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domingo, 4 de agosto de 2019

DONA AMÁLIA, IRMÃ DE MARIA BONITA


Estas fotos pertencem ao acervo do historiógrafo Rostand Medeiros, do blog: "Tok de História"




Dona Amália em outra posição fotográfica.

Fotos feitas pelo Diário de Notícias, Salvador, ed. 4 de novembro de 1970


O CANGACEIRO BARREIRA - “JORNAL DE ALAGOAS”, EDIÇÃO DE SEXTA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO DE 1938 E INTITULADA “BANDIDO MATA BANDIDO”.


“Jornal de Alagoas”, edição de sexta-feira, 9 de setembro de 1938 e intitulada “Bandido mata bandido”. Aí me lembrei de um pequeno artigo jornalístico da década de 1980, que me foi presentado pelo amigo Paulo Moreira, potiguar que há muitos anos vive no Rio de Janeiro.

O relato de 1938 é sobre o cangaceiro Barreira, um antigo bandoleiro dos sertões que para deixar este, como dizia o professor Estácio de Lima, “Estranho Mundo dos Cangaceiros”, levou como salvo-conduto a cabeça de um companheiro. Junto com sua horrenda atitude ficou para história uma impactante foto que mostra vários aspectos de um momento de muita violência no Nordeste do Brasil.

Macabro Salvo-Conduto

Em uma segunda-feira, dia 5 de setembro, dia de feira livre na cidade alagoana de Pão de Açúcar, as margens do Rio São Francisco, logo começou a correr a notícia que em uma propriedade distante cerca de 36 quilômetros havia um cangaceiro desejando entregar-se as autoridades

Prontamente o tenente José Tenório Cavalcanti, a maior autoridade policial presente, preparou um grupo de policiais para seguir ao encontro deste cangaceiro na propriedade Santo Antônio[3]. Aparentemente esta gleba era localizada próxima a uma área denominada Caboclo.

Quando lá chegaram os policiais encontraram um jovem com a tradicional roupa de cangaceiro, com cerca de 20 anos de idade, boa aparência, muito calmo, tranquilo, que trazia consigo um rifle Winchester e a cabeça decapitada de um homem de tez clara, igualmente jovem, bastante cabeludo e que havia sido morto horas antes.

Ele se apresentou como sendo o cangaceiro Barreira e a cabeça era a do cangaceiro Atividade, seu companheiro no grupo que tinha como chefe o cangaceiro alcunhado como Português. Comentou que seu nome era João Correia dos Santos, sendo filho de Manoel e Maria Correia e era natural da região, do lugar Furna.

Logo alguém, que não sei quem foi, sacou de uma máquina fotográfica e clicou o macabro salvo-conduto. Provavelmente o cenário deste instantâneo foi de alguma maneira produzido e esta é sem dúvida uma das fotos mais marcantes do período do cangaço.

Logo o jovem cangaceiro e a cabeça de Atividade foram levados para Pão de Açúcar, onde chamaram muita atenção da população local. Depois seguiram para a cidade de Santana do Ipanema, a cerca de 50 quilômetros de distância, onde um repórter do “Jornal de Alagoas” ouviu Barreira.

O fora da lei comentou que a cerca de um ano vivia em contato com os cangaceiros do grupo de Português, sendo inicialmente convidado a seguir pelas veredas do sertão de arma na mão. Mas o jovem recusou o quanto pode, até que foi ameaçado de morte pelo chefe se não fizesse parte do bando.

Já sobre a ideia de entregar-se a polícia e usar a cabeça de Atividade como uma espécie de salvo-conduto junto às autoridades, provavelmente surgiu após Barreira ver algumas das muitas reproduções da famosa foto com as cabeças cortadas de Lampião, Maria Bonita e nove outros integrantes do bando e expostas um mês e uma semana antes na escadaria do prédio da prefeitura da cidade de Piranhas. Talvez tenha imaginado que se fizesse igual aos policiais, poderia ser mais bem aceito por estes.

Seu pai inclusive havia entrado em entendimento com o tenente José Tenório e o então todo poderoso coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, maior inimigo conhecido do cangaceiro Lampião e comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas, sediado na cidade de Santana do Ipanema. O coronel Lucena comentou ao velho Manoel Correia que seu filho não sofreria problemas, desde que auxiliasse as forças volantes no combate aos cangaceiros. Barreira então aguardou uma oportunidade de sair fora daquela vida de arma na mão.

