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domingo, 18 de outubro de 2020

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.

Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

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A RAINHA DO CANGAÇO

Por José Mendes Pereira

Maria Bonita como já é do conhecimento de todos nasceu no dia 17 de janeiro de 1910 ou possivelmente no dia 08 de março de 1011, no município de Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Viveu sua infância e adolescência no sítio dos pais. Aos quinze anos casou-se com o sapateiro José de Neném e não estando satisfeita com o matrimônio, abandonou o seu cônjuge de uma vez por toda e decidiu acompanhar o homem mais temido do Brasil, o rei Lampião, para fazer parte de seu respeitado bando de cangaceiros, onde permaneceu até a sua morte, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angico, no Estado de Sergipe.

Em 1973, o Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, referente aos meses Setembro e Outubro publicou uma entrevista que havia feito com Antonio dos Santos o cangaceiro Volta Seca, afirmando ele que quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de cangaceiros, já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos asseclas.

O cangaceiro Volta Seca

O encontro da futura cangaceira com Lampião se deu quando certo dia o bando havia se hospedado na Malhada da Caiçara, e lá, chegou uma senhora conhecida por Maria Déia, afirmando ser a mãe de Maria Gomes de Oliveira (a futura Maria Bonita), e foi de encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo. Lampião se sentindo orgulhoso, disse-lhe que para ela o conhecer não havia dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria Déia, perguntou-lhe onde ela morava. Ela o respondeu que a filha era casada e residia em Santa Brígida.

Lampião interessado para conhecê-la pediu que a chamasse, pois estaria até a manhã do dia seguinte, e não comunicasse mais a ninguém da sua presença naquele lugar.

Dona Maria Déia querendo que a filha o conhecesse, já que era um dos desejos dela, mandou um dos filhos chamá-la em sua residência. E ao chegar, mãe e filha dirigiram-se à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem, os dois ficaram palestrando.

Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira, e não era engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranquilidade. E lá, o sofrimento era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas não gostava.

Lampião e Maria Bonita

Disse-lhe ainda que muitas vezes eles passavam dias sem se banharem, e não era justo uma mulher tão linda quanto ela, levar a vida sem se banhar. Ainda a aconselhou que ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus, para viverem a vida até que a morte os separassem. A vida de cangaceiro não era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado por Deus e por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais nada. Ele ainda alegou que não era um homem da sociedade. Mas ela insistiu tanto, que findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo, para as caatingas, sendo ela a primeira cangaceira brasileira.

Minhas Inquietações

O que disse Volta Seca ao jornalista sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso:

O jornalista do Jornal "Pasquim" fez-lhe uma pergunta:

- Ela atirava também?

E ele o respondeu:

- Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito.

O cangaceiro Balão

A resposta de Volta Seca contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade. Veja:

- Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada.

Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a pistola mauser?

Na minha opinião eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos cangaceiros. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea.

Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa.

Somente o pai de Maria Bonita disse aos repórteres do jornal Periódica Carioca na edição de domingo, 7 de setembro de 1958, que Maria Bonita era tão má quanto Lampião. - https://tokdehistoria.com.br/.../familiares-narram-a.../. Mas talvez ela era má com ele, porque vez por outra filha não se afina bem com o seu pai.

Mesmo eu discordando algumas respostas do cangaceiro Balão na entrevista que ele cedeu à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.

Embora não tenha se casado oficialmente com Maria Bonita, mas ela foi e é considerada a sua primeira esposa, onde viveram juntos durante oito anos.

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PEDRA DE LAMPIÃO

Por Cangaço Nordestino 

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https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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DUAS GRANDES PERSONALIDADES DA CULTURA CANGACEIRA

 Por Volta Seca

Foto Cariri cangaço.

Á direita, escritor Alcino Alves Costa ( saudosa memória). À esquerda, Dr. Antônio Amaury C. Araujo. Os dois juntos, somam mais de 100 anos de pesquisa sobre o cangaço. Amaury, autor de 15 livros sobre o tema. Alcino tem, em torno de 12 obras. Muitas delas, ainda, inéditas, e não pubblicadas.

São dois grandes vaqueiros da história, cujos nomes, estão gravados na historiografia do cangaço . Indaga-se. Quem nunca bebeu nas águas do conhecimento das obras desses 02 grandes escritores ?

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A HISTÓRIA E A CULTURA PERDEM MAIS UM DOS SEUS PATRIMÔNIOS

 Por João de Sousa Lima

Lamentável, mas hoje indo ao museu Casa de Maria Bonita, passando no complexo arquitetônico de Generosa Gomes de Sá, encontrei uma das casas com a frente caída..., a história e a cultura perdem mais um dos seus patrimônios...

