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quarta-feira, 3 de março de 2021

COMBATE de SERROTE PRETO e, a INCRÍVEL HISTÓRIA DO SOLDADO ANANIAS CALDEIRA DE OLIVEIRA...

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Lampião fugia de um combate na cidade de Mata Grande-AL, no dia 21 de fevereiro de 1925, sábado de carnaval, quando foi perseguido pelas volantes paraibanas do Ten. JOAQUIM ADAUCTO / e do Ten. FRANCISCO DE OLIVEIRA, além de uma volante pernambucana comandada pelo Ten. JOÃO GOMES , tendo ido se instalar com seus homens na Fazenda SERROTE PRETO, a qual fica na divisa dos Estados de AL e PE. O total de homens das forças volantes beirava 90 policiais, enquanto os cangaceiros chegava perto dos 40.

Os cangaceiros ao chegarem na Fazenda SERROTE PRETO, grande parte deles se alojaram numa casa de taipa, com um curral ao lado, enquanto outros, ficaram numas pedras, nos arredores da casa, dando a retaguarda.

O Ten. FRANCISCO OLIVEIRA que vinha na frente com seus homens no encalço dos bandoleiros, ordenou que seguissem imediatamente visando alcançar, o mais rápido possível, o local onde estava Lampião e seu grupo, no que não concordou o Ten. JOÃO GOMES, da força pernambucana, que disse: “ – Os cangaceiros já comeram, meus soldados não vão ficar sem comer “ . Surpreso, o Ten. Francisco Oliveira respondeu: “ – A força da Paraíba, quando tem notícia de cangaceiros, encosta logo “ e, seguiu com sua força.

Logo que chegaram nas proximidades da casa da Fazenda Serrote Preto, receberam uma forte descarga de tiros, vindo do lado dos cangaceiros. Tombaram mortalmente, os soldados Artur, Diménio, Virgolino, e, um negro muito disposto. Também foi morto o Ten. FRANCISCO OLIVEIRA e, ferido o Tenente JOAQUIM ADAUCTO. Os soldados da volante pernambucana que haviam chegado com um atraso, atiravam em direção à casa, atingindo, também, alguns companheiros da volante paraibana, que ficaram na linha de fogo cruzado.

Alguns soldados da volante de FRANCISCO DE OLIVEIRA procuraram se abrigar num trecho de um pequeno serrote ( pedras), de onde passaram a atirar nos cangaceiros. O soldado ANANIAS CALDEIRA DE OLIVEIRA, por sua vez, ficou amparado numa ponta de curral. Dali ele tinha perfeita visão da porta traseira da casa, planejando:

“ – O primeiro que colocar a cabeça, eu derrubo “.

O que ele não esperava é que os cangaceiros abrissem uns buracos na parede da casa, por onde começaram a atirar em sua direção. Surpreendido pelo inesperado ângulo de tiro, ANANIAS OLIVEIRA foi ferido DUAS VEZES. Um dos tiros fraturou-lhe o BRAÇO e, o outro, atravessou a sua FACE lado a lado, à altura do malar. ANANIAS contou, mais tarde, que o tiro recebido no rosto causou tal hemorragia que o sangue jorrava pelos dois lados, em arco.

O SOLDADO ANANIAS, já ferido, ouviu várias vezes LIVINO ( irmão de Lampião) gritar, de dentro da casa:

“ – Espere ai, macaco, que nós já vamos sangrá-lo ! “

ANANIAS acabou sendo retirado do local pelo soldado Manoel Gabriel que, por ironia, era seu inimigo pessoal. Ele foi levado até um certo ponto , a partir de onde o sargento JOSÉ GUEDES encarregou de levá-lo mais para dentro do mato, isso, acontecendo, em pleno combate. Ali, sozinho, ANANIAS acabou desmaiando, em consequência da grande perda de sangue.

Ao escurecer, o tiroteio cessou, já que ambos os lados tinham esgotado a munição.

No terreiro da casa havia ficado um soldado ferido, sem conseguir se mover. Implorava ao Tem. João Gomes que mandasse tirá-lo dali, porque os cangaceiros ameaçavam sangrá-lo. O sargento JOSÉ GUEDES chamou a atenção do oficial pernambucano, já que ele não ia buscar o ferido e, ouviu dele :

“ – Cada um que cuide de si “

ANANIAS entrevistado pelo pesquisador Dr. Amaury Araujo ( em João Pessoa- PB, no ano de 1969 ), informou-o que aquela altura, a maioria dos soldados já haviam fugido. Os sobreviventes, liderados pelo sargento JOSÉ GUEDES, apanharam os feridos e, aqueles que puderam arrastaram-se para MATA GRANDE, de onde, depois de receberem os primeiros socorros, foram encaminhados para Paulo Afonso.