Percebemos igualmente no relato de Barreira ao jornalista que para ele, após as mortes na Grota do Angico, o desbaratamento dos grupos de cangaceiros era eminente e isso foi relevante para sua decisão. Além disso o conhecido chefe Corisco teria “fracassado terrivelmente” (talvez em uma provável rearticulação dos bandos) e estava “bebendo muito”. Quanto a Português, seu ex-chefe, Barreira o considerou “covardíssimo”, que “fugia das lutas” e apenas enviava seus cangaceiros em “missões” de extorsão e punição a fazendeiros da região que não lhes dava dinheiro.

E foi numa dessas “missões” que Barreira colocou seu plano de sair do cangaço em funcionamento.

Negociando Com Uma Cabeça

Ele, Atividade e o irmão deste, alcunhado Velocidade, seguiram na madrugada do dia 5 de setembro para o povoado de Belo Horizonte, próximo a propriedade Santo Antônio. O trio de cangaceiros era comandado por Atividade e tinham como missão incendiar uma casa no povoado, cujo proprietário era Elísio Maia. Porém Atividade ordenou a Barreira algo muito impactante e muito controverso – o jovem cangaceiro teria de “matar o seu próprio irmão e um seu tio, que lá moravam.

Segundo o relato de Barreira ao jornalista do periódico “Jornal de Alagoas”, sem especificar como, este começou a “azucrinar” propositadamente a paciência do cangaceiro Atividade para evitar cumprir esta função. Na sequência, ao passarem próximo a um riacho, Atividade ordenou a Barreira que fosse buscar água para os cantis e teve início uma nova discussão. Nisso, a fim de evitar problemas, Velocidade se prontificou a fazer a tarefa, descendo por uma rampa até o riacho.

Era a oportunidade que Barreira queria e sem titubear este desfechou um tiro de rifle nas costas de Atividade!

Velocidade voltou rapidamente para socorrer o irmão e Barreira passou a descarregar vários balaços na direção deste. Ao jornalista do periódico alagoano Barreira afirmou que atingiu e matou Velocidade com seus tiros, o que é uma mentira, pois este cangaceiro foi capturado meses depois.

Após isso Barreira chegou próximo de Atividade, que segundo o seu algoz ainda estava vivo, e com um facão decepou lhe a cabeça.

Queria Ser Policial, Mas Ficou na Cadeia…

A história da decapitação de Atividade foi publicada em pequenas notas em alguns jornais do Rio de Janeiro e de outras capitais do Brasil. Não encontrei registros que a terrível fotografia circulou na imprensa.

Pouco tempo após a detenção de Barreira outros cangaceiros foram se entregando as autoridades, como o grupo do cangaceiro Pancada. Além deste chefe faziam parte do bando sua mulher Maria Jovina (ou Maria de Pancada), Cobra Verde, Peitica, Vinte e Cinco, Vila Nova e Santa Cruz. Todos foram levados para o quartel de Santana de Ipanema, onde Barreira se encontrava.

Apesar do crime hediondo praticado por Barreira, que poderia ocasionar retaliação por parte dos outros cangaceiros, nada aconteceu. Acredito que os cangaceiros estavam mais preocupados com os seus incertos destinos naquele momento.

Sob as ordens do coronel Lucena havia uma atmosfera positiva no quartel e uma relação entre cangaceiros e seus antigos perseguidores que pode ser considerada como amistosa. Até porque os policiais precisavam da ajuda dos cangaceiros detidos para prender os que ainda se encontravam soltos, principalmente Corisco.

Em novembro este grupo de cangaceiros estive em Maceió, a capital alagoana. Ali foram alvos de extrema curiosidade pública, tomaram banho de mar, realizaram compras no comércio acompanhados dos soldados e pagaram regiamente o que adquiriram. Os antigos cangaceiros estavam felizes e muitos comentavam aos jornalistas que desejavam ser policiais e não queriam mais ser chamados pelos seus antigos “nomes de guerra”.

O jornal carioca “A Noite”, na sua edição de segunda-feira, 14 de novembro de 1938, página 8, traz uma interessante reportagem sobre estes cangaceiros em Maceió. Os membros do antigo grupo de Pancada, além de Barreira, tiveram oportunidade de narrar um pouco de suas vidas antes e durante o período como cangaceiros.

