu e se escondeu em baixo de uma pedra, mas logo foi encontrada, e os perseguidores a degolaram ainda viva.

Pelo meu pouco conhecimento sobre o cangaço do nordeste, e principalmente sobre o ataque aos cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938eu entendo que no seu dizer, Balão presenciou quase tudo que se passou na Grota do Angico. Aí é aonde surge uma pergunta: Por que ele permaneceu lá como se fosse um repórter, fazendo cobertura numa guerra, que fica registrando tudo que se passa? Traidor de Lampião ele não foi, e não era maluco de ficar no meio de um fogo cruzado.

Se os policiais aumentaram as suas declarações, mesmo assim, dá para se acreditar, não tudo, é claro, já que quem estava atacando os facínoras eram eles, e continuaram vendo os rios de sangue escorrendo em busca do rio São Francisco. Mas não dá para acreditar nos cangaceiros, vez que num tiroteio inimigo, e principalmente sem trégua (porque eles não revindicaram de forma alguma), não fica ninguém. 

Mas ainda existem outras informações do cangaceiro Balão, que foram fantasiadas além do normal, as quais você leitor, irá lê-las. 

O cangaceiro Balão

Como já é do conhecimento do leitor em 1973, que o cangaceiro Balão cedeu entrevista à "Revista Realidade", e para mim, não sei se estou certo, Balão foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era necessária tanta fantasia. 

Veja. Diz Balão:

Estávamos acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5 horas da manhã e mandou um dos homens reunir o grupo para fazer o ofício de Nossa Senhora. Enquanto lia a missa em voz alta, todos nós ficamos ajoelhados ao lado das barracas, respondendo amém e batendo no peito na hora do Senhor Deus". Terminado o ofício, Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas quando ele se abaixou no córrego, veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas pedras, uma distância de 20 metros da barraca de Lampião. Pedro de Cândido, um dos nossos, havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio até a posição das camas. Numa rajada de metralhadora serrou a ponta da minha barraca...

Esta foto é Lampião, mas aqui é somente como ilustração. Ela não foi feita no dia da Chacina aos cangaceiros.

E continua o cangaceiro Balão: 

Meu companheiro Mergulhão, levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado, e com jeito, coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo, calcei uma alpargata. A do pé esquerdo não quis entrar, e eu a prendi também no ombro. Quando levantei, vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de Mergulhão. De repente, ele estava com o cano de sua arma encostada na minha perna, e eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e fomos formar uma cruz junto ao corpo de Mergulhão. Levantei-me devagar. O soldado estava morto e minha perna não fora quebrada. Moeda, Tempo Duro (este último não aparece na lista oficial dos abatidos, e nem tão pouco na lista de Alcino Alves Costa); Quinta-feira, todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Nove homens e duas mulheres. Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras. Mas foi encontrada e degolada viva. Então, vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa. 

sesc-rs.com.br/noticias/passeios-de-maria-fumaca-entre-ijui-e-catuipe-serao-realizados-em-setembro/ 
A foto é só para ilustração do texto.

O meu amigo Balão ouviu o apito sanfonado da máquina de trem "Maria Fumava", mas não tinha certeza para onde ele estava caminhando, se era para o Sul, para o Norte, para o Leste ou para o Oeste. 

Com certeza, dias depois da chacina, o amigo Balão soube quantos cangaceiros haviam morrido lá, e não escutou bem, citou gente que não aparece na lista dos abatidos, lá na Grota do Angico, na madrugada de 28 de julho de 1938, no Estado de Sergipe.

Segue a narração do cangaceiro Balão:

Não havia tempo para chorar. As balas, batiam nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Um inferno. Luiz Pedro ainda gritou: "Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião". Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada. Corri até ele, peguei seu mosquetão e com Zé Sereno conseguimos furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim, foi Deus.

Em minha opinião esta afirmação do cangaceiro Balão contraria o que disse Mané Veio, pois nas declarações que deu aos repórteres, o policial  levou um bom tempo para assassinar Luiz Pedro. E quem mentiu sobre a morte do cangaceiro Luiz Pedro, até hoje ninguém sabe. 