Assim como os soldados, também os cangaceiros tinham pago um alto preço durante a batalha. ASA BRANCA, GURI E CORRÓ estavam mortos dentro da casa. FATO DE COBRA, CAPUXU E QUIXABEIRA foram feridos.

Alguns cangaceiros, assim que perceberam a retirada dos soldados, saíram com candeeiros, examinando os corpos caídos. No terreiro da casa ainda estava caído o soldado ferido que o Tenente JOÃO GOMES recusara a socorrer. O cangaceiro JUREMA, aproveitou a ocasião e o sangrou.

Por volta da meia-noite, O SOLDADO ANANIAS voltou a si, anda zonzo. O silêncio era total. Sua sede era arrasadora. Seus lábios estavam inchados que pareciam beiços de cavalo. Sentia que todo o seu rosto também estava inchado e desfigurado. A muito custo, apesar da tonteira, conseguiu se levantar e caminhar sem rumo definido. A vegetação, um macambiral muito grande , era agressivo e dificultava o avanço. Logo suas calças estavam destruídas pelos galhos, tornando-se imprestáveis para protegê-lo.

Ao amanhecer de segunda-feira, dia 22, ANANIAS viu-se à beira de uma estrada. Escolheu uma direção e seguiu em frente, sentindo sua fraqueza crescer, e o mal estar causado pelos ferimentos agravar-se com a fome e sede. O sol nasceu e apareceram moscas varejeiras que vagueavam sobre suas feridas, cada vez mais infeccionadas. Mas ANANIAS estava determinado a não se deixar vencer. Amarrou um lenço preto no rosto, protegendo-o contra os insetos e, prosseguiu sua penosa jornada, pensando:

“ A esta altura, se escapei de morrer a bala, vou morrer de fome e de sede “.

Ao seu redor não havia nada para comer ou beber. Lá pelas 22 h, tendo caminhado desde a meia-noite do dia anterior, ANANIAS estava cansado, ferido e cada vez mais enfraquecido. Ouviu um galo gritar. Deixando a estrada, foi em direção ao som, entrando por um varedo de bode, passando por uns umbuzeiros e chegando, finalmente, aos fundos de umas casas.

PENSOU:

“- Não vou chegar pelos fundos, senão poderão pensar que sou um malfeitor e vão querer me matar “.

Encontrou forças para dar a volta e chegar à frente das moradias; entrou numa delas, feita de palha e, deparou-se com uma velha, a quem perguntou:

“ – Dona, será que a senhora pode arrumar água morna com sal, prá eu lavar meus ferimentos ? “

- O senhor é praça ou cangaceiro ? – Ouviu em resposta.

“ – Sou soldado das forças da Paraíba.” – Disse ANANIAS.

A velha levantou-se e foi providenciar, voltando com o que tinha sido pedido. ANANIAS despiu sua túnica e lavou seus ferimentos. Depois tomou muita água, saciando sua sede. Para sua surpresa ficou sabendo, mais tarde, que aquelas casas pertenciam a Mata Grande.

Durante as 24 horas de sua jornada, a maior parte do seu tempo arrastando-se, pois não conseguia andar regularmente. ANANIAS havia avançado, apenas, duas léguas. Embora, ainda não estivesse totalmente refeito. ANANIAS sentou-se na calçada em frente à casa. Aproximou-se um senhor vestido de cáqui

ANANIAS perguntou-lhe:

“ – O senhor sabe informar onde está a força policial da Paraíba ? “

- Posso. Está em Paulo Afonso.

Tão logo conseguiu andar, ANANIAS seguiu para a cidade indicada, reencontrando seus amigos e, companheiros, sendo cuidado pelo farmacêutico João Gaudêncio, que o incluiu entre seus pacientes.

Ali em Paulo Afonso faleceram em consequência dos ferimentos, um soldado e o Tenente JOAQUIM ADAUCTO . A contagem final da batalha acusou, além de inúmeros 

OBSERVAÇÕES –

1º) Matéria compilada da obra “ De Virgulino a Lampião “, pgs 109/110, autor Antônio Amaury Correa de Araújo / Vera Ferreira.