João Correia dos Santos, o Barreira, então com apenas vinte anos de idade, era o mais novo dos bandidos. Nesta nova entrevista não negou que matou Atividade, não escondeu os motivos e nem que o decapitou. Mas acrescentou que era sempre “insultado” por ele. Daí em diante nesta entrevista, Barreira começou a mudar os relatos sobre sua vida pregressa.

Ele já não vinha mais do lugar Furnas, mas havia sido “vaqueiro do fazendeiro João Lessa, da cidade de Propriá” (quase 90 quilômetros de Pão de Açúcar). Já não havia entrado no grupo de Português obrigado, mas por vingança. Informou que passou apenas seis meses no cangaço e soltou a pérola que durante os combates “tinha vontade de passar para o outro lado, mas tinha medo de ser assassinado”. Finalizou que estava feliz, desejava ser policial e caçar seus antigos companheiros!

Se assim desejava aparentemente ficou só na vontade, pois tudo indica que a polícia alagoana dispensou seus serviços como “caçador de cangaceiros”. Além disso, se Barreira imaginava que conseguiria amenizar alguma condenação trazendo a cabeça do cangaceiro Atividade para os policiais, isso funcionou em parte, pois ele ficou atrás das grades por quatro anos e seis meses.

Liberdade

Em uma entrevista realizada em 2012, concedida ao jornalista Antônio Sapucaia, do jornal “Gazeta de Alagoas”, o funcionário público aposentado José Alves de Matos, o antigo cangaceiro Vinte e Cinco, comentou que após passar mais de quatro anos na Penitenciária do Estado, em Maceió, gozava de certo privilégio naquele ambiente, a ponto de tornar-se o “chaveiro” da prisão.

Certa vez, provavelmente no segundo semestre de 1942, Vinte e Cinco recebeu a visita do Promotor Público Rodriguez de Melo, o qual ao se inteirar da situação dos ex-cangaceiros afirmou que nada poderia fazer em favor deles, a não ser que surgisse um milagre e o fato chegasse ao conhecimento do então Presidente da República, Getúlio Vargas, haja vista que todos estavam presos sem nenhum processo formalizado, à disposição do Governo do Estado.

Utilizando-se da confiança de que desfrutava, Vinte e Cinco recorreu ao engenheiro Ernesto Bueno, que estava preso por crime de homicídio contra um cidadão de Coruripe, pedindo-lhe que, em seu nome, escrevesse uma carta a Getúlio Vargas expondo a situação vexatória em que se encontravam. Seu pedido foi atendido e, usando de uma manobra habilidosa, apelou para uma mulher de nome Maria Madalena, que era encarregada de vender os produtos de artesanato que os presos fabricavam na prisão, a qual escondeu a carta no seio e depois a postou nos correios.

Segundo relata Vinte e Cinco, o Presidente Vargas, depois de manter contato com o Interventor alagoano Ismar de Góes Monteiro e com o Dr. José Romão de Castro, diretor da penitenciária, baixou um ato e pediu-lhes que os colocassem em liberdade, conseguissem empregos para todos, objetivando evitar o retorno deles à vida nômade e violenta no Sertão;

Mas na reportagem do jornal carioca “O Globo”, edição de quinta-feira, 7 de janeiro de 1943, existe uma outra versão.

Nela o diretor da penitenciária, Dr. José Romão de Castro, informa que encaminhou para Alexandre Marcondes Machado Filho, então Ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, através do Interventor Ismar de Góes Monteiro, uma exposição do aspecto jurídico e social da prisão, onde apresentou em linhas gerais o seu pensamento a respeito daqueles ex-cangaceiros, que se mostravam extremamente trabalhadores, obedientes e alguns muito estudiosos. Dos dez remanescentes, sete haviam se alfabetizado com o professor Manoel de Almeida Leite, dentre estes Barreira. Mérito dele!

Vale a leitura dos argumentos apresentados pelo Dr. José Romão de Castro para a soltura daqueles antigos combatentes das caatingas:

“Pois eles não podem ser encerrados como verdadeiros delinquentes uma vez que não havia entre eles e a sociedade aquilo que se chama semelhança social, harmonia de compreensão de deveres. Para eles, a figura de Lampião não era somente de chefe, a quem obedeciam, mas, sobretudo representava um princípio de autoridade, e, em torno de certas determinações, eles sentiam a última extensão da influência do poder público. Logo, penso que podem regressar ao meio social os últimos homens do grupo de Lampião, embora vigiados e sendo dado a cada um profissão certa.”