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SOLDADO QUE ATIROU EM CORISCO COM UMA METRALHADORA

 Por Adelson Mota

O soldado murundu comandado por Zé Rufino ele atirou com uma metralhadora em Cristino Gomes da Silva Cleto vulgo Corisco na fazenda Pacheco em Barra do Mendes BA.

Hoje tivemos o prazer desta postagem do soldado Murundu. Creditos da postagem pesquisador Rubens Antônio.

Há uns dois anos tive uma pequena disscusao e ele e Marcos Santos me ensinou que não era como eu pensava discordar de assuntos que sem uma análise profunda não faz sentido.

Realmente discordar de anos e anos de pesquisas, viagens entrevistas. Eu estive errado. O Sr Rubens Antônio é um estudioso incomparável da cangacologia indiscutível.

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NA CRUZ DA CANGACEIRA ADELAIDE...! ( morreu de parto)

Por Rangel Alves da Costa

Neste local injustamente chamado de Umbuzeiro da Bandida, foi onde a cangaceira Adelaide acabou perdendo a vida. Grávida de nove meses, do filho já despedida, cheio de dores e horrores, viu sua força esvaída. E "Criança ", o companheiro, sem ter jeito ou saída, deu adeus à sua amada, chorando a triste partida. Num cemitério de Curituba, povoação a Canindé pertencida, o corpo da cangaceira a terra teve descida. Mas debaixo do umbuzeiro ficou sua luta renhida, lutou para não morrer, mas pela sina foi ferida.

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LAMPIÃO A RESSURREIÇÃO DE EZEQUIEL

Por Raul Meneleu



Essa entrevista foi feita por mim no dia 14 de outubro de 2017, na cidade de Nazaré do Pico em Pernambuco, por ocasião das comemorações de 100 anos da cidade. O Senhor Pedro Ferreira, fala-me da visita que o irmão de Lampião Ezequiel Ferreira, na cidade de Serra Talhada, para tirar documentos.

O escritor do livro LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS, José Bezerra Lima Irmão, nos faz um relato detalhado desse episódio. Ele nos diz:

A SUPOSTA MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA, O PONTO FINO 

Para os leitores do Diário de Notícias, A Tarde, A Noite e Diário de Pernambuco, que não perdiam os relatos dos feitos de Lampião, 1931 estava sendo um ano "morno". A impressão que se tinha era de que não acontecia quase nada. Nas feiras, os cantadores e violeiros só falavam em Maria Bonita. Mas, na verdade, muita coisa estava acontecendo. A polícia é que tinha perdido o entusiasmo, alegando falta de verbas para continuar a campanha. Limitava-se a traçar planos para extinguir o cangaço. Em virtude disso, os informes passados à imprensa rareavam. Porém, nas caatingas, Lampião continuava em plena atividade. Três fatos marcaram aquele ano na história do cangaço: a admissão de mulheres no bando de Lampião, a morte de Ezequiel Ferreira e o esquartejamento de Herculano Borges. Dos homens, Ezequiel Ferreira da Silva era o irmão mais novo de Virgulino. Era um rapaz moreno-claro, simpático e brincalhão. Quando os manos mais velhos — Antônio, Livino e Virgulino — viraram cangaceiros, nos episódios que culminaram com a morte do pai, Ezequiel era um menino de apenas 9 anos. À. época, ficou com as irmãs solteiras, sob os cuidados de João Ferreira, o único dos adultos que não entrou no cangaço, se bem que pretendesse, pois Lampião decidiu que alguém tinha que se manter na legalidade para cuidar da família. Depois, em 1927, em face das perseguições sofridas pelos Ferreira, Ezequiel resolveu ser também cangaceiro. Tinha então 15 anos de idade. Lampião relutou, mas acabou cedendo. Quando Ezequiel entrou no bando, havia morrido um cangaceiro apelidado de Ponto Fino e, como de costume, o novato ficou com o apelido do finado. Os autores se repetem dizendo que esse apelido era devido à precisão da pontaria de Ezequiel, considerada infalível. Muito pelo contrário, Ezequiel nunca se distinguiu como atirador. Não se sabe de nenhuma morte atribuída a ele. Era um cangaceiro discreto, comedido. Atuava mais como guarda-costas de Lampião, quando este precisava fazer alguma coisa fora do olhar dos outros ou resolvia tirar um cochilo, deixando Ezequiel de prontidão. Não se prevalecia do fato de ser irmão do chefe para obter vantagem de qualquer espécie. Ocupava um lugar indeterminado na hierarquia do bando, já que o homem forte, depois de Lampião, era o cunhado, Virgínio, conhecido como Moderno, e as grandes atribuições eram confiadas a Luís Pedro e Mariano. Essa postura de Virgulino talvez fosse uma forma de preservar o caçula. 