2º) Foto do soldado ANANIAS CALDEIRA DE OLIVEIRA ..pertencente ao acervo particular do escritor, acima citado.

3º) Fotos de Serrote Preto, A CRUZ DOS SOLDADOS e, demais, acervo

Voltaseca Volta

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PÁSSAROS LENDÁRIOS DO SERTÃO

 Clerisvaldo B. Chagas, 3 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.481


     Diz uma lenda – citada pelos mais velhos no Sertão de Alagoas – que na ocasião em que José e Maria fugiram para o Egito levando o menino Jesus, foram perseguidos por soldados do rei Herodes.  Quando os perseguidores surgiam procurando pistas, o passarinho Bem-te-vi denunciava os fugitivos com seu canto: bem que vi, bem que vi. Esse é um dos motivos pelos quais o sertanejo, indiferente ou não, tem cisma a esse pássaro amarelo e preto: um traidor! Enquanto isso, o Colibri, de intenso colorido e a Lavandeira, de cores preta e branca, lavavam os paninhos de Nosso Senhor. No Sertão ninguém atira em Lavandeira, principalmente em época de Semana Santa. O beija-flor é apenas perseguido por adolescentes, com o nome de bizunga. A lenda ficou tão arraigada que parece verdadeira.

Mas o foco hoje é o Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) da família dos Tiranídeos, “que habita em matas, campos, cidades, em todas as regiões brasileiras; é marca de alimento, de material de limpeza... E já foi nome de jornal revolucionário com partido político. Seu nome vem do tupi: pitanguá-guaçú. Ave de médio porte, mede entre 20 e 25 centímetros, tem o dorso pardo e a barriga de um amarelo vivo, uma lista branca como sobrancelha, cauda preta e pesa 52-68 gramas. Possui 10 subespécies reconhecidas. Alimenta-se de insetos, frutas, ovos e de filhotes de outros pássaros, flores de jardim, minhocas, lagartos, pequenas cobras, crustáceos, peixes, girinos, carrapatos de bovinos e equinos. Alimenta-se ainda de cupim e de ração animal encontrada na cidade, em comedouros. Pode-se dizer que é um controlador de pragas de insetos”. (Wikipédia).

O bem-te-vi é conhecido pela sua agressividade, enfrenta até urubus e gaviões quando estes se aproximam do seu território. Possui grande poder de adaptação e é um dos primeiros a cantar ao amanhecer. Gosta de voar solitário, mas pode ser encontrado em grupo de 3 ou 4 em antenas de televisão. Tanto pode estar perto de rios e lagoas quanto em áreas densamente povoadas por humanos.

Nunca encontramos em gaiolas nenhum bem-te-vi, beija-flor ou lavandeira.

Lembramos da capital alagoana, região da Serraria, quando um bem-te-vi nos despertava ao amanhecer e se despedia da tarde em torno das 16 horas. Companhia que alimentava a saudade sertaneja da terra de Senhora Santana. Você viu as minhas crônicas, Bem-te-vi?

Bem que vi! Bem que vi!

BEM-TE-VI, LAVANDEIRA, BEIJA-FLOR (Créditos: Pinterest; Wikiaves.com.br; br.depositfhotos.com, respectivamente).


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TIO DE LAMPIÃO FEZ SEU “PÉ DE MEIA” E DEPOIS DEIXOU O CANGAÇO

Por João Costa

Natural de São Serafim, hoje Calumbi(PE), Antônio Mathildes, embora parente de cangaceiros, mantinha-se nas cercanias do Riacho São Domingos, próximo a Nazaré-PE, como homem trabalhador, chegou ser inspetor de quarteirão no Poço do Negro e considerado pelos irmãos Ferreira como contraparente, algo como “tio postiço” - afinidade muito comum no Sertão.

Mathildes ficou famoso como inspetor, tendo suas proezas como inspetor cantada em versos por violeiros do Pajeú e também era conhecido pela alcunha de “Bigode de Arame”. Embora assinasse como Antônio José Ferreira, ficou conhecido como Antônio Mathildes e que, apesar do sobrenome Ferreira, nada tinha de parentesco com os irmãos Ferreira. Trabalhador e homem das armas ao mesmo tempo.