Seja pela carta enviada por Vinte Cinco, seja pelo parecer do Dr. José Romão de Castro, o certo é que no dia 10 de fevereiro de 1943, ao meio-dia, em meio a uma solenidade presidida pelo Dr. Ari Pitombo, Secretário do Interior, Educação e Saúde de Alagoas, os antigos cangaceiros foram libertados.

Barreira foi um dos que foram empregados pelo poder público de Alagoas e não perdeu a oportunidade oferecida[12].

Marcado Para Sempre

Vamos reencontrar este controverso ex-cangaceiro em uma reportagem de 1982 e em um momento muito festivo. Presentado pelo amigo Paulo Moreira, esta reportagem mostra que depois de quase 40 anos de trabalho como funcionário público estadual, lotado na Secretária da Fazenda do Estado de Alagoas, João Correia dos Santos se aposentava.

Neste período o antigo Barreira estava com 64 anos, era casado e pai de cinco filhos. Consta que sua passagem como funcionário público foi bastante positiva, a ponto dele ser considerado o “Funcionário Modelo do Estado” do ano de 1976 e receber um prêmio e um diploma das mãos de Divaldo Suruagy, então Governador de Alagoas.

Ainda nesta reportagem de 1982, o velho Barreira falou em tom bastante crítico sobre a minissérie da TV Globo “Lampião e Maria Bonita”, um grande sucesso na época. Para ele a obra televisiva “Nada tinha a ver com a história real”. Que a protagonista de Maria Bonita na minissérie, a ótima atriz Tânia Alves, não era “branca o suficiente e os dedos da original eram mais curtos”.

Mas concordava que a Maria Bonita real, tanto quanto o personagem apresentado na minissérie, tinha influência sobre Lampião. Outra concordância estava no fato de que realmente Corisco recusou-se a se “amoitar” com Lampião na Grota do Angico. Barreira ainda discorreu sobre vários outros aspectos relativos ao local do derradeiro combate do chefe cangaceiro e de como seu desparecimento contribuiu para o fim do cangaço, principalmente diante das perdas dos contatos dos fornecedores de armas e munições.

Nesta reportagem Barreira pouco comentou especificamente sobre seu período como cangaceiro e nada sobre a morte de Atividade. Aquele degolamento e a triste foto daquele ato era um passado que não valia a pena recordar.

Igualmente não sabemos quando Barreira faleceu, mas sua passagem em relação a história do cangaço está firmemente associada à fotografia do degolamento de Atividade. Para a grande maioria dos pesquisadores do cangaço a figura de Barreira praticamente se centraliza apenas em seu ato covarde.

Fonte: facebook

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ARTISTA EDUARDO LIMA



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LAMPIÃO REFERINDO-SE A PADRE CÍCERO, EM ENTREVISTA EM 1926

Por José João Souza

“Sempre respeitei e continuo a respeitar o Estado do Ceará, porque é o Estado de Padre Cícero. Como deve saber, tenho a maior veneração por esse santo sacerdote, porque é o protetor dos humildes e infelizes”.

Adendo: http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Infelizes perverso e sanguinário compadre Lampião, foram os que você e seu homens os assassinaram. Aí sim!


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DELMIRO AUGUSTO DA CRUZ GOUVEIA


Pioneiro na introdução de benefícios sociais para os trabalhadores.

Empresário nacionalista brasileiro nascido na fazenda Boa Vista, município de Ipu, Ceará, pioneiro na introdução de benefícios sociais para os trabalhadores, conhecido como o rei do sertão no Nordeste brasileiro, por sua riqueza, filantropia e coragem de desafiar o poder econômico dos ingleses no Nordeste. De origem humilde, era filho ilegítimo de um fazendeiro e negociante de gado, Delmiro Porfírio de Farias, que morrera na Guerra do Paraguai, e de Leonilda Flora da Cruz Gouveia. De família pobre, teve que trabalhar cedo para se manter e ajudar a mãe e aos 19 anos, mudou-se com ela para a cidade de Goiana, em Pernambuco e depois para o Recife. Foi bilheteiro da estação Olinda do trem urbano chamado maxambomba, trabalhando também na estação de Apipucos, bairro do Recife, e trabalhou ainda como despachante de barcaças. Interessado na compra e venda de couro e peles de cabras e ovelhas vai para o interior de Pernambuco, onde casou-se (1883) com Anunciada Cândida de Melo Falcão, na cidade de Pesqueira.