A "morte" de Ezequiel e a sua aparição em Serra Talhada Como tempo, a versão da fuga passou a ser ridicularizada porque tudo ficava por conta de boatos e conjeturas. Mas foi então que se verificou um fato que reacendeu a hipótese da fuga: em novembro de 1984, um homem já idoso, de 70 para 80 anos de idade, residente no Piauí, chegou a Serra Talhada para tirar os documentos a fim de se aposentar. Ele procurou a casa de Genésio Ferreira, primo de Lampião, e apresentou-se: — Geneso, eu sou seu primo Ezequié. Genésio Ferreira assustou-se: — Ezequiel? O irmão caçula de Lampião? — É, sou eu — confirmou o homem. — Eu fui dado cumo morto, mais aquilo foi um jeito qui meu irmão deu pra me tirá daquela vida. E se aperpare pra iscutá mais: Lampião tamém tava vivo até treis ano atrais. Depois eu lhe conto tudo direitim. Vim aqui purgue tou quereno me apusentá e nun tenho documento nlhum. Nun sou nem registrado. Vim aqui pra me registra. Genésio Ferreira tinha visto Ezequiel quando garoto. Não havia como saber se aquele era de fato seu primo, dado como morto fazia mais de cinquenta anos. Genésio começou a fazer perguntas sobre coisas do passado, envolvendo a família, os lugares. O homem lembrava-se de episódios familiares, citava nomes, descrevia a forma das casas, as estradas... Genésio foi com o sujeito ao cartório de registro civil e expôs o fato. O tabelião recusou-se a fazer o registro. Disse que só podia registrá-lo se o juiz autorizasse. Foram ao juiz. O Dr. Clodoaldo Bezerra de Souza e Silva, juiz de direito da comarca de Serra Talhada, impressionado com a história, mandou chamar antigos moradores da cidade, dos tempos da gloriosa Vila Bela. Conversou com pessoas da família Godoy, pois o estranho personagem dizia que seu padrinho era Quinca Godói (Joaquim Godoy).  Ao final, convencido de que aquele senhor falava a verdade, o juiz autorizou o registro.2118 Ezequiel passou cerca de vinte dias na casa de Genésio Ferreira, na Rua Agostinho Nunes Magalhães. Várias personalidades importantes da cidade estiveram com ele: o monsenhor Jesus Garcia Riallo (que foi vigário de Serra Talhada por mais de meio século), o padre Afonso de Carvalho (da paróquia de Nossa Senhora do Rosário), o médico Dr. Elias Nunes, o tabelião e vereador Luiz Andrelino Nogueira, o ex-prefeito Luiz Conrado de Lorena e Sá (Luiz Lorena), o agricultor Luiz Alves de Barros (sobrinho de Zé Saturnino) e o tenente João Gomes de Lira, de Nazaré, ex-soldado de volante. De todas as pessoas com quem ele conversou, três merecem destaque neste caso. Uma é Luiz Alves de Barros, o famoso Luiz de Cazuza, companheiro de infância de Ezequiel na Serra Vermelha. Antes das desavenças dos Ferreira com os Saturnino, as duas famílias eram amigas, moravam vizinhas. 