Mathildes, enquanto inspetor de quarteirão, contrariou interesses de coiteiros, e de gente poderosa da região, como os Nogueira e Zé Saturnino. É atribuída a Saturnino, “falsa” denúncia de que dava cobertura a cangaceiros seus parentes.

O resultado é que a polícia, tendo à frente o cabo de Polícia conhecido como Antônio Maquinista, foi até sua casa e o espancou na frente da esposa e filhos. Acabou preso e, logo depois, posto em liberdade.

Muitos sertanejos envolvidos com o crime mantinham atividades paralelas: cuidavam da lavoura e, circunstancialmente, se tornavam “cangaceiros provisórios”, outros entravam para os bandos de forma definitiva; esse “tio postiço” dos irmãos Ferreira era desse tipo, que mesclava suas atividades e chegou a um ponto que começou a enfrentar problemas na região do Pajeú e não dava mais para esconder.

O que fez em seguida Mathildes? Muda-se para Alagoas, e se submete à proteção do coronel Ulysses Luna, o mesmo que já abrigara a família Ferreira também fugitiva do Pajeú.

Foi morar próximo aos Ferreira, no pouso do Olho d’Água de Fora, onde troca “afinidades e ideias” com seus contraparentes Antônio, Livino e Virgulino, visando retaliação aos seus desafetos no Pajeú: os Nogueira e Zé Saturnino.

Em agosto de 1920, formou-se um grupo de 19 cangaceiros, à frente os irmãos Ferreira, integrado por Baliza e Gato, todos do bando de Sinhô Pereira; Pirulito, Caneta e Carrossel e Higino, parente de Mathildes, com este à frente.

A meta: atingir o bolso do inimigo, matando gado e incendiando fazendas de Venâncio Nogueira e Zé Saturnino. Dito e feito.

Os Nogueira reagem e contratam serviços do famoso chefe de bandoleiros Cassimiro Honório que forma um bando.

É quando ocorre o tiroteio na Lagoa da Laje entre o bando de Cassimiro e três pelotões de cangaceiros sob o comando de Mathildes, mas tendo à frente dos combates, Virgulino, Baliza e Gato (não se trata do cangaceiro Gato, índio Pancararé, do Raso da Catarina). Neste combate tem Virgulino com 22 anos, já na condição de comando de pequeno grupo e também usando o apelido de Lampião.

Pouco depois, uma carta procedente do Pajeú, de Zé Saturnino (sempre ele) para o coronel Ulisses revela que, além do trabalho de almocreve, os irmãos Ferreira e Antônio Mathildes, atuavam como cangaceiros provisórios.

Tidos em Alagoas, apenas como agricultores e almocreves, Mathildes e os irmãos Ferreira perderam o apoio e a cobertura de Ulisses.

Dois anos depois, em 1922, a polícia alagoana, sob o comando do tenente José Lucena (o mesmo que matou José Ferreira, pai de Lampião), aumenta a pressão ao banditismo rural.

A situação é de acocho, ninguém mais era "cangaceiro provisório", agora o trunfo é paus e quem não aguentar que corra, dizia Virgulino.

Após muitos assaltos e saques, incluindo o rentável assalto à baronesa de Água Branca, Mathildes convoca uma reunião do bando na região do Moxotó pernambucano e comunica aos sobrinhos por afinidade (Antônio, Virgulino e Livino) sua decisão de abandonar o cangaço.

E ainda faz uma recomendação: que os irmãos Ferreira fizessem o mesmo.

- “Se espalhem e finjam de mortos até a poeira baixar, ou arribem, como eu vou fazer”, disse Mathildes a Lampião.

- Meu tio, o plano está bom para o senhor e os outros. Eu, que já estou vivendo debaixo do chapéu, não quero conselho nem dou. Este rifle, só deixo se eu morrer. E o estado de Alagoas, a Deus querer, eu queimo!”, teria respondido Lampião, segundo relato do cangaceiro Medalha, ao escritor Frederico Pernambucano de Mello.

Terminada a tal reunião, Antônio Mathildes reuniu a mulher e os meninos, botou tudo que tinha em lombos de burros; pegou de volta muito dinheiro que estava emprestado nas mãos de fazendeiros e comerciantes, mudou de nome e se escafedeu.

Reza a lenda que cruzou o Pajeú e a divisa de Pernambuco, ingressou com a família na região de Monteiro e terminou sua jornada em Catolé do Rocha, Paraíba, em redutos dos Rosado Maia, mergulhado no anonimato, onde viveu incógnito, até morrer.