Trabalhou inicialmente como intermediário entre os produtores de peles de cabra, carneiro e couros de boi espalhados por todo o sertão nordestino e os comerciantes estrangeiros sediados no Recife. Trabalhou depois para a Keen Sutterly & Co., da Filadélfia, e tornou-se gerente de sua filial (1892). No ano seguinte, quando a matriz faliu, ele comprou seus escritórios no Recife e fundou a Casa Delmiro Gouveia & Cia (1896). Ligou-se à firma L. H. Rossbch, Brothers de Nova York e, com seu apoio financeiro e com postos de compra espalhados por todo o Nordeste, enriqueceu e tornou-se conhecido como o Rei das peles. Partiu para outros empreendimentos e pele urbanizou o bairro do Derby, no Recife, onde só havia manguezais, abrindo ruas, construindo casas e um grande mercado modelo sem similar no Brasil, o Mercado Coelho Cintra (1899), incendiado (1900), reformado (1924) e hoje sede do quartel general da Polícia Militar de Pernambuco, e construiu uma refinaria de açúcar que chegou a ser a maior da América do Sul.

Autoritário e de temperamento difícil, à medida que enriquecia criava mais inimigos, especialmente entre os políticos pernambucanos, o que o levou a se separar da esposa (1901) e a refugiar-se durante um ano na Europa. De volta ao Brasil, no ano seguinte fugiu com uma adolescente, Carmela Eulina do Amaral Gusmão, fixando-se em Vila da Pedra, uma localidade a cerca de 280 km de Maceió, hoje Delmiro Gouveia, perto do rio São Francisco, no sertão alagoano (1904), e voltou ao comércio de peles. Era um povoado formado por uma meia dúzia de casebres em torno de um terminal da ferrovia que unia Piranhas a Petrolândia, pela qual circulava um trem por semana. Com apoio financeiro dos irmãos Rossbach, uniu-se a dois sócios italianos, Lionelo Iona e Guido Ferrário, fundando a firma Iona e Cia., com sede em Maceió. Para Pedra eram levadas peles e couros dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe, onde elas eram tratadas e enfardadas. Seguiam de trem até Piranhas, desciam o São Francisco até Penedo e por mar seguiam para Maceió, de onde eram exportadas para os Estados Unidos.

Em pouco tempo recuperou-se financeiramente e viajou diversas vezes à Europa e aos Estados Unidos, onde conheceu a nova revolução industrial provocada pelo uso da energia elétrica. Quando ele conheceu a cachoeira de Paulo Afonso, teve a idéia de realizar ali um grande projeto e trouxe um grupo de engenheiros e investidores estadunidenses (1909-1910), para o projeto e a construção de uma grande hidrelétrica, que geraria energia suficiente para iluminar e abastecer o Recife e um grande um empreendimento agro-industrial nas terras em torno da cachoeira, em áreas da Bahia, Alagoas e Pernambuco a serem adquiridas pela empresa. Porém o governador de Pernambuco, Dantas Barreto, desconfiou da enormidade do projeto e ele foi forçado a reduzir as dimensões do projeto. Com o apoio dos irmão Rossbach, ele organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil e com turbinas e geradores alemães e suíços, instalou, num dos saltos da cachoeira de Paulo Afonso, o de Angiquinho, no lado alagoano do rio, uma usina hidrelétrica que gerava 1.500 HP, com uma voltagem de 3 KV. Pessoalmente, escolheu, na Inglaterra, máquinas da indústria Dobson & Barlow, para uma fábrica, a Cia Agro-Fabril, que iniciou (1914), a produção de linhas de coser, para rendas e bordados, fios e cordões de algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas para embrulhos. Essa indústria tinha características revolucionárias, no campo social, com uma vila operária, assistência médica, escola e cinema.

Este empreendimento, porém, passou a prejudicar o monopólio dos ingleses no setor, pois com o início da Primeira Guerra Mundial, seus produtos escassearam no mercado e a produção da Pedra, a marca Estrela, logo se tornou conhecida por sua qualidade e resistência e obteve aceitação imediata. Produzindo mais de 20 mil carretéis por dia as linhas Estrela ganharam o Brasil e entraram nos mercados da Argentina, Chile, Peru e outros países andinos. A inglesa Machine Cotton, produtora das Linhas Corrente, reagiu registrando (1916) no Chile e Argentina a marca Estrela, forçando o produto brasileiro a ser reembalado com seus rótulos trocados, e em seguida, tentou comprar o parque industrial de Pedra. Pressionado e irredutível, resistiu às propostas de compra da fábrica e acabou sendo assassinado misteriosamente em Vila de Pedra (1917), município que hoje tem seu nome, aos 54 anos de idade, no terraço da sua casa, um crime que jamais foi esclarecido.