Neném do Ouro, Luiz Pedro seu companheiro e Maria Bonita

Já o cangaceiro Vila Nova, contou o que segue aos estudiosos do cangaço, em relação ao mosquetão, e o que sofreu o seu padrinho Luiz Pedro: 

Conta Vila Nova:

" - No dia 14 de novembro de 1938 Iziano Ferreira Lima, o afamado cangaceiro VILA NOVA, afirmou ao “Jornal A Noite”, que estava na Grota do Angico no momento do ataque das volantes ao grupo de Lampião. Vejam o que ele fala: 

Cangaceiro Vila Nova

" - Escapei pela misericórdia de Deus, afirma. Vi quando o CHEFE (o chefe que ele se refere é Lampião) caiu se estrebuchando pelas forças do tenente Ferreira (ele fala no tenente Ferreira, mas acho eu, ele quis se referir ao tenente João Bezerra da Silva). 

Meu padrinho Luiz Pedro caiu ferido nos meus pés. Pediu que o matasse, logo. O que fiz, foi apanhar o seu mosquetão e fugir para as bandas do riacho onde o fogo era menor".

Está registrado na literatura do cangaço que quem assassinou o cangaceiro Luiz Pedro foi o volante Mané Veio, ele afirma que saiu perseguindo o cangaceiro Luiz Pedro, que ia meio avexado, caminhando rápido, e o volante ao seu encalce, até que chegou em um determinado lugar, e disparou sua arma, fechando o cangaceiro.

Mas vejam bem: Durou muito para que o volante assassinasse o cangaceiro. E por que o cangaceiro Balão e o Vila Nova, informaram aos pesquisadores e escritores, que o Luiz Pedro foi assassinado ali, no meio dos outros?

Continua o Balão: 

"- Uma vez me perdi do bando e fiquei um ano nas caatingas de Bebedouro, Jeremoabo, Cipó de Leite, sem ver uma alma viva. No começo eu estava com ANJO ROQUE e sua mulher".

MINHAS INQUIETAÇÕES:

1 - Será mesmo que depois da missa, o amigo Balão voltou a se deitar? 

2 - Como foi que ele viu que a bala que atingiu o rei do cangaço Lampião foi mesmo no meio da testa, quando ele diz que o capitão  estava de costas?

3 - Como foi que no meio de um cerrado tiroteio ele teve coragem de ir pegar o mosquetão de Luiz Pedro, que já estava morto?

4 - Finalmente, quem está falando a verdade sobre o mosquetão de Luiz Pedro? Balão disse que levou o mosquetão do cangaceiro, já o Vila Nova diz também que foi ele quem o levou. 

5 - Será que o cangaceiro Luís Pedro carregava dois mosquetões no momento em que tentava fugir do cerco policial? 

6 - Como foi que ainda deu tempo para ele contar os mortos, pois no meio de um tiroteio, qualquer ser humano não espera por nada, muito menos para contar quem lá morreu?

7 - Como foi que ainda deu tempo para ele calçar as alpargatas se ele diz que não tinha tempo para chorar?

6 - Por que Balão caiu quando ele e o policial ambos atiraram, se ele não sofreu nenhum impacto para ser derrubado?

8 - Balão disse que após o massacre ao grupo de cangaceiros, passou um ano nas caatingas sem ver um pé de pessoa, comendo carne de bode. Onde ele arranjava fósforos para fazer fogo e panelas para cozinhar a carne?

Sou fã do meu amigo Balão, mas ele fantasiou algumas respostas. Muitas verdades, é claro, mas outras, fantasiadas. Gostaria muito que as suas respostas fossem verdades. Mas pelo que ele disse, não há como eu acreditar em todas.

Pedro de Cândido

O que fizeram com Lampião foi bem estudado, e não foi só Pedro de Cândido como Balão o acusa de traidor. Eu acredito que tinha outros no meio dessa covardia.

Se o traidor tiver sido só um, no caso Pedro de Cândido, eu acho que não foi traição, e sim, livrar-se dos maus tratos.  

Eu pergunto: Qual é o ser humano que debaixo de peia e muita peia, vendo as suas unhas sendo arrancadas, pancadas por todo corpo, pontapés e humilhações, que se nega a dizer o que os seus agressores o perguntam? Dessa maneira, qualquer ser humano entregará até o Jesus Cristo ao carrasco. 

Confira no site do Lampião Aceso do amigo Kiko Monteiro para você não ficar com dúvida, achando que é criação minha. Mas leia todo conteúdo: 

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2009/08/cangaceiro-balao-sensacional-entrevista.html

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