Acesse: www.blogdojoaocosta.com.br

Fonte: “Apagando Lampião”, de Frederico Pernambucano de Melo

“Lampião e o estado maior do cangaço”, de Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena.

Fotos. Bando de Virgulino nos anos 1920. Foto2. Cangaceiro Baliza.

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O REGRESSO MALDITO.

 Por João Filho de Paula Pessoa

O Cangaço iniciou seu declínio em Julho de 1938, com o massacre de Angicos, quando morreu Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. A grande maioria dos cangaceiros que lá estavam sobreviveram e fugiram, mas sem seu líder maior, ficaram perdidos e desorientados, com as perseguições em andamento e os bandos remanescentes sem direção, muitos cangaceiros desertaram do cangaço e sumiram e muitos se entregaram às autoridades em troca de garantia de vida e perdão, foi a fase das entregas, ocorrendo posteriormente a anistia dos cangaceiros pelo governo.

Dentre os muitos cangaceiros presentes na Grota de Angicos no dia do massacre, estava o afamado Juriti com sua Maria. Juriti era um cangaceiro de confiança de Lampião, belo e perverso, praticou muitas atrocidades, causou muitas mortes cruéis e encantou muitos corações de meninas sertanejas com sua beleza e bons modos, até encontrar a jovem Maria com quem passou a viver no cangaço. Ele ainda resistiu no Cangaço após a morte de Lampião, mas após a Morte de Corisco em 1940, resolveu por bem se entregar, enviou sua Maria para a casa de seus pais e logo depois se entregou, recebendo o perdão e a liberdade. Em sua nova vida foi morar em Salvador e trabalhar dignamente, trabalhou como vigia em uma fábrica por quase um ano, após ser demitido em 1941, com saudades de sua Maria e de sua terra natal, Salgado do Melão/BA, resolveu retornar para recomeçar sua vida por lá. Seguiu então ao sertão sergipano para rever amigos e sua amada em Pedra D´água e de lá seguir para sua terra de nascimento, neste caminho parou na fazendo de um amigo, em Canindé do São Francisco/Pe, onde se arranchou e dormiu. Para sua infelicidade, sua estadia naquela fazenda não passou despercebida e chegou ao ouvido do Delegado e Comandante da tropa militar do Local, o terrível e sádico Sargento Deluz, um assassino covarde e cruel que vestia fardas militares, que ao saber da presença do ex-cangaceiro na localidade, desprezou as normas legais da anistia, arregimentou sua tropa e sitiou a fazenda onde Juriti estava, logo ao raiar do sol, o prendeu sarcasticamente, rendeu-lhe, o imobilizou com amarras, sob o esbravejo deste que o chamava de covarde e o desafiava a enfrentá-lo homem a homem, e o colocou numa carroça para levá-lo à Canindé, sendo que, no trajeto, desviou o caminho, ordenou a formação de uma grande fogueira e quando esta ardia em chamas, o pérfido e covarde sargento ordenou seus subordinados a jogarem Juriti vivo e amarrado no centro das labaredas que ardeu aos estrebuchos dolorosos do valente ex cangaceiro, que dizem, morreu se dar um grito sequer. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 28/02/2021.

Assista ao filme deste Conto: Clique na foto abaixo.

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LIVRO DO JOÃO

 Por João de Sousa Lima

Meu amigo e irmão de armas Jackson indica a leitura de meus livros. Para adquiri-los: SUPRAVE, SAN MARINO ou direto com o autor: 75-988074138

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RETALHOS DE UM PASSADO

Por Sálvio Siqueira

A história da saga cangaceira foi deixada no tempo, cravada nas pilastras da historiografia, em “retalhos vividos” por uma população valente, forte e determinada apesar de sofredores, principalmente, pelas intempéries dos fenômenos naturais da região.

Para entender a historiografia de um povo que vivenciou a dor, o sofrimento, a amargura, a revolta e a ilusão de uma vida livre, se faz necessário ‘percorrer’ os caminhos tortuosos por onde ele passou buscando, estudando e analisando os ‘espinhos’, as ‘curvas’ e os ‘empecilhos’ existentes nessas ‘veredas’.