Depois de sua morte, a Machine Cotton exerceu um dumping criminoso vendendo suas linhas pela metade do preço de produção, sob as vistas passivas do governo brasileiro, durante tempo suficiente para serem liquidadas as fábricas instaladas no país. Sob a complacência do governo Washington Luis, o complexo fabril de Pedra acabou sendo vendido (1929) em Paislay, Escócia, na sede da Machine Cotton, por 27 mil libras, seguindo-se sua destruição a marretadas por uma equipe de demolidores especialmente contratados (1930) e os destroços das máquinas inglesas ali instaladas, transportados em carretas puxadas por juntas de boi e jogados penhasco abaixo do São Francisco, cerca de 20 km de distância de Pedra. ISTO SIM! É UMA VERGONHA NA HISTÓRIA DO BRASIL! RETRATO DA SUBSERVIÊNCIA ETERNA A QUE SEREMOS SUBMETIDOS! (Veja mais em Delmiro Gouveia - Uma Fábrica no Sertão: http://eiderdoo.sites.uol.com.br/delmiro.htm).

Figura copiada de página da FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO:
http://www.fundaj.gov.br/docs/delmiro/deljovem.jpg

Fonte: Biografias - Unidade Acadêmica de Engenharia Civil / UFCG


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MISSÃO VELHA, O PORTAL DO CARIRI, REALIZA O SEGUNDO DIA DA FESTA DE 10 ANOS DO CARIRI CANGAÇO

Por Manoel Severo
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O município de Missão Velha; Portal do Cariri; recepcionou o segundo dia da grande festa de 10 anos do Cariri Cangaço. Aqui mesmo na terra abençoada por São José, há dez anos atras aportava este que se tornaria o maior evento de cangaço do Brasil. Tendo na coordenação local do evento o Conselheiro Cariri Cangaço; memorialista, pesquisador e  escritor Bosco André, uma intensa e maravilhosa agenda aguardava a todos os participantes do Cariri Cangaço 10 Anos.
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Localizada a 535km da capital do Ceará, fincada no solo fértil do cariri cearense, Missão Velha ao lado de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha estiveram promovendo o primeiro Cariri Cangaço ainda em 2009. Mais uma vez a celebração com caráter de gratidão reuniu pesquisadores de todo o Brasil para a grande festa na terra dos "Terésios".
 Caravana 10 Anos na Fazenda Cercadinho em Missão Velha
Washington Fechine, Diego Gondim, Hernesto Vasques, Célia Arruda e Manoel Severo
Antônio Vilela, João de Sousa, Manoel Severo e Aderbal Nogueira

Bismarck Maia, Elane Marques e Juliana Pereira
Quirino, Luciano Costa e Célia Maria
Clênio Novaes, Ivanildo Silveira e Sabino Bassetti
Calixto Junior, Manoel Severo e Fátima Lemos