Luiz de Cazuza e Ezequiel eram quase da mesma idade. Acompanhado de Genésio Ferreira, no dia 26 de dezembro de 1984 Luiz de Cazuza conversou durante mais de quatro horas com o estranho personagem. José Alves Sobrinho, filho de Luiz de Cazuza, escreveu um livro em que aborda a questão havida entre Lampião e Zé Saturnino, no qual há um capítulo com a descrição do encontro de seu pai com o tal indivíduo. Luiz de Cazuza conversou com o forasteiro sobre vários fatos da infância: quem estava presente em determinados eventos, quem morreu, como foi programado o cerco da fazenda Pedreira, como foi que Lampião atacou e queimou a casa-grande da fazenda Serra Vermelha. O homem se recordava de muitos detalhes, e em relação a outros alegou que não se lembrava mais. José Alves considera razoável o esquecimento, haja vista tratar-se de um homem com idade bastante avançada." Luiz de Cazuza deu um depoimento, gravado em videocassete, aos pesquisadores Paulo Medeiros Gastão, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), e Aderbal Nogueira. Alcino Costa assinala que naquele depoimento existem "pelo menos dois preciosos detalhes que comprovaram ser aquele senhor do Piauí, sem sombra de dúvidas, o próprio Ezequiel, em carne e osso. [...] Em dado momento o forasteiro perguntou a Cazuza se ele tem lembrança do encontro que o mesmo tivera com Lampião na Cacimba do Gado, no ano de 1927, e, como querendo refrescar a memória do velho caboclo, diz que naquele dia estavam presentes dezessete cangaceiros, dentre os quais Mourão, Sabino, além dele e Antônio, o outro irmão. Perguntou a Luiz Cazuza se ele tem lembrança do episódio dos dois pares de alpercatas encomendadas por Lampião e Sabino e que ficaram guardados por mais de cinco meses na casa de uma senhora dali do São Domingos e que naquele dia as mesmas foram entregues aos bandoleiros". Alcino Costa conclui: "Estas minuciosas particularidades desvaneceram as dúvidas de seu Luiz que ficou convicto de que aquele homem era realmente o mano mais novo de Lampião".

A segunda pessoa cujo testemunho merece destaque é Luiz Lorena, que foi quatro vezes prefeito de Serra Talhada, considerado a "história viva" da cidade. Conhecedor da história do cangaço, Luiz Lorena fez várias perguntas ao referido senhor sobre combates travados por Lampião nos quais Ezequiel, o Ponto Fino, estava presente. O sujeito narrava os fatos, dando detalhes: a hora do combate, quem morreu, para onde o bando foi depois... Ele conhecia todos os caminhos que ligavam as fazendas da beira do Riacho São Domingos. Falava de antigos moradores. Perguntava: "Sabe de fulano de tal? Ele ainda mora em tal lugar?". Luiz Lorena dizia: "Não posso afirmar que aquele sujeito era Ezequiel, mas, se era um impostor, tinha decorado tudo e sabia representar bem o seu papel terceira é o tenente João Gomes de Lira, um dos famosos "Cabras de Nazaré", que pelejou nas volantes de Manoel Neto e de Davi Jurubeba. João Gomes é autor de um livro que constitui referência indispensável para todos os pesquisadores do cangaço. Quando a obra estava pronta para publicação, ocorreu o encontro do autor com o homem que se dizia irmão de Virgulino. João Gomes acrescentou então um capítulo final, relatando a história contada pelo suposto Ezequiel. João Gomes expõe a celeuma que houve em Serra Talhada quando o povo soube da presença de Ezequiel na cidade, todo mundo querendo ver o ex-cangaceiro. Uns afirmavam que aquele era mesmo Ezequiel, outros ponderavam não ser possível, pois Ezequiel morrera na Bahia, outros diziam que o homem não parecia com os membros da família Ferreira. Os parentes ficaram em dúvida, pois as informações que tinham era de que Ezequiel havia morrido na Bahia em 1931. João Gomes conclui que, embora muita gente ficasse em dúvida, "Chegaram à conclusão de que, na realidade, era mesmo Ezequiel, quando aos poucos foi ele se identificando, como seja procurando por pessoas da região se ainda eram vivas ou mortas. Como também procurava saber se em determinados lugares ainda existiam velhas árvores, como procurou saber se, no terreiro da casa em que residiu seu velho José Ferreira, no lugar Poço do Negro, ainda existia um pé de umbuzeiro-cajá; na realidade lá está o frondoso pé de umbuzeiro. Foi assim chegando na mente daquela gente que na realidade era mesmo o Ponto-Fino". Segundo João Lira, desapareceram todas as dúvidas quando o homem passou a relatar os fatos e a expor o motivo de ter abandonado o cangaço. Aquele era Ezequiel. Não fosse ele, como seria possível uma pessoa residente no Piauí saber daquelas coisas?  