O cangaço imposto pelo ‘rei dos cangaceiros’, Virgolino Ferreira, o chefe cangaceiro Lampião, foi, e está sendo, bastante explorado, pesquisado e escrito por diversos pesquisadores, escritores, estudantes e curiosos do tema, sem falar do quando se usa no turismo e comércio de modo em geral de Norte a Sul do país. Apesar de ter sido um Fenômeno Social repleto de dores, lágrimas, sangue, vingança e mortes, é um episódio que nos fascina, nos conquista e nos deixa apaixonados por seu conteúdo.

O pesquisador e escritor sergipano do tema,

Archimedes Marques

, vendo a necessidade de trazer a seu público esses ‘retalhos históricos’, assim como outros pesquisadores e escritores de outras regiões, cidades e Estados, resolveu colocar, transferir e referir alguns fatos ocorridos no decorrer da ‘estada’ de Lampião, e seus cangaceiros, no Estado e Sergipe. Tivemos o privilégio de alguns de nossos textos, artigos, fazerem parte dessa obra dividida em 6 volumes.

Além do conteúdo histórico levantado pelo autor, o mesmo procurou colocar em suas páginas alguns artigos, matérias e notificações de outros pesquisadores e estudiosos, tentando assim, fazer com torne-se mais fácil o leitor, o estudante entender melhor o que realmente foi um fenômeno social criado, gerido, dentre de outro Fenômeno Social.

“...Criança (o cangaceiro) percebendo que irá perder sua amada ( a cangaceira Adelaide) fica louco. Grita, chora, fala, urra palavrões na tentativa de amenizar a angústia que lhe invade...(...) Seu “compadre”, Mané Moreno, vendo que o amigo estava em estado complexo, sem noção do que fazia, tenta evitar uma catástrofe maior, retirando o ferrolho do mosquetão do amigo, assim como retira também, o carregador da sua pistola(...) Sua amada dá seu último suspiro. Sem despedir-se do seu companheiro, parte para o outro ‘lado’ , onde, talvez, seu filho a esperasse(...). Naquela vida não havia tempo pra isso... Guardar dores e sentimentos por alguém que tenha morrido.”( Lampião e o Cangaço na historiografia de Sergipe”, Marques, Archimedes. 1ª edição, Volume 2, pgs 63 a 64. Aracaju, 2018.

Se você quer saber mais sobre a cangaceira Adelaide e outras personagens, adquira os livros referidos. Abraço.

E-mail do autor: archimedes-marques@bol.com.br

 https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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ZABELÊ DE POÇO REDONDO, PASSARINHO CANGACEIRO.

Por Rangel Alves da Costa

Zabelê é nome de pássaro, mas também apelido de cangaceiro. E talvez Lampião gostasse demais de dar nomes de avoantes aos que chegavam ao seu encalço. Assim foi com Canário, Lavandeira, Beija-Flor, Azulão, Sabiá e Bem-te-vi, dentre outros. No cangaço de Lampião, nada menos que três cangaceiros com o nome Zabelê deram seus pios passarinheiros e seus açoites de nordestinos. Também foram uns três com apelido de Azulão. Quando um sumia ou era morto, então outro recém-chegado ganhava a mesma alcunha e assim poder confundir as forças de perseguição. Passava-se a ideia não só de força na continuidade do bando, bem como de que cangaceiro tinha o corpo fechado e não morria de bala de jeito nenhum. Indagava-se: “Mas como Azulão tá morto se o cabra continua vivinho da silva?”. Mas era outro. Era mais uma das geniais estratégias de Lampião para enganar seus algozes. Daí sempre um cangaceiro tomando o mesmo nome de outro já desapartado no bando. O Zabelê de Poço Redondo, por exemplo, foi o terceiro com o mesmo apelido. Terceiro e último, pois estava na Gruta do Angico naquele alvorecer sangrento de 28 de Julho de 38. E depois disso não poderia aparecer mais nenhum Zabelê. Este - o de Poço Redondo - chamava-se Manoel Marques da Silva, e era meu tio-avô, pois irmão de minha avó Emeliana e tio de meu pai Alcino Alves Costa. Era também primo carnal, como se diz, de outro cangaceiro: Correnteza, de nome Joaquim Marques da Silva. Pois bem. O Zabelê de Poço Redondo teve a mesma motivação de outros jovens sertanejos para adentrar no perigoso mundo do cangaço. Motivação ilusória, que se afirme. Tinha-se em mente que Lampião era a salvação sertaneja e os seus homens suas armas de luta contra as opressões, as injustiças, as perseguições. Motivação também pelo feitiço da imagem, da figura do cangaceiro, de seu respeito e imponência, num mundo de desvalidos e renegados. Filho de Antônio Marques da Silva e Maria Madalena de Santana (Mãe Véia), Manoel Marques, o Zabelê, era o mais velho dos dois filhos homens do casal. O outro, falecido ainda moço, era apelidado de Nôzinho. Mas as filhas mulheres eram muitas, nada menos que nove. Emeliana, Conceição, Osana, Isabel, Rosinha, Mãezinha, Mariquinha, Cordélia e ainda outra cujo nome me foge agora à memória. Segundo relatos distantes, Manoel Marques era um rapaz calmo e pacífico, envolto em seu mundo sertanejo e sem nenhuma demonstração ou disposição de que mais tarde enveredaria pelo cangaço. Mas enveredou. Quando Lampião chegou a Poço Redondo no ano de 29, sua passagem acabou provocando um chamamento terrível na vida do sertanejo, principalmente dos mais jovens. Tanto assim que a partir de meados da década seguinte, uma verdadeira leva de poço-redondenses já fazia parte da cangaceirama. Trinta e cinco cangaceiros eram filhos da terra, e dentre estes Manoel Marques, o Zabelê. Conforme já citei em outro texto, Zabelê possuiu história e destino muito parecido com o do pássaro de igual nome. O passarinho Zabelê, como se sabe, é ave de terno canto, um tanto recluso, tido até como poeta das aves. Bem assim o Zabelê cangaceiro, pois tido como versejador, romântico e reservado. Estava presente nos instantes da chacina que pôs fim ao cangaço. Salvou-se, contudo. E salvou-se, talvez, em voo passarinheiro e para local tão distante que nunca mais apareceu em seu berço familiar. Por mais que seus familiares tivessem andejado por quase todo o Nordeste à sua procura, jamais foi encontrado. Nunca deu notícia e nem jamais quis ser avistado. Zabelê voou, sumiu de vez.