A primeira parada da dinâmica agenda em Missão Velha foi no emblemático Distrito de Jamacaru, o mesmo das terras da Fonte da Pendência e da Gameleira do Pau, da simbólica Serra do Mato e da força do Coronel Santana ! Ali a caravana 10 Anos visitou a Fazenda Cercadinho, propriedade e berço de uma das mais proeminentes familias da região, tendo como patriarca o Coronel Liberato Manuel da Cruz, um dos coronéis mais respeitados do cariri.
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Ali os convidados do Cariri Cangaço foram recepcionados por familiares e descendentes do Coronel Liberato Manuel da Cruz , quando foi descerrada a Placa Comemorativa e o Marco do Memorial Liberato Manuel da Cruz, dentro da Rota Turística Cariri Cangaço.
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  Família Liberato Cruz e a Placa do Memorial na festa de 10 Anos do Cariri Cangaço
 Momento solene do marco do Memorial Liberato Manuel da Cruz
Geralda Furtado da Cruz, Manoel Severo, por ocasião do descerramento da Placa do Memorial Coronel Liberato Manuel da Cruz dentro da Rota Turística Cariri Cangaço
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Recorremos ao Conselheiro Bosco André :"O Cel Liberato Manuel da Cruz foi Inspetor Escolar , Delegado e Intendente do Município de Missão Velha, substituindo ao não menos importante  Cel. Antonio Joaquim de Santana, no período entre  29-08-1917 a 19-10-1917. Vigésimo filho do casal Manuel Inácio da Cruz e Maria das Dores da Encarnação, casou duas vezes, primeiro com a sobrinha Ana Isabel da Conceição Macêdo e em segundas núpcias com Joana Rodrigues da Cruz (Santinha). Então é uma honra ter os 10 Anos de Cariri Cangaço no Portal do Cariri, Missão Velha, com a homenagem do Município ao ilustre Patriarca da família Liberato – Coronel Liberato Manuel da Cruz."
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 Clênio Novaes e Manoel Severo
 Cícero Aguiar, Odilon Nogueira e casal Edson Araujo
 Rai Arts, Belarmino, Rose, Junior Almeida e Rangel Alves da Costa
Casal Nivaldo Pereira e Ivanildo Silveira
Rangel Alves da Costa e Gabriel Barbosa
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"Acolhedora Missão Velha, berço dos Téresios: Quando o historiador João Brígido dos Santos, em fins do século dezenove, vasculhava os arquivos da história do Cariri, a esses meus antecedentes já se referia como nucleadores de várias povoações e fazendas de criar, entre todas, sobressaindo‑se aquela denominada Engenho Santa Teresa, fundada pelo capitão Domingos Paes Landim, um dos pioneiros da colonização do Ceará.Núcleo originário e socioeconômico das famílias Terésios, segundo observações dos maiores historiadores do Cariri, a exemplo de Irineu Pinheiro e do Padre Antônio Gomes de Araújo, que pesquisaram as suas origens e os primeiros anos da sua formação, o Engenho Santa Teresa, por séculos afora, manteria acesa a temperatura das suas chaminés." Dimas Macedo
 Fazenda Cercadinho de Manuel Liberato da Cruz
Erasmo Teixeira e Rossi Magne 
Luiz Ruben e Ângela
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"Deles, os Terésios, ocupar-se-ia o historiador Joaryvar Macedo ao traçar as linhas da sua inculcada genealogia, detendo‑se na descendência do Capitão Domingos Paes Landim e da sua mulher Isabel da Cruz Neves, ascendentes dos Terésios que hoje se reúnem para proclamar a glória de Antônio Martins Filho e reconhecer o quanto Joaryvar Macedo é um imenso traço de união entre nós. No seu monumental e não por demais relembrado – A Estirpe da Santa Teresa (Fortaleza: Imprensa Universitária, 1976) –, cuja segunda edição ora se dá à estampa, Joaryvar Macedo desvenda a linhagem dessas famílias e nos leva a intuir o que a trajetória dos Terésios poderia representar como desafio para os his­toriadores e sociólogos do Ceará. Abstraindo‑se o dado genealógico da questão dos Terésios, o que registrou a historiografia sul‑cearense, pertinente aos la­bores nos quais se envolveram muitos dos seus integrantes, a mim me parece constituir algo de substância singular com que a pesquisa histórica e a sociologia política podiam muito bem se entreter.Costumo dizer as pessoas que me abordam acerca dos Terésios, que o conjunto das suas aventuras nos permite cultuar uma tradição familiar que se arraigou na cultura da região do Cariri, por meio da sua mais forte tradição."
Brasões das Família Terésias, fonte: familiavasqueslandim.blogspot.com.br
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Diego Gondim, Nairton Macedo, Manoel Severo e Bosco André
Seguindo a vasta programação Missão-velhense , a caravana 10 Anos foi recepcionada no plenário da Câmara Municipal de Missão Velha. Com as presenças do prefeito municipal Diego Gondim Feitosa e do presidente do legislativo municipal, Nairton Macedo; a manhã se seguiu com as principais homenagens locais à personalidades de destaque no cenário da historiografia do coronelismo no Ceará.
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 Presidente da Câmara, Nairton Macedo
 Secretário de Cultura Moreira Paz
Prefeito Diego Gondim
 Pesquisadores de todo o Brasil presentes em Missão Velha
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Fizeram uso da palavra para as boas vindas ao Cariri Cangaço 10 Anos, o presidente da Câmara Municipal, vereador José Nairton, o secretário de cultural Moreira Paz, o prefeito Diego Gondim Feitosa e o Conselheiro Cariri Cangaço, Bosco André, todos ressaltaram a grande honra em Missão Velha esta recebendo mais uma vez o Cariri Cangaço, principalmente no momento onde se celebram seus dez anos de realizações.
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Conselheiro Cariri Cangaço João Bosco André: Boas Vindas aos 10 anos...
Comendador Mariano e Prefeito de Milagres Dr Landim passam às mãos  
do Dr Washington Fechine
Moreira Paz agradece o Diploma de Amigo do Cariri Cangaço
Célia Maria, Charles Cruz e Amelia Linard
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Em seguida o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo Barbosa, comandou a entrega dos Diplomas de "Amigo do Cariri Cangaço" quando foram agraciados com a comenda; o prefeito Diego Gondim Feitosa, o ex-prefeito e médico, Washington Fechine e ainda Charles Cruz e o secretario de cultura Moreira Paz.