Esse indivíduo foi entrevistado por Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena, autores de Lampião e o Estado-Maior do Cangaço. Ele assegurou ser o irmão mais novo de Lampião. Os autores perguntaram por que era que todo mundo dizia que ele tinha morrido na Bahia em 1931, e "Ele respondeu que tudo era mentira, que o irmão tinha inventado a estória prá ele poder sair do cangaço". Porém os citados pesquisadores se desinteressaram pelo caso porque o velho, ao ser "Inquirido sobre o nomes dos seus pais, respondeu errado", e "Disse ainda ter tido 3 irmãos e 3 irmãs, o que não é verdade". Além disso, ele errava os nomes dos irmãos, fantasiava a descrição dos combates e citava cangaceiros que não foram seus contemporâneos. Hilário e Magérbio, apesar de admitirem que o homem "tinha mais ou menos a mesma idade e aparência fisica" que teria Ezequiel se fosse vivo, consideram que "na verdade era uma farsa, não se sabe com que finalidade, pois não havia dinheiro na estória, nem estava muito interessado em promover-se". Os citados pesquisadores consideram que os familiares de Lampião "acreditaram realmente tratar-se do primo" por nada saberem sobre a vida do parente depois que ele foi embora, ainda menino. Hilário e Magérbio concluem dizendo que aquele homem "Morreu certo que era Ezequiel Ferreira, o irmão mais novo de Lampião". 

Não obstante seus inegáveis conhecimentos sobre o cangaço, Hilário e Magérbio interpretaram mal as respostas daquele cidadão. Eles fizeram perguntas a um velho sobre coisas de sua infância e juventude. Após a morte de seus pais, a família andara de déu em déu. Ele não tinha nada anotado, pois era analfabeto. A rigor, suas respostas eram mais que razoáveis, pelo seguinte: Hilário e Magérbio consideraram que ele "respondeu errado" os nomes dos pais. Ora, como é que ele respondeu errado, se ninguém, nem mesmo o mais perspicaz estudioso do cangaço, sabe ao certo como eram os nomes dos pais de Lampião? Basta notar a divergência entre os dados da certidão de casamento em cotejo com as certidões de nascimento dos filhos. José Ferreira ora aparece como "dos Santos", ora como "da Silva", ora como "de Barros", e sua esposa, que devia chamar-se Maria Vieira Lopes, ora aparece corno Maria Sulena da Purificação (registro civil de nascimento de Virgulino), ora como Maria Vieira da Solidade (batistério de Virgulino), ora como Maria Santina da Purificação (batistério de Livino), ora como Maria Vieira do Nascimento (certidão de casamento religioso). Quanto aos nomes dos irmãos, é provável que em casa todos fossem tratados apenas pelos prenomes e apelidos. Ezequiel não tinha como saber ao certo os nomes completos dos irmãos, pois nem mesmo estes sabiam. Virgulino, por exemplo, que foi registrado simplesmente como "Virgolino" (sem sobrenome), tirou o título de eleitor com o nome de Virgulino Lopes de Oliveira. Durante algum tempo, se assinou Virgulino Ferreira dos Santos, até se decidir por Virgulino Ferreira da Silva. Ezequiel certamente não sabia o nome verdadeiro de Mocinha. 

Como Ezequiel não sabia assinar o nome, quem assinou por ele foi João Soares de Souza, tendo como testemunhas Genésio Ferreira Lima e Luiz Andrelino Nogueira (que era o tabelião público). 

Fonte da matéria: LAMPIÃO a raposa das caatingas de José Bezerra Lima Irmão.

MILAGRES DA NATUREZA

Autor José Di Rosa Maria


No ano bom de inverno
Canta alegre o azulão,
Botando suavidade
Na toada da canção,
Pra não doer nos buracos
Dos ouvidos do sertão.
***
A chuva banha a campina,
Junta água no barreiro,
O campo recebe flores
Cada flor espalha cheiro;
Chega entra na costura
Da perneira do vaqueiro.
***
Depois que a chuva cai
Toda água a terra drena,
O pincel da natureza
Trabalha de fazer pena,
Mudando a roupa da terra,
Botando um verde siena.
***
De madrugada o carão
Molhado pela garoa,
Pra Deus canta uma canção
Numa voz tão linda e boa,
Que rouba a cena da festa
Das marrecas na lagoa.
***
Por graça da natureza
O coqueiro aumenta o cacho,
A enchente passa a língua
Na barriga do riacho,
Chega o riacho se estica
Parecendo “um Cabra” macho.
**
O poder das mãos de Deus
Enche o sertão de beleza,
Uma rã pega carona
Descendo na correnteza,
Escanchada num garrancho
Dando adeus a redondeza.
***
Uma nuvem carregada
Pelo vento, dividida...
Dar um banho na floresta
Com água não poluída,
Deixando a vida das plantas
Com qualidade de vida.
***
Dos riachos do sertão
O rio pega uma enchente,
E desce em busca do mar
Galopando alegremente,
Orgulhoso pelo brilho

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