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LOCAL ONDE FOI MORTO O CANGACEIRO JOÃO 22, O MAIS VELHO DOS MARCELINOS.

 Por José Francisco Gomes de Lima

Os marcelinos foram um bando de cangaceiros que atuaram no começo da década de 20. Assim como os Ferreiras, Antônio (esperança), Livino (vassoura), e Virgulino (Lampião). Os Marcelinos João Marcelinho (João 22), Manoel Marcelinho (Bom-de-veras) e Marcelino (Lua-branca) estes triunviratos desses 2 clãs deixariam seu Torrão Natal marcado para sempre.

A origem dos Marcelinos assim como as dos Ferreiras era pernambucana. A pouca literatura esmiuçada cita os Marcelinos sendo de origem de CARIRIZINHO-PE, porém está errado. Os Marcelinos nasceram todos no sítio vizinho chamado Fortalezinha ao lado de Caririzinho.

Estes cangaceiros diferentes de outros bandos não eram submissos a Lampião e tinham atuações independentes.

Os Marcelinos fizeram história no Cariri cearense assim como fizera antes o bando de João Calangro em 1877. Os Marcelinos comandados por Manoel Marcelino vulgo Bom-de-Veras, era muito temido e respeitado até mesmo por Lampião. Devido ao extremo domínio de liderança que Bom-de-Veras tinha perante o bando. isto fez com que Lampião se estranharsse algumas vezes com o líder dos Marcelinos. Como já diz o ditado (dois bicudos não se bicam).

Apesar de tudo Lampião não rejeitava a presença destes homens quando estava no Cariri cearense. Os Marcelinos junto com Lampião fizeram as seguintes ações:

: Estiveram em Juazeiro do Norte no dia 4 de março de 1926 na ocasião da famosa patente de Capitão de Lampião.

: Estiveram no sequestro de Davi Jacinto em VERDEJANTE-PE, no dia 9 de maio de 1926.

: Estiveram no massacre da família Giló na fazenda tapera FEORESTA-PÉ no dia 28 de agosto de 1926.

: Estiveram no combate da Fazenda favela no dia 11 de novembro de 1926.

: Estiveram no combate da Serra Grande em 26 de novembro de 1926.

: Esteveram no fogo da Fazenda ipueira dos Xavier no dia 3 de fevereiro de 1927.

Devido à importância que o bando dos Marcelinos estavam tendo naquele momento,

o governador do Estado do Ceará José Moreira da Rocha sentindo pressionado pelas lideranças locais que estavam sofrendo por demais pela atuação do bando dos Marcelinos, convoca o Tenente José Antônio da Cuã para comandar uma volante cearense para fazer perseguição ao bando dos Marcelinos.

