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quarta-feira, 3 de março de 2021

O REGRESSO MALDITO.

 Por João Filho de Paula Pessoa

O Cangaço iniciou seu declínio em Julho de 1938, com o massacre de Angicos, quando morreu Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. A grande maioria dos cangaceiros que lá estavam sobreviveram e fugiram, mas sem seu líder maior, ficaram perdidos e desorientados, com as perseguições em andamento e os bandos remanescentes sem direção, muitos cangaceiros desertaram do cangaço e sumiram e muitos se entregaram às autoridades em troca de garantia de vida e perdão, foi a fase das entregas, ocorrendo posteriormente a anistia dos cangaceiros pelo governo.

Dentre os muitos cangaceiros presentes na Grota de Angicos no dia do massacre, estava o afamado Juriti com sua Maria. Juriti era um cangaceiro de confiança de Lampião, belo e perverso, praticou muitas atrocidades, causou muitas mortes cruéis e encantou muitos corações de meninas sertanejas com sua beleza e bons modos, até encontrar a jovem Maria com quem passou a viver no cangaço. Ele ainda resistiu no Cangaço após a morte de Lampião, mas após a Morte de Corisco em 1940, resolveu por bem se entregar, enviou sua Maria para a casa de seus pais e logo depois se entregou, recebendo o perdão e a liberdade. Em sua nova vida foi morar em Salvador e trabalhar dignamente, trabalhou como vigia em uma fábrica por quase um ano, após ser demitido em 1941, com saudades de sua Maria e de sua terra natal, Salgado do Melão/BA, resolveu retornar para recomeçar sua vida por lá. Seguiu então ao sertão sergipano para rever amigos e sua amada em Pedra D´água e de lá seguir para sua terra de nascimento, neste caminho parou na fazendo de um amigo, em Canindé do São Francisco/Pe, onde se arranchou e dormiu. Para sua infelicidade, sua estadia naquela fazenda não passou despercebida e chegou ao ouvido do Delegado e Comandante da tropa militar do Local, o terrível e sádico Sargento Deluz, um assassino covarde e cruel que vestia fardas militares, que ao saber da presença do ex-cangaceiro na localidade, desprezou as normas legais da anistia, arregimentou sua tropa e sitiou a fazenda onde Juriti estava, logo ao raiar do sol, o prendeu sarcasticamente, rendeu-lhe, o imobilizou com amarras, sob o esbravejo deste que o chamava de covarde e o desafiava a enfrentá-lo homem a homem, e o colocou numa carroça para levá-lo à Canindé, sendo que, no trajeto, desviou o caminho, ordenou a formação de uma grande fogueira e quando esta ardia em chamas, o pérfido e covarde sargento ordenou seus subordinados a jogarem Juriti vivo e amarrado no centro das labaredas que ardeu aos estrebuchos dolorosos do valente ex cangaceiro, que dizem, morreu se dar um grito sequer. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 28/02/2021.

Assista ao filme deste Conto: Clique na foto abaixo.

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