O momento alto da manhã na solenidade na Câmara Municipal de Missão Velha marcou a grande homenagem a vultos históricos que escreveram as paginas da historia do cariri cearense na época do "Império do Bacamarte". O primeiro homenageado da manhã foi o Coronel Liberato Manuel da Cruz, comenda recebida pela senhora Geralda Furtado da Cruz e Charles Cruz.

Calixto Junior, Célia Arruda e Honório de Medeiros

Seguindo a programação recebeu a honraria do Cariri Cangaço, dona Célia Arruda; representando o Coronel Menino, Isaias Arruda de Figueiredo; a comenda foi entregue pelos Conselheiros Honório de Medeiros e João Tavares Calixto Junior; ambos pesquisadores da vida de Isaias Arruda, um dos mais celebres coronéis do sertão nordestino. 

José Ivo Dantas Filho fala em nome da Família Dantas

Uma das mais proeminentes figuras históricas da região caririense e um dos grandes líderes de Missão Velha da república velha, Sinhô Dantas ; foi o próximo homenageado da manhã de 10 Anos do Cariri Cangaço. Em nome da família Dantas, recebeu José Ivo Dantas Filho. 

Hernesto Vasques, Noadia Costa, Manoel Belarmino, Aelio Vasques e Bosco André
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Os Conselheiros Cariri Cangaço; Bosco André e Manoel Belarmino, além da pesquisadora Noádia Costa; passaram às mãos de Aélio Vasques e do vereador Hernesto Vasques a comenda de reconhecimento ao Bravo Caririense, Quinco Vasques, um dos personagens mais emblemáticos de toda região caririense e do vale do salgado,protagonista de episódios marcantes da historiografia do coronelismo sertanejo do inicio do século passado.

Usaram a palavra para os agradecimentos o vereador Hernesto Vasques, José Ivo Dantas Filho e Aélio Vasques; um dos grandes incentivadores do Cariri Cangaço em Missão Velha, que agradeceu "ao grande amigo Severo, toda a atenção e homenagens prestadas ao avô Quinco Vasques e a toda história de Missão Velha".

Aélio Vasques e as palavras de agradecimento em nome da Família Vasques
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Uma surpresa ainda estava reservada a todos os presentes, o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo Barbosa, convidou a espetacular Cecília do Acordeon, 11 anos; Pedro Lucas Feitosa, 14 anos e Pedro Popoff; 13 anos, para apresentarem a composição especial do forró que homenageia os dez anos de cariri cangaço, uma composição a tres mãos: Letra de Manoel Severo e Paula Sampaio e musica de Cecília do Acordeon. Uma verdadeira festa da Alma Nordestina.
Pedro Popoff, Manoel Severo, Cecília do Acordeon e Pedro Lucas

O sol já ia alto no firmamento quando a caravana Cariri Cangaço "apeou" para o almoço na sede da ACOAFA de Missão Velha, ali além do mais autentico cardápio sertanejo para manter os cangaceiros e volantes de pé; ainda houveram mais dois lançamentos com os cordelistas Ernane Tavares de Juazeiro do Norte e Paulo de Tarso, o poeta de Tauá.

Tem mais Missão Velha...
continuamos na próxima postagem

Cariri Cangaço 10 Anos
Missão Velha - Fazenda Cercadinho e Camara Municipal
25 de Julho de 2019
Fotos:Ingrid Rebouças e Louro Teles


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