Logo após o fogo de Serra Grande Bom-de-Veras, o líder dos Marcelinos foi morto na fazenda minadouro em Serrita Pernambuco. O responsável pela morte de Bom-de-Veras formalmente foi o tenente Zé Antônio. Mas, as pessoas do tempo notaram que bom-de-veras tinha morrido com um tiro na nuca e só foi encontrado morto três dias depois, ou seja um capanga matou ele pelas costas. Considerando que se Zé Antônio tivesse mesmo matado bom-de-veras ele teria pelo menos arrancado as orelhas do mesmo.

O bando dos Marcelinos contava sempre com 15 a 20 homens e quando Bom-de-veras morreu a liderança do bando ficou sob o comando de João 22. João 22 foi um bom Líder durante quase um ano no comando. No ano de 27 o bando esteve presente em muitos mandados do coronel Isaías Arruda de Figueiredo. Inclusive tem quem fale que eles estiveram em Mossoró no Rio Grande do Norte quando o bando liderado por Lampião invadiu aquela cidade.

Todo começo tem um fim.

No dia 20 do dezembro de 2020 eu fui até o local onde os marcelinos se acabaram.

Um lugar onde o Cangaço dos marcelinos se encerraria chama-se BAIXA DAS CACIMBAS em Jardim-CE. O fim do bando deu-se no final de 27 quando João 22 estava com um bando na nascente da Baixa das Cacimbas. Eles estavam debaixo de uma imensa árvore chamada visgueira. Ainda hoje no local existem Palmeiras furada de balas.

O Bruno estava bem calmo e não Desconfiava que a volante de Zé Antônio estava chegando devagarzinho assim como João Bezerra fizera contra Lampião na grota do Angico em 1938. Com uma intensa fuzilaria o bando foi surpreendido onde não deu tempo de uma reação imediata. João 22 foi o primeiro a tombar e vários integrantes do bando ficaram feridos incluindo o seu irmão mais novo Lua Branca. Com muita dificuldade o banda conseguiu fugir deixando o corpo de João 22 furado de bala ali mesmo no coito.

Depois do ataque da volante de Zé Antônio João 22 foi amarrado em um pau e levado para cidade de Barbalha-Ce onde foi recebido por festejos e até rojões de Fogos foram soltos. Zé Antônio ainda não satisfeito por ter abatido apenas um de muitos decidi da outra investida no bando que restou . Dias depois ele volta ao lugar baixa das Cacimbas e segue os rastros dos cangaceiros e como obra do destino ele descobre o coito aonde Lua Branca estava escondido com mais três Cabras.

Lua Branca é capturado junto com Pedro Miranda, João Gomes é Joaquim Gomes, de lá eles foram levado a cadeia de Barbalha onde foi internado ao bando o cabra menoel toalha e todos foram fuzilados no dia 5 de Janeiro de 1928.

E foi assim que acabou os marcelinos.

:por José Francisco Gomes de Lima.

Fonte: Lampião e o estado maior do Cangaço- Hilário lucett - Margébio Lucena.

Pesquisa e arquivos:José Francisco Gomes de Lima.

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CANGAÇO COMBATE FAZENDA FAVELA

 Por Aderbal Nogueira

Vídeo.!

Testemunho de João Saturnino ( filho do inimigo nr. 01 de Lampião).

Várias histórias... O Combate da Favela. O valente Euclides Flôr...

João Saturnino, filho de José Saturnino, fala um pouco sobre a vida de seu pai, sobre o resultado do julgamento de Lampião em Serra Talhada e sobre o famoso combate da Fazenda Favela. Link desse vídeo: https://youtu.be/TI_yAdbSI7M

Vídeo com selo e qualidade Aderbal Nogueira .

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PRIMEIRA BIOGRAFIA DE LAMPIÃO ESCRITA EM 1926 POR ÉRICO DE ALMEIDA

 Por Guilherme Machado historiador/pesquisador

Acabei de receber a primeira biografia de Lampião, escrita em 1926, por Érico de Almeida, a pedido do presidente (João Suassuna) do Estado da Parayba - capital, em 30 de Setembro 1926. 

Este livro foi escrito no auge da vida do rei do cangaço. uma obra prima, que faz parte do Portal do Cangaço de Serrinha.

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